segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O povo de São Paulo é contra o golpe Todos e todas às ruas no dia 20 de agosto, às 17h, no Largo da Batata

Arte: Maria Dias

O povo de São Paulo é contra o golpe
Todos e todas às ruas no dia 20 de agosto, às 17h, no Largo da Batata

O Fórum dos Movimentos Sociais do Estado de São Paulo se organiza a partir de dezenas de movimentos e entidades, do campo e da cidade, que buscam acompanhar e avaliar a conjuntura, bem como construir um projeto de Estado inclusivo, democrático e popular.
As mais de 50 organizações que compõem esta frente acreditam que a ameaça de golpe da direita brasileira, atrelada ao imperialismo, que nesse momento se organiza a partir de partidos, de parcela importante e significativa da mídia, de grupos de direita conservadora e reacionária, precisa ser barrada nas ruas pelo povo.
Aqui em São Paulo, a direita conservadora e golpista tem expressão forte e se alojou no governo do estado há mais de 20 anos. Como no projeto tucano e da direita nacional, o governo procura reduzir os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e combate os movimentos sociais e qualquer sinal de mobilização.
Além de ter privatizado e de querer privatizar ainda mais o estado, há uma blindagem da mídia paulista e nacional em relação ao PSDB e, principalmente, em relação ao PSDB paulista e ao governador Geraldo Alckmin. Isso tudo mesmo diante dos descasos como a negação da crise da falta de água, a ausência de políticas habitacionais e a repressão aos movimentos de moradia, sem falar do sistema prisional caótico, comandado em grande parte pelo crime organizado.
Há ainda a falta de segurança para o povo e os desmandos da polícia militar paulista e cresce o genocídio da juventude, especialmente negra. Denunciamos os escândalos de corrupção nas obras como o Rodoanel (do esquecido caso do famoso Paulo Preto) e o cartel do metrô, tema que teve como enfoque a articulação das empresas e não as relações com os governos tucanos há anos.
O governo de São Paulo também se recusa a cooperar com os governos municipais e federal no SUS, na participação de programas de sucesso como o SAMU.
Por fim, a educação em São Paulo não vai bem, em todos os níveis, com o desmonte das escolas, universidades e dos institutos de pesquisa, inclusive de referência nacional. Como marca de sua postura, o governo estadual também combate as categorias e não dialoga com os sindicatos que fazem greve. Um dos maiores exemplos dos últimos tempos foi a desmoralização que fez da luta dos professores e professoras do estado de São Paulo, inclusive desrespeitando decisões do Judiciário.
Por tudo isso, nós, do Fórum dos Movimentos Sociais do Estado de São Paulo, conclamamos toda a sociedade paulista para se unir nas agendas de luta. Estaremos nas ruas contra o golpe, em defesa da democracia, da Petrobras e do pré-sal, por direitos da classe trabalhadora, contra o ajuste fiscal e por uma reforma do sistema político.
Por isso, convocamos a população de São Paulo a participar das mobilizações no dia 20 de agosto, a partir das 17h, no Largo da Batata, bairro de Pinheiros, zona oeste da capital paulista.
Fórum dos Movimentos Sociais do Estado de São Paulo
São Paulo, 7 de agosto de 2015.


Assinam pelo Fórum dos Movimentos Sociais do Estado de São Paulo:

Afuse (Sindicato dos Funcionários e Servidores da Educação de São Paulo)
Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo)
Centro Acadêmico XI de Agosto
CMP (Central de Movimentos Populares)
Coletivo de Luta pela Água
CONEN (Coordenação Nacional de Entidades Negras)
Consulta Popular
CPT (Comissão Pastoral da Terra)
CRECE (Conselhos dos Representantes dos Conselhos de Escola)
CUT Nacional
CUT/SP
CTB São Paulo
FACESP (Federação das Associações Comunitárias do Estado de São Paulo)
FAF (Federação da Agricultura Familiar do Estado de São Paulo)
FETAM (Federação dos Trabalhadores da Administração e do Serviço Público Municipal no Estado de São Paulo)
FETEC (Federação dos Bancários da CUT)
FETQUIM (Federação dos Trabalhadores do Ramo Químico da CUT no Estado de São Paulo)
FETSS (Federação dos Trabalhadores em Seguridade Social no Estado de São Paulo)
FLM (Frente de Luta por Moradia) 
FNSA (Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental)
FNU (Federação Nacional dos Urbanitários)
Frente Nacional Contra a Redução da Idade Penal
Frente Todos pela Democracia
Levante Popular da Juventude
MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens)
Marcha Mundial de Mulheres
MMPT – (Movimento de Moradia Para Todos)
MSTL – (Movimento Sem Terra de Luta)
MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores)
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra)
MTD/SP (Movimento de Trabalhadores e Trabalhadoras Desempregados)
Rede Nossa São Paulo
SEPESP (Sindicato dos Escrivães de Polícia do Estado de São Paulo)
Sifuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo)
Sindicato dos Bancários de São Paulo
Sindicato dos Bancários do ABC
Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba
Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Sindicato dos Químicos de São Paulo
Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente – SINTAEMA
Sindicato dos Oficiais Marceneiros de São Paulo
Sindicato dos Metalúrgicos de Jaguariúna
Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto
Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares de SP
Sindipetro Unificado de São Paulo
Sindsaúde-SP (Sindicato dos Trabalhadores Públicos na Saúde do Estado de São Paulo)
Sindsep (Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo)
Sinpsi (Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo)
Sinsexpro (Sindicato dos Trabalhadores nas Autarquias de Fiscalização do Exercício Profissional e Entidades Coligadas no Estado de São Paulo)
Sinteps (Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza)
Sitraemfa (Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência e Educação à Criança, ao Adolescente e a Família do Estado de São Paulo)
UBM (União Brasileira de Mulheres)
UEE (União Estadual dos Estudantes de São Paulo)
UJS (União da Juventude Socialista)
UMM (União do Movimento de Moradia)
UNEGRO (União de Negros pela Igualdade)
UPES (União Paulista dos Estudantes Secundaristas)

Quando a omissão esconde o medo. O que pensar de 2015?


Em política não existe espaço vazio, decisão sem sentido ou manifestação de "alienados". Na política o que está sempre em disputa não são apenas números, mas projetos. Projetos de sociedade, de nação, de Estado, enfim, tudo que pertença ao centro do poder pertence a política e tem nos projetos coletivos direção. 

Projetos coletivos não são exclusividade da esquerda, a direita para manter hegemonia a faz muito bem desde a revolução francesa. Os ciclos do capital caminham lado a lado aos circos que se transformaram os Estados nação depois da super hegemonia do capital e do neoliberalismo - livres mercados, presos humanos.

16 de agosto é mais uma cena que tem tomado conta do cotidiano de 2015, o ano que Brasil surtou - segundo eu mesmo em um artigo anterior. As mobilizações, as aberrações anti democráticas, os discursos vazios "fora corrupção" evidenciam mais uma página de uma situação política que está sendo fabricada diariamente e numa constante luta de classes: a de que o Brasil "está em crise (econômica)" gerada pelo desgoverno e pela corrupção do PT".

O mantra segue e o horário nobre da TV dos poderosos segue firme. Não importa quem convocou ou quem está participando, se é um operário de renda média ou um pequeno empresário, o que importa é que na disputa de hegemonia só há força real quem tem a força das ideias, e neste caso, estamos nós (a esquerda, os progressistas, democráticos, etc., etc.) estamos perdendo não em números ou em likes, mas no sentimento do que quer se chamar "nação".

Quanto mais batemos, mais o lado de lá se reconhece e assimila, vestidos de "coxinhas" se transvestem com orgulho e o que era pejorativo vira moda ou uma auto afirmação de classe (mesmo que os que sustentem essa lógica não sejam da classe dominante), serão bem aceitos e recebidos. Quanto mais ridicularizamos, mais as camisetas da corrupta CBF viram o estandarte desse gente.

E nós, divididos e repartidos estamos em quase todos os lugares. Só para ter uma visão ampla da confusão da nossa esquerda: a Liga Operária tenta capitalizar os atos conservadores, o PSTU e PCB preferem o "muro" nem um ato, nem outro, e em nome disso fala "atos apenas os da unidade da classe", porém com cada um de um lado, o PCO busca reaproximações para uma unidade das esquerdas, esperando claro uma crise para emergir como alternativa. Parte do PT e do PSOL mais o PCdoB preferem a defesa das liberdades democráticas e se concentram em manter a narrativa do inicio deste ano, um ato deles, um ato nosso.

Com esta configuração não basta um congresso, nem encontro e muito menos rendição. Unidade depende de um alto grau de compreensão política da conjuntura, de cessão de algumas posições e de entrega das suas possibilidades em nome de algo maior. A direita tem nos dado esse "algo maior", ataca o PT e ridiculariza toda esquerda não alinhada ao governo petista, marginalizam nossos símbolos, discursos, praticas, etc., incitam a massa a "comprar" um velho discurso: "esquerda e desenvolvimento" não combinam, vide a luta dos trabalhadorxs da GM em São José dos Campos ou das ações do MST Brasil afora.

Nossa solidariedade é vista com ressalvas e cada vez mais essa falsa ideia de liberdade de expressão através das redes sociais invade opiniões. 

Quem está dividindo o Brasil é a direita. Mas a "gente colorida e animada" de ontem não quer "rótulos" dirá que não é de direita e que prefere o Brasil.

E nós que queremos o país para todos e todas. Que lutamos contra as desigualdades do capitalismo. Que nos levantamos e cobramos direitos. Que nos dedicamos a meios participativos. Que impomos nossa voz quando nos querem calados. Que não nos rendemos a ditadura dos juros e nem a exploração. Nós não buscamos nada? De nada vale nossa luta?

Em outras ocasiões na história os povos em luta sempre conseguiram unir sua narrativa e sua força (direta ou oculta) para enfrentar o que chamávamos de ditadura ou "governo dos ricos", em vários exemplos a demostração de força vinha com a certeza de que a vida no seu dia a dia poderia também melhorar. 

O capitalismo pode ser voraz, muito voraz nessa fase, mas aprendeu a ser cada vez mais pragmático via sociedade do consumo, induz e convence nesse Brasil de inúmeras narrativas dominantes como a ideia força do "povo cortês e pacifico", alia-se ao do "acesso ao consumo de bens nunca antes possível", vencendo novamente o ideário pequeno burguês sob a forma de "classe (assalariada) média".

Já debatemos muito a era do Lulismo, suas conquistas e vitórias, derrotas e tragédias. Governar parece não ser mesmo a melhor tática de aglutinar forças sociais necessárias ao socialismo quando dez anos de governo de coalizão liderado pelo PT não nos permitiram fortalecer as organizações populares e da base, mesmo com uma esquerda tão dividida os esforços de reunir a população em torno de um projeto coletivo de esquerda falharam porque não se orientaram pelo tempo, mas pelo momento. 

Resumo: não houve disputa de hegemonia, impomos e implantamos nossa pauta via governo, porém sem prover as formas de reunir e organizar. Assim fica o sentimento de que só conseguimos mobilizar em momento de desgraça (demissões, desocupações, mortes, etc..), e não de melhora das condições da nossa classe.

Pior que as cenas de ontem é ter que admitir que do lado de lá está havendo um esforço de fortalecimento de hegemonia, para além de uma vontade eleitoral (do PSDB por exemplo), existe o fortalecimento de um projeto que já é vitorioso sobre a sociedade capitalista brasileira, suas elites nunca deixaram o poder, apenas perderam força no poder executivo do Estado brasileiro. E parece que isso não encaixa na cabeça de ninguém que tem a responsabilidade de direção em nossa esquerda.

Junho e julho as greves de professorxs deram o tom da conjuntura política e para as direções partidárias valeu apenas manter a disputa de posições ou manter a discussão governista. No Paraná apanharam de forma brutal e em São Paulo foram ignorados, em todos houve muita mobilização.

E simplesmente perdemos o tempo certo de debater o projeto coletivo do lado de cá da sociedade que não é alinhada ao capitalismo, que quer as bases de uma nova sociedade, mas está onde não deveria estar mais, acuada.

Nem me venham com essa, os teóricos acadêmicos da nossa esquerda dizer que não estamos acuados. Nos tribunais, nas universidades públicas, enfim, nos pilares desse bloco histórico a formação dos dirigentes dessa hegemonia seguem firmes e agora disputam as ruas, firmes também.

Não me venham com essa de que estou "valorizando" e "temendo" a quantidade de pessoas e lugares, sim estou vendo o movimento real de uma força política que esperava ter derrotado (em parte) via eleitoral em 2002 e esperava construir as bases para avançar o projeto coletivo e popular de Brasil pós neoliberalismo.

Não é o que está havendo, e o medo está voltado na sua pior forma. Falta ressuscitar a Hebe para completar.

O PT tem a obrigação de não ceder, deveria ter se manifestado em nome dos brasileirxs que não foram com a convicção de que o lado de lá pode sair as ruas, mas deve respeitar a democracia. Desculpe ao Instituto do grande líder do ABC, mas é preciso uma organização coletiva para expressar o que não somos e não aceitaremos por imposição dos que foram dia 16.08.

20 de agosto tem nova resposta a está conjuntura, nós lutadores estaremos lá de novo e novamente para dizer a presidenta de que estamos lá para defender o governo e o projeto popular (isso não inclui Levy, Katia Abreu, Kassab e cia..), porém  prazo da política é claro, sem gestos para os que lutam, fique então com Renan e os coronéis, porém não nos peça nada. Escolhas tem consequências. 

A quinze anos atrás quem determinava o "medo" eramos nós. Reunidos com lutadorxs de outras parte do planeta conseguíamos através do Fórum Social Mundial ousar em dizer não aos desmandos do capital, Davos cercada não dormia tranquila nos alpes suíços e uma massa de gente boa, lutadora e classista partia de todos os cantos e com todos os cantos para dizer que o lado de cá quer o fim do capital e não da humanidade.

O medo que criávamos era contra o capital e seus representantes. No imaginário nossas bandeiras eram uma só, colorida e alegre, ao ponto desses mesmos capitalistas dizerem: "Estão fodidos e ainda assim felizes?!", sim fodidos pelo capital e alegres com o novo mundo que queremos construir.

Quero poder voltar a essa disputa. Não estarei no dia 20 de agosto defendendo o governo, mas sim a democracia, o anticapitalismo e os direitos humanos necessários neste país.

Wagner Hosokawa

ps.: A tendência interna do PT a que pertenço, a Esquerda Popular Socialista (EPS) teve a coragem de se posicionar sobre os efeitos dessa conjuntura que culminou nos atos de ontem e assim a reproduzo abaixo.

DIREITA BRASILEIRA HEGEMONIZA INSATISFAÇÃO DE SETORES MÉDIOS

As manifestações de 16 de agosto de 2015 consolidaram sua direção política.

Aquilo que era lateral,marginal e minoria nas mobilizações anteriores, adquire foro de hegemonia política nesse final de semana: intolerância, xenofobia, machismo, homofobia, anticomunismo, pregação aberta da violência misógina contra Dilma Rousseff etc. A leniência com corruptos notórios, em nome do combate à corrupção foi o dobre de finados do falso moralismo. Invocar Eduardo Cunha como ícone da moralidade pode enterrar, de vez, a farsa desse tipo de manifestantes.
O que era bizarro tornou-se comum.
É preciso demonstrar que as lideranças tucanas, demistas e afins que atuaram nesse esforço golpista do dia 16 de agosto, perfilaram com toda a bizarrice acima denunciada. Identificaram-se com a apologia da violência contra a presidenta Dilma e com sua condição feminina. Com a intolerância religiosa expressa por lideranças extremistas de evangélicos e católicos presentes. Com o preconceito generalizado em relação aos pobres beneficiários de programas governamentais, à população nordestina, à população LGBT etc., algo acumulado ao longo desses últimos meses.
A diversificada insatisfação de massas no país, reunindo múltiplos motivos que vão desde demandas locais, municipais, regionais, estaduais convergindo para o Palácio do Planalto, tudo isso perde força não só quantitativamente, mas também qualitativamente.
Associar a imagem dessas lideranças políticas aos “cartazes” do ódio é uma tarefa a ser assumida abertamente pelo Partido.
A militância, seja nas ruas, seja nas redes sociais da internet, está disposta a fazer isso. Mas, precisa ter um estímulo político e ideológico. Cartazes dizendo que os ricos é que têm que estar no poder, que Dilma Rousseff deveria ter sido enforcada no Doi-Codi, que é preciso intervenção militar são coisas que devem ser coladas às imagens de tucanos e demistas. No entanto, isso será feito de forma fragmentária se o Diretório Nacional do PT, demais instâncias dirigentes, nossos setoriais e nossas bancadas parlamentares (em todos os níveis) não assumirem isso enquanto diretriz.
O ato do dia 20 tem importância crucial. O PT, respeitando a dinâmica, a pauta e a organização do citado ato, deve incentivar – institucionalmente – a manifestação. E deve apoiar abertamente a demanda social de mudança da política econômica.
Aliás, a chacina de Osasco e região, que recentemente vitimou duas dezenas de jovens trabalhadores, deve também constar no quadro de denúncias e exigência de que o governo estadual de São Paulo apure as responsabilidades. Sobretudo pelo fato de que há fortes suspeitas de envolvimento de agentes políciais motivados por vingança no lamentável episódio.
Nesse sentido, urge uma decisão política e sua materialização na capilaridade partidária. Em hipótese alguma, o declínio da direita nas ruas pode servir de pretexto para baixarmos a guarda!


Brasília, 17 de agosto de 2015
Comissão Executiva da Direção Nacional da EPS