quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Aumento dos salários dos vereadores de São Paulo: a polêmica que divide a esquerda.

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Aumento dos salários dos vereadores de São Paulo: a polêmica que divide a esquerda.

“O mundo está perdido”, é assim que poderíamos resumir o debate intenso que vários dirigentes e militantes tem travado nas redes sociais sobre o aumento dos salários dos vereadores da Câmara de São Paulo. Como se fosse uma guerra de forças caminhando para mudar o mundo, as posições emocionadas e até mesmo ríspidas sobre o assunto, dependendo de qual posição toma, é motivo de fortes emoções.

Ambos os lados tem suas “razões”, mas com um pequeno e, ao mesmo tempo, grande detalhe que está em disputa, o imaginário das massas com relação ao aumento dos salários.

De um lado, os que são contrários tem razão de sê-lo. O aumento em fim de ano e de mandato, em meio a crise econômica do Estado e do país, expressa sinal de pouco interesse da casa de leis em se preocupar com o momento. Também é verdade que esta é para esquerda (repito, apenas para esquerda), uma luta simbólica. Uma vez que não foi apenas a esquerda que votou contra, mas também os representantes da direita em nome das suas articulações pelo poder na próxima legislatura.

Digo luta simbólica, justamente porque é muito pragmático para esquerda colocar-se contra o que se denomina “privilégios do Estado” para as representações parlamentares. Isso não é novo, e o PT (pré Lula 2003), já fazia esse tipo de disputa. Lembremos que no final da década de 1990 um dos adesivos que o partido distribuiu tinha como chamada: “honestidade é com o PT” ou o famoso adesivo “xô corrupção”. Errado? Não, se pensarmos que aquele PT disputava parte da visão moral pequeno burguesa da classe assalariada média.

Ou seja, o discurso contra o aumento de salários vale para dialogar com biotipo de pensamento de “esquerda” que de longe não é revolucionário e bem mais próximo de uma esquerda liberal.

Pois, isso vale o velho discurso, pregado pela classe média pequeno burguesa, que nega os meios para que as representações políticas no Estado possam cumprir seu papel. E reforça um discurso moralista sobre algo que evidentemente é desigual, diante da massa de assalariados.

Um representante dos interesses fundiários, bancos, empresários e a elite que o valha, não apropria-se do salário parlamentar e sim das benesses da sua representação de classe. Diferente do representante dos trabalhadores, seja o professor, metalúrgico, servidor público, etc., que ao assumir a representação parlamentar tem uma direção de classe, e obviamente, precisa ter mobilidade para exercer as funções do parlamento e da luta social.

Do outro lado, os que defendem que o aumento é o menor dos problemas para esquerda e para o país, o fazem de forma muito lúcida, dentro dessa perspectiva que apresentei, onde no Estado republicano, os poderes exercidos pelas representações devem ter condições mínimas para o exercício do mandato e da representação parlamentar, ou seja, do salário.

Contudo, são nesses debates que precisamos entender “qual esquerda está sendo forjada na sociedade civil brasileira?”, porque, o que defenderam, não o aumento, e sim a irrelevância do alvoroço com o tema, questionam – de certo modo – uma visão bem moralista pequeno burguesa das coisas.

E com isso, não estou justificando a posição da bancada do PT. Que votou a favor.

Mas em casa de ferreiro, o espeto é de madeira. Então, depois de muitos anos, o PT majoritário tendo se apoiado numa narrativa de diálogo com uma parcela da sociedade civil usando do discurso da moralidade pequeno burguesa colhe o que planta. Em tempos de crise do capital, aumento de salário de vereador vira crise política moral.

É verdade que o debate político sobre o tema tem sido turvo. Onde se é para politizar, então devemos (como esquerda) dizer as coisas como deve ser e questionar, “porque os trabalhadores não podem em plebiscito, referendo e debates, aprovar os aumentos dos seus salários?”.

Ou melhor, será que numa ruptura com o Estado republicano liberal, haverá como disse o velho e saudoso Plínio de Arruda Sampaio, uma postura da esquerda de abrir mão de certos benefícios em nome de uma economia de transição socialista? Convencer trabalhadores de nível superior de que os colegas coletores de lixo devam receber o mesmo que engenheiros? Estabelecer que não haverá desigualdade de salários numa transição socialista é reduzir o de alguém, é aí? Em qual regra moral se aliará os que se consideram de esquerda?

Cada vez mais penso que a esquerda brasileira precisa decidir de qual planeta quer fazer parte. Do que recentemente elevou a renda de parte da classe trabalhadora, sem trabalhar um milimetro da formação do nosso sujeito. Ou romper a lógica e nisso se inclui disputar o pensamento da classe assalariada média contra o moralismo pequeno burguês.

Em tempo: a PEC 55 (241) passou porque a tempos o funcionalismo público tem se descolado da sua identidade de classe trabalhadora, e a solidariedade não venho porque não se combateu o pensamento neoliberal sobre o “servidor público”, agora a PEC 281 ataca duramente a previdência pública, agora este tema deveria ser o assunto das esquerdas, isso ataca conquistas históricas da classe. Deixar passar é lograr a vitória da mentira contada com mascara de verdade, a culpa da previdência é a própria previdência.

Wagner Hosokawa: PT – adaptar ou resistir?

Wagner Hosokawa: PT – adaptar ou resistir?

O certo é que fora do PT, o petismo pulsa do seu jeito, parte como aprendeu a lutar, parte com as próprias convicções a lutar. O que se espera é que o congresso retome o caráter do partido
18/12/2016 08h00
Tribuna de Debates do VI Congresso

2016 será um daqueles anos em que perguntaremos: “como isso foi acontecer?”, precedido de “onde estava esse conservadorismo adormecido?”, e ainda serão inúmeras as questões a serem levantadas pela militância política, avaliações e incertezas sobre como o duro movimento da história se movimentou de tal forma, parecendo um deslocamento de placas debaixo do solo duro, que abriu essa tremenda vala entre o Brasil que contribuímos e o nosso Partido.

Não são poucas análises que remetem ao tipo de ideia que permeia o pensamento hegemônico da sociedade civil brasileira. Presa a narrativa da guerra fria, do combate ao “comunismo”, de “ordem” pela força e a renda como objetivo maior e individual, a nossa classe assalariada de renda média sai do período ditatorial pujante economicamente, com um Estado interventor dirigido por milicos caducos e cansados, não renovou seu estoque e parecendo uma revolução dos cravos, sem o levante dos capitães, abaixa a guarda em nome da “transição pacifica”, passando por governos de coalisão de direita e conservadores até a primeira experiência da coalisão de esquerda no poder Executivo central.

Quando pensei em escrever esta contribuição ao nosso 6. Congresso nacional do Partidos dos Trabalhadores/as (PT), pensei em não ficar preso a essas introduções históricas, mas é inevitável, pois quem não aprende com o passado tampouco sabe como chegou no presente e muito menos vai saber seguir para um futuro, assim aprendemos para poder lutar melhor.

Quero também aproveitar o espaço, um dos poucos que tenho visto no PT, para dialogar com a alma petista que vai se esvaindo aos poucos a cada ausência que as direções têm nos trazido para enfrentar essa conjuntura. Digo isso sem problemas de consciência, disputa ou divergência. Nem sou daqueles que acredita que a solução mágica está na mudança de direções. Pois de nada adianta direções sem que haja unidade política e programática, assim espera um militante partidário, e de um partido de esquerda.

Há muito tem nos faltado exatamente isso: um partido que se propõe a pensar a luta por uma sociedade anticapitalista, socialista e portanto, na contracorrente da política tradicional, deveria se atentar mais aos meios que conectam a sua base militante (e não filiada apenas), e sua agenda política.

Estamos debatendo os rumos de um partido que nasce contra o capital. Que se lança contra a ditadura. Que pauta o exercício da palavra princípios na conduta de seus dirigentes. Que se guia pela construção coletiva. Que ousou na gestão pública do Estado. Que impôs lutas e vitorias em forte aliança com as lutas sindicais, sociais e populares. Que foi pioneiro na inclusão de militantes e temas, antes renegados a pecha de “minorias”. Que mudou o conceito de identidade partidária, sendo reconhecido por ser um partido com “P” maiúsculo. A vitória de Lula, não foi de Lula, mas do partido que se ergueu na dura batalha das ideias (dizia Florestan).

E hoje? O que somos enquanto partido? E se ainda pensamos e agimos como partido? É nessa ensurdecedora questão que petistas, militantes, se debruçaram durante esses tenebrosos anos que desde 2013 até o golpe de 2016, nos tiram o sono, nos perturbam e inquietam para a velha pergunta, “o que fazer?”, sem um guia ou bussola, o certo é que no momento em que a crise política tornava-se incontrolável do lado de cá, cada um de nós, militantes do partido seguimos para resistência, mesmo sem uma orientação clara do partido.

O que é um partido? Ou melhor, o que é um partido como o PT? Ou para ficar evidente a questão, “O que é esse atual PT da qual fazemos parte?” e se de fato estamos “fazendo parte”, pois, só podemos nos considerar militantes do partido quando temos o espaço para nos conectar a vida orgânica do partido.
Pode ser que muitos e muitas de nós estejamos esperando ainda uma resposta ou uma orientação, porque esse deveria ser a função do partido, nos dar direção. Contudo a lógica interna precisa ser revista. Há um abismo que separa a militância política da sua direção, não porque faltam recursos de comunicação, muito pelo contrário, mas o que de fato causa tal desconexão é inclusive a perda da definição do que é ser militante para o próprio PT?

As mudanças estruturais perceptíveis do partido definem a sua atual dinâmica. E que dinâmica?

Da lógica dos mandatos institucionais, que absurdamente assumem o corpo da direção. Se você não pertence a esta cadeia de comando, você não faz parte dos espaços dirigentes.

Da recusa de um partido de quadros ativo pela formação política, ingresso a partir do programa, da nucleação para o convívio e os laços na base.

E consequentemente a recusa de ser um partido de massas, que vai penetrando na sociedade civil, entendo que a classe trabalhadora é a mesma classe, mas dependente da reestruturação produtiva, das novas formas de exploração, da pulverização dos locais de trabalho, da alta rotatividade, das novas formas do custo de vida, enfim, que capitaliza eleitoralmente e o politiza a cada avanço da sua ação política. Apenas contabiliza o eleitorado, nada mais.

A disputa interna contaminada por essa dinâmica, dissemina uma lógica cada vez mais desagregadora. Não há companheiros/as, há adversários, quando não há inimigos. Onde para que um militante possa contribuir para um debate ou ação do partido, primeiro é feito uma triagem das suas relações e depois da ameaça que causaria na disputa frenética por filiados-seguidores. Ou seja, o afastamento de uns pela ignorância, pelo medo, pela arrogância, seria inúmeros os motivos, o certo é que acontece cada vez com maior frequência.

Não sou contra a disputa eleitoral. É o lugar (ainda) legitimado pela visão hegemônica do Estado e da sociedade. Contudo, cada vez mais, o instrumento da eleição banaliza-se no partido. Já faz um tempo que as dinâmicas das indicações das candidaturas não privilegiam os compromissos coletivos e militantes, apenas o apadrinhamento tem eleito bancadas no PT no último período. São raras as candidaturas ideológicas ou promovidas pelos movimentos sociais e populares. O personalismo tem sido a estratégia, fazendo com que dirigentes com tarefas ao olhar-se no espelho se auto denominam a si próprios na figura de “entidades” auto suficientes.

Reaprender, reconstruir ou renovar?

Difícil pertencer a um partido político que completa quase quatro décadas de existência e de história, e que precisa fazer essas perguntas. Pois, estes deveriam ser pressupostos a serem seguidos, juntos ou separados, a depender da analise critica interna, da maturidade partidária e orientado pelo rumo da história alçar-se a mudanças sempre que necessário.

O partido envelhece e eu que milito desde os 16 anos envelheci com ele. Confesso que formação, espaço quando jovem e tarefas não me foram dadas pelo partido diretamente, mas pelos coletivos dos quais pertenci e militei, sempre com o fortalecimento do PT como guia. Mas é tão perversa essa conjuntura, onde tratar de formação ou renovar o partido são assuntos que não comovem, não instigam ou exigem a devida atenção. O que acontece são as velhas relações estabelecidas. Depois de duas décadas dedicadas ao partido, tornei-me um outsider.

Mudar ou avançar?

Os dois termos estão na moda, pelo menos internamente. Pois está em disputa duas grandes narrativas de para onde deve caminhar o PT. Ambos discursos defendem que o partido precisa retomar seu protagonismo e sua influência na sociedade brasileira. Querem a volta de um partido vigoroso na forma de fazer política. Mas de que jeito? E se é esta a questão central para o partido?

Avançar é o termo genial criado pela corrente majoritária. Avançar é uma forma ligeira de dizer que o que foi conquistado não será perdido e o que temos que fazer é continuar tocando a mesma música, com uma nova banda, sem mexer no regente da orquestra. Avançar nem foi tão original, mas uma forma pouco criativa para combater a força da palavra “mudança” que realmente toca o sentimento do petismo.

Querem avançar com a velha dinâmica, contaminada pela disputa – qualquer disputa – não abrem mão das eleições diretas, velha forma de fabricar maiorias e sucumbir minorias, de impor pelo voto – nem sempre politizado – o “cheque” em branco das decisões.

Institucionalizado, não reage e ainda negocia com uma república palaciana que não teve vergonha em pisar nas instituições para varrer o PT do controle do Poder Executivo central, para prender e acusar arbitrariamente, para permitir agressões públicas e reformas contra a classe trabalhadora. Há muito que se pensar se cabe a nós, PT, garantir essa patética imagem de república, carcomida pelas elites, ou ousar em lançar na construção de uma nova república (e desta vez para valer), onde no centro estão os meios participativos e as reformas estruturantes centrais aos interesses coletivos.

Parece que não aconteceu nessa proposta de avançar, quando na verdade recuamos!

Derrotado politicamente pelo impeachment e eleitoralmente nas últimas eleições, o sentimento de impotência tomou conta de amplos setores, que aguardam ou observam os movimentos e os debates internos.

Mudar o PT, capitaneado pelas forças que reivindicam a “esquerda” do partido também geram preguiça extensiva quando cada força que a compõe pouco esforço faz para uma real unidade. Fotos ou declarações na imprensa contrastam às deliberações internas de cada uma, o centro do debate “interno internalizante” do “Muda PT” ainda é “qual divisão contempla mais a unidade de cada um?”, ou seja, difícil formar um time quando todo mundo quer ser artilheiro.

Não quero com isso ser crítico da iniciativa. Apenas quero expor posição de um lugar que pertenço apesar de não estar orgânico em nenhuma destas forças atualmente.

O questionamento central ao “eleitoralismo interno” é coerente. A defesa de que é preciso reunir os militantes orgânicos, dispostos ao debate e a ação, com doação militante as tarefas do partido via retorno dos congressos como método de construir um programa e assim eleger uma direção política é o ideal dos mundos num momento em que parecemos ser um partido grande em número de filiados, quando deveríamos ser grandes em militantes com espirito de sacrifício para lutar por um programa político para o país.

Porém, reafirmo que o centro do debate ainda não é este. Este pertence ao mundo reduzido dos dirigentes, e que faz pouco eco (ou nenhum) na militância orgânica do PT, sem força política, porém ideológica, presente em alguns espaços da sociedade civil.

Às vezes, nestes tempos sombrios, sinto que a minha alma petista se afasta de mim, aos poucos. E antes que digam que isso é tristeza, depressão política, vergonha, ou coisa que o valha, respeito é um dos poucos valores que estão se esvaindo internamente. Se você não veste a camisa de algum time interno, você um excluído.

O certo é que fora do PT, o petismo pulsa do seu jeito, parte como aprendeu a lutar, parte com as próprias convicções a lutar. O que se espera é que o congresso retome o caráter do partido.

Se é para sermos um partido político ideológico. Que se isso seja assumido em todas as instâncias e tarefas. Um partido ideológico para além dos seus escritórios, produz posição, opinião e pensamento, isso a Fundação Perseu Abramo faz muito bem, mas ainda de forma restrita.

Se é para ser um partido anticapitalista, assumamos nossos equívocos e contradições, é hora de rever posições e deixar o “realismo da governabilidade’ e a “institucionalidade” para trás. O que se avizinha é o aprofundamento da exploração capitalista que faz regredir as conquistas sociais e trabalhistas no mundo todo e no Brasil também, parte disso partiu da nossa governabilidade e sustentabilidade do atual sistema econômico-financeiro, temos que mudar isso.

Se é para ser um partido da contraordem, temos que rever a ideia de república, e isso remete a aprofundar o foi a república brasileira e as relações hegemônicas que ainda aliam parte da sociedade civil aos interesses da minoria econômico-financeira, enfrentar esse desafio retomando a democracia participativa na lógica dos governos e do aprofundamento dos valores democráticos da classe trabalhadora.

Se é para sermos um partido socialista, nossa opção não pode ser um fardo para alguns. Se os ideais de uma sociedade sem exploradores e explorados não está mais no horizonte de alguns, é nossa tarefa convence-los.

Se não convencermos, tentar derrota-los, se não derrota-los, ai sim, o PT não sendo mais um partido dos trabalhadores, deixando de lado a luta de classes e se tornando uma caricatura do trabalhismo, bom, ai nesse instante, seria uma boa hora de dizer, adeus!

Não tenho isso no meu horizonte, apenas quero o meu partido de volta.

De volta as lutas. De volta as bases. De volta a disputa da sociedade. De volta aos movimentos. De volta a produzir posições, opiniões e influenciar ideias. De volta a assumir o lugar dirigente de uma nova sociedade brasileira, sem retorno ao passado autoritário.

Por Wagner Hosokawa, assistente social da Prefeitura de Guarulhos (SP) e docente do Curso de Serviço Social da UNG; mestre em Serviço Social e Doutorando do Programa de Ciências Humanas e Sociais da UFABC; filiado ao PT desde 1997; foi dirigente municipal e da Macro e foi Secretário da Assistência Social e Coordenador de Juventude de Guarulhos governada pelo PT, para a Tribuna de Debates do VI Congresso.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

O Brasil em defesa do BPC


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Brasília, 12 de Dezembro de 2016.

CEAS de todo o Brasil em defesa do BPC


Nesta reunião, destacaram-se vários manifestos em defesa do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e contra as alterações propostas pela PEC 287/2016. O entendimento dos participantes da reunião é a de que o BPC, por se tratar de benefício assistencial e não previdenciário, não deve ser tratado no âmbito da Reforma da Previdência. O BPC também não se destina a complementar a renda de uma família, e sim a prover a um indivíduo uma remuneração mínima, com o objetivo de compensar a renda que a pessoa com deficiência e o idoso são impossibilitados de gerar, em decorrência da condição de vulnerabilidade que lhes caracteriza.

Outra modificação da PEC contestada refere-se à proposta de elevação da idade mínima de 65 para 70 anos para o acesso ao benefício, o que implicaria em retrocesso e prejuízo na vida de milhões de idosos.


As notas e os participantes presentes à reunião solicitam apoio da sociedade e dos parlamentares que trabalham em defesa dos direitos sociais e da dignidade das pessoas idosas e das pessoas com deficiência, para a supressão de toda e qualquer proposta de alteração do artigo 203 da Constituição Federal da PEC 287/2016.

O CNAS encaminhará os manifestos ao Presidente Câmara dos Deputados e Senado Federal, ao Conselho Nacional dos Direitos do Idoso – CNDI e Conselho dos Direitos das pessoas com Deficiência  - CONADE e considera primordial que também haja articulação da sociedade junto aos deputados federais, para uma mobilização política, visando assegurar os direitos sociais conquistados.

A pauta da reunião seguiu com a apresentação e debates sobre o Índice de Desenvolvimento dos Conselhos ID- Conselhos e os informes da XI Conferência Nacional de Assistência Social.

 Todas as informações sobre as atividades do Conselho Nacional, bem como legislações e outros dados sobre a Política Nacional da Assistência Social, estão disponíveis no site e blog do CNAS (http://www.mds.gov.br/cnas - https://blogcnas.org/).


Conselho Nacional de Assistência Social


quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

A classe trabalhadora não vai ao paraíso?

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Guarulhos pode ser o modelo do novo jeito de gerir os negócios no neoliberalismo brasileiro. A julgar como essa fase do capitalismo é altamente mutável e adaptada, inclusive às suas tragédias sociais, recriando inclusive um problema antigo - dos refugiados pela fome, desemprego e gerras civis, pois circula o capital tão rápido quanto as mercadorias sem o menor pudor. Um país pode falir em minutos a depender do movimento dos capitais no atual cenário.

A informalidade do trabalho trouxe a segunda maior cidade do estado do São Paulo a tragédia da imigração que joga milhares de cidadãos e cidadãs, bolivianos e haitianos, aos guetos escuros das oficinas de costura e outros trabalhos manuais de baixo custo e alta lucratividade. Difícil, nos dias de hoje, não é escolher a marca do produto, mas atestar qual não foi produzido de forma escrava em sua cadeia de produção.

Outro problema é a terceirização, que generaliza como uma gripe "incurável" vai afetando um número cada vez mais significativo da classe trabalhadora (não apenas dos serviços, diga-se de passagem), e jogando vidas na incerteza dos direitos mínimos expressos nas leis trabalhistas. Se para a a burguesia (empresários e banqueiros), as leis trabalhistas são obsoletas, o que diríamos, nós trabalhadores, sobre a herança e o lucro, obtidas da exploração e da preguiça das gerações burguesas. Terceirizar não é "moda" é desastre e aumento da desigualdade, pois, o desemprego sempre rondou a vida da classe trabalhadora, mas a regulação via políticas sociais e públicas, como a Seguridade Social, surgem na história como resposta a exploração da força de trabalho. Agora retirando-se o mínimo, abre-se a porta do descaso, porque o que está oculto na proposta de "regularizar" a terceirização é a retirada de direitos básicos como 13. salário, férias, licenças como o direito das gestantes dentre outros.

Individualismo nas negociações também é enfraquecer o já em crise movimento sindical. Se os trabalhadores e trabalhadoras não possuem meios de lutar por direitos coletivos, como conquistar direitos efetivos. Nunca na historia da humanidade, com o nascimento das relações mediadas pelo capitalismo os trabalhadores conseguiram direitos em luta coletiva. Os que tentaram a sorte sozinhos atuando como "puxa-sacos", "traíras", "X9", "lambe-botas" e prostituindo-se aos patrões apenas conseguiram (o que mereciam) um belo pé na bunda.

E Guarulhos? A noticia que reproduzo abaixo (GH 29/11/2016), expressa parte do que virá com essas indas e vindas do neoliberalismo brasileiro. O aumento de contratações na cidade nas linhas de montagem são a prova de que o que será ofertado para parte da classe trabalhadora serão os velhos e renovados empregos ligados a produção alicerçados por um sistema financeiro que vende problemas transvestidos de oportunidades, como são as dividas advindas do desconto em folha de pagamento, créditos e etc.. Aliasse isso a uma vocação da cidade para os alugueis e soma-se isso ao total do custo de vida. A proletarização não é um fato novo, mas agravasse depois de um curto período de avanços sociais. 

Avanços sociais que tem nome, falo dos quatro mandatos dos governos do PT (Partido dos Trabalhadores), a frente da cidade. Impossível dizer que esta cidade não mudou, basta perceber que o acesso ao centro tornou-se viável para algumas regiões e em outras existem seus próprios centros com infra estrutura de consumo a bens e serviços que espalharam-se pelo município justamente porque a renda e as reformas estruturais chegaram efetivamente a vários bairros. Não falasse mais em desagregar o município em várias cidades, como no passado, hoje nenhum membro da sociedade política quer desvincular-se de Guarulhos. 

Um breve balanço pode ser feito em termos de serviços públicos, pois, na cortina de fumaça dos cargos comissionados (indicados), esconde-se o fato de que há mais de 30 mil servidores públicos atendendo em diversas áreas da municipalidade, destes, a maioria são trabalhadores públicos da educação e da saúde, portanto é inegável que escolas e ampliação da rede de atendimento na saúde foram importantes conquistas e como toda melhora traz problemas, a população cresce proporcionalmente as demandas. E a máquina pública para fazer esse gigante funcionar também aumentou. 

E onde estão os problemas? Despolitizar a política é um dos problemas. Despolitizar a máquina publica é o problema. Falta objetivo real que alicerçado com subjetivo possível. Quando governar tornasse tedioso, não há mais pelo que lutar. E esse pode ser um dos problemas pelo qual passou o PT local e levou a sua derrota. Não apenas, alia-se isso a uma conjuntura adversa com uma oposição que usou e abusou dos seus meios para atacar, arrebentar e não permitir defesa séria levando ao golpe consagrado pelo impeachment da presidenta Dilma. Efeito cascata que rolou ladeira abaixo chegando as urnas da cidade.

Desgaste da governabilidade de 16 anos no poder local também podem ser explicados pelo inchaço de aliados em áreas estratégicas, limites da máquina aliado a erro de manobra política, nesse caso o sistema de água e esgoto (SAAE), que administrou no último período a maior obra da sua história no saneamento básico, com média capacidade de reparo no atendimento aos moradores e a dívida com a Sabesp, não há administrador público que sobreviva a isso sem ralar muito. 

Uma máquina que espraiou-se pela cidade e que permitiu-se no seu meio a deixar que velhos e novos projetos fossem colocados na pratica, digo isso das políticas públicas em geral, mas com capacidade de execução financeira comprometida, onde querer tudo é não fazer quase nada, ou um pouco de cada coisa, resultado a conta não fecha, levando o governo a propor o impensável num governo do PT, a adotar medidas ortodoxas e de cunho neoliberal, vejamos, venda de áreas públicas (que poderiam ser potencializadas na dinamização da máquina pública, principalmente burocrática, que consome historicamente horrores com custo de aluguéis), o erro na curva do Plano de Carreira dos serviores públicos, que previa o fundo previdenciário via Ipref e que tem sido utilizado pelos governos estaduais para cobrir as dividas públicas, ou seja, o percentual retirado dos trabalhadores públicos utilizados como ativos de investimentos e financeirização, e que poderia (e pode) ser perdido numa dessas manobras da jogatina do mercado financeiro e a securitização da dívida, meio que amarra o município aos interesses privados, ou seja, quando a divida da cidade passa a ser oferecida como meio de investimento não importa como a cidade (leia-se seus cidadãos e cidadãs) vai pagar os devedores (compradores da dívida), desde que pague mesmo retirando isso do bolso dos contribuintes e claro dos direitos sociais que serão afetados.

Isso é parte do que inclusive esta sendo questionado pela bancada do PT no congresso nacional quanto as premissas da PEC 55 (241), que vai congelar recursos públicos em nome do financiamento da divida pública, feito por parte da própria sociedade política e que esta sendo jogado para o colo da população em geral para pagar a conta. 

O que esperar do futuro da cidade? E porque não do país? Diante desse quadro, é preciso saber como conectar-se novamente a setores da classe trabalhadora, objetivamente não apenas numa luta econômica, pelo reajuste de salario ou pela sua manutenção, sem retirada de direitos. Mas disputar um projeto de país e de sociedade. 

A derrota no senado com a provação da PEC 55 representa a resposta apática da população em geral aos colegas servidores públicos (nos mais me incluo), de que não houve solidariedade de classe porque não há uma identidade de classe que nos vincule. Mesmo que os efeitos da PEC sejam destrutivos aos serviços públicos e consequentemente à própria população nos atendimentos, é verdade que a tempos paramos de disputar o que é de interesse público, tratando o serviço público como emprego desvinculamos isso do seu compromisso primeiro, com o público. Nesse caso, com grande parte da classe trabalhadora assalariada que depende e precisa destes serviços e destes trabalhadores.

Do outro lado, as frações e segmentações da classe assalariada em suas rendas e rendinhas, seus imoveis financiados, suas escolas particulares e saúde privada, seus carros (também financiados), seu padrão de consumo e tudo mais apenas nos unificam na hora de comprar algo nas lojas dos mercados afora. Nem é preciso lembrar quem deveria mandar nesta cidade e de fato perdeu essa oportunidade, os próprios trabalhadores e trabalhadoras. Numa cidade em que servidores públicos, metalúrgicos, trabalhadores do setor químico, condutores, professores das redes pública e privada e tralhadores dos serviços compõem a maioria da população, imagine se um dia escolhêssemos coletivamente a parar e governar nos mesmos esse lugar?

Bom ai é outra história. Mas tudo tem um começo!                                       
                                                                                                                                                                 


Matéria citada:
link:http://www.guarulhoshoje.com.br/2016/11/29/alimentador-de-linha-de-producao-e-a-profissao-que-mais-gerou-empregos/

Alimentador de linha de produção é a profissão que mais gerou empregos
29 DE NOVEMBRO DE 2016


A linha de produção é o que está gerando mais empregos na cidade


Alimentador de linha de produção foi à profissão que mais empregou guarulhenses neste ano. Segundo levantamento do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a área responsável por organizar e abastecer máquinas e linhas de indústrias gerou 5.507 vagas de janeiro a outubro de 2016.

O número é 7% inferior ao registrado pela pasta no ano passado. Conforme dados da pesquisa, foram 5.984 pessoas empregadas nessa área em 2015. De acordo com o levantamento da consultoria de recrutamento Page Personnel do ano anterior, à demanda por profissionais com formação técnica em indústrias aumentou 15%, o que inclui os alimentadores de produção.

Segundo a gerente de consultoria, Daniela Guimarães, empresas que antes terceirizavam o serviço de manutenção, requisitado apenas diante de problemas, perceberam que é mais vantajoso ter técnicos em tempo integral.

Saindo da terceira para a segunda colocação no ranking, o auxiliar de escritório em geral alcançou 4.327 vagas neste ano, uma queda de 17% em relação ao ano passado, quando existiam 5.263 vagas nesta ocupação.

A terceira carreira mais empregatícia de 2016 foi de vendedor de comércio varejista. O ofício gerou 4.184 vagas de emprego, uma diminuição de 23% contra os 5.439 recolocações no mercado de trabalho de 2015.O levantamento mostrou ainda o quadro de emprego classificado por grau de instrução.

Reportagem: Leticia Lopes