quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Encaminho o artigo "PÁTRIA DE SEMIANALFABETOS? de Frei Betto"


Antes da sua leitura atenta, minhas considerações.

Frei Betto tem a autoridade moral para construir essa critica e claro utilizando um recurso de pesquisa muito importante que são os dados, ou seja, não apresenta uma opinião que ofende.

O que ele traz não se soluciona com verbas ou mais prédios escolares, apenas. Mas voltando ao texto de Florestan Fernandes (Em defesa da escola pública), uma das principais bandeiras do mestre e militante Florestan foi uma educação com bases em uma filosofia laica - promotora de reflexão, de busca pelo conhecimento, de confronto de ideias e principalmente aberta no sentido da descoberta, da critica necessária e do ensino sem amarras (sem a versão única e exclusiva dos "vencedores" do sistema).

A situação da educação tem origem clara: as reformas neoliberais da década de 1990. Durante o governo FHC isso foi levado as últimas consequências com uma LDB (Lei de Diretrizes de Base) que não representava a vontade popular (vamos lembrar que triste foi o fim e a postura do professor Darcy Ribeiro que senador a época enterrou a LDB discutida com a sociedade brasileira), e depois conduzida por um político que fora funcionário do Banco Mundial o (si) nistro da educação Paulo Renato (Privatizador) de Souza.

Nós no movimento estudantil na época já denunciávamos e um cartaz que distribuímos pelas escolas já traduzia esse triste presente que temos hoje, com a imagem de Chales Chaplin (Filme "Tempos modernos") ele com macacão de trabalhador da metalurgia sobre uma roda dentada e uma frase "Não queremos apenas apertar botões"demos o recado naquela década quanto o futuro que nos aguardava.

Duas décadas se foram e o efeito disso é sentido no que Frei Betto nos traz em seu artigo.

Dessa lição é importante dizer que quando denunciamos o impacto dessas reformas queremos dizer que o que é prometido hoje como a "melhor coisa" para nossas crianças e jovens pode não ser no futuro, melhor dizendo, você pode sentir a falta de comida, de material escolar, etc., isso é sentido por ser algo material.

Mas e quando nos retiram algo imaterial? Disciplinas, conhecimentos, ou seja, se reduzirem a carga horária ficamos com menos aula correto? Sim, mas registre se que é também MENOS CONHECIMENTO.

Um estudo feito pela USP na década de 1990 alguns anos após das reformas neoliberais na educação e tocadas a cabo em São Paulo mostrou, em pesquisa, de que a retirada de disciplinas como filosofia, sociologia e psicologia do currículo escolar limitava a capacidade de alunos vindos da escola pública poderem tirar boas notas em redação no mais concorrido vestibular do país que é a fuvest.

E aí, o que fazer? A educação é como a luta política, seus resultados só são sentidos ao longo dos anos e na construção dos processos que levam os projetos a serem desenvolvidos.

Como já disse um bom militante, "revolução não é como fazer bolo, apesar de precisar do fermento, seu processo precisa ser consistente ao máximo como um bom vinho que leva anos para adquirir sabor", na pressa há muita derrota, na construção diária, constante e dedicada há muito valor que está vivo até hoje  na voz da juventude que segue levantando a bandeira dos lutadores e lutadoras.

BOA LEITURA.



PÁTRIA DE SEMIANALFABETOS?

Frei Betto

Frei Mateus Rocha, frade dominicano e guru de uma geração indignada, nos aconselhava a levar sempre um livro, ainda que sob certeza de não haver tempo de abri-lo. Abracei a recomendação e me surpreendo com as inúmeras oportunidades, ao longo do dia, de prosseguir a leitura.

No meu tempo de ensino fundamental, redação tinha o belo nome de composição. Ainda hoje, ao escrever, me sinto “compondo”, imprimo ao texto uma musicalidade que os entendidos chamam de sotaque literário.

As novas tecnologias ameaçam o prazeroso ato de ler e escrever. Fissurados nas redes sociais, muitos reduzem a linguagem aos seus signos elementares e preferem ver o turbilhão de imagens a ler a cadência narrativa.

Ler e escrever exigem educação, aprendizado, amor à palavra lida e escrita, para que ela nos ofereça seus múltiplos significados e nos revele a beleza que encerra.

A presidente Dilma, ao ser reempossada, a 1º de janeiro, cunhou o lema: “Brasil, pátria educadora”. Prometeu que a educação, afinal, será prioridade de governo (embora já tenha sofrido um corte, este ano, de R$ 7 bilhões em seu orçamento).

Tomara que o governo ponha fim às escolas sucateadas, à má remuneração dos professores, à carência de tempo integral. As escolas públicas, excetuando universidades, fingem que ensinam e os alunos fingem que aprendem. Qual será o futuro de uma pátria cujos cidadãos e cidadãs não sabem escrever uma simples redação escolar?

Há pouco saiu o resultado do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) 2014. Prestaram exames 5,9 milhões de jovens brasileiros. (para disputar apenas 600 mil vagas nas universidades publicas e um milhão em universidades particulares).

O estudante aprovado no ENEM tem o direito de se inscrever para ocupar uma das 205.514 vagas oferecidas, em 2015, por 59 universidades federais; 38 institutos federais de educação, ciência e tecnologia; e dois centros federais de educação tecnológica.

Dos quase 6 milhões inscritos, 529.374 ganharam nota zero em redação, cujo tema proposto foi “Publicidade infantil”, questão em debate na sociedade, suscitada pelo Instituto Alana.

Entregaram a prova em branco 280.903 alunos. São os analfabetos funcionais, aqueles que não cultivam o hábito de leitura e, com certeza, redigem apenas monossílabos e símbolos gráficos nas redes sociais... Eles sabem ler mas não compreender o que leem.

Um total de 217,3 mil redigiram um texto alheio ao tema. Treze mil copiaram o texto motivador; 7,8 mil escreveram menos de sete linhas; 3,3 mil embutiram na redação trechos do texto motivador de forma desconectada; e 955 escreveram ofensas aos direitos humanos. E apenas 250 mereceram a nota mais alta!

Os que mereceram nota máxima em redação revelaram a razão do êxito: o hábito de leitura de livros e redação de textos. Hábito que começa na infância, quando pais e professores contam e leem histórias, ajudando a criança a desenvolver a síntese cognitiva.


Frei Betto é escritor, autor de “Alfabetto – Autobiografia Escolar” (Ática), entre outros livros.

Plebiscito Constituinte: tem que ser oficial! Ato 4 de fevereiro – Congresso Nacional




Plebiscito Constituinte: tem que ser oficial!
Ato 4 de fevereiro – Congresso Nacional - Auditório Nereu Ramos
14 horas

No Plebiscito Popular, em setembro de 2014, quase oito milhões de brasileiros e brasileiras disseram SIM à Constituinte Soberana e Exclusiva do Sistema Político.


É hora de reforçar a luta e fazer valer a vontade popular!


Em outubro, um Decreto Legislativo, assinado por 181 parlamentares, foi entregue ao Congresso Nacional e propõe um Plebiscito Oficial com a mesma e única pergunta do Plebiscito Popular: Você é favor de uma Assembleia Nacional Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o Sistema Político?


O povo é quem deve ter a palavra e decidir qual a reforma necessária para reverter as distorções na representação política em nosso país causadas pelo atual sistema político. O povo já disse: com esse Congresso não dá!


Neste ano de 2015, desde o início marcado pela luta dos trabalhadores e trabalhadoras, é imprescindível retomar a força de nossa campanha para conquistarmos a Constituinte e transformarmos o sistema político, destravando todas as mudanças profundas e necessárias em favor do povo brasileiro.



Portanto, para avançar na mobilização e conquistar o Plebiscito Oficial, convidamos todas as mais de 500 entidades, movimentos, sindicatos, pastorais sociais, partidos, organizações e mais de 100.000 ativistas que se engajaram no Plebiscito Popular, a participarem do ato no dia 4 de fevereiro, em apoio ao Decreto Legislativo, às 14h, no Auditório Nereu Ramos, no Congresso Nacional, em Brasília (DF).

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

É sexta feira, primeira reunião para organizar a CMP Guarulhos!

Compareça!

Este é o espaço dos lutadores (as), dos trabalhadores (as) que lutam por politicas publicas e direitos sociais, dos que querem defender direitos e lutar por uma vida em que todos e todas possam ter acesso as riquezas que nós mesmo produzimos.

Por uma outra política. Uma práxis verdadeira com coerência e princípios como diziam sobre o Che (Guevara), "fazia o que dizia e dizia o que fazia, era mais um, igual a todos e todas nós trabalhadores".

Não queremos ser mais e nem menos nesta sociedade.

Antes que levem a água toda. Antes que deem uma nova desculpa. Antes que digam que ninguém quer saber de nada. Sejamos nós o coletivo.

Sexta feira, o primeiro passo para fortalecer ainda mais as lutas!

"É coisa de grego", sim resistir é coisa de grego. E nós o que estamos fazendo?



fonte: http://cartamaior.com.br/?/Editorial/Na-Grecia-Levy-nao-leva-/32722
26/01/2015 00:00 - Copyleft

Na Grécia, Levy não leva


A Grécia fez tudo. E mais um pouco daquilo que os jornais brasileiros asseguram ser o caminho da redenção para a economia do país.

por: Saul Leblon 

Arquivo



A suposição sobre a qual tudo se apoia é conhecida.

A saber:  o governo toma as medidas econômicas   que os mercados e seus ventríloquos preconizam --algumas necessárias, como o reajuste dos combustíveis;  outras discutíveis -- o encarecimento do crédito, por exemplo,  em um quadro de desaquecimento da economia;  e não poucas indesejáveis --entre estas, sobressaem a alta dos juros,  mudanças em salvaguardas trabalhistas e o desmonte da função indutora do BNDES e demais bancos públicos no desenvolvimento do país.

Missão cumprida, o que deve ocorrer ao longo deste ano, avisam os otimistas,  os detentores do capital encerrariam a greve de investimentos em curso no Brasil.
Novos projetos e planos de expansão engavetados nos últimos dois anos voltariam à agenda dos negócios recolocando a economia na  rota de um novo eldorado de expansão puxado pelo desejável investimento privado.

Mais que isso: a inflação retrocederia, as exportações alçariam voo de cruzeiro, o déficit em contas correntes (de preocupantes 4% em 2014) despencaria; o Brasil, enfim, voltaria a ser um pujante  canteiros de obras, a jorrar empregos e salários por todos os poros.

A leveza com que essas ideias frequentam os prólogos e epílogos dos colunismo de mercado  é notável.

 Nesse mundo idílico, a confiança dos investidores  e a ‘reversão das expectativas pessimistas dos mercados’ só dependeria de o país adotar o  ‘bom senso’ na gestão fiscal e a  ‘racionalidade dos mercados’ na macroeconomia, predicados que, como se sabe não comparecem entre as qualidades atribuídas ao PT, aos ‘economistas da Unicamp’ e a ‘Dilma interventora’.

Por sorte, então, lançou-se mão do que há de melhor na praça.

Joaquim Levy,  la crème de la crème da cepa de zeladores de confiança do dinheiro grosso, assumiu o leme do barco.

Sem cerimônia, ele acena com um cavalo de pau. Garante que assim desviará a sociedade da rota de colisão com o rochedo dos desequilíbrios macroeconômicos para reconduzi-la ao porto seguro dos fundamentos sadios e austeros.

Tudo o mais permanece constante na vida dos nacionais?

Como não se pensou nisso antes: trocar a mediação de fato de Lula –entre o governo e sociedade--   pela austeridade de Levy?

Quanto tempo e dor de cabeça teriam nos poupado a troca da política conturbada e contraditória para a  formação de maiorias, pela matemática clara e afiada como um punhal da austeridade?

Eureka!?

Os gregos que o digam.

E o que eles disseram neste domingo nas urnas, de forma algo sonora e incontestável, é que a receita de arrocho vendida aqui como o atalho óbvio ao paraíso  na prática consiste em  um mergulho ao inferno com passagem de ida.

A de volta há que ser comprada das mãos do diabo.

Ou tomada à força. Como eles acabam de fazer neste domingo, sob a fuzilaria de ameaças e chantagens de um apocalipse financeiro.

Inútil.

Os  votos majoritários dados à esquerda, o Syriza, numa eleição histórica, alteram a correlação de forças na Europa e colocam a agenda neoliberal na defensiva ante o encorajamento de possíveis novas rupturas. Na Espanha em maio, por exemplo, com o Podemos.

Com 149 cadeiras obtidas no Congresso, um resultado superior aos cálculos mais otimistas, a esquerda grega passa a depender de apenas mais duas adesões para ter a maioria legislativa, necessária para as reformas e renegociações ansiadas pela população.

A crise terminal vivida pela Grécia –um país literalmente insolvente e preso a uma camisa de força cambial (o euro)--  nem de longe se equipara aos solavancos vividos pelo Brasil na atual transição de ciclo de crescimento.

Mas a tragédia protagonizada nos últimos seis anos funciona como uma espécie de endoscopia das consequências sociais e institucionais de se entregar aos mercados o comando e o destino de uma nação.

 Nesse aspecto o basta de domingo pode e deve ser lido com um olho na Europa e o outro no Brasil.

 A percolação da tragédia na pirâmide social grega escancarou os custos humanos e econômicos de se preservar a lógica da ganância financeira  como discutível  moeda de troca  para  ‘resgatar a confiança dos mercados e dos investidores’.

A promessa, que durante seis anos escalpelou cada fio de cabelo do povo grego, ao mesmo  tempo em que se exigia que ele se reerguesse puxando o que restou com as próprias mãos, não foi entregue a tempo de se evitar a rejeição eleitoral do domingo.

O que se deu, ao contrário, foi uma odisseia às profundezas do arrocho mais dramático já enfrentado por um povo desde o início do século XX –superior à Grande Depressão norte-americana de 1929.

 O ponto a reter é que a vida da população não apenas não melhorou, como se alardeava em defesa dos ‘sacrifícios’.

Ela foi capturada por um liquidificador desgovernado que interditou qualquer traço de segurança social, desidratou qualquer gota de certeza em relação ao amanhã e interditou a esperança no futuro.

Nos últimos seis anos, o PIB da Grécia  retrocedeu 25%; o desemprego saltou de 8,3% --no início do programa de austeridade-- para 27%  (é de 50% entre a juventude); a dívida mantem-se em assustadores 170%  do PIB (€ 322 bilhões).

 Renegociar um  desconto de 50% é o chão firme defendido pelo vencedor das eleições deste domingo para, a partir daí, deslocar a Grécia do atoleiro para um retorno gradual à viabilidade econômica e social.

Trata-se, é preciso dizer, de uma ruptura.

Há seis anos  a prioridade de Atenas é adequar o país aos 'programas de ajuste' traduzidos em sucessivos cortes orçamentários.

No interior do metabolismo social deu-se o previsível.

Mas há detalhes que ainda desconcertam: o orçamento da educação, por exemplo, sofreu um corte de 60% nessa razia.

 Em miúdos: a rede pública de ensino dispõe atualmente de quatro de cada dez euros que recebia em 2010.

Não há como preservar o essencial quando 60% do alicerce desaba.

Inclua-se no essencial a merenda.

Das periferias mais pobres surgiram nos últimos anos  relatos de desfalecimentos em sala de aula.

Fraqueza.

Não só a infância foi convocada a pagar em libras de carne aos banqueiros da Alemanha e assemelhados.

Aposentados foram 'convidados' a viver com pensões entre 20% a 30% menores.

O salário mínimo foi cortado em 20%.

Todo o país foi estripado nessa proporção: entre 20% a 25% das vísceras.

Macrodados não conseguem traduzir o que se passa na agonia da vida de uma família quando o facão do arrocho corta a carne com esse talho e essa regularidade.

  A camada de gelo mais fina trinca a olhos vistos. Mas é o lago todo que se revolve por baixo em correntes devastadoras.

Governada de forma irresponsável, diga-se, por sucessivos gabinetes antes da crise mundial, a Grécia foi a primeira economia da Zona Euro a ser excluída dos mercados financeiros quando a bolha do crédito fácil estourou.

A partir daí passou a depender dos programas de ‘ajuda’  para respirar.

A lambança precedente sugeria certa legitimidade a um ciclo de maior controle e sacrifícios.

Assim se fez.

Assim se desfez a ilusão na ‘racionalidade’ dos mercados para substituir a ‘sujeira’ da política.

A negociação com a sociedade foi substituída pelos ‘pronunciamentos’ e metas da troika, que durante seis anos fizeram gato e sapato da sociedade e da economia, com implicações iguais ou piores que as distorções que prometiam corrigir .

Vencida a paciência dos gregos, o que se tem depois de tudo é uma economia colapsada, um país desacreditado e uma população disposta  a correr todos os riscos para se livrar do lacto purga interminável e devastador.

Essa talvez seja a maior lição das eleições deste domingo: trata-se do grito de alerta emitido por um povo que passou pelo inferno dos ajustes ‘racionais’.

E  justamente por isso decidiu devolver à negociação política a construção do passo seguinte de sua história.

O protagonista que recebe esse mandato não é um partido qualquer.

E nisso também  há algo a se extrair como lição à esquerda brasileira nos dias que correm.

O Syriza não é um partido, mas uma frente de organizações.

Surgiu em 2004 depois de um intenso processo de diálogo iniciado em 2001 entre múltiplas correntes progressistas, incluindo-se de socialistas  a eurocomunistas, passando por ecologistas, maoístas e trotskistas.

Hoje  é composto por doze organizações.

Sua solidez política e consistência programático levou-o a se tornar  um polo de convergência de centenas de personalidades independentes, entre elas lideranças que se afastaram do PASOK (Partido Socialista) e do partido comunista grego.

 A posição firme e ao mesmo tempo serena da coligação na luta contra o arrocho alargou  sua base de apoio nas ruas e entre a juventude, com adesões maciças entre os Indignados da Praça Syntagma.

A seguir, alguns números que mostram por que,  na Grécia, um Levy não leva mais o povo na conversa:


PIB – a recuperação prometida cedeu lugar a uma contração de 25% da economia entre 2009 e 2013. O desgoverno que era um pesadelo virou um inferno, sob o açoite do arrocho.

Emprego--  mais de um quarto da população ativa do país ficou sem emprego. Antes do ciclo de arrocho a taxa era da ordem de 8%. Entre os jovens, até 35 anos, saltou para 50%, sem perspectiva de se reverter com a manutenção das políticas de ajuste.

Investimento –  a prometida redenção pela retomada do investimento privado revelou-se uma fraude. Admite-se que os níveis pré-crise estavam inflados por conta de gastos públicos irreais  e endividamento privado. Mas o que sobreveio foi o desmoronamento completo desse motor. Asfixiado pela contração da demanda, da renda e do orçamento do Estado, o investimento caiu de 26% do PIB, em 2007, para cerca da metade agora, 13% --o valor mais baixo de toda a zona do euro.

População e vagas -- como se vivesse uma guerra, a Grécia viu sua população diminuir nos últimos anos, assim como o seu estoque de empregos. Desde 2009, 150 mil pessoas deixaram o país (1,3% da população) e 850 mil vagas de trabalho foram destruídas (18% do total).

Inflação --A inflação que era de 4% em 2007 caiu para menos 2% nos últimos dois anos. Nada a  comemorar: a deflação reflete o arrocho salarial implacável, cujo objetivo é baratear o ‘custo Grécia’ para dar à economia algum poder de competição nas exportações à Europa. Com o colapso econômico de toda a zona do euro, marcada por recessão e deflação, o sacrifício grego, ademais, mostrou-se inútil.

Dívida --  A Grécia protagonizou a maior reestruturação de dívida pública da história, em 2012. Mas o seu peso continua asfixiante em relação a um PIB que se contraiu 25%. A dívida continua a esgoelar a sociedade, situando-se acima de 170% do PIB. É impagável. E é justamente essa certeza que fez a população votar no Syriza que defende um corte de 50% no saldo. Antonio Samaras, o líder do derrotado Nova Democracia, ao contrário, considerava esse enforcador ‘sustentavel’.

 Déficit público – Há aqui uma síntese das razões que levaram o eleitor grego a dizer ‘basta’ nas urnas deste domingo:  apesar da queda de 25% do PIB nos últimos seis anos, a política de arrocho do Estado grego ainda conseguiu reduzir em mais 10% o gasto fiscal. Não só: simultaneamente, elevou  a receita de 40% para 45%  do PIB, desde 2009. Arrocho por todos os lados e tributação por todos os poros: foi assim que se conseguiu derrubar o déficit público, da ordem de 15% em 2009, para algo como 3% no ano passado.

O colunismo brasileiro abestalhado de tanta ortodoxia aplaudiria de pé.
Mas exatamente por isso terá dificuldades para explicar aos seus leitores por que os gregos rejeitaram, com tanta ênfase e risco, um êxito tão graúdo que aqui se vende como a redenção da lavoura.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Não temos nada a perder! Será que podemos também?


Comparações, piadas e deboche. Assim a imprensa mundial e a brasileira mostram o que são: antidemocracia e medíocres.

"É como se o Psol tivesse ganhado aqui", assim disse um imbecil de uma certa rádio (Comprando e Barganhando Noticias), e por ai afora.

Bem se preparem, porque as rédeas que prensem as organizações populares podem estar com dias ou anos contados. O sistema não pode mandar, se mandar não pode agir, se agir não pode ser completamente vitorioso e se for vitorioso deve saber que nós estamos aqui para incomoda-lo.

Mesmo que o sistema ache que venceu, perde por que não pode ter em suas mãos todos e todas, principalmente aqueles homens e mulheres que querem ser plenamente livres.

Vida longa ao Syriza, Que possamos mostrar que se nas regras da burguesia não for possível a mudança, então quebremos suas regras. Poder popular será a única forma que nos restará.


fonte:http://www.cartacapital.com.br/internacional/extrema-esquerda-vence-eleicoes-na-grecia-6865.html

Internacional

União Europeia

Extrema-esquerda vence eleições na Grécia

Nas urnas, população grega disse não à política de austeridade fiscal imposta pela Europa
por AFP — publicado 25/01/2015 19:30
LOUISA GOULIAMAKI / AFP
Os gregos mandaram um recado ao governo neste domingo 25 ao darem uma ampla vitória ao Syriza, partido de extrema-esquerda de Alexis Tsipras, pronto a contestar a austeridade imposta pela União Europeia.
O Syriza abriu entre 8,5 a 16,5 pontos percentuais sobre o Nova Democracia, do atual premiê Antonis Samaras, muito além dos números trazidos nas últimas pesquisas. Com essa votação, o partido entre 146 e 158 lugares no Parlamento - 151 representando maioria absoluta.
"Essa é uma vitória histórica" e uma "mensagem que não afeta somente os gregos, mas ressoa em toda a Europa, já que traz um alívio", declarou o porta-voz da formação, Panos Skourletis. A vitória foi comemorada com uma explosão de alegria no comitê do Syriza, no centro de Atenas.
O partido de Alexis Tsipras obteria entre 35,5% e 39,5% dos votos, enquanto a Nova Democracia, do primeiro-ministro Antonis Samaras, é creditado com entre 23 e 27%. A votação foi observada de perto pelos parceiros europeus de Atenas, preocupados com a intenção do Syriza de renegociar a enorme dívida grega e desafiar de maneira inédita os programas de austeridade impostos pela União Europeia.
O sucesso do Syriza dá esperanças aos partidos da esquerda radical na Europa, especialmente na Espanha, onde o partido Podemos, surgido a partir do movimento Occupy, tem crescido. "A esperança está chegando, o medo vai embora. Syriza, Podemos: nós venceremos", declarou Pablo Iglesias, presidente do Podemos, antes mesmo que as urnas fossem fechadas.
O governo de Samaras foi sancionado por ter tentado cumprir o máximo de exigências impostas pela troika de credores de Atenas (Banco Central Europeu, União Europeia e FMI), em troca de 240 bilhões de euros emprestados ao país desde 2010. A conta ficou pesada para a população, vítima de uma alta taxa de desemprego - que atinge 25% - e de reduções drásticas de salário.
"Os menos favorecidos não têm nada a perder"
Durante a campanha, Tsipras prometeu aumentar o salário mínimo, suprimir certos impostos para os mais pobres e negociar a dívida externa da Grécia, que soma 300 bilhões de euros, o que representa 175% do PIB. Alexis Tsipras, que anunciou medidas imediatas como aumentar o salário mínimo de 580 para 751 euros, disse que não se contentaria com uma simples renegociação da dívida externa grega - que soma 300 bilhões de euros, 175% do PIB.
Tomando como exemplo as concessões feitas após a guerra na Alemanha - hoje, reduto da ortodoxia orçamentária na Europa - Tsipras quer reduzir drasticamente a dívida, deixando os mercados financeiros em alerta. Os eleitores gregos, alguns bastante descrentes, deram seu voto de confiança a um partido que Samaras tentou descreditar durante a campanha eleitoral.
Mas numa seção eleitoral do Pireu, Vaia Katsarou, 49 anos, advogada, resumiu o sentimento geral: "É um risco, mas os desfavorecidos não têm nada a perder". Caso obtenha maioria absoluta, Tsipras terá as "mãos livres" para aplicar sua política da maneira que deseja. Caso contrário, terá que encontrar aliados - mas os resultados ainda o deixam com uma boa margem.
Para o economista da UniCredit Erik Nielsen, este voto é "de grande importância, talvez histórica", embora acredite que um governo do Syriza seja menos radical do que seu discurso. Como possível aliado figura o To Potami (O Rio), fundado há apenas um ano, que pretende ser o terceiro partido da Grécia.
Outro partido que aspira um terceiro lugar é a formação neonazista Amanhecer Dourado, apesar de ter sete deputados e dezenas de seus membros presos sob a acusação de "pertencer a uma organização criminosa".
Pesquisas atribuem aos dois partidos 6,4% dos votos.
O outro lado, a burguesia brasileira:
fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/01/1580321-esquerda-radical-vence-na-grecia-com-promessa-de-governo-antiausteridade.shtml

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Meu PT!


Quadro de Anita Malfatti "Os operários (as)"

O/A artista deixa a sua criação, ele pode ter o direito de explicar o momento e o que significa cada letra, traço ou cor, porém a sua mensagem não pode jamais (e acredito que essa seja a busca do/a artista) impedir a nós de interpretar ao nosso momento.

Metal contra as nuvens do Legião Urbana (https://www.youtube.com/watch?v=V1HPCYq5De8) expressa um sentimento, apenas um sentimento, nesse momento em que ser de esquerda ainda é ser "criminoso" (veja a história política do país, principalmente de 1930 até hoje), claro o nosso crime é justamente derrotar um outro sistema que considera "justo" a exploração de um homem sobre o outro.

Contudo a força que se empreende contra o PT é maior. É disputa de simbologia. É disputa de ideias. E é aí que como petista carrego o direito de dizer que a forma como se conduz as decisões não constroem nenhuma ofensiva, defesa ou resistência a essa desconstrução do que é ser de esquerda.

Imprimem sobre nós socialistas diariamente pela mídia a ideia de que nós queremos o poder para fecha-lo e impor um pensamento único, como se o outro lado não tivesse feito justamente com a sociedade de hoje o que diz ser o nosso "projeto".

Desculpe, se você é ingênuo ou burro a esse ponto pare de ler. O sistema já te enquadrou parceiro. Como no filme "tropa de elite" você já é a causa e efeito da violência de hoje, por exemplo.

Mas ainda há tempo de luta. Tempo de resistir. Resistência para transformar.

O capitalismo diz que a política atual, a democracia atual é uma bagunça, é formada de interesses privados, discursos vazios e fabricante de candidatos/as envolvidos num mercado onde o eleitor é o consumidor desse jogo. (ver o filme: "Tudo pelo poder", inclusive dirigido por George Clooney - incrível não!?)

Mas nas trajetórias das vidas e todos e todas nós uma geração nunca é igual a outra. Porque a forma de fazer política e viver o poder precisar ser?

A rotina na política é a morte da política. Na contramão doses de ousadia são o combustível dos que querem transforma-la.

Não vou voltar a fazer grandes analises sobre o segundo mandato da presidenta Dilma, suas escolhas, seus ministros, a direção do PT...prefiro numa analise pessoal dizer pela música, pela arte e pela poesia o que sinto.

Ouça Metal contra as nuvens, música que Renato Russo fez na contramão das gravadoras (tem 11 minutos), na letra a partir do contexto deste blogueiro e é o que estou sentindo sobre o meu PT.

Abraços e saudações socialistas,


PS.: Para quem acha que estamos acuados, sentados, deprimidos, ressentidos ou derrotados eu digo "Nós apenas começamos" #EusouComunista


https://www.youtube.com/watch?v=V1HPCYq5De8




Não sou escravo de ninguém
Ninguém é senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz
Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais
Eu sou metalRaio, relâmpago e trovão
Eu sou metal
Eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal
Sabe-me o sopro do dragão
Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.
Minha terra é a terra que é minha
E sempre será
Minha terraTem a lua, tem estrelas
E sempre terá
Quase acreditei na tua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada

Perdi o meu castelo e minha princesa
Quase acreditei, quase acreditei
E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo.
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.
Olha o sopro do dragão (4x)
É a verdade o que assombra


O descaso que condena
A estupidez o que destrói
Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais
Tenho os sentidos já dormentes
O corpo quer, a alma entende
Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos
Eu sou metal - raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal: eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal: me sabe o sopro do dragão
Não me entrego sem lutar
Tenho ainda coraçãoNão aprendi a me render
Que caia o inimigo então
Tudo passaTudo passará (3x)
E nossa históriaNão estaráPelo avesso assim
Sem final feliz
Teremos coisas bonitas pra contar
E até láVamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trásApenas começamos
O mundo começa agora, ahh!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Governo abre debate sobre Passe Livre com movimentos. fonte FM 14012015


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Meio ambiente, o mais anti capitalista dos meios. Mesmo não sendo justo com todos e todas, ainda é uma força anti capitalista.


Fonte da Imagem:http://ohmygodfacts.com/7-interesting-tsunami-facts/

"Traga-me um copo d'água, tenho sedeE essa sede pode me matarMinha garganta pede um pouco d'águaE os meus olhos pedem teu olhar
A planta pede chuva quando quer brotarO céu logo escurece quando vai choverMeu coração só pede o teu amorSe não me deres posso até morrer"Tenho sede, Gilberto Gil

Tá calor, mais muito calor. Nos últimos anos o planeta endureceu contra a humanidade, mesmo que cientistas pagos pelo capital digam que tudo isso é normal, vemos e convenhamos que a ONU (Organização das Nações Unidas) não fariam um fórum permanente de dirigentes e especialistas globais se a humanidade não tivesse sua parcela significativa de culpa.

Mesmo não sendo justo com todos e todas, ainda é uma força anti capitalista. Não é justo porque não separa os exploradores dos explorados, quando resolve vir vem com tudo não importa quanto dinheiro você tenha, ou melhor que seja sua "proteção". Tsunamis, tornados, furacões, calores intensos, mudanças no clima, falta de água (esse é a da moda), etc., fazem parte do extenso elenco das atividades climáticas que são geradas silenciosamente com o perturbador evento que causa (em grande parte) essas mudanças: o que cria essa acumulação de capital sem limites e cada vez mais voraz, o capitalismo.

Padrões de consumo sem critérios de necessidade real, uso desenfreado dos recursos (inclusive para coisas banais), produção em larga escala de lixo, especulação imobiliária, e claro mais etc., estão na combinação desse pequeno grande horror que causamos a nós mesmos.

E como é de se esperar de uma ideologia dominante o (neo) liberalismo é Expert em culpar os indivíduos e não os processos, causas e modelos que geraram tal situação de caos que afeta a toda coletividade humana.

Vários dirigentes e intelectuais de esquerda marxistas já tem escrito ou descrito primeiro de como o meio ambiente torna-se um tema relevante na construção do pensamento socialista e comunista uma vez que o capital tem atacado sistematicamente os recursos do planeta.

Michael Lowy foi um dos percursores que pautou o ecosocialismo no esforço de incluir a temática não apenas enquanto retórica mas como pauta que deve ser tratada com propostas, alternativas e reparações, uma vez que na corrida industrializante a antiga União Soviética e a atual China devastaram seus recursos naturais em nome da corrida "contra" o capitalismo, vale lembrar que foi a pouco tempo (menos de um ano) que a China estabeleceu sua política nacional voltada ao enfrentamento ao uso abusivo do seu meio ambiente, recuperação e sustentabilidade de seus recursos naturais.

E portanto não é errado dizer que o próprio planeta, via seus recursos naturais e seu meio ambiente torna-se um convicto, ágil e duro anticapitalista, pois suas respostas são apenas resultado da velha lógica "causa e consequência".

Você pode até dizer que os ricos se preparariam mais rápido que os demais mortais quando surgirem tais mudanças mais duras, mas a imprevisibilidade e a reação apenas ao momento do "eu quero tudo agora" impede que os ricos usem o cérebro para pensar em sua auto proteção, preferem vidros a prova de balas e guarda costas, contudo não sobreviveriam a um tsunami na porta dos seus resort's. 

Contudo não é para que nós, socialistas e comunistas, nos acomodemos diante dos fatos. Reagir é necessário e urgente pois o planeta pode aplicar uma forma de "igualdade" dura sobre todos e todas nós com suas ações, a exemplo da falta de água primeiro se penalizam os trabalhadores (as) depois os ricos.

Água ou a guerra da água não esta por vir está começando. Empresas já olham para isso com sede de lucros seja para impor "águas diferenciadas" como Basp propõe com relação a tratar a água do mar para consumo ou a Nestlé em limitar um direito que é o quanto devemos consumir (regra que não vale aos ricos), então as lições de Cochabamba (Bolívia) continuam vivas e nos cabe internacionalizar o direito ao uso público da água aos povos antes que a OMC, Bird, FMI, entre outros "clubes financeiros" proponham uma "ditadura da água" impondo limites no consumo e a criminalização dos que querem apenas um copo d'água.

Termino com essa música do Gil, que cabe bem ao momento: https://www.youtube.com/watch?v=xsPAl-cZ0VA

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Marta, uma nova Marina?



"Ou o PT muda ou acaba o PT", bem essa frase vinda de mim ou de outro membro ligado as tendências "radicais" ou a esquerda do petismo até seria "digerível" ou aceitado, mas vindo de Marta (Suplicy) a coisa "muda" de figura.

Já não é novidade que o PT é um dos poucos (ou único) partido da/na ordem institucional atual que mantém vivo a ideia de partido: organizado, com militância e intensa vida partidária. Nossas diferenças internas e divergências de posições são conhecidas, as vezes não muito compreendidas pela população em geral é comum ver que não somos militantes abobados ou "cabos eleitorais" sem cérebro que passam a mão na cabeça das direções ou dirigentes. O "doa a quem doer" vale mais para nós do que para a maioria do partido.

Também não é nova as posturas individuais dos nossos dirigentes. Essa construção se fortalece durante a gestão do ex. presidente do PT José Dirceu com a implantação das "eleições direitas" para as direções do partido, com candidatos (as) a presidência do partido (em cada nível) eleitos (as) a parte - reforçando o personalismo , tática conhecida do stalinismo (1) e praticada já faz um tempo pelas forças majoritárias.

Ou seja, quem criou o método que aguente as consequências. Marta sai atirando e o problema é para que lado? Com certeza não é por um PT mais a esquerda, socialista ou que busque transformar a sociedade. Então o que reivindica Marta?

A julgar pela sua origem, com certeza para Marta um partido mais liberal, na defesa de uma ética burguesa ou socialismo light (ou cor de rosa) se preferir. Um partido "Hobin Hood" que "governa com os ricos e trabalha para os pobres", velha conciliação de classes ou a via dos abobados: "vamos salvar o planeta".

Ela atira em Juca Ferreira (atual ministro da Cultura do segundo mandato da pres. Dilma), levou "provas de gastos superfaturados" dessa gestão direto a CGU (Controladoria Geral da União) - que sucedeu Gilberto Gil durante o mandato do ex pres. Lula, ela critica, esbraveja e se defende da fama de "arrogante", e atribui isso ao PT ou a petistas.

Contudo vamos aos fatos, primeiro ela (Marta) pediu para sair do governo assim que terminou o segundo turno, antes disso foi as ruas, pediu voto (para Dilma) e se expôs em diversos eventos públicos de campanha, ou seja, ela (Marta) também estava em campanha? Quem sabe para um novo ministério? Segundo, é senadora pelo PT e acreditamos a tempos não deve muitas explicações da sua atuação aos dirigentes paulistas, isto porque Marta é Marta, como alguns se sente "dona do mandato" e uma "entidade acima do partido". Terceiro, acusar Juca Ferreira é em parte atacar o ex pres. Lula, será essa a melhor "manobra", visto que Juca Ferreira não é um qualquer é militante não só do meio cultural, mas um quadro e provar irregularidades contra alguém que até hoje cumpriu sua função na política pública cultural não é tarefa fácil. 

Quarto, quem conhece o perfil sabe que Marta é Marta define sua estratégia politica pautada pelas suas relações de classe e interesses particulares o que pode provocar uma grande indefinição bem as vésperas do ano eleitoral de 2016. Uns especulam que seu olhar é sobre a prefeitura, outros que 2018 pode ser o caminho, o que esperar de alguém que prestes a garantir reeleição à prefeitura de São Paulo (2004) e com governo bem avaliado fizesse um movimento que a derrotou. Lembremos, afastou-se da imagem do ex pres. Lula, impôs um método de campanha eleitoral regada a vultuosos recursos financeiros e sem militância, contratando os famosos "moranguinhos", e claro uma desvinculação da sigla que a fez ser a dirigente política que é, o PT (aquele que agora ela exige resgatar).

 E como ela mesmo diz para abrir a segunda semana de janeiro de 2015 (fonte Fsp 12.01.2015): ""Marta se diz decepcionada com o próprio partido e que se sente "há muito tempo alijada e cerceada". "Cada vez que abro um jornal fico estarrecida (...) É esse o partido que ajudei a criar e fundar?". Apesar disso, a senadora diz que ainda é uma "decisão duríssima" a de abandonar o PT."Não tomei a decisão nem de sair, nem para qual partido, mas tenho portas abertas e convites de praticamente todos, exceto PSDB e DEM.""

Como individualmente cada um faz o que quer caberá a Marta e seus "orientadores" políticos dizerem qual é o rumo: "Mudar o PT, retomar o petismo ou construir uma saída oportunista tipo "Marina Silva"", com um detalhe aos militantes socialistas do PT, não será para um projeto popular e/ou coletivo. 

E o que representa a posição de Marta? 

Representa o que já estávamos vivenciando  um tempo no PT, que é diante da desconfiguração das nossas lutas, nossas reivindicações e nosso projeto de sociedade surgem a indisciplina interna - onde cada um faz o que quer esperando novas portas a se abrirem, a ausência de objetivo político coletivo e o sentimento de afastamento da base e da sua direção. 

O governo Dilma escolheu agir sob um velho método, da barganha em troca de apoio, contudo adotando seus critérios de "escolha" a um preço que todos e todas temos que esperar. Com o risco de termos um governo com olhos para governar de um lado e olhos na atuação dos ministros do outro para fazer com que alguns não caiam na tentação de bolar esquemas incríveis de uso da máquina e dos recursos públicos para fins privados.

O efeito Marta não pode ser visto apenas sobre o olhar condenatório do petismo e sim sob a necessária discussão de que partido temos e que partido queremos para conduzir um projeto coletivo de sociedade e não apenas de governabilidade.

Dizem a todo momento que o PT faz o errado. Assim seguimos condenados por uma mídia medíocre que corre atrás de lucros e vantagens, acusados pelas práticas individuais e particulares de alguns, bem como e a toda hora taxados como figuras ruins. Desculpem, mas esse julgamento não condiz ao que promovemos neste último período no Brasil, mesmo sendo anticapitalista, aquele capitalismo que misturava neoliberalismo com colonialismo e militarismo combinados passando por Sarney, Collor, Itamar e FHC não conduziam o país ao interesse comum de ninguém.

Ao PT devemos decidir se daqui para frente teremos uma legião de Martas construindo seu voo solo - individual, personalista e particular,  ou criar espaços comuns, coletivos e solidários para que o PT seja o PT.

P.S. 1) O exemplo dos trabalhadores metalúrgicos do ABC pode e esta sendo um bom exemplo de como retomar a consciência de classe ou o significado da luta contra esse sistema. Uma greve construída na SOLIDARIEDADE com os demitidos e claro um pouco de estomago pois um dia o empregado de hoje poderá ser o de amanhã. Evidente que os tempos são outros, mas o métodos do capital são os mesmos, quando lucram não partilham um pedaço do que seria justo dentro das regras liberais burguesas, quando alegam crise "demita se". Um desses analistas econômicos que  "papai e mamãe indicaram" para estas consultorias medíocres do capital afirmou "ser necessário", como se não estivesse falando de gente, seres humanos. Que a luta dos metalúrgicos do ABC faça (pelo menos) ressurgir a compreensão do que é solidariedade de classe.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

NOTA EM DEFESA DO SUAS.

Irrelevante não é a SNAS (Secretaria Nacional da Assistência Social), irrelevante é uma ministra INCAPAZ E INCOMPETENTE a altura do SUAS para estar e ser reconduzida a este cargo.

Em defesa dos SUAS, Dilma não ande para trás e não desmonte o que conquistamos no governo Lula.

Irrelevante é uma política fiscal que tira dos trabalhadores para dar aos podres de ricos.

Segue a nota do Conselho Nacional da Assistência Social que deve ter passado desapercebido por nós devido as festas e o descanso do fim do ano.

boa leitura!






Brasília, 22 de Dezembro de 2014



NOTA EM DEFESA DO SUAS.

Em 7 de dezembro de 1993 foi promulgada da Lei nº 8.742, que 
define um novo marco regulatório para a Assistência Social no 
Brasil como política pública, direito do cidadão e dever do Estado.

Desde então, vários avanços foram conquistados em prol dessa 
política pública rompendo, assim, com práticas filantrópicas, 
caridosas, e assistencialistas presentes em ações desenvolvidas 
historicamente nessa área.

Comemoramos, neste período, 21 anos da Lei Orgânica da 
Assistência Social - LOAS. O estágio atual de efetivação do 
SUAS reafirma o compromisso do governo brasileiro com 
os movimentos sociais e a sociedade civil, de forma geral, 
em implementar os avanços da Constituição Federal e da LOAS.

A NOB/SUAS 2012 e a Lei 12.435/2011 incorporam os avanços 
acumulados e materializam as deliberações das Conferências de 
Assistência Social que veem ocorrendo no Brasil, e em todas as 
unidades da federação desde a década de noventa.

Dentre as deliberações aprovadas nas Conferências destaca-se a 
orientação pela existência do Comando Único em todas as 
esferas de governo no que se refere à gestão da Politica de 
Assistência Social.

A materialização dessa deliberação é um avanço em alguns 
estados e municípios brasileiros. No entanto, após 21 anos 
de lutas e vitórias, estamos vivenciando a ameaça de retroceder
em importantes conquistas. É extremamente preocupante saber 
da possibilidade de extinção ou fusão de secretarias de Assistência 
Social (ou congêneres) a outras secretarias da área social. Tal medida 
poderá provocar dentre outras coisas:

· Perda da identidade dessa politica pública setorial ;

· Dificuldade de operacionalização dos serviços, programas, projetos e 
benefícios ;

· Dificuldade de contratação de quadro próprio de recursos humanos;

· Óbices no exercício do controle social pelos órgãos responsáveis;

· Indefinição de recursos orçamentários;

· Fragilidade no monitoramento, acompanhamento e avaliação das 
ações desenvolvidas na área;

· Redução no acesso aos direitos socioassistenciais por parte dos 
usuários da Política de Assistência Social.

Diante disso, o Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS 
vem a público declarar sua posição contrária a qualquer retrocesso 
na área e, sobretudo, a este. Na oportunidade chama atenção 
aos gestores estaduais e municipais acerca da importância da 
defesa e materialização de todos os avanços do SUAS, em 
especial a defesa ao Comando Único da Assistência Social 
em todas as unidades da federação. 



Brasília 11 de dezembro

Plenária do Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS

Conselho Nacional de Assistência Social

domingo, 4 de janeiro de 2015

O "lobo de Wall Street" e o idiota da sociedade neoliberal.





Segundo o dicionário Aurélio (on line) a palvra "idiota" significa:1 Diz-se da pessoa incapaz de coordenar ideias; 2 Pateta; parvo; 3 Que denota estupidez. E com essa "onda" neoliberal a solta com seus "truques e confusões" também deveria incluir: "nova pessoa gestada nas reformas econômicas e politicas do séc. XX e preparada para ser um "consumista acéfalo" do séc. XXI".

Observando a sutileza ou o emu olhar como espectador mesmo, dois filmes retratam o que de "melhor" foi sendo produzido nas relações humanas no capitalismo 2.0 neoliberal. Se os termos privatizar e mercantilizar se tornam usuais por nós nesse tempo que vivemos, o que esperar de uma palavra antiga, mas não antiquada e perfeitamente adequada (e atualizada) para a realidade atual: INDIVIDUALISMO.

Sim o bom e velho conceito introduzido nos debates sobre a formação desta sociedade que conhecemos sob o comando do sistema capitalista é cada vez mais a "lógica" da vez introduzida em doses cavalares nas culturas e na formação desse "novo ser humano" (se é que dá pra dar essa definição).

Voltemos a sétima arte: o final de dois filmes quase que se assemelham no gesto final dos "bons moços" que passaram as duas histórias atrás de "fazer justiça".

Na produção o "Senhor das Armas" (Lord of War), o "destemido agente da lei" tem no finalzinho da sua importante "missão" o gosto da "vitória" de ter preso um grande traficante de armas, mas o dialogo final termina (reprodução do site wikipedia) "Jack (Valentine, agente da lei), no regozijo de ter finalmente conseguido prendê-lo, senta-se numa sala com Yuri (o traficante de armas)para explaná-lo das conseqüências da prisão. Mas é Yuri quem toma as rédeas da conversa, dizendo por que não passaria nem um dia na prisão: colocá-lo na prisão seria um embaraço enorme para o governo estadunidense, já que era ele quem fornecia o armamento dos inimigos dos inimigos americanos, e seus compradores eram úteis à política externa do governo.", uau, sim uau!

No outro (mais recente), "O lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street), outro agente da lei, outro "destemido", outro determinado consegue "prender (com delação premiada, OK), o dono e corretor Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio) de uma das maiores corretoras de ações no mercado financeiro por fraudes fiscais e etc., bem esse final é mais constrangedor pela duplicidade, a cena do agente da lei no metro lendo a matéria em letras garrafais sobre a prisão e bla bla bla, e num momento ele olha ao seu redor as pessoas simples (como ele), e imagino duas coisas que no filma não fica claro: 1) O agente da lei reflete sobre a proposta inicial de Belfort quando tenta suborna-lo, pois ele acabou de realizar uma grande prisão e continua "naquela vida; ou 2) Observa que mesmo "cumprindo o seu dever "a vida segue e ninguém está nem aí pra isso" - velha lógica da exploração - o explorado nem sempre (ou quase nunca) sente as correntes que o prendem.

Citei estes dois finais justamente para dizer que: aos justiceiros de plantão (prende, mata e arrebenta) ou derrotistas (nada vai mudar), de que o problema é o coração do sistema, deste sistema que impõe padrões de vida, buscas pelo material, financeiro e supérfluo.

Há mais filas e empurra empurra para comprar nos shoppings ou mercados do que para participar de atividades de solidariedade de classe.

Há mais disposição para derrotar o outro do que para haver colaboração.

Há mais desconfiança do que certezas nas relações. As que envolvem dinheiro e poder podem acabar com amizades e até terminar em morte. O crime individualizado o sistema cuida parceiro.

E são problemas da sociedade? Sim, mas desta sociedade do capitalismo.

Quem busca viver ou resistir sabe que o caminho não é fácil.   As vezes participar para mudar a política ou o planeta acabam sendo vistos como gestos "individuais" invertendo a ideia de quem é o "individualista" da história, os que querem sair dessa "matrix" ou os que querem viver na sua ilusão.

Eu tenho visto e vivido bons exemplos de que nós socialistas estamos buscando transformar relações e mudar a política, nosso dever não é agir como se nossa atuação fosse "caricata" ou "individual", muito pelo contrário devemos com o gesto mostrar que é possível, necessário e urgente desidiotizar a sociedade.

Vejam os filmes, porém engatem na sequencia o documentário "Trabalho Interno", para entender que a "vida boa" dos que querem ser "ricos" nesta sociedade produzem muita desgraça, miséria e violência para a sua grande maioria.




You tube
https://www.youtube.com/watch?v=WDxSfCZgCmk (O lobo de wall street)
https://www.youtube.com/watch?v=jPFNzi4fNgY (O senhor das armas)
https://www.youtube.com/watch?v=ViOYXZL_3Bs (Trabalho interno)