quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Meio ambiente, o mais anti capitalista dos meios. Mesmo não sendo justo com todos e todas, ainda é uma força anti capitalista.


Fonte da Imagem:http://ohmygodfacts.com/7-interesting-tsunami-facts/

"Traga-me um copo d'água, tenho sedeE essa sede pode me matarMinha garganta pede um pouco d'águaE os meus olhos pedem teu olhar
A planta pede chuva quando quer brotarO céu logo escurece quando vai choverMeu coração só pede o teu amorSe não me deres posso até morrer"Tenho sede, Gilberto Gil

Tá calor, mais muito calor. Nos últimos anos o planeta endureceu contra a humanidade, mesmo que cientistas pagos pelo capital digam que tudo isso é normal, vemos e convenhamos que a ONU (Organização das Nações Unidas) não fariam um fórum permanente de dirigentes e especialistas globais se a humanidade não tivesse sua parcela significativa de culpa.

Mesmo não sendo justo com todos e todas, ainda é uma força anti capitalista. Não é justo porque não separa os exploradores dos explorados, quando resolve vir vem com tudo não importa quanto dinheiro você tenha, ou melhor que seja sua "proteção". Tsunamis, tornados, furacões, calores intensos, mudanças no clima, falta de água (esse é a da moda), etc., fazem parte do extenso elenco das atividades climáticas que são geradas silenciosamente com o perturbador evento que causa (em grande parte) essas mudanças: o que cria essa acumulação de capital sem limites e cada vez mais voraz, o capitalismo.

Padrões de consumo sem critérios de necessidade real, uso desenfreado dos recursos (inclusive para coisas banais), produção em larga escala de lixo, especulação imobiliária, e claro mais etc., estão na combinação desse pequeno grande horror que causamos a nós mesmos.

E como é de se esperar de uma ideologia dominante o (neo) liberalismo é Expert em culpar os indivíduos e não os processos, causas e modelos que geraram tal situação de caos que afeta a toda coletividade humana.

Vários dirigentes e intelectuais de esquerda marxistas já tem escrito ou descrito primeiro de como o meio ambiente torna-se um tema relevante na construção do pensamento socialista e comunista uma vez que o capital tem atacado sistematicamente os recursos do planeta.

Michael Lowy foi um dos percursores que pautou o ecosocialismo no esforço de incluir a temática não apenas enquanto retórica mas como pauta que deve ser tratada com propostas, alternativas e reparações, uma vez que na corrida industrializante a antiga União Soviética e a atual China devastaram seus recursos naturais em nome da corrida "contra" o capitalismo, vale lembrar que foi a pouco tempo (menos de um ano) que a China estabeleceu sua política nacional voltada ao enfrentamento ao uso abusivo do seu meio ambiente, recuperação e sustentabilidade de seus recursos naturais.

E portanto não é errado dizer que o próprio planeta, via seus recursos naturais e seu meio ambiente torna-se um convicto, ágil e duro anticapitalista, pois suas respostas são apenas resultado da velha lógica "causa e consequência".

Você pode até dizer que os ricos se preparariam mais rápido que os demais mortais quando surgirem tais mudanças mais duras, mas a imprevisibilidade e a reação apenas ao momento do "eu quero tudo agora" impede que os ricos usem o cérebro para pensar em sua auto proteção, preferem vidros a prova de balas e guarda costas, contudo não sobreviveriam a um tsunami na porta dos seus resort's. 

Contudo não é para que nós, socialistas e comunistas, nos acomodemos diante dos fatos. Reagir é necessário e urgente pois o planeta pode aplicar uma forma de "igualdade" dura sobre todos e todas nós com suas ações, a exemplo da falta de água primeiro se penalizam os trabalhadores (as) depois os ricos.

Água ou a guerra da água não esta por vir está começando. Empresas já olham para isso com sede de lucros seja para impor "águas diferenciadas" como Basp propõe com relação a tratar a água do mar para consumo ou a Nestlé em limitar um direito que é o quanto devemos consumir (regra que não vale aos ricos), então as lições de Cochabamba (Bolívia) continuam vivas e nos cabe internacionalizar o direito ao uso público da água aos povos antes que a OMC, Bird, FMI, entre outros "clubes financeiros" proponham uma "ditadura da água" impondo limites no consumo e a criminalização dos que querem apenas um copo d'água.

Termino com essa música do Gil, que cabe bem ao momento: https://www.youtube.com/watch?v=xsPAl-cZ0VA