segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Coerencia e manifestações contra o autoritarismo na PUC/SP. Democracia chanceler D. Odilio, democracia!


Orgulho, é assim que eu defino o encaminhamento que recebi dos professores da UFF do colegiado de
professores do curso de Serviço Social, até porque e inclusive lá esta uma das minhas mentoras, prof. Cristina Brites referência tanto para o serviço social como para PUC/SP.

Reproduzo a moçao abaixo:


MOÇÃO DE REPÚDIO AO AUTORITARISMO DO GRÃO CHANCELER DA PUC/SP,
D. ODILO SCHERER

O Colegiado do Curso de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense, Polo de Rio
das Ostras, reunido em 14 de novembro de 2012, aprovou, por unanimidade, moção de repúdio à
atitude autoritária do Grão Chanceler da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, D. Odilo
Scherer, pela nomeação arbitrária da candidata menos votada nas últimas eleições ao cargo de
Reitor da PUC/SP.

Ao nomear Reitora da PUC/SP a Professora Anna Cintra, D. Odilo Scherer, contraria a
decisão soberana das urnas manifestada pela comunidade acadêmica da PUC/SP, desrespeita a
histórica tradição democrática dessa Instituição de Ensino, que inspira e inspirou docentes e
universitários de todo o país e viola abertamente a autonomia universitária.

Nosso colegiado apoia a luta da comunidade acadêmica da PUC/SP em defesa dos princípios
democráticos dessa Instituição; apoia sua decisão de não reconhecer a Professora Anna Cintra como
Reitora e, mais uma vez, repudia veementemente o autoritarismo e a arbitrariedade que
comprometem a imagem da Fundação São Paulo, contrariam o caráter comunitário dessa
Universidade, violam direitos e os princípios e diretrizes do Projeto Institucional de Educação da
PUC/SP.

Rio das Ostras, 14 de novembro de 2012.
Colegiado do Curso de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense.



MANIFESTO
EM DEFESA DA DEMOCRACIA NA PUC-SP
fonte: http://www.apropucsp.org.br/

Em 13 de novembro de 2012 a comunidade de professores, estudantes e funcionários foi surpreendida pela escolha e nomeação, pelo Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, da professora Anna Maria Cintra, terceira e ultima colocada na eleição para a Reitoria, contrariando o processo democrático de escolha que decidiu pela reeleição do professor Dirceu de Mello. Ainda que o Estatuto da PUC indique que a decisão do Cardeal esteja dentro da legalidade, a legitimidade de toda a história de lutas e conquistas de professores, estudantes e funcionários foi desconsiderada.

Os últimos anos não foram dos mais felizes para a PUC-SP. Demissões em massa; apelo à invasão policial; “maximização” dos contratos de trabalho; contratos diferenciados para quem docentes e funcionários que exercem as mesmas funções; aumento das mensalidades; estatutos mais autoritários.

O impedimento da posse do eleito, professor Dirceu de Mello, e a nomeação da última colocada, professora Anna Cintra, constituem um retrocesso político-acadêmico, uma péssima sinalização para a sociedade brasileira, um grave precedente que afeta o conjunto da universidade e o exercício de uma desalentadora pedagogia política, especialmente os jovens que não viveram tempos sombrios da época em que nossas conquistas democráticas se iniciaram. Em um grave momento no qual se decide o futuro da PUC-SP, esperamos que a professora Anna Cintra não se preste a este trabalho de demolição institucional.

Nossa luta, que se amplia cada vez mais, chama todos à unidade em defesa da democracia, para além de disputas eleitorais já encerradas. Congrega professores, funcionários administrativos e estudantes, independentemente das candidaturas que cada um sufragou ou rejeitou. Trata-se de defender um processo democrático que, claro, merece avançar. Retroagir, jamais!

Com determinação e tranquilidade, resistiremos.

Todos à greve geral!

Assembleia de professores na quarta-feira, 21 de novembro, às 17:00 na.sala 333

E, em seguida, todos ao ato político às 20:00 horas no TUCA!

domingo, 18 de novembro de 2012

Wallerstein: “nenhum sistema é para sempre”

Boa critica e analise sobre a crise do capitalismo, leiam...


Wallerstein: “nenhum sistema é para sempre”

Por: admin - 12/11/2012.

Para sociólogo, capitalismo não sobreviverá à crise, mas o que emergirá é imprevisível. Por isso, próximas décadas serão cruciais
Entrevista a por Lee Su-hoon | Tradução: Hugo Albuquerque Inês Castilho
Em dois sentidos, pelo menos, o sociólogo norte-americano Immanuel Wallerestein parece disposto a contrariar as ideias que ainda predominam sobre a crise iniciada em 2007. Primeiro, no diagnóstico do fenômeno. Para ele, estamos diante de algo muito mais profundo que uma mera turbulência financeira. Foram abaladas as bases do próprio capitalismo. Ou, para usar um conceito caro a Wallerstein, do “sistema-mundo” que se desenhou a partir do século 16, em algumas partes da Europa, e se tornou globalmente hegemônico desde os anos 1800. Tal sistema teria atingido “o limite de suas possibilidades”, sendo incapaz de sobreviver à crise atual. Se ainda temos dificuldade para compreender o alcance das transformações em curso é porque, presos à inércia, demoramos a aceitar que “há alguns dilemas insolúveis”. “Nada dura para sempre – nem o Universo”, lembra Wallerstein, um tanto irônico.
O segundo ponto de vista não-convencional deste sociólogo – também um pesquisador de enorme repercussão internacional nos terrenos da História e da Geopolítica – diz respeito ao que virá, diante do eventual colapso do atual sistema-mundo. Ele diverge dos que pensam, baseados numa interpretação pouco refinada do marxismo, que podemos permanecer tranquilos – já que o declínio do sistema atual dará necessariamente lugar a uma ordem fraterna e socialista.
Não – diz Wallerstein – o futuro está mais aberto que nunca. O declínio do capitalismo pode abrir espaço, inclusive, a um sistema mais desumano – como sugere a forte presença, em todo o mundo, de correntes de pensamento autoritárias e xenófobas.
Estamos, portanto, condenados à ação, sugere este pensador, em cuja obra destaca-se a tetralogia “O Sistema Mundial Moderno”. Se o sentido do século 21 é imprevisível, isso deve-se ao fato de ele estar sendo construído neste exato momento, “em uma infinidade de nano-ações, desempenhadas por uma infinidade de nano-atores, em múltiplos nano-momentos. Em outras palavras, convoca Wallerstein, não se trata de prever o futuro, mas deconstruí-lo, inclusive em ações e atitudes quotidianas.
Para transformar, contudo, é preciso conhecer. Talvez por isso, embora aos 83 anos e consagrado por vasta obra teórica, Wallerstein dedica-se, em seu site, a análises quinzenais sobre temas contemporâneos muito concretos. Boa parte do material produzindo nos últimos dois anos traduzida e publicada por “Outras Palavras”. Entrevistado há poucas semanas pelo cientista político coreano Lee Su-hoon, ele avança no exame destes temas, muitas vezes expressando pontos de vista pouco usuais.
Indigado sobre a Europa, onde os cortes de direitos sociais e serviços públicos parecem não têm fim, propõe que se busque alternativas olhando, por exemplo, para a Argentina e Malásia. Estes países saíram da crise porque contrariaram, nas décadas de 1990 e 2000. Agora, pensa Wallerstein, o espaço para fazê-lo é ainda maior – mas é preciso ter coragem política.
O mundo irá tornar-se mais seguro se o Irã for impedido de desenvolver energia atômica? A resposta é “não”, garante este professor da Universidade de Yale: o atual Tratado de Não-Proliferação nuclear (TNP) é absolutamente hipócrita e será cada vez mais ineficaz. Contra o que ele preconiza, prevê Wallerstein, diversos países do Sul desenvolverão armas atômicas nos próximos anos – inclusive o Brasil…
China e Estados Unidos tendem a se converter em potências globais inimigas? Nada demonstra esta hipótese, frisa ele. A despeito da retórica, e da necessidade de satisfazer audiências locais, na prática Washington e Beijing mantêm cada vez mais interesses em comum. A entrevista completa, publicada pelo ótimo jornal sul-coreanoHankioreh, vem a seguir. (A.M.)

Lee Su-hoon: Você disse: “Nos próximos 50 anos o mundo vai mergulhar em uma turbulência econômica séria e, mais tarde, o capitalismo vai enfrentar uma crise tremenda, como a da Grande Depressão”. As pessoas dizem que a crise se deve à ganância de Wall Street e à bolha imobiliária etc. Como você analisa essa crise?
Wallerstein: Faz cinco anos que eu não mudo de opinião. Basicamente, a meu ver, estamos em uma crise estrutural da economia capitalista mundial desde os anos 1970, e ela vai continuar. E não vai ser totalmente resolvida até talvez 2040 ou 2050. É difícil prever a data exata, mas vai levar muito tempo. No momento, o sistema mundial está bifurcado. Tem problemas de tal magnitude que não poderá sobreviver, está tão longe do equilíbrio que não há como voltar atrás. Mas para onde ele vai é totalmente incerto, porque, como disse, essa bifurcação significa que, tecnicamente, há duas formas de resolver uma mesma equação, o que não é normal.
Em linguagem leiga, isso significa simplesmente que o futuro sistema mundial, ou sistemas mundiais (porque não sabemos se haverá um só) que vai ou vão surgir no final desse processo podem ter, no mínimo, duas variedades fundamentais. Assim, não se pode prever qual sistema teremos, porque ele vai ser uma consequência de uma infinidade de nano-ações, desempenhadas por uma infinidade de nano-atores, em múltiplos nano-momentos – e ninguém é capaz de elaborar tanta coisa. Mas vai acontecer. Então, aqui estamos nós, no meio de tudo isso. É caótico, como se diz.
E o que significa dizer “É caótico”? Significa que as flutuações são enormes e, portanto, há incertezas inclusive no prazo muito curto. Isso significa que uma pessoa que preveja qual será a relação entre o iene, o dólar, o euro e a libra dentro de um ano será alguém muito corajoso. Não há como saber. Mas os empresários precisam dessa informação. Eles têm de ter o mínimo de estabilidade, do contrário correm o risco de sofrer perdas enormes. Isso os deixa paralisados, com muito receio de se envolver em qualquer tipo de investimento, uma das coisas que está acontecendo no mundo todo. É por isso que o desemprego explodiu. E é também por isso que os governos estão em tal dificuldade financeira, pois sem essa produção adicional não há receitas fiscais, e sem receitas os governos passaram a sofrer um grande aperto. E então o desemprego aumenta, o que coloca mais pressão sobre o governo. É o que acontece hoje em praticamente todos os países do mundo. Os governos têm menos dinheiro e enfrentam demandas para gastar mais. Isso, naturalmente, é impossível: não se pode ter menos e gastar mais. Então, eles vêm com tudo quanto é tipo de solução. Nenhuma parece funcionar. É onde nos encontramos atualmente.
Lee: E muitos países europeus estão enfrentando uma crise fiscal, uma espécie de moratória, o que os leva a tentar obter ajuda da UE (União Europeia) e do BCE (Banco Central Europeu).
Wallerstein: Os europeus têm um problema básico. Possuem pelo menos nove moedas, e 17 países compartilham o euro. Mas não têm um governo federal. É uma situação muito complicada, pois significa que os governos não podem intervir em sua própria moeda. Uma dos instrumentos que os governos utilizam tradicionalmente para lidar com suas dificuldades é aumentar ou diminuir o valor da moeda. Ao diminuir o valor da moeda pode-se vender mais; aumentando o seu valor, pode-se comprar mais. Os países da zona do euro não têm essa opção, porque nenhum país tem moeda própria. E eles estão enfrentando os mesmos problemas de todos os outros. Ou seja, exigências crescentes, porque o aumento do desemprego gera mais demandas sobre o governo. Ao mesmo tempo, a receita do governo diminui, porque não há empregos.
Sua única opção (da Grécia, Espanha, Portugal ou Irlanda) é obter ajuda, algum tipo de solidariedade. Então eles se deparam com a relutância, por parte dos países mais ricos, em “salvar” os mais pobres. Isso não leva em conta o fato de que o único e maior beneficiário da zona do euro é, de fato, a Alemanha. E é justamente o país que está fazendo o maior estardalhaço sobre não querer ajudar outros países, a menos que façam X, Y ou Z – medidas que, na verdade, só pioram a situação. Essa é a questão da zona do euro. É o problema enfrentado por todo o mundo, acrescido do fato de que esses países não podem manipular individualmente suas próprias moedas. Mas o problema básico não é diferente daquele dos EUA, da Rússia, do Egito ou de qualquer outro lugar onde haja aperto.
Lee: Aqui na Coreia, os especialistas e a mídia apresentam dois argumentos diferentes. A Irlanda, a Grécia e outros gastam muito dinheiro em benefícios sociais – essa é uma linha de argumentação. A outra é o efeito de contágio, por causa da facilidade de migração na zona do euro.
Wallerstein: Vamos lidar com os dois argumentos. O primeiro é “a Grécia está em apuros porque exagerou no bem-estar social”. Isso é exatamente o que o Partido Republicano diz sobre os EUA. É um mesmo argumento para todo o mundo, não um argumento especial para a Grécia. A reação das forças mais conservadoras a essa crise é dizer “corte benefícios”, o que significa “reduzir os gastos do governo”. Mas se você cortar benefícios reduz também o poder de compra das pessoas. Cria assim uma demanda menos eficaz. Por exemplo, uma pessoa que fabrica camisetas, ou algo assim, tem menos clientes. De forma que essa não parece ser a solução. Para mim, só piora o problema. De qualquer forma, a questão é que não é um problema específico da Grécia, da Espanha ou de Portugal. É um problema de todos os países.
Agora, o efeito de contágio. O que acontece é que, como os governos estão sem recursos, precisam de dinheiro emprestado. E para obter esse dinheiro, dependem do mercado. As pessoas emprestam dinheiro com mais facilidade quando veem possibilidades de obter reembolso. Então há, sim, um efeito de contágio na Europa: a Grécia começa a ter problemas, Portugal e Irlanda começam a ter problemas, e Espanha e Itália começam a ter problemas. E agora é a França que está se metendo em encrencas, e depois a Holanda e a própria Alemanha. É o efeito de contágio, em parte criado pelas agências de classificação de risco – que não são neutras –, mas também um problema muito real. O efeito de contágio vai da Europa para os EUA, e da Europa para o resto do mundo. Vai deixando as pessoas paralisadas. Isso significa que, quando veem as coisas indo tão mal, dizem “bem, pode dar errado em outros lugares também, portanto, não vamos emprestar o dinheiro”, ou “vamos exigir taxas de juro mais elevadas”.
Mas se tomamos o dinheiro emprestado a taxas de juros mais altas, sobra ainda menos dinheiro para gastar em outras coisas. Esse é exatamente o problema mundial. Então, novamente, não vejo isso como um problema especialmente europeu. A questão na Europa, no momento, é saber se as forças que dizem ”os países europeus estariam em situação melhor se não houvesse euro” conseguirão aboliro euro e voltar para suas moedas nacionais. Há um certo movimento nessa direção, tanto da direita como de alguns setores de esquerda.
A esquerda europeia não gosta do fato de que Bruxelas, com tanta influência, tenha um viés neoliberal tão forte. Diz-se (em alguns países escandinavos e mesmo na França): “estaríamos melhor se estivéssemos livres do controle de Bruxelas”, em oposição ao ponto de vista ainda dominante – o de que o euro fortalece a posição europeia frente ao resto do mundo e, mais especificamente, frente aos Estados Unidos.
Está acontecendo uma luta política, não há dúvida. Tendo a acreditar que, em geral, deve-se separar a retórica política da realidade e das pressões geopolíticas. A retórica política é em geral uma resposta a uma circunstância política imediata de um país. Se a chanceler Angela Merkel diz certas coisas na Alemanha, não é necessariamente porque ela acredita naquilo, mas porque, na próxima eleição, que pode ser muito em breve, ela julga que com isso ganharia votos. A mesma coisa vale para Obama. Vale também, tenho certeza, para o presidente da Coreia. Os políticos têm de se preocupar com a próxima eleição. Isso não significa que: (a) eles querem realmente dizer o que falam, e (b) o que dizem tem importância. Não acho que importe muito.
Ainda que, numa situação muito volátil, a estupidez possa prevalecer. Em geral, o que acontece é decorrente de pressões geopolíticas. Então, penso que a pressão para manter o euro, os benefícios em termos de geopolítica, são muito maiores do que a pressão para voltar às moedas individuais.
A chanceler Merkel está dizendo às pessoas, em toda a Europa, “deixem-me fazer isso, e então terei cacife político para convencer os políticos e eleitores alemães a me acompanhar”. Penso que a Europa vai concordar com um aumento do federalismo, ainda que não chamem isso de federalismo, porque não gostam dessa palavra. Mas um fortalecimento do poder central e, em consequência, um aumento do fluxo de dinheiro. Nos EUA, um estado como o Mississippi só não vai à falência porque o governo federal pode redirecionar dinheiro para lá. É disso que a Europa precisa. É isso o que querem realmente dizer as pessoas que estão clamando por “solidariedade”.
Se você me pedir que faça previsões, penso que a probabilidade de vermos, em três anos, não apenas um euro, mas um euro fortalecido, é muito maior do que o contrário. E algum tipo de mecanismo que permita enfatizar menos a prosperidade e mais a volta de recursos, ter o dinheiro fluindo novamente, é a única solução de curto prazo para os problemas europeus, assim como para os dos EUA.
Lee: Gostaria de acrescentar algo em sua análise da situação da zona do euro. Você mencionou os países escandinavos, que são mais fortes em termos de benefícios sociais. São os que mais gastam com bem-estar social e os que pagam mais impostos. Mas não estão em crise, embora se argumente que o chamado “populismo do bem-estar” social é inteiramente errado.
Wallerstein: Sim, evidente. Isso pode ser demonstrada de várias maneiras. É claro, existem cinco países nórdicos diferentes, cada um com uma situação um pouco diferente, inclusive aqueles que estão e aqueles que não estão na zona do euro, e os que estão e os que não estão na OTAN. Mas, em geral, você tem toda a razão ao dizer que aqueles cinco países nórdicos ainda são estados de bem-estar fortes, com impostos relativamente altos.
Lee: Sim, na verdade o problema fiscal da Europa é um problema mundial. Quando você olha para países específicos, há diferenças. Em alguns países, a corrupção é mais grave do que em outros.
Wallerstein: Vamos nos deter um pouco na corrupção. Penso que a corrupção é mais grave nos EUA, na Grã-Bretanha, na França e na Alemanha, do que em alguns casos de países muito citados em todo o mundo. Eles são fichinha, perto da corrupção real. Temos escândalos o tempo todo nos EUA, França e Grã-Bretanha. Quando você se depara com esses escândalos, de repente descobre que se trata de trilhões de dólares. Já quando ocorre algo do tipo em Myanmar ou no Iraque, por exemplo, estamos lidando com milhões, nem sequer com bilhões de dólares.
Assim, a corrupção é uma arma deveras etnocêntrica. Os países do Norte tendem a dizer que os do Sul são imorais, porque são corruptos. Mas não dizem que somos imorais porque somos corruptos. A corrupção é geral em nosso sistema. É geral porque, se você tem um sistema em que o principal objetivo é a acumulação de capital, a corrupção é simplesmente um aluguel que as pessoas que estão no lugar certo cobram, da acumulação sem fim do capital. Dizer que “eles não deveriam” é uma posição moral correta, mas retórica, porque eles irão até onde der, já que a opinião pública não gosta de enxergar a corrupção. E talvez uma ou duas pessoas sejam presas por um tempo relativamente pequeno, mas, basicamente, nada mais é feito contra a corrupção. Quando foi a última vez que uma pessoa corrupta dessas foi mandada para uma prisão de verdade, por um período realmente longo e teve de devolver todo o dinheiro que levou? Isso simplesmente não acontece.
Lee: Quando ouvi o discurso de feito por Obama ao se candidatar à reeleição, anotei o que ele apresentou como receitas para salvar os EUA dos tempos difíceis: criar mais postos de trabalho na indústria, reconstruir a classe média, enfatizar a educação, cortar tributos sobre a riqueza, uma nova política energética, a redução das importações e benefícios sociais que incluíssem assistência médica – um tema sempre muito controverso nas eleições norte-americanas. Mas eu me surpreendi ao ouvir as mesmas coisas dos candidatos presidenciais aqui na Coreia do Sul. Claro, a Coreia tem uma situação peculiar: a divisão da península, razão pela qual a questão da paz e a questão nuclear são importantes. Fora isso, os programas e políticas socioeconômicas eram mais ou menos idênticos. Isso me levou a pensar se a Coreia do Sul seria como os EUA socioeconomicamente. Cerca de vinte anos atrás a Coreia do Sul foi saudada como modelo para os países de Terceiro Mundo, uma vez que alcançou o crescimento econômico com relativa igualdade. Mas após as crises de 1997 e 2008 a Coreia do Sul revelou-se muito parecida com os EUA, e então as receitas políticas são quase idênticas nos dois países, penso eu.
Wallerstein: Bem, não discordo. Dentre os países mais ricos do mundo, a Coreia do Sul não está no topo, mas não está muito mal. As opiniões sobre o bem-estar social parecem estar divididas entre os conservadores e as pessoas de esquerda. Mas penso que, na verdade, a divisão pode ser mais ampla. Quando se olha para o papel do governo nos países mais pobres do mundo, ainda há a questão de quanto eles têm de benefícios sociais. Uma das coisas que o neoliberalismo, como um movimento atuante desde os anos 1980, tem prescrito para os países do Sul é: “Vejam, ocês têm todos esses problemas econômicos. Querem emprestar dinheiro de nós? Então reduzam os benefícios sociais, porque isso é dinheiro jogado fora”. A teoria age como uma força conservadora contra o governo local, que está atuando mais à esquerda. É o mesmo tipo de debate.
Você se lembra da chamada ”crise da dívida asiática” de 1997? De repente, uma série de países do Leste e do Sudeste da Ásia se viu encrencado economicamente. Ou seja, o dinheiro desapareceu. Os governos viram-se em apuros. Alguns buscaram ajuda, dizendo: “emprestem-nos dinheiro.” E esses governos contaram que a resposta recebida em geral foi: “emprestar dinheiro para vocês? Sim, desde que façam assim e assado”.
O único país que se recusou a tomar dinheiro emprestado nesses termos foi a Malásia — e ela foi o que se recuperou mais rapidamente, por ter recusado. Ao aceitar as exigências, a Indonésia provocou a queda de Suharto. E eu gostaria de citar este episódio. Trata-se de uma famosa atuação de Henry Kissinger, um político reconhecidamente de direita. Após a queda de Suharto, ele escreveu: ”como vocês (FMI e governo dos EUA) podem ser tão estúpidos? Vocês prescrevem para o governo de Suharto medidas que provocam sua queda e colocam, no seu lugar, um governo à esquerda dele. É mais importante manter Suharto no poder do que negar-lhe dinheiro. Vocês não entenderam suas prioridades. A prioridade é geopolítica, e não econômica”. Ele os repreendeu por fazer o que vinham fazendo há dez ou vinte anos em países menos importantes que a Indonesia.
A Coreia ficou no meio, tendo em vista o modo como respondeu. Teve uma atuação melhor do que a dos países que se entregaram completamente ao FMI, mas não tão boa quanto a da Malásia. Uma das coisas que se aprende com isso, e depois do que aconteceu na Argentina, é que esses países têm mais poder geopolítico do que acreditam ter e são mais capazes de reagir contra agências tipo FMI. Naturalmente, o FMI e o Banco Mundial aprenderam a lição. E começaram a falar em programas contra a pobreza. De repente, sua linguagem mudou, como resultado da crise da dívida asiática, porque se deram conta daquilo que Kissinger estava lhes dizendo: precisam ser mais astutos politicamente; não podem ser estritamente econômicos em suas exigências.
Lee: Na convenção do Partido Democrata norte-americano deste ano, Joseph Biden afirmou, repetidamente, que “os EUA não estão em declínio”, e Obama disse que “os EUA são um país do Pacífico”. Isso pode ser interpretado como um retorno dos EUA à zona asiática do Pacífico, inclusive sugerindo a contenção da China.
Wallerstein: Aqui há duas questões. Uma delas é afirmar que os EUA não estão em declínio. A outra é o que eles estão tentando fazer com essa ênfase na Ásia e no Pacífico.
Os EUA não estão em declínio” é um mantra nos Estados Unidos. Nenhum político pode dizer que os EUA estão em decadência. Na verdade, todos eles se esforçam para negar essa realidade, porque a população dos EUA não está preparada para aceitar o fato de que os EUA não são mais o “Número 1”, um exemplo admirado no mundo inteiro. Eles não vão dizer isso publicamente. É uma pena porque, a meu ver, uma das coisas importantes é tornar a população dos Estados Unidos mais consciente da realidade geopolítica e do fato de que os EUA são um país muito forte – mas não mais, em nenhum sentido, acima dos demais. Há vários países com avaliação melhor que os EUA em determinadas questões. E a capacidade de os EUA para influenciar a situação em várias partes do mundo diminuiu enormemente. Então, penso que é preciso separar a retórica política da realidade política.
E agora, o que os Estados Unidos estavam fazendo na Ásia? A primeira coisa a notar é que os EUA não têm força econômica e militar suficiente para engajar-se por completo, como costumavam, na Europa e na Ásia. Se eles dizem publicamente “vamos estar fazer isso na Ásia”, querem dizer ao mesmo tempo que não vão fazer isso na Europa. Isso não está sendo ignorado pelos europeus. Está sendo ignorado pela opinião pública dos Estados Unidos. Ou seja: isso, em parte, é admitir o declínio.
Agora, a segunda parte é ”conter” a China. Os comunistas chegaram ao poder em 1948. A China não tem sido politicamente popular nos EUA. A Guerra da Coreia, entre o Norte e o Sul da península, foi também uma guerra entre os EUA e a China. Não a denominamos assim, mas essa é a realidade. E a linha de armistício não é tão diferente da linha anterior à guerra. Considero que houve um empate militar entre a China e os EUA. Nenhum dos lados ganhou. No entanto, a retórica era muito forte nos dois lados, China e EUA denunciando um ao outro de todas as maneiras possíveis, até que Nixon foi à China, guiado por seus instintos geopolíticos e os de Henry Kissinger. A combinação era bastante forte. Ambos eram muito cínicos e muito inteligentes. Naquele momento, a China travava uma grande disputa com a União Soviética. Tinham um terreno comum. Uniram-se contra a União Soviética, é simples assim.
Agora, a Guerra Fria acabou, e a União Soviética não existe mais, e há algo chamado Rússia, que é o mesmo país e ao mesmo tempo um país extremamente diferente. A China ficou mais forte do que era antes – militarmente e economicamente. Mas não se deve exagerar. A China está se afirmando geopoliticamente como líder da Ásia. Mas, trinta anos atrás, ninguém na África ou na América Latina pensava na China. A China simplesmente não fazia parte da cena. Agora, mudou. A China ambiciona ser uma potência, e uma potência mundial precisa interessar-se por todas as partes do mundo, da mesma forma que os EUA e a Grã-Bretanha, que são potências mundiais, estão interessados em todas as partes do mundo. Nesse sentido, a União Soviética era uma potência mundial.
A China e os Estados Unidos têm muitas diferenças sobre questões imediatas, e esfregam isso na cara um do outro, de modo errado, de tempos em tempos. E atualmente há um monte de difamadores da China nos EUA. Os políticos gostam de culpá-la por tudo. Isso irrita os chineses, mas é um jogo. Se você olhar para a realidade das políticas dos Estados Unidos e a realidade das políticas chinesas ao longo dos últimos trinta anos, verá que eles nunca fizeram nada que ultrapassasse os limites um do outro. Têm sido muito cuidadosos em manter boas relações geopolíticas.
Então, não considero tão significativa a nova ênfase dos EUA na Ásia e no Pacífico. Primeiro, vejo isso como um show de retórica, em parte para os EUA e em parte para os outros países da Ásia, porque há que se preocupar com a Coreia do Sul, Japão, Vietnã e Filipinas. Estes países são ambivalentes com relação aos EUA. Eles gostam dos EUA, porque Washington os ajuda em certas coisas. Por outro lado, não querem realmente os EUA. Então, têm relações complicadas. E os EUA sentiram que precisavam reassegurar a esses aliados que não os haviam excluído da cena completamente. Não acho que seja mais do que isso. Penso que, quanto a isso, os dois lados não vão cruzar a linha, a não ser a linha retórica, no máximo.
Agora, a península coreana é de fato uma das questões cruciais nas relações EUA-China, porque temos um país chamado Coreia do Norte e outro chamado Coreia do Sul. Ambos são muito coreanos, e o nacionalismo coreano é muito forte. A pressão geopolítica pela reunificação é enorme. E agora os EUA e a China têm de se preocupar com isso. Se as tropas americanas tiverem que sair, isso significa que a Coreia reunificada possuiria armas nucleares? E se eles tiverem armas nucleares, o que os japoneses diriam sobre isso? E Taiwan? Penso que a pressão para nuclearizar, para acabar com a abstenção de armas nucleares na Coreia do Sul, no Japão e em Taiwan é muito forte. Não acho que os EUA estejam felizes com isso. Nem a China. O que leva à aproximação, não ao distanciamento dos EUA e da China. E ambos estão tentando descobrir, “podemos parar este processo?”
Não posso enxergar o que têm em mente, mas suspeito que isso está no topo da sua lista de preocupações. O fato é que eles antecipam, não que a Coreia do Norte vá se desnuclearizar, mas que a Coreia do Sul, o Japão e Taiwan venham a se nuclearizar. Se você me pedir novamente uma previsão, diria que em dez anos, todos eles estarão nuclearizados. E não acho isso desastroso. O fato de os EUA e a União Soviética terem, ambos, armas nucleares, foi um fator importante para garantir que não haveria guerra entre eles. Foi uma coisa positiva, e não negativa.
Agora, é claro, com armas nucleares existe sempre a possibilidade de desastre. As armas nucleares estão em determinado lugar, sob um comandante militar. Ele pode apertar um botão qualquer e dispará-las. Nossa aposta é que ele, como indivíduo, irá obedecer ao comandante-em-chefe do seu país. Em 999 das vezes, é possível contar com isso. Mas há sempre uma chance em mil de haver um oficial descontrolado. Ademais, é bem verdade que, havendo mais armas nucleares no mundo, as pessoas podem roubá-las. Isso vem sendo discutido com relação ao Paquistão. Continua-se a dizer: ”Você sabe, o Paquistão tem de 70 a 80 armas nucleares e bombas” e “Será que os lugares onde estão armazenadas são realmente bem protegidos?”, “Alguém, afiliados à Al Qaeda ou talvez a outro grupo, poderia atacá-los e roubá-los?”
Assim, não excluo o potencial negativo da nuclearização generalizada. Mas não penso que isso significa que o Irã irá bombardear alguém. Na verdade, os governos usam as armas nucleares como um mecanismo de defesa, e não um mecanismo agressivo. Usam como um modo de se safar de ser bombardeados. Os EUA foram para o Iraque não porque ele tinha armas nucleares, mas porque ele não tinha. Os EUA sabiam que, portanto, Bagdá não poderia responder com uma arma nuclear.
Penso que essa é a lição que o Irã e a Coreia do Norte tiraram imediatamente do que aconteceu no Iraque. Na verdade, do ponto de vista da Coreia do Norte, essa é a única proteção real que eles têm militarmente, no momento. Minha previsão é de que, em dez anos, todos os países da Ásia Oriental terão essas armas. E também muitos outros países, como Brasil e Argentina. Suécia, Egito e Arábia Saudita as terão. Sempre pelas mesmas razões: para evitar de ser bombardeado pelos outros.
Lee: E se todo mundo desistisse das armas nucleares, inclusive aqueles que já as possuem?
Wallerstein: Isso seria o ideal, se você considera possível convencer os EUA ou o Paquistão, Índia, Israel, França e Grã-Bretanha. Mas não há política que possa persuadir esses países a reduzir os armamentos nucleares a zero. Você poderá persuadi-los a reduzir o número de bombas que têm, em certas condições. Mas voltar a zero não seria prático. Pela simples razão de que é difícil verificar se os outros estão de fato reduzidos a zero. Há muitas maneiras de esconder essas coisas. É por isso que eles não vão aceitar.
Mas essa é a razão porque o tratado de não-proliferação nuclear é uma farsa, pois basicamente o que ele diz é que ninguém deve possuir armas nucleares, exceto os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. O resto de vocês, o mundo todo, deve renunciar a qualquer tentativa de ter armas nucleares, e em troca disso nós prometemos duas coisas: (1) vamos reduzir significativamente o nosso estoque, e (2) vamos permitir que você desenvolva a energia nuclear para fins pacíficos.
Desde que o tratado entrou em vigor, não houve uma redução significativa, e agora todo o mundo está falando novamente em renovar e expandir. Os três únicos países que se recusaram a assinar o tratado são a Índia, o Paquistão e Israel. E isso agora está praticamente aceito. Eles desafiam o mundo, desafiam todas as regras, e agora são membros do clube. Os EUA têm boas relações com os três países, e nenhum foi penalizado por ter armas nucleares.
Lee: Então, o que você diz sobre a nossa tentativa de persuadir a Coreia do Norte a desistir das armas nucleares…
Wallerstein: É que é impossível. Se eu estivesse dirigindo a Coreia do Norte, certamente não concordaria.
Lee: Se for esse o caso, acha que o impasse atual entre os EUA e a Coreia do Norte vai continuar? E o que dizer da China?
Wallerstein: Mais uma vez, há a retórica e a realidade. De fato, os diplomatas norte-americanos sabem, todos, que essa proibição é impossível. Mas não sabem o que fazer. Eles certamente não podem dizer, por razões políticas internas, que “não há esperança”. Então imaginam que, colocando pressão sobre a China, estão, por tabela, pressionando a Coreia do Norte. E usam um mecanismo de retardo, não um mecanismo sério. Os militares dos EUA dizem “não vamos enviar tropas ao Irã em hipótese nenhuma”. Por outro lado, os EUA estão comprometidos com Israel e Israel, por sua vez, está dizendo: “Temos que bombardear o Irã”. Então, o que fazem os EUA? Operam com seu mecanismo de retardo. Isso reflete as limitações essenciais do poder dos EUA, o que revela parte de seu declínio. Houve um tempo em que eles não precisavam retardar. Houve um tempo em que podiam tomar decisões fortes sobre outros países. Já não podem. Aqui estamos. Separemos a retórica da realidade geopolítica.
Lee: Isso deixa muitos coreanos progressistas, que são-aliança, pró-negociações, pró-diplomacia, pró-processo de paz, muito pessimistas.
Wallerstein: Por que? Há muitos possíveis acordos entre as Coreias do Norte e do Sul, a começar pelas questões econômicas. Veja, se você está no comando de um regime como o da Coreia do Norte, tem que levar em conta a realidade geopolítica. Por outro lado, quer permanecer no poder. Até agora, eles contaram com um regime de mão pesada, muito repressivo, e o apoio do exército. Podem tentar continuar a reprimir a maioria, os famintos, podem tentar ludibriá-los com a ideologia, tentando fazê-los acreditar que vivem maravilhosamente bem. Mas hoje é cada vez mais difícil fazê-los acreditar nisso. Então é preciso dar-lhes um pouco de bem-estar social – o que significa que deve haver algumas mudanças na política econômica da Coreia do Norte, na linha das que foram feitas pela China e Vietnã. Tanto a China quanto o Vietnã mostraram a eles um modelo, no qual um partido único pode permanecer no poder e ainda assim promover uma abertura econômica. E acho que o novo líder está tentado pela idéia, mas é um caminho difícil. Ele tem as mesmas dificuldades em negociar com o seu público interno que a chanceler Merkel tem, que Obama tem, e certamente todo o mundo precisa se preocupar em manter a retórica satisfatória, internamente. Assim, ele pode ser capaz de ter algo equivalente ao que os chineses fizeram, como as Zonas Econômicas Especiais.
Lee: Se você fosse o presidente da Coreia do Sul, interessado em desenvolver boas relações com a Coreia do Norte, se esforçaria mais para ajudá-la nesse esforço?
Wallerstein: Se eu fosse o presidente da Coreia do Sul é o que eu faria, até onde fosse politicamente possível. Você precisa assegurar um equilíbrio, mantendo o poder político na sua base e as demandas geopolíticas. Mas penso que esse vai ser o caminho a seguir. Sei que a resposta das forças mais conservadoras na Coreia do Sul seria dizer ”bem, nós tentamos uma política de diálogo e não funcionou.” E a resposta é ”sim, não funcionou, em parte porque os tempos eram diferentes, o líder era diferente, com uma atitude diferente. E em segundo lugar porque as coisas foram feitas sem entusiasmo. Talvez a gente tenha que fazer ainda mais.” Esse tipo de debate acontece o tempo todo na política.
Lee: Tocamos em muitas questões hoje. Uma última questão é sobre o capitalismo fundamentalista. Depois da crise de 2008, houve uma volta à abordagem keynesiana do mercado. Pessoalmente, acho que eles não estão certos, mas isso levanta a questão do futuro do capitalismo.
Wallerstein: Algumas reformas vão resolver esse problema. Mas as pessoas estão muito reformistas na sua abordagem dos problemas. É muito difícil para elas aceitar o fato de que há alguns dilemas insolúveis. Quando digo que alguma coisa é insolúvel, elas dizem “oh, nós gostamos do seu argumento até aqui, mas esse ponto nos incomoda.” Os sistemas têm vida. Nenhum sistema dura para sempre. Seja o universo, o maior sistema que possamos conhecer, ou o menor dos nano-sistemas que não podemos ver, nenhum deles vai durar para sempre. Em sua vida, os sistemas se movem gradualmente para mais e mais longe do equilíbrio até atingir um ponto em que já não podem equilibrar-se novamente. E nós somos um sistema. É o chamado sistema mundial moderno. Foi um sistema bem sucedido, mas atingiu o limite das possibilidades. Quando comecei a dizer isso, trinta anos atrás, as pessoas riam. Agora elas não riem, argumentam contra. Já é um progresso. Penso que daqui a vinte anos as pessoas vão estar bem conscientes disso. Pelo menos assim espero, porque é muito difícil empenhar-se em políticas inteligentes para tentar empurrar o mundo para a direção certa, sem que se esteja ciente da realidade.

A AP-470 do STF: A Consulta Popular Denuncia, Manifesta e Convoca.

reproduzo pela seriedade e comprometimento da organização, Consulta Popular.


A AP-470 do STF: A Consulta Popular Denuncia, Manifesta e Convoca.

A Consulta Popular denuncia o caráter de classe, político e anti-popular da decisão do Supremo Tribunal Federal que condena os dirigentes do Partido dos Trabalhadores no âmbito da Ação Penal n. 470..

A quase totalidade dos ministros do Supremo Tribunal Federal, seduzidos e submetidos às tentações e pressões da grande mídia porta-voz do neoliberalismo assumiu o papel desempenhado outrora pelos feitores de escravos e, mais recentemente, pelos integrantes dos organismos repressivos da ditadura militar, perseguindo os lutadores políticos em defesa dos interesses dos exploradores.

Pretende-se que o fato de emanar do órgão máximo do Poder Judiciário brasileiro obrigaria à aceitação e reconhecimento da decisão resultante da Ação Penal 470, ainda quando o processo e a sentença tenham sido feridos em sua legalidade e legitimidade por negativa de obediência ao princípio do juiz natural, quebra do princípio da isonomia, violação ao direito de defesa e instituição do princípio de presunção da culpabilidade em substituição ao de presunção de inocência.

A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal violou o princípio do juiz natural, uma vez que não tinham competência para julgar os réus que não ostentavam condição que obrigasse ao foro privilegiado.

Ao decidir, porém, arrogar-se tal competência, a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal escolheu conscientemente quebrar o princípio da isonomia, estabelecendo distinções entre acusados, já que em outras situações, inclusive na ação penal em que são réus dirigentes do PSDB, reconheceram sua incompetência para o julgamento e desmembraram o processo.

Fica claro, com isso, que a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal estava decidida a violar o direito de defesa, impedindo que os acusados pudessem ter o direito de recurso em face das decisões que viessem a ser proferidas, antecipando sua intenção de condenar e impedindo que o próprio Poder Judiciário pudesse reexaminar a causa.

A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal decidiu impedir o reexame judicial da causa pela via recursal porque já havia, antecipadamente, optado por afrontar a Constituição Federal e a lei processual penal instituindo princípios pelo quais os acusados são presumivelmente culpados em razão dos cargos que ocupem – a tese do domínio funcional do fato; devem provar que acusações publicadas pela imprensa não são verdadeiras – inversão do ônus probante, tudo de modo a fazer poeira do princípio constitucional de presunção de inocência.

A Consulta Popular manifesta que a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal arrogou-se o papel de escolher, por suas próprias opções políticas, as correntes de opinião que devam ter a possibilidade de exercer os poderes Executivo e Legislativo no Brasil, consumando a um só tempo os processos de judicialização da política e politização do judiciário.

Essa maioria de ministros toma de assalto não apenas o Poder Judiciário, reduzido a sua vontade quando o juiz natural deixa de existir, mas os demais Poderes da República, ao anunciar que pode destituir seus ocupantes sem provas, sem validade das acusações, somente por ocuparem seus cargos e exercerem suas funções.

Mais do que um julgamento de fancaria, tratou-se de um golpe contra o estado constitucional.

Mas a decisão da maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal não expressa apenas sua afronta à Lei Maior da República. Anunciou por meio dessa decisão bastarda e ilícita, que os juízes podem e devem doravante judicializar as lutas sociais e perseguir com as mesmas ilegalidades os movimentos e militantes sociais, afirmadas as manifestações do povo como crimes e o direito dos exploradores como o único possível na sociedade brasileira.

A Consulta Popular convoca, por isso tudo, a sociedade brasileira, os homens e mulheres de nosso povo e os lutadores e lutadoras sociais a manifestarem solidariedade aos vitimados pelas ilegalidades e injustiças perpetradas pela maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

A Consulta Popular convoca, a que se manifeste repúdio à violação da Constituição, à politização do Poder Judiciário e à judicialização e criminalização da política e das lutas sociais.

A Consulta Popular convoca a que lutemos pela revogação das condenações e das penas ilegalmente impostas.

A Consulta Popular convoca a que unamos nossas forças para as duras tarefas que se exige e anunciam para a defesa da democracia.

Pátria Livre, Venceremos!

4ª Plenária Nacional Soledad Barrett Viedma da Consulta Popular - 18 de Novembro de 2012

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Democracia, um valor necessário à Universidade Brasileira! Cardeal descumpre comrpomisso historico em SP.

Nunca, nem quando a polícia militar comandada pelo bosal Erasmo Dias invadindo o campus da PUC/SP, vimos tanta ausência do princípio democrático conquistado.

A PUC/SP é a única universidade privada - "sem fins lucrativos e comunitária" (diz ela), que elege seu reitor (a) pelo voto dos professores, alunos e funcionários. Herança de um verdadeiro cardeal a favor da democracia, Dom Paulo Evaristo Arns (saudades de quem quer construir um país e um mundo democratico e com, justiça social)

Mesmo com a lista triplice, nunca. Digo NUNCA mesmo, a fundação São Paulo através da arquidiocese questionou a vitoria do mais votado (a), sempre quem foi a escolha democratica da comunidade academica foi o reitor (a) empossado (a).

E não precisamos de regras para nos dizer isso, quem defende o princípio democrático e quer que ele o avance sabe: o bom senso de quem crê na democracia da valor ao voto da maioria, desde que eleito de forma democrática, participativa e defendendo idéias.

É triste! Como ex-aluno e agora mestre formado por esta instituição, aprendi valores humanos e democráticos, e agora vendo os fatos tenho duas certezas:

1- Que a PUC/SP precisa ser autonoma e desvincular-se de vez da igreja e partindo para o seu papel historico laico como deve ser;
2- E que quem rasga sua historia de vida como Dom Odilio o faz mostra que princípios jamais podem ser esquecidos independente do cargo que se ocupe - triste não é ser lembrado por defender a democracia e perder, triste é ser o promotor do fim dela!

Leiam o que saiu na imprensa:

ttp://www.estadao.com.br/noticias/vidae,nova-reitora-da-puc-sp-descumpre-promessa-e-assume-cargo,959965,0.htm

Nova reitora da PUC-SP descumpre promessa e assume cargo

Anna Cintra, última colocada em votação, assinou compromisso de não aceitar nomeação

13 de novembro de 2012 | 22h 47
Cristiane Nascimento, Paulo Saldaña e Luiza Vieira, Especial para o Estadão.edu
A professora de Letras Anna Maria Marques Cintra, de 73 anos, nomeada reitora da PUC-SP nesta terça-feira, 13, rompeu um compromisso assumido em debate promovido em agosto de só aceitar o cargo caso fosse a mais votada entre estudantes, funcionários e professores da instituição.
Anna Cintra foi a terceira colocada na votação realizada no fim daquele mês. Os outros dois candidatos - Dirceu de Mello, atual reitor e primeiro colocado, e Francisco Antonio Serralvo - também  firmaram o mesmo compromisso durante debate dos candidatos à reitoria, organizado por estudantes no dia 13 de agosto no Tucarena.

Mesmo com o resultado da eleição já apurado em setembro, a definição de que quem assumiria o comando da universidade só poderia ocorrer após nomeação pelo cardeal Dom Odilo Scherer, grão-chanceler da universidade e presidente do Conselho Superior da Fundação São Paulo, que administra a instituição. E foi apenas nesta terça, 13, que o cardeal oficializou a nomeação.
Segundo Francisco Serralvo, o documento assinado durante o debate, no entanto, "não tem um valor significativo perante a decisão do cardeal". "A recusa de Anna Cintra em assumir o cargo poderia ser interpretada como insubordinação pela fundação mantenedora da PUC", disse ao Estadão.edu.
CONFIRA, NO VÍDEO, A ASSINATURA DO DOCUMENTO:



http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,associacao-de-professores-ve-risco-a-democracia-da-puc-sp,959979,0.htm

Associação de professores vê 'risco à democracia da PUC-SP'

Docentes pedem que Dirceu de Mello, 1º colocado em eleição, continue no cargo de reitor

14 de novembro de 2012 | 1h 57
Marcio Dolzan, Especial para o Estadão.edu
A Associação dos Professores da PUC-SP (Apropuc) divulgou nesta terça-feira, 13, uma nota criticando a nomeação da professora Anna Cintra, terceira colocada na eleição, como reitora da universidade. Anna Cintra foi escolhida para o cargo pelo cardeal d. Odilo Scherer, grão-chanceler da PUC-SP e presidente do Conselho Superior da fundação que administra a instituição de ensino.
O documento, assinado conjuntamente com a Associação dos Funcionários Administrativos da PUC-SP, afirma que as duas entidades não reconhecem Anna Cintra como reitora e que serão tomadas "todas as providências possíveis e necessárias para que prevaleça a vontade da comunidade puquiana", que apontou Dirceu de Mello, atual reitor, como o candidato mais votado na consulta à comunidade acadêmica, em agosto.
Uma reunião dos professores foi marcada para esta quarta-feira, 14, na frente da reitoria, para discutir a questão. O local foi ocupado por estudantes na noite desta terça.
Confira a íntegra da nota:
"NOTA URGENTE! A Democracia da PUC-SP está em risco.
D. Odilo Scherer, grão chanceler da PUC-SP, resolveu afrontar os princípios democráticos que sempre nortearam a nossa universidade: resolveu nomear ao cargo de Reitor a candidata menos votada, a professora Anna Cintra. Isso nunca aconteceu antes em nossa universidade.
A Apropuc e a Afapuc não se curvarão ante a política de fato consumado. Assim como resistimos, no passado, aos golpes assestados pela ditadura militar, resistiremos agora à tentativa de liquidar a democracia universitária orquestrada pela Fundação São Paulo.
Declaramos não reconhecer na professora Anna Cintra a reitora da PUC. Reiteramos o nosso respeito ao resultado das urnas, que sagrou o Prof. Dirceu de Mello o vencedor. Vamos adotar todas as providências possíveis e necessárias para que prevaleça a vontade da comunidade puquiana.
Não ao golpe!
Não à ditadura!
Viva a democracia!
Longa vida à PUC combativa, autônoma e soberana!"



http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,alunos-da-puc-sp-ocupam-reitoria-em-protesto-contra-escolha-de-reitora,959959,0.htm

Alunos da PUC-SP ocupam reitoria em protesto contra escolha de reitora

Professora Anna Cintra foi a última em votação, mas Dom Odilo Scherer a escolheu

13 de novembro de 2012 | 21h 52
Carlos Lordelo, Cristiane Nascimento, Davi Lira, Luiza Vieira, Marcio Dolzan, Ocimara Balmant e Paulo Saldaña - O Estado de S. Paulo
Cerca de 400 alunos da PUC-SP invadiram na noite desta terça-feira, 13, a reitoria e decretaram greve horas depois de o cardeal arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, grão-chanceler da universidade, ter nomeado a professora Anna Maria Marques Cintra como nova reitora. Anna Maria ficou em terceiro lugar na eleição para o cargo, em agosto.



http://blogs.estadao.com.br/ponto-edu/atual-reitor-da-puc-sp-e-ovacionado-por-estudantes/

Atual reitor da PUC-SP é ovacionado por estudantes

* Por Carlos Lordelo, do Estadão.edu

Ao chegar na assembleia geral que ocorre na manhã desta quarta-feira, 14, na PUC-SP, o  atual reitor Dirceu de Mello foi ovacionado por estudantes, professores e funcionários. Apesar de ter sido o mais votado nas eleições para o mandato de reitor, Mello não foi o escolhido para o cargo.   O cardeal arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, grão-chanceler da universidade, nomeou a professora Anna Maria Marques Cintra como nova reitora, mesmo tendo ela ficado em terceiro lugar na eleição para o cargo, em agosto.
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“Não posso negar que foi uma surpresa muito grande não ter sido escolhido”, afirmou Mello. O atual reitor lembrou ainda  do rompimento de um compromisso assumido pelos três candidatos a reitores em um debate promovido em agosto. Na ocasião, os três firmaram um documento no qual afirmava que só aceitariam o cargo caso fossem os mais votados entre estudantes, funcionários e professores da instituição.
Mello disse ainda ter ficado sensibilizado pela mobilização. “Para mim, o que interessa é estar no coração de alunos, professores e funcionários”, disse. Novamente aplaudido, o reitor garantiu que  mesmo diante da greve e da ocupação da reitoria, vai cumprir o seu mandato até o fim do mês e não irá se afastar de suas funções.  Em seguida, agradeceu a manifestação e caminhou junto com o seus assessores para a reitoria.

PUC realiza assembleia geral na manhã desta quarta-feira, em frente à reitoria ocupada

Comunidade protesta contra a nomeação da 3.ª colocada em votação como reitora

14 de novembro de 2012 | 9h 27
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,puc-realiza-assembleia-geral-na-manha-desta-quarta-feira-em-frente-a-reitoria-ocupada,960215,0.htm


Atual reitor, Dirceu de Mello, fala em assembleia geral da PUC-SP - ARQUIVO PESSOAL
ARQUIVO PESSOAL
Atual reitor, Dirceu de Mello, fala em assembleia geral da PUC-SP
Alunos, professores e funcionários da PUC-SP se reúnem na manhã desta quarta-feira, 14, em frente à reitoria da instituição, ocupada na noite desta terça por centenas de estudantes. A comunidade protesta contra a nomeação da professora Anna Maria Marques Cintra como nova reitora. Anna Maria ficou em terceiro lugar na eleição para o cargo, realizada em agosto.
"Em um ato que fere a democracia da universidade e tira cada vez mais a autonomia da comunidade acadêmica com a igreja católica (Fundação São Paulo), exigimos a retirada imediata de Anna Cintra como reitora e a homologação dos resultados das eleições", diz a comunidade por meio de um panfleto que tem sido distribuído aos presentes nesta manhã.
Para a professora Beatriz Abramides, da Associação dos Professores da PUC-SP (Apropuc), a escolha de Anna Cintra representa o fim da soberania e pode levar à proibição de docentes votarem para escolha de chefes de departamento. "Não vamos aceitar essa imposição. Basta de autoritarismo", gritou ao microfone.
Pelo menos 500 pessoas participam do ato. De acordo com os manifestantes, a greve deve continuar até que seja retirada a nomeação de Anna do cargo de reitora. Os estudantes afirmam ainda que o movimento é "unitário", uma vez que envolve alunos, professores e funcionários da instituição.

Uma professora que teve o direito à fala comparou manifestação na PUC à luta de trabalhadores em países europeus que enfrentam uma greve crise econômica. "Estamos juntos com os trabalhadores da Grécia, Espanha e Portugal na luta contra a opção autoritária de quem explora os trabalhadores e os jovens", comentou.
"Greve geral, fora cardeal", cantam os alunos da PUC-SP
 As regras para a escolha do reitor na PUC-SP preveem eleição em que alunos, funcionários e professores votam. Uma lista tríplice segue para o cardeal, que tem a prerrogativa de escolher um dos nomes. Tradicionalmente, o primeiro colocado é o escolhido.
Após o anúncio da nomeação de Anna Maria, os alunos convocaram uma assembleia no câmpus de Perdizes, zona oeste da capital, para definir o que seria feito. Por unanimidade, foi aprovada a greve dos estudantes e a ocupação da reitoria. Em seguida, eles empilharam carteiras no Pátio da Cruz, no prédio da reitoria, e em corredores da instituição.
*atualizado às 10h50


http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/78022-alunos-da-puc-invadem-predio-contra-nomeacao-de-nova-reitora.shtml
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Alunos da PUC invadem prédio contra nomeação de nova reitora
Dom Odilo, arcebispo de São Paulo, nomeou a 3ª colocada na eleição
DE SÃO PAULO Os estudantes da PUC-SP decidiram ontem, em assembleia, por uma greve geral e invadiram o prédio da reitoria, em Perdizes (zona oeste), em protesto contra a nomeação da nova reitora, a professora Anna Maria Marques Cintra.
Professores e funcionários também estavam na assembleia. Anna Maria foi nomeada ontem à tarde pelo cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo e grão-chanceler da PUC-SP.
Ela foi a terceira colocada na eleição. O primeiro colocado foi o atual reitor, Dirceu de Mello. A Apro-PUC (associação dos professores) e a Afapuc (associação de funcionários) divulgaram nota em repúdio ao ato de dom Odilo.
"Dom Odilo Scherer resolveu afrontar os princípios democráticos que sempre nortearam a nossa universidade: resolveu nomear ao cargo de reitor a candidata menos votada. Isso nunca aconteceu antes em nossa universidade", diz o texto.
"É uma revolta muito grande, mesmo entre os professores que não votaram no professor Dirceu", afirma o docente Valdir Mengardo.
A Arquidiocese de São Paulo afirmou que dom Odilo escolheu a reitora a partir de uma lista tríplice, como previsto no estatuto da universidade.
A prerrogativa de escolher o reitor a partir de lista tríplice é comum. Na USP, o reitor João Grandino Rodas foi o segundo na eleição e depois foi nomeado pelo então governador José Serra (PSDB) em 2009.
Professores e estudantes afirmam que, na PUC, o grão-chanceler segue a tradição de homologar a decisão da eleição realizada internamente.
"A nomeação de Cintra é um desrespeito à tradição democrática da PUC", diz o estudante Stefano Wrobleski, 22, membro do centro acadêmico do curso de jornalismo.
Anna Cintra é graduada em letras clássicas pela PUC-SP e doutora em linguística pela USP. Foi vice-reitora acadêmica, presidente da Comissão Geral de Pós-Graduação, diretora-geral do Centro de Ciências Humanas e chefe do Departamento de Português da PUC. Hoje, leciona no programa de Pós-Graduação em Língua Portuguesa.
ELEIÇÃO
A nova reitora havia questionado o resultado das eleições, devido à anulação de cerca de 300 votos. Segundo a PUC, os votos questionados foram considerados no resultado. Mesmo assim, o mais votado foi o atual reitor.
Alunos dizem que a professora assinou um documento se comprometendo a não assumir o cargo, caso fosse nomeada. Ela não se pronunciou.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Eu defendo a permanência da UNIFESP em Guarulhos!


Em respeito a democracia, publico as duas opiniões sobre a questão da permanência do campus da UNIFESP em Guarulhos. Eu defendo a permanência da UNIFESP em Guarulhos!

Contra o preconceito - porque essa visão de que a presença da universidade em uma região da periferia (em crescimento economico e social), não é boia para universidade só cola para visões elitistas, brancas e retrogradas;

Contra a segregação social - a posição dos que querem a saída do campus fere a proposta de democratizar e ampliar os muros da universidade que deve viver e vivenciar a realidade da população para assim estar a serviço dela;

Contra o elitismo - pois o campus da Unifesp poderá contribuir mutuamente através do tripé ensino-pesquisa-extensão na região podendo contribuir para um novo desenvolvimento social local no Pimentas, em Guarulhos e na região do Alto Tiete.

Esta luta pela universidade pública em Guarulhos vem das lutas do movimento estudantil da década de 1980, na retomada da democracia no Brasil e em Guarulhos passando pela luta dos estudantes secundaristas na UGES, todas as conferencias municipais da educação desde 1997 afirmam e reafirmam que Guarulhos quer e precisava de uma universidade pública, passando pela luta dos Cursinhos comunitários e reivindicações nas edições do Orçamento Participativo.

Uma luta de 30 anos não pode morrer e nem recuar! O campus da Unifesp FICA!

Boa leitura, para os que pensam no povo, em uma universidade a serviço da sociedade e de Guarulhos!



Unifesp
07.08.2012 19:20
Mudar o campus de lugar não é a solução
Em meio à recente crise enfrentada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), oprofessor Janes Jorges defende, em artigo enviado a CartaCapital, que a distância do campus da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH) não é a causa dos maiores problemas da instituição. Para ele, a falta de infraestrutura na unidade da Unifesp é mais relevante, e os alunos, docentes e funcionários precisam se unir para encontrar saídas mantendo a universidade na região, pois a Unifesp poderia ser um motor de desenvolvimento do bairro Pimenta, em Guarulhos. Confira o artigo abaixo:
Por Janes Jorge*


Os alunos da Unifesp reclamam da distância do campus de Guarulhos e da falta de infraestrutura. Foto: Olga Vlahou
Neste ano de 2012, professores, alunos e técnicos administrativos têm discutido intensamente os graves problemas enfrentados pela Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Inúmeros fatores são apontados como causadores da chamada “crise da EFLCH”, embora o próprio entendimento do que seja a tal crise varie bastante na comunidade universitária, bem como a melhor forma de superá-la. O objetivo deste texto é discutir em que medida a localização do campus é um fator agravante ou provocador dos problemas da EFLCH. A tese aqui defendida é a de que a crise não decorre de fatores geográficos – localização e características do entorno – e que sua presença no bairro Pimentas, em Guarulhos, não compromete sua excelência acadêmica, além de ser um fator de desenvolvimento social, político e urbano da Região Metropolitana de São Paulo.
É preciso ressaltar que ao se decidir pela localização do campus da EFLCH não se deve ter no horizonte perspectivas e interesses de curto prazo, embora eles sejam os que parecem ter maior sentido do ponto de vista individual. Houve um tempo que o belo campus Butantã da USP era um local isolado e distante para muitos, assim como o campus da Unicamp. Por outro lado, mudanças de endereço de campi não são estranhos à vida universitária, como a própria história da FFLCH/USP indica – embora a mudança de endereço da Faculdade de Direito da USP do Largo de São Francisco não tenha prosperado.
Uma correlação mecânica entre a chamada crise da EFLCH e o bairro Pimentas transfere a responsabilidade da situação para uma agente exterior ao mundo universitário. Neste caso, o fator provocador não decorre mais da estrutura universitária e da ineficiência com que professores e alunos atuam dentro dela ou de sua incapacidade em transformá-la. É transferida, mesmo que involuntariamente, para o bairro popular.
Há a necessidade de evitar a ilusão de que bastaria mudar a localização do campus para que os problemas da EFLCH acabassem, pois isso poderia gerar nova frustação caso eles se repetirem alhures. O mais provável é que se os problemas não forem discutidos em sua complexidade e enfrentados coletivamente, a mudança apenas alteraria o endereço de grande parte deles. Os problemas de licitação e a precariedade do campus, as greves de alunos e professores, as dificuldades de diálogo na EFLCH e na Unifesp não são decorrentes do local do campus. As dificuldades de transporte sim. Mas, neste caso, deveriamos deixar o local ou contribuir para que tais dificuldades sejam superadas em benefício da comunidade universitária e da vizinhança, mesmo tendo como horizonte um período de tempo mais longo?
É compreensível que professores e estudantes que enfrentam, há anos, todo o tipo de dificuldade estejam desanimados e furiosos, ou mesmo saturados de debates. Ainda mais depois de um semestre conflituoso – embora também de conquistas, como as novas áreas para o campus. Mas, começar do zero em outro local, sabe-se lá onde, não parece a melhor saída.
Um bom argumento, talvez central, para que a EFLCH permaneça em Pimentas vem da necessidade de construir uma metrópole mais igualitária em todos os sentidos. Como é necessário expandir o ensino superior público na Região Metropolitana de São Paulo, que tem cerca de 20 milhões de pessoas, ou 10% da população brasileira, é recomendável do ponto de vista da justiça social e do desenvolvimento urbano que as universidades ocupem lugares antes preteridos da metrópole, como os seus extremos. Em geral, urbanistas e geógrafos concordam que é preciso criar “novas centralidades”, algo benéfico para toda a metrópole, inclusive para suas áreas privilegiadas que hoje também enfrentam graves problemas de mobilidade urbana e segurança.
Não é mais possível desenvolver a Região Metropolitana de São Paulo concentrando ações e recursos em áreas historicamente beneficiadas pelo poder público, ocupadas preferencialmente por segmentos de classe média alta da população. É preciso conectar a periferia à periferia. Seria irônico que a universidade pública, autora de tal diagnóstico em inúmeros estudos, aja contrariamente ao que recomenda à sociedade. Quanto à região central da cidade de São Paulo, talvez sua melhor vocação, hoje, seja a moradia.
A expansão da Unifesp na Grande São Paulo e cidades próximas responde a essa necessidade de democratização da metrópole. Ao desenvolver nestes locais uma estrutura universitária pública, amplia-se a consciência crítica e cidadã. Um exemplo são os professores da EFLCH em conselhos municipais de Guarulhos e participando de outras iniciativas municipais. Essa interação é tensa por interferir diretamente em conflitos locais, mas é também transformadora.
Guarulhos é a segunda cidade mais importante da Região Metropolitana. Quando a EFLCH funcionar plenamente poderá, então, polarizar toda a área leste e norte da Grande São Paulo, além de parte do Vale do Paraíba. São milhões de pessoas, dezenas de cidades. Devido à precariedade do transporte público, seguramente não é o campus ideal para o aluno ou professor que vive nas zonas Sul e Oeste de São Paulo, mas a situação é melhor para o paulistano da Zona Leste e Norte, ou de Itaquaquecetuba. Cabe, por fim, lembrar que nas zonas Leste e Norte de São Paulo e em parte de Guarulhos existem bairros de classe média alta. Futuramente, eles poderão servir de moradia a professores e alunos.
A EFLCH e o bairro Pimentas
Nas últimas décadas, o bairro Pimentas teve mudanças positivas, segundo seus moradores. E foi, sem dúvida, a nova conjuntura econômica nacional e os investimentos municipais que alteraram a região. O campus não causou a valorização imobiliária de que muitas vezes foi acusado, pois ela ocorreria de qualquer forma.
Por outro lado, a presença da EFLCH no bairro foi benéfica. Escolas da região recebem alunos do campus e professores da rede pública vão para a EFLCH, além de docentes da Unifesp que se engajam em atividades de pesquisa e extensão. Mais uma vez, tendo-se o curso de história como referência, é possível afirmar que os resultados são promissores. Evidentemente isso poderia ser feito mesmo que a universidade estivesse em outra região de São Paulo, mas é inegável a diferença de estar localizado em um bairro popular e ir a uma destas regiões realizar atividades de extensão. Neste caso, o compromisso com a realidade local se impõe de forma inescapável, pois a comunidade universitária trata de seu próprio destino.
O campus também traz recursos para o bairro: atrai investimentos e atenção do poder público (federal, estadual e municipal), cria empregos para moradores da região, ajuda a movimentar o comércio, o aluguel de residências, etc. Em longo prazo, pode criar dinâmicas que ampliem as opções culturais e as perspectivas da população local, tornando o bairro mais heterogêneo e diversificado. Salvo engano, quando o quadro de professores estiver completo serão cerca de 250 docentes, centenas de funcionários e milhares de alunos de diversos locais diferentes. Muitos deles estarão pela primeira vez em um bairro de origem popular.
De nada adiantaria, porém, a EFLCH ser benéfica para o desenvolvimento de São Paulo e para o bairro Pimentas se não fosse capaz de produzir conhecimento de qualidade. Tendo como parâmetro a área de história – faltam dados e conhecimento para analisar as demais – isso vem ocorrendo plenamente. O curso de História está entre os melhores e mais difíceis de São Paulo. Há alunos concluindo a faculdade e disputando com êxito o mercado de trabalho e a pós-graduação, o que deve se expandir de forma acelerada.
O departamento também tem realizado encontros acadêmicos periodicamente, apesar de todas as dificuldades. No primeiro semestre houve, inclusive, um encontro internacional exitoso. Professores e alunos têm seus projetos aprovados pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e convênios com instituições importantes, como o Arquivo Público do Estado de São Paulo. Além disso, enquanto houve aulas os grupos de pesquisa se reuniram periodicamente. Em julho, estudantes de História acolheram no campus e no CEU o Encontro Nacional dos Estudantes de História, que contou com cerca de 450 participantes, a maioria de fora de São Paulo.
Alguns apontam os índices de evasão dos alunos da EFLCH como a prova cabal de que o campus é inviável no bairro Pimentas. Evidentemente, a precariedade do transporte público e, em especial, a ausência de uma estação de metrô na região causam grandes prejuízos a estudantes, técnicos administrativos e professores, além da população local. Contudo, não é possível correlacionar tão imediatamente um suposto “isolamento” do bairro e as taxas de evasão, pois há outros problemas afetando a vida dos estudantes.
Uma possibilidade, talvez mais provável, é a de que os alunos se desanimam ao chegar a um campus sem condições adequadas de estudo e convivência acadêmica e não pela distância geográfica. Portanto, somente se a EFLCH estivesse plenamente instalada seria possível fazer essa correlação entre evasão e distância. Por outro lado, o simples arrolamento estatístico da evasão não explica as suas causas. Para isso, são necessários estudos qualitativos, pois a evasão pode decorrer de inúmeros fatores, alguns até mesmo positivos, como maiores possibilidades de escolha por parte dos estudantes.
Ainda que seja uma deficiência gravíssima de solução complexa, alunos, professores e técnicos administrativos não são passivos diante da precariedade da rede de transportes públicos. Procuram soluções como os fretamentos e caronas, nem sempre saídas ideais. Por isso, a luta pela instalação de uma estação de metrô próxima ao campus é um sonho possível que devia começar a ser construído imediatamente. Esse objetivo poderia, inclusive, congregar a comunidade universitária e a população do bairro e arredores. Embora promissor, é necessário aguardar para avaliar a qualidade do sistema Orca recém-conquistado.
Além disso, é interessante observar como o sistema de caronas entre professores – que funciona relativamente bem -, não deixa de estreitar os encontros e conversas com os colegas, indicando que o enfrentamento conjunto das dificuldades pode ter efeito agregador e construtivo.
Novo campus: novas promessas e novos problemas?
É possível que algumas pessoas que pensam na saída do bairro Pimentas como solução para os problemas da EFLCH idealizem o novo local a ser escolhido. A situação começaria a mudar de figura quando o novo local fosse indicado. Seria o momento em que os problemas dele começariam a aparecer. Por exemplo, será que ele seria mais próximo que o atual para estudantes e professores? E para os técnicos-administrativos? Haveria verba garantida para essa operação? O governo federal apoiaria a medida? E o governo municipal da nova cidade escolhida, apoiaria? Mesmo que fossem de partidos políticos diferentes às vésperas de uma eleição presidencial? E a Unifesp aceitaria uma EFLCH na cidade de São Paulo?
É difícil acreditar que, se a estrutura universitária não foi capaz de oferecer um prédio novo para a EFLCH, possa rapidamente disponibilizar todo um campus novo, sem problemas de infraestrutura e bem localizado. Não se corre o risco de iniciar um novo ciclo de reivindicações do zero, tendo que refazer todas as relações que, bem ou mal, já existem em Guarulhos – desde o cadastramento de escolas para a licenciatura até contatos com o poder municipal? E, mais grave ainda, não se corre o risco de perder tudo o que foi conquistado no primeiro semestre sem qualquer garantia de haver algo melhor em outro lugar? Parece um risco alto demais.
Diante do que foi dito acima, acredita-se que a EFLCH, que já tem uma bela história de lutas, conquistas e realizações em Guarulhos, permaneça unida no campus atual, preparando-se para sua expansão com novos cursos e alunos, encontrando seu lugar na Unifesp, na metrópole e no universo do conhecimento.
*Professor-doutor de Teoria da História da Universidade Federal de São Paulo. É autor do livro Tietê – O Rio que a Cidade Perdeu, e, com outros autores, de Paulicéia Afro: lugares, histórias e pessoas.

Ensino Superior
27.07.2012 14:16
A Unifesp e as soluções provisórias
A crise na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) continua se agravando. As reclamações quanto as condições do campus de Guarulhos, na Grande São Paulo, e os planos que a reitoria têm para mantê-lo no bairro dos Pimentas incomodam professores e estudantes. No artigo abaixo, Juvenal Savian, coordenador da Pós-Graduação em Filosofia da Unifesp, explica as reivindicações dos professores da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. “Em 2006, tentou-se fundar um campus ‘na’ periferia, mas esse campus não deve ser necessariamente ‘de’ periferia”, escreve o professorAqui você pode ler o dossiê “A crise da Escola de Humanidades da Unifesp e sua permanência no Pimentas”.
Por Juvenal Savian*
A Unifesp está prestes a alugar um prédio industrial pertencente à empresa Stiefel a fim de ali instalar parte da EFLCH (Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), Campus Guarulhos (Bairro dos Pimentas), enquanto durarem as obras do campus definitivo. O prédio da Stiefel foi projetado para ser ventilado por um sistema de ar condicionado central que requer atualmente adaptação. A empresa recusa-se a fazer a adaptação, propondo que a Unifesp a faça. Esta, por sua vez, diante de uma soma que pode chegar a 2 milhões de reais, considera a hipótese de alugar o prédio sem ar condicionado.
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Sem espaço. Aluno de Filosofia reclama da ausência da infraestrutura. Foto: Olga Vlahou
Eis apenas um elemento do conjunto de soluções provisórias adotadas pela Unifesp para resolver a crise da EFLCH. Não se pode negar o empenho da Reitoria e da Direção do Campus, mas tais soluções são inadequadas ao funcionamento de uma faculdade cuja vocação são a alta pesquisa, a docência superior e a extensão. Há certamente um grave problema de assessoria no governo federal e na Unifesp. Prova-o o fato de que essas instâncias, ao analisar a crise da EFLCH, têm se concentrado em medidas de circunstância e em aumentar a segurança no campus, temendo as ocupações costumeiras do movimento estudantil. Mas negligenciam a tensão existente entre o bairro e o campus, o problema insolúvel de acesso (a menos que houvesse algum colossal projeto ferroviário ou metroviário), o isolamento cultural do campus etc.
Há indícios de que atuam no campus não apenas diferentes grupos estudantis, mas também outros movimentos, de ideologia “extremista” e estabelecidos há mais tempo no bairro. Esses grupos conduzem, junto com alguns estudantes, a um enfrentamento das instâncias administrativas da universidade e sobretudo do corpo docente. Como dizem, os docentes são elitistas, burgueses e oferecem formação inadequada, porque seu projeto é fundar uma universidade popular, com partilha dos bens do campus. Há também o incômodo explícito de algumas autoridades do governo federal e municipal com o fato de a EFLCH não levar progresso ao bairro nem assistência social. Alguns docentes chegaram a assimilar essa consciência missionária, mas todos têm de admitir agora que a Unifesp só levou especulação imobiliária ao bairro e mais acepção social, porque sua formação beneficia 90% de estudantes que não vêm de lá. Por outro lado, ela é profundamente excludente, pois sua localização dificulta o acesso à imensa maioria de seus estudantes, facilitando-o apenas aos que moram no seu entorno.
À revelia de todos os problemas e tendo mesmo que lutar para justificar sua existência, o corpo docente da EFLCH tem feito o impossível para corresponder às elevadas exigências a que é exposto. Mas tocou-se o limite. As soluções provisórias são inadequadas e mesmo o projeto do novo campus já contém problemas. Todavia, reservam-se cerca de 50 milhões de reais para esse projeto, quase o dobro do orçamento anual de subprefeituras paulistanas como Pinheiros e Campo Limpo. Na contrapartida, há, na Praça da República, centro de São Paulo, prédios inteiramente apropriados para ensino e pesquisa em humanidades, com boa estrutura e por um terço desse preço.
A EFLCH foi criada para pôr em prática um Projeto Acadêmico específico; não foi criada para um bairro. E não se trata de falar de periferia ou de centro, pois em qualquer lugar onde não haja cultura formal, com acesso dificultado e ideologia de enfrentamento, não cabe um campus universitário. É preciso analisar a conveniência de a EFLCH continuar onde está. Em 2006, tentou-se fundar um campus “na” periferia, mas esse campus não deve ser necessariamente “de” periferia.
*É Coordenador da Pós-Graduação em Filosofia da Unifesp