quarta-feira, 17 de julho de 2019

Um Brasil que segue derrotado por Bolsordinário.

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Chamem de "sem-educação", mas chamar essa coisa na presidência da República pelo nome ou referir ao mesmo ao maior cargo da mesma significa - para mim - uma ofensa. Depois de um semestre governado por essa realidade pré-moderna gastaria muitas linhas e seria chover no molhado nas diversas informações e contra-informações que se encontra o país.

Antes da posse fiz alertas e questionei: "O Brasil merece Bolsordinário?" E entre guerras culturais e reformas ultra-liberais a democracia incompleta e a transição lenta, gradual e vacilante do fim da ditadura expressam sinais - e é só o que posso oferecer no momento - de que a conciliação de 1988 esgotou-se.

Explico, primeiro esses setores guiados da massa, em momentos e atores diferentes ao longo da história do Brasil, os inocentes úteis serviram no Brasil mais às classes dominantes do que aos "bolcheviques", e em períodos-chave a máxima "tome o poder antes que o povo o faça" foi e é a orientação destas mesmas classes dominantes.

Contudo, pulando histórias, isso serviu até o golpe de 2016 e ao final da presidência de Temer em 2018. E ainda parecendo um "golpe dentro do golpe", onde os golpistas de 1964 foram golpeados em 1968, temos a tragedia das eleições de 2018 culminando num outsider fora da curva das elites.

E mesmo o mais tradicional liberal virou "vítima" dessa onda que reúne uma geração vitimada pelas reformas neoliberais que avançou nos países capitalistas do mundo todo.

O neoliberalismo se auto-proclamou a solução para o crescimento econômico e distribuir de bônus aos que se aventurassem individualmente aos seus planos, sem o "feio" controle estatal, combateu a universalidade de direitos confundido-a a uniformidade dos modos de vida regidos pelo Estado, difundiu o "viva o momento", sem dizer que isso ia custar caro ao planeta, ao tornar tudo que toca em mercadoria colocou a ciência em risco ao rebaixar o acesso a educação às populações, movimentou silenciosamente a sociedade moderna para um tempo de indiferença.

A indiferença e o individualismo de braços dados culminaram numa massa consumidora pulverizada, eclética, formada basicamente por um padrão de consumo determinada através de um forte controle de midiático e com a força da "Big Data" das startups da internet e todo esse aparato virtual que age em cumplicidade com o capital financeirizado.

O engraçado da contradição é que a própria hegemonia exercida pelas classes dominantes está em risco.

Esse tipo de "político anti-sistema" esta contaminando o cenário mundial com seus "Trump's" em vários tamanhos e formas, e parece que essa safra não para por aí, e vai se disseminando, combinada com um novo tipo de captação de eleitores - lembrando, eleitores de gerações produzidas sob a égide político-cultural do neoliberalismo - tem constituído bases e líderes que antes eram a "caricatura" da política, e hoje formam governos de coalizão e presidencialismos autoritários em democracias liberais "sólidas".

E mesmo que estejam sintonizadas com os interesses dominantes, a história prova e questiona: "A coleira será suficiente para controlar esses cães?" Por isso, se nós nos indignamos com os segmentos da burguesia que financiaram e lucraram a ditadura civil-militar no Brasil, imaginem aqueles que enriqueceram durante o nazismo-fascismo, ainda ocultos?

Sem coleira, poderão colocar suas teses a prova? Contra inclusive a sociedade moderna que firmou ao longo desse nosso tempo (do século XVIII ao XX) sob bases seguras para o capitalismo global? (Não desconsidero as experiências socialistas, mas a hegemonia se manteve sob o capital)

Voltando ao nosso "probleminha" doméstico: Mesmo que o serviço sujo do sistema financeiro esteja sendo feito em tempo recorde - nem Temer conseguiu aprovar a reforma da Previdência - com um texto radical que abrange embolsar os recursos dos que ainda podem esperar se aposentar, e nem FHC e seus predecessores conseguiram privatizar o ensino superior - joia da burguesia, e que era preservada por interesses meramente ideológicos pela mesma, agora está em xeque pela "nova política"

Entre cortinas de fumaça e piadas com as funções institucionais, tornamos parte do circo montado, não como plateia, mas como "auxiliares do palhaço". Agora entrando no campo da esquerda.

De greves em greves gerais de uma vez por mês, atos massivos, mas não suficientes para uma onda popular em defesa do que é mais caro à sociedade brasileira, a sua ciência, nos deparamos com o paradigma de 2013, que afirmava que "não era pelos 0,20 centavos", exigindo "educação e saúde padrão FIFA", nesse momento não consegue "acordar" para defesa de uma conquista sagrada da classe trabalhadora, que é a aposentadoria (ideia inclusive liberal) e recursos para educação pública, em particular para a manutenção da universidade pública.

Evidente que há resistências e esforços, ainda sem conexão com essa massa dispersa, eclética e indiferente. Há muitas causas e ativismo transparecendo que há progressismo em nosso meio, mas ainda individualista.

Na esquerda tradicional, tudo muito ainda tradicional.

Cães fora da coleira, assim o Brasil (que não é nação) segue.

Desculpe a demora pelas reflexões, mas o momento não está para amadores.