sexta-feira, 16 de junho de 2017

Quando falta estratégia, a ousadia vira chilique.

Resultado de imagem para planta de raiz profunda
Resultado de imagem para gente na varanda gourmetResultado de imagem para pendurar melancia no pescoço
Não sou adepto de termos pejorativos como aqueles cunhados pela direita golpista, como "esquerda caviar", pois, apenas expressa uma moda criada no calor desse momento, e como é um termo cunhado de forma medíocre tem pouca força de internalizar-se nas rodas de conversa. 

O que me preocupa mesmo são as novas-velhas tentativas de alguns militantes de buscarem ser "Che Gevaras" sem o desprendimento do mesmo, e buscam rapidamente, a possibilidade de estampar a sua "cara" nas próximas camisetas. 

Digo isso porque ah tempos temos visto que com o avanço das novas formas comunicativas, sito, redes sociais virtuais, novas tecnologias e etc., a perspectiva do "grande irmão" de Orwell ou da fama "big brother" tornou-se não apenas uma tendência atual da sociedade do consumo em geral, mas também da esquerda brasileira.

A tendência de "militantes-youtubers", ou "petismo classe média" ou até mesmo "esquerdista de varanda gourmet" são tipos típicos desse momento histórico que vivenciamos. Basta ver que qualquer vídeo ou declaração na internet tem mais um "quê" de viralização e menos de declaração política. O que estamos, alguns de nós, assistindo nesta conjuntura sociopolítica é menos a disposição para retornar o trabalho de base e mais uma super-exposição do "eu".

Vivemos o momento da erosão do perfil do "líder", figura exponencial que teve sua identidade constituída de simbolismo anterior, a exemplo disso, citamos Brizola e Lula como figuras da antiga escola e que tinham como característica agregar capital social  e político ao terem base social e identificação com uma posição político-ideológica, imaginemos que para direita também o vale.

Mas como explicar que determinados parlamentares sejam eleitos e eleitas? Como identificar isso no "efeito Dória" em São Paulo que sem conteúdo político-ideológico traz apenas a influência midiática e empresarial para um mundo em que os elementos simbólicos determinantes passam por posições que não podem ser simplistas?

Talvez a resposta esteja aí. Com o avanço do processo neoliberal, a capacidade de compartilhamento de conhecimentos cada vez mais se desfaz e reduz profundamente, se observarmos as debilidades cognitivas e epistemológicas de formação tornaram-se iguais entre escolas públicas e particulares, a primeira pela omissão e redução de direitos e a segunda pela idiotização da transferência de conhecimento como tarefa de memorização.

 E no fim, temos matérias chave como redação sendo vistas como técnica de alta preocupação, pois, responder o que conhecemos ou opinar sobre um assunto  parece ser um dos exercícios mais complexos de uma humanidade que dialoga pouco e viraliza muito tudo que vê, mas não reflete das novas mídias e meios digitais comunicacionais, apenas repassa com breves comentários.

Voltando ao dilema da esquerda, esta encontra-se numa encruzilhada danada. Onde ousar, individualmente, ainda é risco de morte. Seja numa greve ou num protesto, sabemos que na luta há preços pela nossa ousadia, a custos pela nossa liberdade. Liberdade que são escolhas, estas respondem na mesma intensidade com as que decidimos. 

Portanto, enquanto muitos recuam na luta por não terem confiança em suas organizações políticas, outros tentam ao máximo se expor, as vezes pela luta, e outras pela fama.

Sai o sujeito coletivo da luta. Entra o individualista, atrás da carreira.

Essa pode ser uma das questões centrais dos rumos da esquerda brasileira nos próximos anos. Cada um de nós ainda esta impactado com o rumo das mudanças e a rapidez como o capital aproveita as suas "janelas de oportunidades" com as reformas, trabalhista e previdenciária, buscando tratar essa pauta como urgente, usa a crise do capital como meio de dizer que o Estado que não recebe dos seus sonegadores de impostos, precisa novamente sacrificar quem sobrevive do salário.

E faz com que esta esquerda que há tempos tenta com sua paciência institucional dizer a massa de que "tudo virá aos poucos", olha para si mesmo e pensa no abismo que se meteu. Evidente que não dá pra fazer uma revolução institucional, essa ilusão foi experimentada, em termos, durante a "era do lulismo", mas então para que Estado numa estrategia das esquerdas? Se não for para aparelhar e distribuir aos realmente interessados que é classe trabalhadora, porque disputar eleições?

Por isso, me dirijo a reflexão desse momento. Como no caso das escolas ocupadas, geração que continuou as lutas contra as reformas neoliberais na educação que se iniciaram em 1994 pelos governos do PSDB, e resistimos contra essas medidas. E quando vejo o grau de bajulação que se faz a alguns jovens que lideraram esse processo, imagino o turbilhão de coisas que estão sendo operadas, direta e indiretamente, na cabeça deles e dos interesseiros de plantão. Diria as "julias" que se atentem para base, para o espraiamento das ideias no coletivo e para o fortalecimento das resistências e não das carreiras políticas.

Porque para um militante de esquerda o que deveria valer é a luta. Não vale a pena lutar se quando você sai de casa só mobiliza o seu ego.

E ainda nem me detive a avaliação do 6º congresso do PT, que na plenária final, o palco de cenas grotescas e práticas ainda poluídas só reafirmam minha posição por uma esquerda que reafirme o partido da classe trabalhadora, dos despossuídos, dos informais, dos precarizados, dos que pertencem a massa cotidiana e não a uma imagem patética de classe assalariada média.

Outra coisa é o Plano Popular de Emergência que me preocupa colocar novamente em nossa estratégia o velho desenvolvimentismo do capitalismo brasileiro, novamente a pauta não empolga, apenas reafirma necessariamente sobre quem deve construir seu plano estratégico, nós isolados? Ou NÓS, mesmo que isso leve tempo, mas que seja como uma planta de raiz profunda, que chegue a quebrar as calçadas pelas quais passam a nobre elite brasileira?

Diretas Já com certeza.
Direitas Já não.
Não vou em show, vou em ato-político.

sábado, 3 de junho de 2017

Fora Temer e Diretas Já SIM. "Showzinho" NÃO.

Resultado de imagem para greve geral largo da batata
(Greve Geral de 28 de abril de 2017/ Largo da Batata)

Não peço apoio para minha posição, que alias tem tido eco em vários espaços onde o assunto ganhou visibilidade. E estou falando do "Show por Diretas Já", bem noticiado pela imprensa popular como a revista "Veja" no dia 31 de maio de 2017. Incrível não!

Minhas razões passam por três premissas básicas: por uma posição de classe; uma análise de perspectiva das forças sociais populares; e a formação da sociedade brasileira. E já adianto, não é artigo acadêmico, portanto é uma posição política que busca dialogar o mais amplamente possível com bons e boas camaradas, compas e demais militantes, repito: militantes.

É comum na esquerda brasileira pós ditadura civil-militar construirmos consensos e "saídas possíveis" para as crises que rondam a república, pois foi assim na constituinte de 1988, nas eleições de 1989, no "Fora Collor", nas narrativas pelo "Fora", "Renuncia", "Sai" FHC (na década de 1990), na coalisão "lulista" via "carta aos brasileiros", na manutenção das "conquistas sociais" na chapa Dilma-Temer até...bom de 2013 pra frente você, leitor (a), já conhece a história.

Estas formas de interagir com os diferentes pode ser, a principio, a busca de uma identidade de esquerda pluralista, mesmo que a reciproca da reação burguesa não seja igual e muito menos republicana. O certo é que a esquerda brasileira tem abandonado a sua perspectiva pela "unidade", palavra que parece mágica diante de olhos esperançosos de que um dia o capitalismo perca fôlego ou ganhe "visão social" sobre os males que causa.

Antes de continuar, vamos entender como o termo "veja bem" é muito usado para justificar o injustificável como disse Rogério Ceni, que esta semana quando indagado sobre as vendas de jogadores do São Paulo (SPFC) no meio de um campeonato e onde no passado o atual técnico havia, enquanto jogador, criticado tal atitude. Sua resposta expressa o que virou a política brasileira aos olhos da massa: "Veja bem, todos os times precisam de dinheiro.".

 OK, mais um que desfila sobre o manto do discurso quando convêm. Digo isso, porque o técnico sãopaulino apoiou Aécio e é mais um no arco das "celebridades" que usam o seu capital político-cultural.

E é essa forma particular de "fazer política" que tem expulsado a esquerda brasileira das urnas, herança do "lulismo" entre o "projeto necessário para o país" e o que é "possível fazer". A ousadia é de ocasião. Governar é para os fracos.

E essa deve ser a primeira questão que me leva a não ir em show e sim em manifestação organizada e preparada para "botar o dedo na ferida" da sociedade brasileira, ou retomamos o trabalho de base no sentido de uma identidade de classe trabalhadora, da periferia, do cotidiano da massa simples e divagante, dos que assistem anestesiados os "globais", dos que desfilam na marcha fúnebre dos pontos de ônibus, metros e trens, enfim, do homem e da mulher do mundo real, ou novamente queremos conversar com esse biotipo de assalariado médio, a velha "classe média" que se julga mais "esclarecida", porém, com fortes tendências conservadoras, pois é a base da hegemonia brasileira esse ser conservador, reproduzido para pensar e agir sobre um modo de vida clássico: o "eu".

Agora uns dirão que essa é a principal justificativa da submissão da esquerda brasileira ao show de domingo (04 de junho), que é o "dialogo com esta classe (assalariada) média", como argumentou inclusive o líder do pós lulismo, Boulos, onde novamente, para nós "os fins justificam os meios". Já vimos no que deu essa análise. 

Não acredito que publicamente devêssemos nos "dividir" agora, mas um pouco de análise critica e discernimento deveriam servir para a atual conjuntura. Onde a soma dos diferentes nem sempre dará o resultado igual.

Também não é verdade que a luta pela derrubada de Temer e por novas eleições gerais signifiquem "unidade", pois há mais de duas versões sobre quem deve ser o sucedâneo do pós Temer. Todos sabemos que o PT ainda tem a sua maior cartada, Lula é candidato e com certeza o que mais tem penetração social na massa. Com os senões atrás: "vai ser uma coalisão lulo-centrista", "vai ter desgarrados do golpe no apoio, com Renam?", "vai aprofundar a necessidade de constituir uma bancada democrático-progressista como um bloco de esquerda?", vamos ver depois do seu 6º Congresso agora no começo de junho.

Boulos tem cartucho, mas entre o lupem do MTST e a esquerda "classe média", lhe falta vigor - apesar do seu esforço - e organização partidária (partido de classe e não do TSE) para avançar e mesmo no Psol as definições passam por outras premissas, inclusive sobre "rachar ou não" o "lulismo" com uma candidatura média ou simbólica, ou seja, entre fazer votos+bancada e puxar para baixo o "lulismo" ou manter o que tem em termos de bancada e buscar vencer um estado com uma candidatura a presidência simbólica (e assim deixar o lulismo passar), bom, seja qual for a escolha, é da sua soberania partidária decidir.

As demais forças políticas de esquerda (Pstu, Pcb, Pco, etc.) até poderiam decidir o jogo do pós Temer, mas ainda estão presos em formas e discursos que ainda se enraízam no terreno pantanoso da classe assalariada média penetrando nas elites da graduação universitária, dos sindicatos e instituições de categorias, das reuniões recheadas de "verdades" sobre si e defeitos sobre os outros, da denuncia da alienação para o esvaziamento das reuniões e atividades, etc., etc..

Todos podem ter razão em querer "convocar" para o show de domingo. Mas alerta de classe para os sinais evidentes do problema de se "alimentar a cobra entre quatro paredes", vejamos os motivos que me convencem a não ir neste domingo: 

- A polêmica nasce da matéria do UOL (da família Frias/Falha de S.Paulo) na matéria de 28/05/17 ao extrair a curiosa frase de um dos organizadores: "Não temos a intenção de excluir ninguém. Temos o máximo respeito pelas lutas históricas de cada segmento, mas achamos importante termos também a chance de fazer um evento com todos que queiram participar, puxado pelas diversas expressões culturais. Achamos que é uma forma de agregar, ampliar e mostrar a quantidade de gente que quer diretas-já", diz o produtor cultural Alexandre Youssef, presidente do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta. (https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2017/05/31/artistas-excluem-partidos-e-sindicatos-de-ato-na-paulista.htm) 

Polêmica instalada foi como um rastilho de pólvora foi tanta que até sexta feira (02/06/2017) as justificativas estão sendo disseminadas e com amplo apoio dos setores populares, sites de esquerda e organizações para "corrigir" as afirmações vinda de um dos organizadores que tem ficha conhecida, e este é o ponto. Youssef é empresário do ramo de shows e entretenimento, se considera empreendedor mas é empresário, foi coordenador de juventude no governo Marta (quando era do PT), passou pelo PV e ajudou a criar a REDE de Marina. Queridinho da Globo participou do programa de Regina Case (o dominical "Esquenta"), ou seja, não é apenas um "empreendedor financeiro", mas político. 

- O movimento dos setores da mídia, aliados de primeira hora do golpe, agora procuram outro marionete para o mais alto cargo da república, recordemos que a Globo colocou o foco em Temer e Aécio, este último mereceu inclusive mais de 12 minutos no programa dominical-alienante "fantástico" (ou "fanático" para mim), e o mais impressionante é que desde os atos de junho de 2013 e a resistência ao golpe de 2016 essa mesma mídia ignorou, ignorou e dedicou-se a criar fatos e estórias para simplesmente fazer sumir das paginas do noticiário as manifestações promovidas até então. 
Agora, para este domingo a (in) Veja publica em matéria aberta para os internautas não-assinantes chamada "Show por ‘Diretas Já’ acontece em São Paulo no domingo. Ato terá presença dos rappers Mano Brown, Emicida e Criolo, do sambista Péricles e dos cantores Maria Gadu, Tulipa Ruiz, Otto e Simoninha" em 31/05/2017, com direito a cartaz e tudo (http://veja.abril.com.br/politica/show-por-diretas-ja-acontece-em-sao-paulo-no-domingo/) destacando o caráter "independente" do show, ops, ato.

Bom, toda luta política exige diálogo entre as forças que se incorporam nela. Alguns dirão que meu "radicalismo" não procede nessa conjuntura em que "algo maior precisa ser combatido" e que houve momentos na história em que "recuar" era necessário, mas vejamos: (a) durante a revolução cubana não havia unidade em torno da tomada do poder entre as esquerdas, porém o movimento 26 de julho ocupou protagonismo e Fidel Castro obteve apoio dos setores urbanos, contudo o aliado estava no mesmo espectro ideológico, não eram a máfia e nem setores desgarrados do ditador Batista; (b) o PCB mesmo adotando a estratégia da "resistência pacifica" foi massacrado pela ditadura civil-militar brasileira; (c) Florestan fez análises duras sobre o papel do "centrão" na constituinte, mantendo o mesmo centro ultra-conservador e atrasado oferecendo as saídas para o país, somado ao que temos com uma anistia ampla para torturadores e que depois de três décadas engessou a Comissão da Verdade e o retorno de uma frase conhecida desde a redemocratização, "foi o que foi possível fazer".

"Foi o que foi possível fazer" 

Essa parece ser a frase que justifica tudo no campo de força social da esquerda brasileira quando as direções hegemônicas não tem resposta concreta para um desafio concreto. Ou seja, a ousadia sempre fica a cargo dos palanques e e não da nossa iniciativa a frente das instituições públicas ou dos instrumentos necessários a luta da classe trabalhadora.

O susto de 2013 é outra boa forma de ver o quanto a esquerda brasileira não tem apresentado projeto estratégico, isso porque, depois do desastre da disputa de direção desses movimentos, tivemos ainda o ascenso das lutas pelas escolas ocupadas e outras manifestações que partiram da boa e velha articulação dos despossuídos em luta pelos seus direitos, sem uma organização por trás ou parte de um projeto construído de longo prazo. Essas iniciativas denominadas de iniciativas espontâneas ou classificadas pelos nossos doutos revolucionários de "espontaneísmo" só explicam - em profundidade -  a forma como a esquerda brasileira dividiu-se, desconectou-se e desagregou-se de um projeto nacional de classe, ao ponto de desenraizar-se da luta pelo cotidiano da classe trabalhadora real, massa cada vez mais crescente, informal ou precarizada. 

A aliança - mal constituída de domingo - pode representar a perda objetiva do processo que foi iniciado pela esquerda brasileira que voltou a ocupar protagonismo de massas na luta contra o golpe, pelo Fora Temer - Diretas Já e na greve geral de 28 de abril. 

Esses movimentos que pedem para "abaixar as bandeiras" nos atos foi o estopim dos constrangimentos gerais sobre a legitimidade da direção política e social das lutas. Essa deslegitimação recorrente ganha força, por exemplo, na reforma trabalhista quando propõe o fim do imposto sindical (presente do ditador Vargas) e que tem apoio sim da massa dos trabalhadores que a tempos foi abandonada - inclusive pela esquerda - a "deus dará" nos locais de trabalho, sem a boa e velha articulação, busca pelo convencimento coletivo, pela participação coletiva na defesa dos seus interesses trabalhistas.

Baixar as bandeiras em um ato pelo Fora Temer e por eleições diretas será a vacilação do século XXI no Brasil promovido pelas forças da esquerda brasileira. Será a destacada submissão pós ditadura mostrando que é mais forte do que aqueles que são atacados por este sistema do capital.

Submissão e aliança que é deliberadamente feita por cima, pelos "entendidos" em mobilização social, "youtubers do discurso progressista", e oportunistas de vanguarda pela esquerda brasileira.

A ideia do que é ser de esquerda está em desuso, justamente porque nossa tendência é metamorfosear quem somos ou o que escolhemos ser enquanto militantes sociais de esquerda. 

Não peço para que abandonemos ou queiramos que hajam restrições a luta pelas Diretas pós Temer, até porque as lutas não são pautas exclusivas de ninguém, apesar do momento político ser permeado de "verdades" que se impõem sobre o "meio classificatório" sobre quem é de esquerda e quem não é, tipica arrogância de quem pertence a classe, porém não se reconhece nela, ou se reconhece quando convêm.

Mesmo não considerando o valor de vários artistas participantes, alguns que já expuseram sua posição política, o certo é que se a esquerda brasileira não reassumir o seu protagonismo estará construindo o mesmo caminho que a direta já faz com destreza.

As candidaturas midiáticas representam uma vertente da atual política nacional e João Dória é a maior expressão disso pela direita brasileira, agora se a esquerda preferir tirar o seu próprio em nome das apostas por pessoas "famosas", artistas e qualquer um que não possui formação político-ideológica para assumir uma posição de classe, OK não conte comigo. Veremos em 2018.

Retirar esse protagonismo é empurrar as massas populares a se ancorarem nas tradicionais formas partidárias existentes e um retorno ao velho assistencialismo político e outras formas dos carentes serem atendidos por "políticos bem intencionados" no meio do povo.

Abrir mão da mobilização e dos meios que de fato politizam as relações e tensões de classe existente e que expõem as contradições desse sistema do capital relativizam as lutas políticas e jogam os lutadores e lutadoras para um abismo do "show" como meio de reunir a "massa", a questão é que durante uma greve de professores ou de metalúrgicos, se eu valorizo meios criativos de luta como valorizar a articulação com a cultura, não estamos retirando o protagonismo da ação central: a greve, meio que de fato estabelece laços fortes e duradouros com a luta e a reflexão critica (individual e universal) que realmente importa para práxis.

Não me venham com o discurso de que "é preciso acumular forças com outros setores da massa", bom essa história já vemos em variedade e o resultado tem sido a capitulação pelas frações (ou facções) da direita.

Solidariedade de classe: uma saída para formação de uma nova sociedade brasileira.

Em que momento deslocamos nossas energias para o Estado totalizante? Hoje, nós da esquerda cobramos dos governos a efetivação das políticas públicas em um momento adverso, o Estado reformado não pertence mais a nós, defensores do Estado de direitos universais de 1988. 

O CEDEM da Unesp possui um acervo valioso das experiências das lutas da classe trabalhadora brasileira, lembrando que quem quer alterar a correlação de forças na sociedade, destruir o modelo capitalista e fazer avançar um projeto de sociedade alternativo a esquerda brasileira compreendia o que era penetrar e politizar a sociedade investindo nas cheches populares, nos times comunitários, nas comunidades de base, nas ações das pastorais, vide a pastoral da criança, ou seja, na penetração direta na massa, vinculando sua realidade com o gesto de solidariedade de classe, sem a velha mascará da neutralidade do Estado Social capitalista.

Depositar as cartas em políticas públicas através das lutas sociais não representa abrir mão da luta político-ideológica que deve aliar os conhecimentos adquiridos pelos filhos e filhas da classe trabalhadora para impulsionar a organização, em primeiro lugar, a formação permanente e ativar as lutas sociais.

Uma vez me contaram a história ou estória de como o militante metalúrgico Santo Dias fazia sue trabalho de base e como entrava na casa dos operários para dialogar sobre a necessidade das lutas, e citam que ele levava debaixo dos braços uma bíblia, um sinal de que lutar por direitos "não representa a baderna" e deve ser praticada pelos que acreditam que a justiça social precisa ser conquistada contra a ordem. E isso sempre me motivou a continuar construindo nessa (e outras) perspectivas. 

De lá pra cá vim do movimento estudantil secundarista, tentei fazer trabalho de base na comunidade próximo de casa, me articulei com movimentos de ação direta via organizações de esquerda que confiava, fiz parte de cursinho comunitário e tento via o processo político-pedagógico da minha profissão e dos recursos socioeducativos construir alternativas a esse violento sistema do capital e o velho tradicionalismo-conservador da política brasileira. Sigo em frente.

Talvez seja por isso que atualmente me permito opinar com direito de me posicionar, porque creio que a esquerda brasileira deve reaprender, reassumir e retomar um projeto de nação que afirme sua alternativa ao capital, que seja plural, que tenha certeza da direção politico-social que conduz, que vença lutas e processos institucionais enraizado e enraizador de uma nova cultura política, e ao conduzir pela gestão pública institucional ou não com a certeza de que não pertencemos ou dependemos daquilo, somos passageiros e construtores de um projeto. 

Eu não vou domingo, eu vou em manifestação, ato público e lutas que reúnam e busquem reunir o melhor da nossa classe. Se não for assim, a falência da atual e da nova geração gestada na esquerda brasileira está em curso. 

Domingo é show! Bom show para vocês!

ps.: eu gosto muito da mistica, mesmo que outros em nossa esquerda odeie, mas o que toca a alma também pulsa na razão e no coração dos lutadores e lutadoras, por isso essa canção tem me tocado muito nesse período.

Caçador de Mim

Compositor: Sergio Magrão e Luiz Carlos Sá

Por tanto amor, por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz, manso ou feroz
Eu, caçador de mim
Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar longe do meu lugar
Eu, caçador de mim

Nada a temer
Senão o correr da luta
Nada a fazer
Senão esquecer o medo
Abrir o peito à força
Numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura

Longe se vai sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim

Nada a temer
Senão o correr da luta
Nada a fazer
Senão esquecer o medo
Abrir o peito à força
Numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura


Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim

https://www.youtube.com/watch?v=Se9XYKHQi3Y