domingo, 4 de janeiro de 2015

O "lobo de Wall Street" e o idiota da sociedade neoliberal.





Segundo o dicionário Aurélio (on line) a palvra "idiota" significa:1 Diz-se da pessoa incapaz de coordenar ideias; 2 Pateta; parvo; 3 Que denota estupidez. E com essa "onda" neoliberal a solta com seus "truques e confusões" também deveria incluir: "nova pessoa gestada nas reformas econômicas e politicas do séc. XX e preparada para ser um "consumista acéfalo" do séc. XXI".

Observando a sutileza ou o emu olhar como espectador mesmo, dois filmes retratam o que de "melhor" foi sendo produzido nas relações humanas no capitalismo 2.0 neoliberal. Se os termos privatizar e mercantilizar se tornam usuais por nós nesse tempo que vivemos, o que esperar de uma palavra antiga, mas não antiquada e perfeitamente adequada (e atualizada) para a realidade atual: INDIVIDUALISMO.

Sim o bom e velho conceito introduzido nos debates sobre a formação desta sociedade que conhecemos sob o comando do sistema capitalista é cada vez mais a "lógica" da vez introduzida em doses cavalares nas culturas e na formação desse "novo ser humano" (se é que dá pra dar essa definição).

Voltemos a sétima arte: o final de dois filmes quase que se assemelham no gesto final dos "bons moços" que passaram as duas histórias atrás de "fazer justiça".

Na produção o "Senhor das Armas" (Lord of War), o "destemido agente da lei" tem no finalzinho da sua importante "missão" o gosto da "vitória" de ter preso um grande traficante de armas, mas o dialogo final termina (reprodução do site wikipedia) "Jack (Valentine, agente da lei), no regozijo de ter finalmente conseguido prendê-lo, senta-se numa sala com Yuri (o traficante de armas)para explaná-lo das conseqüências da prisão. Mas é Yuri quem toma as rédeas da conversa, dizendo por que não passaria nem um dia na prisão: colocá-lo na prisão seria um embaraço enorme para o governo estadunidense, já que era ele quem fornecia o armamento dos inimigos dos inimigos americanos, e seus compradores eram úteis à política externa do governo.", uau, sim uau!

No outro (mais recente), "O lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street), outro agente da lei, outro "destemido", outro determinado consegue "prender (com delação premiada, OK), o dono e corretor Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio) de uma das maiores corretoras de ações no mercado financeiro por fraudes fiscais e etc., bem esse final é mais constrangedor pela duplicidade, a cena do agente da lei no metro lendo a matéria em letras garrafais sobre a prisão e bla bla bla, e num momento ele olha ao seu redor as pessoas simples (como ele), e imagino duas coisas que no filma não fica claro: 1) O agente da lei reflete sobre a proposta inicial de Belfort quando tenta suborna-lo, pois ele acabou de realizar uma grande prisão e continua "naquela vida; ou 2) Observa que mesmo "cumprindo o seu dever "a vida segue e ninguém está nem aí pra isso" - velha lógica da exploração - o explorado nem sempre (ou quase nunca) sente as correntes que o prendem.

Citei estes dois finais justamente para dizer que: aos justiceiros de plantão (prende, mata e arrebenta) ou derrotistas (nada vai mudar), de que o problema é o coração do sistema, deste sistema que impõe padrões de vida, buscas pelo material, financeiro e supérfluo.

Há mais filas e empurra empurra para comprar nos shoppings ou mercados do que para participar de atividades de solidariedade de classe.

Há mais disposição para derrotar o outro do que para haver colaboração.

Há mais desconfiança do que certezas nas relações. As que envolvem dinheiro e poder podem acabar com amizades e até terminar em morte. O crime individualizado o sistema cuida parceiro.

E são problemas da sociedade? Sim, mas desta sociedade do capitalismo.

Quem busca viver ou resistir sabe que o caminho não é fácil.   As vezes participar para mudar a política ou o planeta acabam sendo vistos como gestos "individuais" invertendo a ideia de quem é o "individualista" da história, os que querem sair dessa "matrix" ou os que querem viver na sua ilusão.

Eu tenho visto e vivido bons exemplos de que nós socialistas estamos buscando transformar relações e mudar a política, nosso dever não é agir como se nossa atuação fosse "caricata" ou "individual", muito pelo contrário devemos com o gesto mostrar que é possível, necessário e urgente desidiotizar a sociedade.

Vejam os filmes, porém engatem na sequencia o documentário "Trabalho Interno", para entender que a "vida boa" dos que querem ser "ricos" nesta sociedade produzem muita desgraça, miséria e violência para a sua grande maioria.




You tube
https://www.youtube.com/watch?v=WDxSfCZgCmk (O lobo de wall street)
https://www.youtube.com/watch?v=jPFNzi4fNgY (O senhor das armas)
https://www.youtube.com/watch?v=ViOYXZL_3Bs (Trabalho interno)