quinta-feira, 21 de abril de 2022

Fases passam, egoísmos a parte, seguimos em frente!



É possível se definir a partir de músicas? Sim, só a produção humana é capaz de desse auto presente que podemos nos oferecer, a nós e a quem nós queremos bem e porquê também não para os que pouco te conhecem. 

Não sei a relevância desse blog. Vejo as visualizações, ok. mas não sei até que ponto isso é importante para quem acompanha e lê, as vezes acho que esse é um diário online ou virtual como queiram. Não mantenho regularidade. portanto imagino que os que seguem dedicam atenção a este escritor relapso a mesa atenção que mereça, descompromissada.

Aqui não é profissional, não tenho revisor e minha gramatica é péssima. O que me salva é a capacidade de juntar palavras, formar frases e dar coerência as ideias que estão sendo difundidas. Ah, o corretor do computador ajuda muito também.

No histórico eu já fiz meu balanço diante da crise pessoal e política que passei. Eu sei quem sou e repito, sou militante, assumi compromisso com a causa que defendo e acredito, contudo, vivo o meu tempo histórico. Me reconheço leninista, sei a responsa desse legado. Não intelectualmente, mas na práxis. Já disse também que como pesquisador segundo as instituições (mestrado e doutorado) não sou um intelectual, sou um curioso, além de descobrir que sou um tanto preguiçoso para os jogos mentais que a profissão de intelectual exige na forma atual do Estado e das próprias instituições. As entranhas desse lugar esconde no fino trato dos discursos eruditos uma crosta bruta de arrogância, luta pelo poder individual e constante rendição/ conformação aos privilégios garantidos pela instituição.

Tentei na ilusão achar que a minha débil experiência como docente do ensino superior privado e meu tempo de militância pudessem constituir um lugar na máquina estatal educacional, e lá me realizar para construir um lugar de resistência. Venho a conjuntura, o golpe de 2016, governo Temer e desgraçadamente Bolsonaro em 2018, somada a isso esse lugar dava sinais, como estudante-pesquisador, que era um espaço restrito a um tipo especifico de profissional, do qual não tenho capacidade para tal. Os sacrifícios não compensariam os possíveis, possíveis ganhos.

De lá pra cá superação dos dilemas, encontros e reencontros, afastamentos necessários e novas relações pessoais e políticas me renderam mais bônus do que ônus no caminho que quero trilhar para frente. Superei parte da minha relação com o PT, após quase vinte anos militando na esquerda do PT, sigo os ideais, mas não os seus condutores. Prefiro errar sozinho. 

O pensamento liberal é um fato majoritário para quem se reivindica de esquerda no Brasil, pensando que a classe dominante em cada fase da nossa história sempre tratou seus "inimigos internos" com força coercitiva preventiva sem dó nem piedade, pós 1988 as gerações, em especial na classe trabalhadora média foram assumindo um formação individualista da política, estudando por conta própria e contaminada pela lógica liberal da opinião individualista, pulverizando qualquer tentativa de coesão e coerência em torno de um programa que carregue um projeto societário. Nesse caso, Lula é expressão dessa intelectualidade orgânica, que fruto do desenvolvimentismo capitalista e tão subjugado historicamente, prefere amenizar a dor dos setores subalternos da classe. 

Não tiro a razão disso. Enfrentar a fome está na base da formulação de Herbert de Souza (Betinho) e corrobora com as reflexão critica de Paulo Freire, Josué de Castro, Nise da Silveira, Celso Furtado, entre tantos pensadores fundamentais e que defenderam um projeto societário convergente de Brasil. Mas Betinho também complementa sobre a democracia onde não adiantará falar de democracia ou luta para famintos, alimentar o estomago e as consciências. No lulismo, por emergência, alimentamos o estomago, mas a ausência de alimentar as consciências provocou uma reação indigesta em 2013, um golpe em 2016 e o fascismo em 2018. Lula e o PT não são culpados, é a ausência de culpa que pode tornar ambos responsáveis, ou seja, quando Lula sinaliza que revogará a reforma trabalhista (e não é a única a ser revogada) dá sinais de que pretende reestabelecer o equilíbrio de forças entre capita e trabalho. Porém, joga pra galera, ou seja, para os trabalhadores/as a responsabilidade para revogar as demais reformas (previdenciária, PEC do Teto de Gastos e outras).

Parece simples, mas não é. Por isso resolvi manter uma relação de "filiação afetiva" no PT, sem militância no momento, já que o partido não precisa nem das minhas reflexões e nem do meu esforço militante. Pelo menos é o que indica cada decisão, postura, deliberação, inércia, ausência e outras coisas que não me mobilizam.

Outro lugar que eu preferi estar bem longe é do corporativismo. E digo isso da minha profissão, o Serviço Social. Como militante que contribui para as entidades da categoria, meu maior respeito, como docente jamais irei criticar ou não incentivar a participação seja de estudante ou outro sujeito. Contudo, uso meu direito militante para contestar o que tem se tornado recorrente e incoerente nas elites pensantes da profissão, como o marxismo sem Marx, excesso de clichês nas palavras de ordem e um evidente descolamento da realidade da luta de classes, pois, para um politburo tão radical não ser capaz de perceber que há um descolamento das bases, distanciamento até de um movimentismo necessário, as vezes, para aproximar das massas e um medo excessivo de posições contrárias vindas inclusive de militantes do mesmo campo político de pensamento à esquerda denotam (ou detonam) o pluralismo tão defendido nos princípios. Um institucionalismo cada vez mais latejante, engessado e incapaz de dar respostas ao que o momento histórico exige e uma evidente dificuldade de dar direção de fato à categoria diante das crises do movimento das forças do capital, vide a confusa orientação frente a pandemia e a realidade do exercício profissional no desmonte progressivo das políticas públicas e sociais.

Terceirizou mesmo e temos que admitir, faz urgente um congresso que reafirme princípios, enfrente divergências e atualize o programa de lutas e resistência da profissão. Ou seremos derrotados pela osmose tecnicista.

Por isso e outras questões no campo político, me afastar deu uma reatualização  do meu papel de classe, que é não me isolar no pequeno mundo corporativista do Serviço Social, pois, a verdade marxista não pertence a nós, nunca pertenceu, pertence a classe trabalhadora. Respeitar ou divergir das deliberações ou posições é direito conquistado no processo de lutas classista. Não querer participar traz o ônus que assumo, assumindo que há um mundo inteiro para ocupar. Nunca fecharei questão eterna, caso perceba disposição para enfrentarmos nossas questões e seguir em frente, sou um bom soldado.

E nesse momento me descobri militantemente. Sempre fui um bom soldado. Das direções que pertenci a mim estava reservado o que melhor eu sei fazer: organizar, articular, formar e argumentar na defesa dos interesses coletivos a que estou vinculado, sou um bom soldado marxista-leninista, ok, bom saber o meu lugar na luta de classes. Chega de insistir em ser o que não é. Não sou um bom condutor, coordenador ou dirigente, nunca fui escalado para essa tarefa, sou um bom soldado com a qualidades que aprimorei ao longo da vida.

Reconhecendo isso, estou livre para perseguir projetos que contribuam para luta de classes. Sai o PT, sai as instituições da categoria, vem as tarefas sindicais na docência e no serviço público, vem a preservação da memória da classe trabalhadora, por onde militei, vem as responsabilidades de tio, padrinho e sujeito da história. 

No horizonte há uma força política que emergiu das latrinas e ocupou em curto espaço de tempo muitos espaços de poder, esse neofascismo que sustenta a nova fase do capitalismo neoliberal é corrosivo e perigoso. Não fortalecemos o lado de cá, então para resistir ainda, seguimos pelas armas que temos, assim vou votar em Lula e na sequencia em representações do pensamento político ideológico alinhado a minha militância.

Seguir na formação, formação e formação. Como disse Che Guevara, "criar um, dois, três Vietnãs", ou seja, criar um, dois, três levantes populares, polos de resistência, enfim, o que for necessário para o agora e o depois!

Duas músicas fecham essa fase, expressam meu momento de reflexão interna que começou em 2014 e me representa em vida: