quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Unidade por por Terra, Território e Dignidade!



Terça-feira, 22 de agosto de 2012

Ano 9 - nº 195
Unidade por por Terra, Território e Dignidade!
 Os movimentos sociais do campo, que se reuniram nesta semana no Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas, em Brasília, lançaram uma declaração conjunta que representa uma demonstração de articulação e unidade política dos camponeses, pequenos agricultores, sem-terra, indígenas e quilombolas, além de ambientalistas, defensores dos direitos humanos e estudantes que participaram dessa construção.

O encontro é uma resposta aos desafios do nosso país para superar a desigualdade na distribuição da terra, que se mantém inalterada desde a década de 20, mas com riscos econômicos, sociais, culturais e ambientais em consequência da especialização primária da economia.

O projeto capitalista em curso no Brasil, representado no campo pelo agronegócio, tem como objetivo a acumulação de capital no setor primário, servindo aos interesses e domínio do capital estrangeiro no campo por meio das transnacionais.
A ofensiva desse projeto causa o esmagamento e a desterritorialização dos trabalhadores e trabalhadoras dos povos do campo, das águas e das florestas. Além disso, impede a realização da reforma agrária, a demarcação e reconhecimento de territórios indígenas e quilombolas.

Por outro lado, tem impactos sociais e ambientais negativos, com o aumento da violência, a violação dos territórios dos pescadores e povos da floresta, a fragilização da agricultura familiar e camponesa, a sujeição dos trabalhadores e consumidores a alimentos contaminados e ao convívio com a degradação ambiental.
O encontro demonstra que é indispensável um projeto de vida e trabalho para a produção de alimentos saudáveis em escala suficiente para atender as necessidades da sociedade, que respeite a natureza e gere dignidade no campo.

Para isso, é necessário realizar a Reforma Agrária, defender a nossa soberania territorial, garantir a  a soberania alimentar, desenvolver a agroecologia, com a centralidade da agricultura familiar e camponesa e de formas tradicionais de produção e educação do campo, indígena e quilombola como ferramentas estratégicas para a emancipação.

Abaixo, leia a declaração final do Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas.   
   

Por Terra, Território e Dignidade!

Após séculos de opressão e resistência, “as massas camponesas oprimidas e exploradas”, numa demonstração de capacidade de articulação, unidade política e construção de uma proposta nacional, se reuniram no “I Congresso Nacional dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas sobre o caráter da reforma agrária”, no ano de 1961, em Belo Horizonte. Já nesse I Congresso os povos do campo, assumindo um papel de sujeitos políticos, apontavam a centralidade da terra como espaço de vida, de produção e identidade sociocultural.

Essa unidade e força política levaram o governo de João Goulart a incorporar a reforma agrária como parte de suas reformas de base, contrariando os interesses das elites e transformando-se num dos elementos que levou ao golpe de 1964. Os governos golpistas perseguiram, torturaram, aprisionaram e assassinaram lideranças, mas não destruíram o sonho, nem as lutas camponesas por um pedaço de chão.

Após décadas de resistência e denuncias da opressão, as mobilizações e lutas sociais criaram condições para a retomada e ampliação da organização camponesa, fazendo emergir uma diversidade de sujeitos e pautas. Junto com a luta pela reforma agrária, a luta pela terra e por território vem afirmando sujeitos como sem terra, quilombolas, indígenas, extrativistas, pescadores artesanais, quebradeiras, comunidades tradicionais, agricultores familiares, camponeses, trabalhadores e trabalhadoras rurais e demais povos do campo, das águas e das florestas. Neste processo de constituição de sujeitos políticos, afirmam-se as mulheres e a juventude na luta contra a cultura patriarcal, pela visibilidade e igualdade de direitos e dignidade no campo.

Em nova demonstração de capacidade de articulação e unidade política, nós homens e mulheres de todas as idades, nos reunimos 51 anos depois, em Brasília, no Encontro Nacional Unitário de Trabalhadores e Trabalhadoras, Povos do Campo, das Águas e das Florestas, tendo como centralidade a luta de classes em torno da terra, atualmente expressa na luta por Reforma Agrária, Terra, Território e Dignidade.

Nós estamos construindo  a unidade em resposta aos desafios da desigualdade na distribuição da terra. Como nos anos 60, esta desigualdade se mantém inalterada, havendo um aprofundamento dos riscos econômicos, sociais, culturais e ambientais, em conseqüência da especialização primária da economia.

A primeira década do Século XXI revela um projeto de remontagem da modernização conservadora da agricultura, iniciada pelos militares, interrompida nos anos noventa e retomada como projeto de expansão primária para o setor externo nos últimos doze anos, sob a denominação de agronegócio, que se configura como nosso inimigo comum.

Este projeto, na sua essência, produz desigualdades nas relações fundiárias e sociais no meio rural, aprofunda a dependência externa e realiza uma exploração ultrapredatória da natureza. Seus protagonistas são o capital financeiro, as grandes cadeias de produção e comercialização de commodities de escala mundial, o latifúndio e o Estado brasileiro nas suas funções financiadora – inclusive destinando recursos públicos para grandes projetos e obras de infraestrutura – e (des)reguladora da terra.

O projeto capitalista em curso no Brasil persegue a acumulação de capital especializado no setor primário, promovendo super-exploração agropecuária, hidroelétrica, mineral e petroleira. Esta super-exploração, em nome da necessidade de equilibrar as transações externas, serve aos interesses e domínio do capital estrangeiro no campo através das transnacionais do agro e hidronegócio.

Este projeto provoca o esmagamento e a desterritorialização dos trabalhadores e trabalhadoras dos povos do campo, das águas e das florestas. Suas conseqüências sociais e ambientais são a não realização da reforma agrária, a não demarcação e reconhecimento de territórios indígenas e quilombolas, o aumento da violência, a violação dos territórios dos pescadores e povos da floresta, a fragilização da agricultura familiar e camponesa, a sujeição dos trabalhadores e consumidores a alimentos contaminados e ao convívio com a degradação ambiental. Há ainda conseqüências socioculturais como a masculinização e o envelhecimento do campo pela ausência de oportunidades para a juventude e as mulheres, resultando na não reprodução social do campesinato.

Estas conseqüências foram agravadas pela ausência, falta de adequação ou caráter assistencialista e emergencial das políticas públicas. Estas políticas contribuíram para o processo de desigualdade social entre o campo e a cidade, o esvaziamento do meio rural e o aumento da vulnerabilidade dos sujeitos do campo, das águas e das florestas. Em vez de promover a igualdade e a dignidade, as políticas e ações do Estado, muitas vezes, retiram direitos e promovem a violência no campo.

Mesmo gerando conflitos e sendo inimigo dos povos, o Estado brasileiro nas suas esferas do Executivo, Judiciário e Legislativo, historicamente vem investindo no fortalecimento do modelo de desenvolvimento concentrador, excludente e degradador. Apesar de todos os problemas gerados, os sucessivos governos – inclusive o atual – mantêm a opção pelo agro e hidronegócio.

O Brasil, como um país rico em terra, água, bens naturais e biodiversidade, atrai o capital especulativo e agroexportador, acirrando os impactos negativos sobre os territórios e populações indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e camponesas. Externamente, o Brasil vem se tornando alavanca do projeto neocolonizador, expandindo este modelo para outros países, especialmente na América Latina e África.

Torna-se indispensável um projeto de vida e trabalho para a produção de alimentos saudáveis em escala suficiente para atender as necessidades da sociedade, que respeite a natureza e gere dignidade no campo. Ao mesmo tempo, o resgate e fortalecimento dos campesinatos, a defesa e recuperação das suas culturas e saberes se faz necessário para projetos alternativos de desenvolvimento e sociedade.

Diante disto, afirmamos:

1)       a reforma agrária como política essencial de desenvolvimento justo, popular, solidário e sustentável, pressupondo mudança na estrutura fundiária, democratização do acesso à terra, respeito aos territórios e garantia da reprodução social dos povos do campo, das águas e das florestas.

2)      a soberania territorial, que compreende o poder e a autonomia dos povos em proteger e defender livremente os bens comuns e o espaço social e de luta que ocupam e estabelecem suas relações e modos de vida, desenvolvendo diferentes culturas e  formas de produção e reprodução,  que marcam e dão identidade ao território.

3)      a soberania alimentar como o direito dos povos a definir suas próprias políticas e estratégias sustentáveis de produção, distribuição e consumo de alimentos que garantam o direito à alimentação adequada a toda a população, respeitando suas culturas e a diversidade dos jeitos de produzir, comercializar e gerir estes processos.

4)      a agroecologia como base para a sustentabilidade e organização social e produtiva da agricultura familiar e camponesa, em oposição ao modelo do agronegócio. A agroecologia é um modo de produzir e se relacionar na agricultura, que preserva a biodiversidade, os ecossistemas e o patrimônio genético, que produz alimentos saudáveis, livre de transgênicos e agrotóxicos, que valoriza saberes e culturas dos povos do campo, das águas e das florestas e defende a vida.

5)      a centralidade da agricultura familiar e camponesa e de formas tradicionais de produção e o seu fortalecimento por meio de políticas públicas estruturantes, como fomento e crédito subsidiado e adequado as realidades; assistência técnica baseada nos princípios agroecológicos; pesquisa que reconheça e incorpore os saberes tradicionais; formação, especialmente da juventude; incentivo à  cooperação, agroindustrialização e comercialização.

6)      a necessidade de relações igualitárias, de reconhecimento e respeito mútuo, especialmente em relação às mulheres, superando a divisão sexual do trabalho e o poder patriarcal e combatendo todos os tipos de violência.

7)      a soberania energética como um direito dos povos, o que demanda o controle social sobre as fontes, produção e distribuição de energia, alterando o atual modelo energético brasileiro.

8)      a educação do campo, indígena e quilombola como ferramentas estratégicas para a emancipação dos sujeitos, que surgem das experiências de luta pelo direito à educação e por um projeto político-pedagógico vinculado aos interesses da classe trabalhadora.  Elas se contrapõem à educação rural, que tem como objetivo auxiliar um projeto de agricultura e sociedade subordinada aos interesses do capital, que submete a educação escolar à preparação de mão-de-obra minimamente qualificada e barata e que escraviza trabalhadores e trabalhadoras no sistema de produção de monocultura.

9)      a necessidade de democratização dos meios de comunicação, hoje concentrados em poucas famílias e a serviço do projeto capitalista concentrador,  que criminalizam os movimentos e organizações sociais do campo, das águas e das florestas.

10)   a necessidade do reconhecimento pelo Estado dos direitos das populações atingidas por grandes projetos, assegurando a consulta livre, prévia e informada e a reparação nos casos de violação de direitos.

Nos comprometemos:

1- a fortalecer as organizações sociais e  a intensificar o processo de unidade entre os trabalhadores e trabalhadoras, povos do campo, das águas e das florestas, colocando como centro a luta de classes e o enfrentamento ao  inimigo comum, o capital e sua expressão atual no campo, o agro e hidronegócio.

2-    a ampliar a unidade nos próximos períodos, construindo pautas comuns e processos unitários de luta pela realização da reforma agrária, pela reconhecimento, titulação, demarcação e desintrusão das terras indígena, dos territórios quilombolas e de comunidades tradicionais, garantindo direitos territoriais, dignidade e autonomia.

3-    a fortalecer a luta pela reforma agrária  como bandeira unitária dos trabalhadores e trabalhadoras e povos do campo, das águas e das florestas.

4-    a construir e fortalecer alianças entre sujeitos do campo e da cidade, em nível nacional e internacional, em estratégias de classe contra o capital e em defesa de uma sociedade justa, igualitária, solidária e sustentável.

5-    a lutar pela transição agroecológica massiva, contra os agrotóxicos, pela produção de alimentos saudáveis, pela soberania alimentar, em defesa da biodiversidade e das sementes.

6-    a construir uma agenda comum para rediscutir os critérios de construção, acesso, abrangência, caráter e controle social sobre as políticas públicas, a exemplo do PRONAF, PNAE, PAA, PRONERA, PRONACAMPO, pesquisa e extensão, dentre outras, voltadas para os povos do campo, das águas e das florestas.

7-  a fortalecer a luta das mulheres por direitos, pela igualdade e pelo fim da violência.

8-  a ampliar o reconhecimento da importância estratégica da juventude na dinâmica do desenvolvimento e na reprodução social dos povos do campo, das águas e das florestas.

9-  a lutar por mudanças no atual modelo de produção pautado nos petro-dependentes, de alto consumo energético.

10-  a combater e denunciar a violência e a impunidade no campo e a criminalização das lideranças e movimentos sociais, promovidas pelos agentes públicos e privados.

11- a lutar pelo reconhecimento da responsabilidade do Estado sobre a morte e desaparecimento forçado de camponeses, bem como os direitos de reparação aos seus familiares, com a criação de uma comissão camponesa pela anistia, memória, verdade e justiça para incidir nos trabalhos da Comissão Especial sobre mortos e desaparecidos políticos, visando a inclusão de todos afetados pela repressão.

Nós, trabalhadores e trabalhadoras, povos do campo, das águas e das florestas exigimos o redirecionamento das políticas e ações do Estado brasileiro, pois o campo não suporta mais.  Seguiremos em marcha, mobilizados em unidade e luta e, no combate ao nosso inimigo comum, construiremos um País e uma sociedade justa, solidária e sustentável.

Brasília, 22 de agosto de 2012.


Associação das Casas Familiares Rurais (ARCAFAR)

Associação das Mulheres do Brasil (AMB)

Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA)

Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal (ABEEF)

Articulação Nacional de Agroecologia (ANA)

Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB)

Conselho Indigenista Missionário (CIMI)

CARITAS Brasileira

Coordenação Nacional dos Quilombolas (CONAQ)

Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG)

Comissão Pastoral da Pesca (CPP)

Comissão Pastoral da Terra (CPT)

Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB)

Central Única dos Trabalhadores (CUT)

Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB)

Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (FETRAF)

FASE

Greenpeace

INESC


Marcha Mundial das Mulheres (MMM)

Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)

Movimento Camponês Popular (MCP)

Movimento das Mulheres Camponesas (MMC)

Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste (MMTR-NE)

Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)

Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP)

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

Movimento Interestadual das Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB)

Oxfam Brasil

Pastoral da Juventude Rural (PJR)

Plataforma Dhesca

Rede Cefas

Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (SINPAF)

SINPRO DF

Terra de Direitos

Unicafes

VIA CAMPESINA BRASIL

sábado, 18 de agosto de 2012

ora de varrer o lixo da Câmara de Vereadores de São Paulo.




Vamos varrer quem NÃO ACREDITA NA DEMOCRACIA. Todo bosal que concorda com a DITADURA MILITAR não deveria ter mandato eletivo na democracia.

Na DEMOCRACIA deve ter direitos quem acredita e fortalece o processo democrático. Quem se beneficia dela apenas é OPORTUNISTA.

Varrer o lixo, é agora!


Agnaldo Timóteo defende Regime Militar e ofende plateia na Câmara de SP


fonte: Yahoo! Notícias – qui, 16 de ago de 2012
O vereador Agnaldo Timóteo (PR) defendeu a Ditadura Militar na tarde desta quinta-feira durante discurso na Câmara Municipal de São Paulo. Segundo o jornal “O Estado de S.Paulo”, ele chegou a chamar servidores que estavam na plateia de “idiotas” e animais” e os mandou calar a boca. O cantor também criticou a Comissão da Verdade, instalada no Legislativo no começo do ano.

Segundo Timóteo, "não se pode condenar todo o Regime pelos erros de alguns de seus agentes" e que a PM em São Paulo estava sendo perseguida. "Em 1970 nós éramos 90 milhões em ação, não podemos esquecer disso. E todos os presidentes militares morreram pobres, enquanto muitos dos nossos representantes eleitos se aposentam milionários", acrescentou, continuando: “Não vejo um documentário falando das estradas que os militares construíram, das grandes obras. Só falam mal, a grande mídia faz uma perseguição odiosa ao Regime”.

Em campanha salarial, os servidores que estavam na plateia para acompanhar a sessão ordinária também xingaram Timóteo. 

Ao final do discurso, o vereador Ítalo Cardoso (PT) apresentou requerimento na Corregedoria da Casa acusando o vereador de quebra de decoro parlamentar. "Pela manhã ele já havia ofendido o público que veio acompanhar a audiência da Comissão da Verdade. Ele quebrou o decoro hoje duas vezes, de manhã e à tarde", disparou o petista.

É uma opinião liberal? Poder ser que sim, pode ser que não! Mas é melhor que a ortodoxia neoliberal!

É o texto abaixo eu estou reproduzindo. Pode ser que seja uma opinião liberal sobre os rumos da economia mundial e muito menos confortável para quem quer o fim o sistema capitalista, mas é uma posição contra o véu que quer cobrir os olhos de todos (as) para a verdade absoluta do pensamento único neoliberal.

Vale a pena ler, depende do ponto de vista!
Boa leitura!




CLÓVIS ROSSI
Cem vozes em meio à treva
Economistas fazem manifesto em favor da razão contra a economiafundamentalista e suicida

Enfim, uma coleção de vozes respeitáveis se faz ouvir contra o pensamento único ortodoxo e conservador que tortura as políticas econômicas do mundo rico, além de ser francamente hegemônico nas academias e na mídia, em ambos os casos também nos países em desenvolvimento, emergentes ou como você prefira chamá-los.

Está em circulação um "Manifesto para o retorno à razão na economia", assinado originalmente por uma centena de economistas.

Não, não se trata de comunistas, socialistas, anarquistas, militantes enrustidos do PSOL ou do chavismo. Não que essas tribos não tenham direito a se manifestar. Só faço a observação porque muita gente desclassifica opiniões e análises não pelo conteúdo delas mas pela suposta (ou real) filiação político-ideológica dos autores.
No caso desse manifesto, não há grife acadêmica lustrosa que não tenha um ou mais de um representante entre os signatários.

O que é profundamente triste é a total ausência de brasileiros entre os firmantes. Uma demonstração que, em matéria de inteligência, somos marginais. Em todo o caso, o manifesto está aberto ainda a assinaturas na internet, emwww.manifestoforeconomicsense.org.

Até o meio da tarde de sexta-feira, mais de 9.000 pessoas haviam se dado ao trabalho de assinar o documento. Ao leitor que possa pensar que estou falando do manifesto porque um dos signatários chama-se Sergio Rossi, do departamento de economia da universidade suíça de Friburgo, esclareço que jamais havia ouvido falar dele.

Resumo dos temas tratados: primeiro, a causa da crise não foi, como já escrevi aqui uma e mil vezes, o endividamento irresponsável do setor público, exceto em poucos casos, como o da Grécia. Foram os empréstimos tomados pelo setor privado, inclusive pela chamada alavancagem dos bancos. Sendo assim, os importantes deficit públicos de hoje são consequência e não causa da crise.
Elementar, mas frequentemente escamoteado do debate.

A resposta dos governantes foi inadequada, dizem os autores, pela simples razão de que o setor privado parou de gastar porque estava endividado até o pescoço.

Se o setor público também corta gastos, como se está fazendo em toda a Europa, a consequência inescapável é a recessão, quando não a depressão (caso da Espanha, por exemplo).
É igualmente óbvio, mas, não obstante, os governantes do mundo rico não conseguem somar 1+1 e concluir que dá 2.

Parêntesis necessário por uma questão de justiça: o governo Dilma Rousseff está fazendo a análise correta no atacado, ainda que se possa discordar de algumas medidas pontuais, no varejo.

Você pode, com razão, perguntar de onde governos agora endividados e com robustos deficit vão tirar dinheiro para contrabalançar a retração do setor privado. Propostas existem e fazem sentido. Basta ler o programa eleitoral de François Hollande, aliás vitorioso.

De todo modo, é saudável ouvir gente relevante pedir o retorno à razão, quando o coro ensurdecedor até aqui parecia vir de um braço econômico da Al Qaeda.
crossi@uol.com.br

Equador não pode ficar só! (reproduzindo de Santayana sobre Assange)



Publicado em 16/08/2012 - artigo de Mauro Santayana, do JB online


A Inglaterra confia na força, mas a História nos mostra que a melhor forma de garantir, com honra, a própria soberania, é a de respeitar a soberania e a honra dos outros.

Este é o momento para que a unidade sulamericana deixe a retórica para tornar-se realidade. Cabe ao continente manter-se ao lado do povo equatoriano, na defesa de sua soberania política. A consolidação da Unasul se impõe, e com urgência. Diante da ameaça aberta do governo britânico, de invadir a Embaixada do Equador em Londres, o governo de Quito, pelo seu chanceler, declarou que confirma o asilo concedido a Julián Assange em seu território (que se estende ao recinto modesto de sua embaixada junto ao Reino Unido). Os ingleses, em sociedade com os Estados Unidos, ainda se consideram senhores do mundo. O criador do WikiLeaks se encontra sob a ameaça de ser entregue ao governo norte-americano. Os ianques querem vingar o fato de que Assange tornou transparentes suas intrigas e seus crimes.

A nota do governo britânico, entregue anteontem à embaixadora do Equador, é  ameaça clara e brutal ao Equador. O “aide-mémoire”,entregue à Embaixadora Ana Albán, convocada ao Foreign Office para recebê-lo, é objetivo em sua crueza:
“Devemos reiterar que consideramos o uso continuado de instalações diplomáticas, desta maneira, incompatível com a Convenção de Viena e insustentável, e que já deixamos bem claro suas sérias implicações em nossas relações diplomáticas. Devem estar conscientes de que há uma base legal no Reino Unido – a Lei sobre Instalações Diplomáticas e Consulares, de 1987 – que nos permitiria agir para prender o Sr. Assange nas instalações atuais da Embaixada”.

É preciso deixar claro que a Convenção de Viena, de 1962, proíbe claramente essa invasão dos locais diplomáticos, conforme seu artigo 22:

“1. Os locais da Missão são invioláveis. Os Agentes do Estado acreditado não poderão neles penetrar sem o consentimento do Chefe da Missão.

“2. O Estado acreditado tem a obrigação especial de adotar todas as medidas apropriadas, para proteger os locais da Missão contra qualquer intrusão ou dano, e evitar perturbações à tranqüilidade da Missão ou ofensas à sua dignidade.

“3. Os locais da Missão, em mobiliário e demais bens neles situados, assim como os meios de transporte da Missão, não poderão ser objeto de busca, requisição, embargo ou medida de execução”.

Nenhuma lei interna de país aderente a  convenção internacional dessa magnitude, pode sobrepor-se ao Tratado. Nos 50 anos de sua vigência, isso nunca ocorreu.          O governo equatoriano não tinha outra atitude, a fim de resguardar a sua soberania, que não fosse tornar, de jure, o asilo de fato que concedera a Assange. Há momentos em que todos os cidadãos honrados de uma nação se tornam um só homem, aquele que, sob sua delegação, chefia o Estado. A decisão de Rafael Correa, exposta por seu chanceler Ricardo Patiño, é a mesma que qualquer país latino-americano que se preze tomaria.

Nós temos uma tradição histórica na concessão de asilo diplomático, que é invariável: não se discute o comportamento do perseguido, mas a sua condição humana e o perigo, a juízo do país concedente, de que o postulante seja submetido a tratamento cruel, ou à pena de morte. Foi assim que o governo democrático brasileiro não titubeou em conceder asilo ao ditador Alfredo Stroessner, em 1989, durante a presidência de Sarney.

Se nós, brasileiros, não tivéssemos outras razões para guardar reservas contra os ingleses, há uma, poderosa. Em seu livro “The Rise and Fall of the British Empire” (Londres, 1995, página 5), o historiador britânico Lawrence James registra, como um dos primeiros episódios da ascensão de seu país ao domínio do mundo, o assalto cometido por George White, de Dorset, dono do veleiro Catherine, de 35 toneladas, armado de cinco canhões e avaliado em 89 libras, segundo o autor. Em 1590, White se apoderou de três cargueiros brasileiros, em alto mar, desarmados e sob bandeira espanhola, roubando sua carga avaliada em 3.600 libras. Encorajado com o resultado do roubo, vendeu o Catherine,  comprou navio mais poderoso e continuou a saquear navios brasileiros e do Caribe, sempre indefesos.

A Inglaterra confia na força, mas a História nos mostra que a melhor forma de garantir, com honra, a própria soberania, é a de respeitar a soberania e a honra dos outros.

Quando encerrávamos estas notas, o chanceler britânico William Hague declarou que seu governo não invadirá a embaixada do Equador. Como se começa a ver, a ameaça foi um ato de arrogância contra um país desarmado.

domingo, 5 de agosto de 2012

Gangue dos playboys e a redução da idade penal: hipocrisia do novo Brasil!


Eu sou contra a redução da idade penal. Participei do Movimento Estadual Contra a Redução da Idade Penal ao lado de companheiras e lutadoras, lá nos reunimos com juristas, famílias de filhos (as) de trabalhadores (as), militantes de movimentos e fóruns populares de direitos humanos.

Nada e ninguém nos convence de que a solução, a grande solução, seja jogar em celas jovens e adolescentes (filhos e filhas da pobreza e da miséria), a serem punidos como adultos.

Nem vou debater o artigo que estabelece a clausula pétrea que impede a redução da idade penal. 

Minha posição não muda, porque minhas dúvidas não foram respondidas: porque não oferecer direitos e oportunidades para os lugares e as famílias destes jovens? Porque não investir mais na educação pública? porque não investir na integração e reedução social dos jovens dentro e fora das instituições voltadas para o cumprimento das medidas sócio educativas?

E porque não oferecer creches em vez de cadeias? Estas perguntas continuam sem resposta e eu continuo contra a redução da idade penal.

Mas se querem que eu mude, vamos então lá: só apoio a redução se a pena sobre os filhos (as) de ricos, com condições de renda e recursos que cometem crimes seja dobrada, triplicada ou até mesmo superior. Sim estou falando de casos como a "gangue dos playboys" (ver matéria em anexo).

Se sobre os filhos (as)  da pobreza e da miséria pesa a ausência de direitos sociais onde não podem nem sequer reclamar sobre o mal gerado pelo capitalismo e sua exploração, isso deveria no revés pesar mais sobre os que "com condições sociais e econômicas".

Mas isso não vai acontecer, sabem porque: 1) O estado moderno e liberal dá direito a todos (as) uma justiça justa e igual (mesmo que alguns sejam menos iguais que os outros); 2) Os ricos jamais permitirão que seus filhos (as) bem educados (as) sofram, podem pagar advogado caros.

Bem a injustiça persiste, eu teimosamente sigo defendendo minhas idéias!

grande abraço!



http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/gangue-dos-playboys-e-investigada-por-mais-de-50-sequestros-20120802.html

Gangue dos Playboys é investigada por mais de 50 sequestros

Grupo era formado por jovens de classe média, alguns universitários
Mais três integrantes da Gangue dos Playboys foram presos nesta quarta-feira (1º), em Taboão da Serra, Região Metropolitana de São Paulo. Eles fazem parte de um grupo formado por jovens de classe média, alguns universitários, suspeito de ter praticado cerca de 50 sequestros-relâmpagos nos bairros do Brooklin, Campo Belo, Itaim-Bibi, Moema e Vila Olímpia.
Eles são jovens, têm dinheiro, mas escolheram o caminho do crime. Uma reportagem do Domingo Espetacular vai mostrar quem são e como agiam os rapazes que foram presos esta semana. E a reação das famílias, ao descobrir que os filhos eram criminosos.
SBT Brasil

Polícia prende mais três suspeitos da “Gangue dos Playboys”


publicado em 1/8/2012 às 20:40