domingo, 27 de março de 2022

2022, vamos sambar! Lulalckimin não é reedição de 2002, mas é o que sobrou para uma esquerda que prefere o ostracismo.

A semana esquentou. Alckmin no PSB com afagos para Lula (ver: https://twitter.com/UOLNoticias/status/1506653851730030598), Pastores evangélicos em guerra pelos recursos do MEC - MINISTÉRIO da Educação, pesquisa Datafolha confirmando favoritismo de Lula em todos os cenários de segundo turno e "Lulapalooza".

Para saber: votar em Lula agora é garantir um tipo de estagnação do bolsonarismo, e não a sua derrota. Isso é bom? Diante do quadro atual de destruição dos serviços públicos e riquezas ainda restantes sob controle do estado brasileiro.

O voto ideológico no Brasil tem extremos e uma massa no meio, não há nenhuma força político partidária que possa afirmar que detém uma base eleitoral capaz de ser ideológica, mesmo no PT há um percentual que deve beirar 30% dos seus filiados/as (é muito internamente, mas não na disputa da sociedade) que se enfrentam em tendências, correntes, teses e grupos, que também se cruzam e entrecruzam já que há recuos e mudanças na base. Quem quer saber se isso se comprova é ver no espectro das chapas que concorrem ao PED (eleições internas), onde devemos olhar para os votos nas chapas e não nas candidaturas ao cargos da presidência do partido. A própria esquerda do PT, que seria oposição a lógica recuada perdeu muito nos últimos anos, não conseguiu reagir numa "onda" classista e hoje, mesmo dividida, se unida teria cerca de 15%. Os demais são o centro-esquerda, centro e os majoritários que logo em breve deveriam ser denominados liberais de esquerda (desse último, o Lula faz parte, mas na sua narrativa isso não importa).

Então, votar em Lula não é votar na esquerda? Podemos afirmar que votar em Lula é votar num novo projeto de desenvolvimentismo. Ponto! 

Resolvido isso, podemos na esquerda ficar tranquilos. Na história eleitoral, a esquerda já tomou decisões mais difíceis, seja quando Prestes pelo PCB apoiou Getúlio Vargas na década de cinquenta, Brizola recuou pela posse de Goulart, o PT apoiou Covas contra Maluf, enfim, não precisamos concordar, mas reconhecer que esse momento histórico agora é nosso e é nosso abacaxi para descascar.

Por isso, se você reconhecer que no espectro das candidaturas  da terceira via as opções são inseguras e mais do mesmo ou fascismo de gravata ou neoliberalismo-fascista, diante do capital político do grande líder dos povos isso limita a um primeiro turno com cara de segundo turno. 

Parece simplismo, pois não considerei Ciro Gomes. Muito pelo contrário, o novo trabalhista é o antigo tucano que foi o antigo socialista, como também o último ministro dos governos Lula, ou seja, fez escolhas e está sendo avaliado por elas, o resto é propaganda eleitoral.

Já é diferente do novo convertido, sr. Geraldo Alckmin. Primeiro, não há comparação entre José de Alencar e Alckmin. Alencar faz parte de uma articulação com o capital empresarial-industrial, é parte da "carta aos brasileiros" é outro momento da história. Alckmin é a expressão da chamada "radicalização da sociedade", e vai representar a unidade dos extremos pela "pacificação do país", é o novo-velho desenvolvimentismo capitalista em bases seguras. E para aqueles que gostam de fazer comparações (coisa horrível em política) podemos dizer que é uma aliança JK-Lacerda, e quase deu certo quando tentaram a "frente ampla" contra a ditadura militar.

Nesse momento histórico fizemos inúmeros ensaios, análises, avaliações, novos rumos, etc, etc. O termo trabalho de base voltou pós 2016, sem definir que tipo?, pra que?, que programa?...ou seja, palavra vazia, em 2018 a resistência eleitoral com Haddad-Manuela só provou que a unidade do campo de esquerda faz diferença para uma parcela do eleitorado que percebe ameaças a democracia, mas é limitada, e parte da classe assalariada média compõe esse grupo. E de 2019-2022 se não fosse inclusive pela pandemia, nunca saberemos o que seria viver um governo fascista sem essa interrupção mundial. 

Então, voltamos para o principio: em 1989 a candidatura de Lula foi a ameaça da classe trabalhadora pós ditadura militar, isso deu folego e alimentou sonhos es esperanças. em 2002 a vitória de Lula ocorre com um outro PT, já maduro na institucionalidade e certo de que precisa se agarrar nisso para construir seu projeto de poder (que para nós, da esquerda ainda ficou confuso, ainda mais com Meireles no Banco Central), porém, a direita e burguesia não falham, seguem fazendo o que melhor fazem a muito tempo, manter seu controle político ideológico e hegemônico.

Então, no momento é momento de estancar a sangria. O que virá depende de novo da questão: ainda há luta de classes? (para mim com certeza, mas isso não basta)