quinta-feira, 13 de junho de 2024

Governo Lula é uma coisa, o PT deve ser outra! Votação do projeto de lei do estuprador (PL) 1409/2024 e redução de recursos da educação e saúde vão enterrar o PT e a esquerda.

 

https://criancanaoemae.org/

Preferia não escrever esse artigo. Mas o momento exige atenção: o fascismo bolsonarista esta pautando a sociedade e deixando o governo amedrontado. Quem preferir a estupida e medíocre posição dizendo que a  (PL) 1409/202, lei pró estuprador é um risco menor e que o governo Lula tem "problemas" maiores recomendo que se é filiado, se desfilie do PT. 

O PT se orgulha de ser o primeiro partido a criar uma secretaria de mulheres, mas parece que não compreendeu nada no processo de impeachment de Dilma e os ataques aos direitos de mulheres durante os governos Temer e Bolsonaro, e agora com a omissão da liderança do governo Lula. (https://www.ocafezinho.com/2024/06/13/a-irritacao-com-lider-do-governo-que-nao-conta-votos/) 

Sabemos de onde vem a imposição pela aprovação dessa PL pró estupradores. Vem da bancada fascista bolsonarista que tendo atendido parte de sua pauta econômica pelo próprio governo do Lula, vamos lembrar que arcabouço fiscal foi uma grande articulação que contou com apoio de setores do bolsonarismo, e agora a proposta de reduzir as despesas obrigatórias com saúde e educação questão sendo discutidas pelo ministro Haddad foi antes uma proposta do sr. Guedes-Bolsonaro, que não passou.

Ou seja, ganhamos as eleições, porém não estamos atuando nas questões que são fundamentais para fortalecer as lutas do povo brasileiro. Lira governa mais que Lula contra o governo Lula. 

Um bombardeio do projeto moralizante e ultraconservador ataca não o governo, mas suas bases sociais de um lado e Lira faz recuar o governo de outro. Sinais de desestabilização? Sim, não há duvidas.

O fascismo bolsonarista quer minar as bases sociais e ataca mulheres, população LGBTQIA+, negros e negras, trabalhadores e até as praias entraram na lista de enfrentamento contra o povo brasileiro. Caminhamos para um Estado liberal na economia e controlador dos corpos e vidas da maioria, o risco de um Estado teocrático conservador é presente.

No campo de luta entre capital e trabalho, nós trabalhadores perdemos de longe nesse terceiro mandato de Lula, pois, nada da reforma previdenciária e trabalhista foi revogado, a única pauta interessante que é a questão que retirar a desoneração da folha de pagamento, que não criou um emprego novo para classe trabalhadora e apenas manteve as margens de lucro dos empresários, nem essa vingou, está no impasse a favor do capital.

Agora estamos caminhando para um ponto que é o limite! 

Se governo e partido são diferentes, palavras do presidente Lula, para quem governar é fazer alianças e partido, no caso o PT é parte dessa aliança, e onde o presidente mesmo afirma que mesmo sendo do PT, governa para todos. Então temos uma dura escolha a fazer: avançar ou recuar como partido.

Gleisi como presidenta do partido na questão da redução das despesas na saúde e na educação se posicionou contra e fez certo, mostrou posição, que é histórica na defesa da manutenção dos recursos desses direitos sociais. E as bases? Estarão os filiados e filiadas unidos e com compreensão suficiente de que não se trata afrontar o governo Lula, mas defender direitos fundamentais? O lulismo é um cancêr que cerca toda posição necessária do partido, depõe até contra o próprio Lula.

Lula podia ter dado uma bola dentro no caso das greves dos servidores públicos federais da educação e ter dado recado que precisou ser dito no Primeiro de Maio: de que durante o seu governo, ou os trabalhadores se organizam e vão pra cima e assim podem avançar ou nada virá. Porém, essa não foi a fala, preferiu dar um "pito" nos trabalhadores em greve, a ter que admitir que o PAC universidades só foi possível pela luta necessária dos servidores públicos federais da educação.

Até as 21h45 desse dia 13 de junho de 2024 o site oficial do PT está calado sobre a aprovação recorde (23 segundos) da PL dos estupradores, apenas a Secretaria de Mulheres se posicionou:


Dando a melhor e a pior das indicações: A melhor é de que segue em luta as companheiras organizadas no partido, contudo, na pior situação possível, parecendo que essa luta é localizada apenas a um problema "das mulheres", isso não é pouca coisa diante dos ataques diários dos fascistas bolsonaristas no Congresso. 

Na contramão, o ato convocado as pressas pelo Brasil reuniu em pouco tempo milhares de militantes e ativistas reuniram em pouco tempo um amplo número de participantes, muito mais do que os atos convocados para defesa democracia em 08 de janeiro ou 01 de maio ou o ato das centrais sindicais em 22 de maio desse ano, isso deve indicar que as esquerdas organizada em suas estruturas estão erradas na forma de mobilizar e pelo que e contra o que lutar. Mesmo no site do congresso 70% dos participantes se posicionou contra a PL dos estupradores, ou seja, há muito pelo que lutar desde que as pautas estejam unidas em torno da luta da classe trabalhadora. Essa PL dos estupradores não trata apenas do gênero, e sim ao direito humano das mulheres e isso precisa ser considerado urgente. 




Não dá mais para justificar a derrota ao problema do número de deputados e senadores. Esse argumento beira preguiça, despreparo, desprezo e incapacidade do maior partido de esquerda da américa latina em reconhecer que não é o único na esquerda e que se não construir um bloco parlamentar, enfrentando, chutando, utilizando dos recursos e destruindo diretamente as bases sociais da direita ou será soterrada pela lógica parlamentar tradicional das elites. Alguém outro dia disse que o México pode repetir o risco que Dilma sofreu aqui. Desculpe, precisamos estudar mais um pouco e parar de achar que o Brasil é a referência das esquerdas e da resistência sulamericana, não é. 

Claudia Sheinbaum foi eleita no primeiro turno, reproduzindo as informações do site OperaMundi: "Na Câmara dos Senadores, o futuro governo de Sheinbaum conseguiu maioria simples: dos 85 necessários para a maioria qualificada (ou seja, dois terços do recinto para votação), elegeu 83 senadores, somando todos os partidos de sua coalizão, o Continuemos Fazendo História. O Senado mexicano é composto por 128 cadeiras. Com a maioria simples, o Morena é a sigla com maior número de senadores na câmara, mas isso não garante que, sozinho, obtenha mais de 50% dos votos necessários para a aprovação de um projeto ou pauta no recinto. Já em Deputados, o partido de AMLO conquistou a maioria qualificada na câmara com 372 senadores da coalizão vitoriosa do último domingo. Do total de 500 deputados na câmara mexicana, a maioria para garantir a aprovação de projetos é adquirida com 334 cadeiras. Foram 247 apenas com os votos diretos ao Morena, somados às 50 conquistadas pelo Partido do Trabalho (PT) e as 75 do Partido Verde Ecologista do México (PVEM)." (https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/partido-de-amlo-obtem-maioria-no-parlamento-mexicano-com-partidos-aliados/). E melhor ainda, o sistema mexicano não tem vice, esse cargo foi extinto na constituição de 1917, ou seja, não precisa nem se preocupar com um Temer mexicano.

Para ser maioria é preciso organizar uma estratégia para ser maioria. Essa federação de interesses que ronda o PT, com cada mandato sendo um governo a parte e a ausência de um colegiado de fato, e não fictício, com um líder guiado pela estratégia e um partido a frente na construção de uma base social (e não apenas eleitoral) faria com que pudéssemos nos preocupar menos com a idade de Lula e mais com o futuro do PT. 

A única coisa que faria eu romper e sair do PT seria a alta traição na questão das despesas com saúde, educação e previdência, onde se Haddad seguir a cartilha de Paulo Guedes - bolsonaro, bom então está declarada a morte do PT. Registro e quero ser cobrado por isso. 

Fora isso, só expulso saio daqui. Depois que Marta golpista voltou, fico com a minha dignidade em combater (filiado) as cagadas do partido.   







segunda-feira, 3 de junho de 2024

O PT de Guarulhos escolhe perder?



 O gutismo é a velha vagabundagem governante. Todos, sem exceção, desfilaram nos cargos dos governos do PT (Seja Eloi ou Almeida), o próprio candidato do bolsonarismo, Jorge Wilson se aliou ao PT e teve seu lugar ao sol.  Quem não se beneficiou jamais foi perseguido como o bolso-gutismo se colocou ao longo desses oito anos, petistas ou colaboradores, todos foram perseguidos de alguma forma, mesmo diante da inercia do partido, até onde sei, todos e todas sobreviveram de alguma forma, com algum medicamento ou forma de de adaptar, outros escolheram se aproximar da base do governo e ficar com seus interesses. Nessa situação a questão que fica é porquê aqueles que estão em posições de direção ou liderança parlamentar preferiram deixar os companheiros (as) a mercê das perseguições e sofrimento. Perseguições e sofrimentos pelo que fizeram no passado: apoiar, defender e lutar em defesa do governo do PT, com todos seus limites e erros programáticos.

Ausência de avaliação para construir a defesa dos 16 anos de governo do PT deixaram o fascismo gutista impregnar a ideia de que desde a colonização do Brasil até 2000 Guarulhos foi província "bem governada" e cidade em franco progresso e que os governos do PT é que levaram a cidade ao atraso. Essa foi a estória vendida e comprada, para agora vivermos numa coxias de 60% jumentos bolsonaristas.

Fomos derrotados nas ideias. 

Agora por mágica ressurge o PT. Diferente, descaracterizado, apenas lulista e nada partido coletivo, organizado e mobilizado para disputar a sociedade. 

De eleição em eleição perdendo identidade popular, social e enfrentamento na defesa dos interesses da classe trabalhadora.

Como desgraçadamente previsto, não se pode criticar Lula, falar de luta de classes, classe trabalhadora, fascismo, imperialismo, enfim, o vocabulário petista está preso ao momento, fora do governo lembramos da origem de classe, dentro do governo o mundo muda, a república funciona e a democracia liberal é assim, limitada e temos que aceitar. Não há quem prove o contrário, pois a realidade é dura.

E Guarulhos? Saflate tem refletido sobre a morte da esquerda, e analisando o cenário guarulhense ele tem razão. A cidade não é mais operária, está se tornando num grande armazém, encoberto sobre a forma da "logística", na verdade a cidade virou um galpão de tranqueiras que no capitalismo dependente brasileiro apenas faz parte do enredo desse teatro terrível da estagnação do crescimento, bem diferente de desenvolvimento.

Já perdi tempo explicando  que a divisão das duas forças políticas no PT, de um lado Alencar e da outra Eloi era um equivoco, o momento não exigia esse tipo de imaturidade, e mesmo que a coalisão exigisse sacrifícios, derrotar esse projeto que transformou a prefeitura em uma emaranhada rede de esquemas que poucos se aventuram a desatar, a drenagem dos recursos públicos seja por todo tipo de terceirização, a destruição de serviços que pareciam consolidados como a educação e um próximo governo endividado pelo córrego Baquirivu. 

Dizer que um escolheu sair do PT e outro ficar para "preservar" ser de esquerda é apenas fazer parte da plateia de um ou de outro, isso não responde a questão da tática e da estratégia em retomar um projeto de esquerda que faça sentido para o conjunto da população. 

Guarulhos poderia ter deixado de ser apêndice da capital paulista, mas a inercia político ideológica dos governos do PT, rendição ao instituição, certeza da permanência no poder, uma rede de interesses que conflitavam com a ideia de governo popular, a exaustão de uma década no poder, conflitos internos do petismo, ausência de debate político interno, falta de vontade em refletir sobre o papel do governo para avançar a cultura política da população, desestabilização das organizações sindicais e populares, medo dessas mesmas organizações, tudo isso e muito mais jogou 60% da população/ eleitorado no colo do bolsonarismo fascista. A última pesquisa da "Paraná pesquisas" não deixa duvida: o gutismo está de saída com reprovação do governo em torno de 30%, até compreendemos, mas o governo Tarcisio com mais 60% de aprovação, e pergunto: "aprovado pelo quê?" 

Não basta ocupar as ruas como bloco de carnaval que aparece uma vez por ano. As ruas devem ser ocupadas sempre, pautas, lutas e causas não faltam.

Pelo clima e termômetro dos grupos, candidatos e interesses, o lado de cá, a esquerda morreu mesmo, eleitoralmente irá para as ruas, fracionada nas diversas candidaturas que buscam seu lugar de fala na Câmara Municipal. Mas e o programa de governo? Do lado de cá nenhum movimento, alguns até arriscam dizer: "perda de tempo!" E o tempo dirá que esse erro e essa falta de juntar pelo que interessa os coletivos vai custar caro.

Há tempo de recuperar? Ideologicamente há sempre tempo, mas haverá disposição? 

Amadurecer é bom e ruim ao mesmo tempo. Me permite refletir e agir de forma direta. Me torna assertivo no caminho, porém, me traz dores insanáveis, como não poder contribuir para que um lugar que foi tão fundamental na minha vida militante que é esse PT. E eu sei que esse mesmo lugar caga e anda sobre quem sou ou quem fui, assim paraliso. 

Sigo tentando contribuir para derrotar o fascismo, principal subproduto do neoliberalismo que quer como uma maldita ideia de moral burguesa, repetir o erro que os próprios liberais corrigiram via Welfore State, para salvar a si próprio e o sistema evidente. 

Não há vitória da classe trabalhadora na crise do capital, pois o lado de cá sofre mais. Estamos vendo isso no Rio Grande do Sul, vivemos isso na Covid-19 e em todas as crises dessas últimas duas décadas. 

Nós devemos ser a crise! Nós devemos paralisar o sistema. Nós devemos causar o incomodo que exige mudanças!

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"Sair de casa pronta pra peleja é lei
O fogo amigo é trégua na madruga
A trombeta soou, não era chá, eu sei
Não haveria mansidão nenhuma

Pisar com segurança nesse novo chão
A ocupação se dá de tal maneira
É guerra sem quartel, embate com razão
Pra pertencer e ser em toda esquina

Em toda esquina

Gente se junta pra fazer revolução
Gente se junta pra falar besteira
Com quem tu andas? Quem é que te estende a mão?
Veja que rua é pra vida inteira
Se na bandeira resta algum coração
Quando ele pulsa, ela sangra vermelha
E nas ladeiras pra subir tem sempre um não
Ladeira abaixo é assim, a noite inteira

Desafiando a norma do que deve ser
Que domicílio seja mundo afora
Tem hora que o que vale é argumentação
Tem tempo de bailar a noite inteira

A noite inteira"


Noite Inteira - Pitty (part. Lazzo Matumbi)