O cenário ainda não está certo. No plano federal a situação parece favorável para Lula e dos estados, São Paulo tem na liderança a reeleição indesejada de Tarcísio. Isso reflete em muito o que o fascismo brasileiro pretende nesse momento: manter e ampliar os dedos sujos no que puder, enquanto parte da esquerda se segura no lulismo. Esse cenário pode e deve expressar o que devem ser as tarefas da esquerda para o próximo período. Nadar contra realidade não é uma opção. E eu mesmo que defenda, atue e deseje uma saída revolucionária, reconheço que fomos dragados pelo modelo eleitoral e o processo da redemocratização realocou a esquerda da resistência armada para uma resistência institucional, compreensível diante do terror do período militar, mas o terrorrismo neoliberal foi mais rápido que a Constituição de 1988 e atropelou a classe trabalhadora.
Não bastasse o controle político das elites com seus representantes, a velha guarda da direita envelhecendo e a nova geração alimentada pelo egoísmo neoliberal quer terra arrasada em todos os campos institucionais, como uma praga devora os recursos do Estado por todos os lados, da farsa das privatizações, a roubalheira das pseudo organizações sociais e da precarização dos serviços públicos esse processo que criminaliza servidores públicos que não podem ser controlados pela escória neoliberal e distribui privilégios rotativos para políticos cada vez mais medíocres que não se contentam apenas com pequenas trocas, agora querem exercer uma tarefa que não lhes pertence, o de executar recursos por meio de emendas parlamentares ocultas, sem controle e planejamento público.
No meio do caos a pequena, mas corajosa atuação parlamentar da esquerda - nem toda evidente - tem resistido a pilhagem e buscando manter o "moral das tropas" com a mobilização dos atos de rua, nesse campo ainda estamos navegando em águas confusas, em tese o empate, como registrado pela USP que monitorou e quantificou tanto o ato pela anistia aos golpistas de 08 de janeiro e os atos contra a PEC da Bandidagem, sendo que em São Paulo ambos empataram, 42 mil para cada lado.
Não é segredo que o bolsonarismo fascista tem priorizado o fortalecimento parlamentar numa estratégia que vai desde controle do legislativo e inviabilizar um quarto mandato de Lula. Nem é preciso argumentar muito sobre as tarefas da esquerda diante desse quadro, contudo falta decisão. Decidir o que será prioritário?
Mesmo que o estado de São Paulo com Tarcísio na frente das pesquisas represente um problema sério, a indicação das pesquisas de que Haddad segue na liderança é um sinal de qual prioridade estamos falando.
Não é momento de barbeiragem, talvez precisemos de um (a) humorista sério e bem posicionado (a) para enfrentar o bolsonarismo de Tarcísio na tarefa de candidato (a) a governador (a) para desestabilizar a folga fascista estadual e investir pesado em uma das vagas para o senado e tentar, porquê não, as duas e buscar eleger senadores pelos demais estados, com identidade ideológica e alinhamento, sem essa de "aliados na direita", a votação da taxação dos bilionários provou que os cargos no governo representam menos do que o financiamento oculto que banca essa thurma. Preservar e ampliar as bancadas estaduais e federais pelo país afora, mantendo nomes fundamentais hoje na trincheira parlamentar.
Não é hora de errar muito, mas errar menos. Não é momento de divergências intestinais, mas de bons antiácidos.
Todo momento é importante para o futuro. Contudo há momentos em que se não reagir, não haverá futuro!