Porque aos povos indígenas esta reservado o esquecimento e não a reflexão sobre a brutal destruição de suas culturas, a invasão de suas terras (desde a vinda - não bem vinda - do colonizador português), as etnias dizimadas pela luta dos povos da floresta contra os seus assassinos que vão desde os bandeirantes, aos latifundiários, os mineradores e agora o agronegócio.
E os trabalhadores/as rurais sem terra? De fato como os povos indígenas nao há nada a comemorar, justamente porque dia 17 de abril representa o dia de luta pela reforma agrária para lembrar e resistir o massacre de Eldorado dos Carajás no Pará que (também), brutalmente a polícia militar a mando do governo do PSDB assassinou sumariamente, desarmados e sem direito a defesa 19 militantes sem terra.
Abril ganha uma nova identidade para os povos que apimentam o outono com suas lutas, ocupações, ações político-culturais e buscando na comunicação um dos espaços estratégicos para travar a disputa pelas idéias e suas reivindicações.
Guarulhos tem ambos componentes, seja pela pergunta que deveria ser feita pelos nossos cidadãos e cidadãs quanto a origem do nome "Guarulhos" ou pela lei que instituiu o dia 17 deste mês como dia municipal de luta pela "reforma agrária".
Mas porque isso? Para reafirmar a identidade do nosso povo com um processo de desenvolvimento de país que não deve desconsiderar as desigualdades sociais geradas pelo capitalismo e suas conseqüências no Brasil, bem como o pertencimento ao povo brasileiro no enfrentamento das injustiças sociais que formaram a cidade de Guarulhos: indígenas, negros, imigrantes italianos, portugueses, japoneses, espanhóis, migrantes nordestinos, do norte...uma diversidade que forma um povo e um país.
As lutas populares são legitimas para chamar a atenção da sociedade para uma urgência social e histórica: o Brasil precisa preservar suas raízes étnico históricas, respeitando os ritos e preservando a memória dos povos indígenas e aos trabalhadores rurais a necessária redistribuição de terras para quem nela trabalha e produz. Abril será na canção de Gilberto Gil a representação desta sociedade que precisa mudar: "oh mundo tão desigual, tudo tão desigual. De uma lado esse carnaval, do outro a fome total". Seguimos lutando na certeza que sempre haverá uma nova primavera.
Wagner Hosokawa
militante da esquerda socialista do PT de
Guarulhos (SP), assistente social e
secretário municipal da Assistência Social