quarta-feira, 10 de novembro de 2010

É hora de parar, refletir e pensar mais em nosso projeto de sociedade!

Um sinal de que desenvolvimento econômico não pode vir sozinho sem um projeto de sociedade está expresso numa notícia (que reproduzo abaixo) que deve deixar em alerta a todos (as) nós militantes de movimentos sociais e partidos de esquerda. O neoliberalismo só foi derrotado em termos politicos no âmbito da administração do Estado, ou seja, vencemos eleitoralmente e governamos a partir de novos paradigmas de desenvolvimento econômico, social e político, mas sem esquecer que isso não representou (e representa) o rompimento com os marcos que estabeleceram a política neoliberal: privatização e desregulamentação.
Isso nos coloca um desafio necessário: enfrentar o paradigma da transformação das relações sociais e observar que a opressão e a exploração - elementos principais dessa sociedade capitalista - esta presente e reinante nessas relações.
Por isso, mesmo considerando os avanços do nosso governo (Lula) e entendendo que a luta eleitoral que foi travada contra Serra acabou por ser uma das mais duras devido a opção conservadora, totalitária e atrasada com o baixo nível e a desqualificação da candaidatura de Dilma, como mulher principalmente com todos os adjetivos usados contra ela (incompetente, incapaz, sem experiência, conduzida por homem, etc, etc), mostraram a cara do PSDB/Dem -a defesa dos interesses de uma classe - os muito podre de ricos. (porque mesmo os ricos médios, estes ficam de fora do seu projeto).
Minha tendência é classificar nossa opção de desenvolvimento "conservadora" - pois mantemos a mesma política econômica, presa aos mesmos fantasmas - cambiais, inflacionários, especulativos, etc), com uma política de redistribuição de renda mais vigorosa do que nos tempos de FHC que buscou eliminar qualquer política social estatal.
Dito isso onde quero chegar? Simples, ao ver a matéria publicada no "estadao on line" (09/11/2010) de que um grupo de homens embriagados saem de uma festa de casamento e agridem brutalmente um rapaz que estava trabalhando na condição (indigna) de flanelinha só pelo fato de impedir a agressão a um adolescente que foi acusado de supostamente estar "riscando um dos carros", isso me deixa profundamente preocupado.
A ausência de dialogo sobre a suposição de estar "riscando os carros". A covardia de agredir um adolescente - sem que houvesse qualquer chance de defesa verbal ou fisica. A noção errada de justiça a ser feita com as próprias mãos - se os "adultos" fossem não letrados poderia até alegar ignorancia no ato violento, mas não. E o fato de haver a gratuidade da violência, pois a frustração da vida cotidiana acaba por gerar cada vez mais pessoas amargas - no trânsito, no local de trabalho, na vivência do dia a dia.
Quando digo sobre a necessidade de mudar o paradigma das relações isso esta principalmente em nossa responsabilidade enquanto militantes que devem a partir das nossas possibilidades - ogvenros, mandatos, partido, etc, mudar e retomar o projeto.
Ou senão forjaremos essa "classe media" - que não é nada mais, nada menos que um extrato da classe trabalhadora e que é tão vitima da exploração quanto as demais parcelas da classe e que pela sua IGNORÂNCIA, vai ser ter as referencias das lutas sociais e populares das últimas decádas olhar para os nossos governos petistas e ver apenas o "partido que esta na ordem".
É hora de refletir sobre nossos rumos. E botar o bloco na rua, de fato!
Segue a matéria:
Guardador de carro é espancado em festa de casamento no interior de SP

Grupo de oito pessoas usou tijolos e paus contra vítima; briga começou após suposta discussão
09 de novembro de 2010 11h 39
José Maria Tomazela - O Estado de S. Paulo

SOROCABA - O guardador de carros Flávio Roque, de 39 anos, foi brutalmente espancado por um grupo de oito pessoas que saíam de uma festa de casamento, na madrugada de domingo, em Sorocaba, a 92 km de São Paulo. Os agressores, que estariam embriagados, usaram tijolos e paus contra a vítima e ainda pisaram sobre sua cabeça quando estava caída.

Médicos disseram, se sobreviver, Flávio ficará com sequelas. Na imagem, a irmã mostra foto da vítima. O homem teve traumatismo craniano, passou por três cirurgias e permanecia internado nesta terça-feira, 9, em coma, no centro cirúrgico do Hospital Regional de Sorocaba. Os médicos disseram à família que, se sobreviver, Flávio ficará com sequelas.

A festa era realizada num salão de eventos alugado, no Jardim Santa Fé, próximo do centro da cidade. Na saída, um dos participantes foi avisado de que um guardador menor de idade teria riscado seu carro. O rapaz e dois amigos passaram a agredir o menor, quando Flávio interveio. O grupo avançou contra o homem, que é franzino, e começou a espancá-lo. Flávio caiu e continuou sendo agredido. Um dos agressores quebrou um tijolo na cabeça da vítima.

Outros guardadores tentaram defender o colega e também apanharam - Marcelo Proença Carvalho foi atingido por um golpe de pau. "Foi um massacre", disse a advogada Juliana Torres, amiga da família. "Uma discussão banal virou um ato de selvageria."

Segundo ela, seguranças contratados para a festa assistiram o espancamento e nada fizeram. O guardador foi levado ao hospital pelo serviço de resgate do Corpo de Bombeiros. A Polícia Militar identificou quatro dos agressores, mas ninguém foi preso. Eles são moradores de Araçoiaba da Serra, cidade vizinha.

A Polícia Civil, que abriu inquérito, pretende ouvir os envolvidos esta semana. Também deve requisitar as fitas de câmeras instaladas no recinto, que podem ter gravado as agressões.