segunda-feira, 24 de março de 2014

Essa eleição já passou ou ainda dá pra programar?




Essa eleição já passou ou ainda dá pra programar?

Dilma está bem nas pesquisas. Porém se não fosse pela gestão federal, combinemos que os candidatos de oposição também ajudam bastante. Fracos, dissimulados, com passados recentes de descaso com recursos públicos, incoerencia de discursos e ausência de projeto alternativo para o país.

Assim estamos caminhando para uma eleição onde o “status quo” dos debates, as produções das TV's e o clima de morosidade das campanhas irão bater na porta do eleitor (a), mas não quer dizer que entrará porta adentro. Tragico.

Para um petista com raízes no socialismo tragedia anunicada. Masi quatro anos sem muito avançar em pautas que são sensiveis e necessárias ao Brasil, entre elas: reforma agrária, lei de combate ao trabalho escravo, descriminilização do aborto, entre outras, que deveriam unificar as esquerdas em reformas que reunem o melhor do desenvolvimentismo ao melhor da socialização de direitos.

Caso não haja um programa minimo, viveremos perguntando o porque das manifestações, novas marchas pela ditadura civil militar, mais jovens que entram pelos programas sociais e saem pela visão conservadora das grandes empresas do capital. Ideologia dominante não pode ser retorica de universidade, mas uma questão que está sendo cada vez mais colocada e posicionada.

A direita e suas elites querem seu brinquedo de volta, o Estado!

Nosso problema é o maior partido de esquerda da America Latina não saber para onde queremos ir na condução do Estado. Não me falem de desenvolvimentismo, crescimento de renda,programas sociais, etc., e bla,blabla, nós já provamos que somos bons nisso.

Agora precisamos ser bons naquilo...no abalo necessário das estruturas da sociedade por onde o Estado tem influencia e poder de construir uma nova consicencia, um novo pacto, uma nova ideologia.

Ser acusado de “comunismo” num governo de coalisão e de “humanização do capitalismo” só nos remetem a idéia de como a direita conservadora (assalariada na média) é antiquada. A movimentação dos gagás dos círculos militares e o apoio oculto das elites reunem um clima de “mudança” as avessas. A mudança foi em 2003 com a vitoria de Lula nos termos e marcos já debatidos e no que foi possível fazer.

É hora de retomar o tom da mudança, da nossa mudança que iniciamos em 2003 e pode cair no colo dos “mudancistas” conservadores de agora. Eles com 500 anos de controle e exploração e nós poucos 12 anos, como retomar essa importante questão?

Volto a pergunta inicial. Vamos passear no parque das eleições de 2014 ou haverá possibilidade de reunir força para um programa minimo da classe trabalhadora?

Em tempo: a mídia serviçal dos interesses do capital não para...é refinaria de petróleo, estádios...até a crise de abastecimento de água que é de incompetência do PSDB paulista recai sobre o governo federal.

quarta-feira, 19 de março de 2014

A hereditariedade na política, um mal a ser combatido?


Se para Marx a herança uma das tramas da rede do sistema capitalista, por proporcionar que o burguês indiretamente ou legalmente pudesse transferir o seu poder para o seu primogênito seguinte era um mal a ser abolido, o que pensar na hereditariedade na política.

A naturalidade da questão esconde a verdade do gesto. Pais e mães "bem sucedidas" na vida pública acabam por garantir melhores condições socioeconômicas para os seus primogênitos, isso é justo todos queremos que os nossos sejam beneficiados. Agora não bastasse essa transferência, há também as relações sociais, essas mais determinantes.

Na sociedade ou na política é preciso ter esse recorte de classe. Numa sociedade onde as oportunidades são determinadas pelos limites e interesses do capitalismo, a vida pública e o exercício da política também.

É muito particular na trajetória da política brasileira o patrimonialismo e o patriarcado como simbologias  de controle pelas "famílias" que detêm o poder político, e não poderia ser diferente na transferência hereditária desse poder.

O problema é quando isso se reproduz gradativamente na esquerda. Cargos e posições reservados aos seus primogênitos e evidente suas relações, limitando e dificultando a ascensão de militantes destacados para tarefas e ações. Abre-se mão do militante forjado para assumir postos necessários para condução dos trabalhos no horizonte coletivo, por versões modernas do biotipo de dirigente das castas, aquele que  entra pelas relações, seduz pelos currículos familiares e ascende para o topo sem nunca ter construído tal posição. 

Evidente que longe dos círculos do poder, qualquer militante mais  destacado que seja nunca será alçado para grandes tarefas, a ele ou ela será reservado a ilusão em forma de pequenas tarefas com sentido grande, porém sem expressão e de evidente manutenção de um status quo na organização.

Diferente dos intelectuais que ascendem pelos títulos e posições na academia, este ser social da hereditariedade nem sempre é o vilão, mas produto de um processo de construção "natural" pois o filho (a) de fulano ao conseguir ser incluído em bons "bancos escolares", deve contribuir na sequencia para algum nobre ministério ou secretaria.

Isso introjetado indiretamente ou naturalmente em um partido de massas como o PT representa o abismo entre sua militância política e seus dirigentes. É uma questão nova, mas que precisa ser entendida para acabar com certas "frustrações" de militantes que mesmo com seu alto grau de compromisso e atuação nunca serão lembrados para tais tarefas.

Mudar a cultura política desta sociedade do capital é fundamental, porém a lição de casa se faz em nosso próprio meio. Não haverá partido que possa forjar seus quadros para novas tarefas se não ousar em construí-los.

Não menosprezo a oportunidade de nossos primogênitos, mas no socialismo eles como todos e todas os filhos e filhas da classe trabalhadora o merecerão pela mesma e igual condição: de serem militantes. 

Evidente que o socialismo precisará equacionar o grave problema do ensino, da educação formal e da formação, bem como o mais amplo direito ao conhecimento civilizatório, de direitos humanos, universal, enfim, não há privilégios quando se socializa igualitariamente um direito, ressalvadas as questões de equidade no primeiro momento. 


sexta-feira, 14 de março de 2014

"A novidade lá no brejo da cruz...."



https://www.youtube.com/watch?v=NxK9PoHSgPc

"A novidade lá no brejo da cruz eram crianças que comiam luz...", essa música de Chico Buarque e Milton Nascimento retrata bem a situação das crianças nas regiões do semi árido em nosso país afora, realidades que mostram porque o ser humano é o ser vivo superior no planeta terra. Mesmo em condições sobre humanas consegue pensar na sua sobrevivência e projetar em seus sonhos dias melhores.

Já ouvi e vivi situações muito ligadas a essa trajetória dos homens e mulheres sobreviventes das secas e do abandono de Estado e que agora ao ter renda e até mesmo já aposentados e vivendo parte plena dos seus direitos demostram na mesa da cozinha o trauma dessa história: a abundância de comida é (segundo relatos) a forma como demostram ou querem bem os seus primogênitos diante da contramão do inicio das suas vidas.

Em tempos de capitalismo desumano, porque o selvagem ainda era minimamente humano, a escolha da humanidade está inclusive na centralidade da questão: quais efeitos piores podem ser causados pela forte financeirização do capital? A quem interessa cobrar os ativos desta bolha ou se beneficiar com ela quando houver um estouro maior que o de 2008? E claro, para onde irão se refugiar os ricos da real "umbrela corp." quando reunirem seus ativos bilionários frente a massas de povos nas ruas cobrando respostas para a crise do capital nessa escala?

O futuro não deve se preocupar com os seus mortos vivos de Hollywood pelas ruas, mas sim pelos vivos e que cairão em desgraça por um sistema cada vez mais sistêmico nas relações humanas, mais resumido nas formações e conhecimentos e mecânico no processo de formação de sociedade.

A globalização deu para as massas a possibilidade de expor as vísceras do sistema, porém será capaz de  ser entendido seu recado. O documentário "Trabalho Interno" retrata bem o que foi a crise econômica global do capitalismo em 2008, seus efeitos sobre os povos e países, além de concluir que o capitalismo é assim, mesmo em crise os perdedores (trabalhadores) perdem mais e os vencedores (elites) vencem mais e continuam desfilando sobre os tapetes dos palácios ou salões.

Se sabemos onde está a raiz do problema, porque não reagir? Décadas de modelo neoliberal respondem  o momento do não trabalho e do não conhecimento, o primeiro (segundo alguns intelectuais) a forte informalização do vinculo trabalho e manutenção da lógica emprego, você pode fazer tudo com os recursos tecnológicos existentes; o segundo é a forte popularização do senso comum global - menos leituras, menos reflexões, menos tempo para isto, menos análise critica da realidade, tudo menos para a ser teleologico e ontologico e mais resumos de conhecimentos para o ser ideo dominado.

Caminhos? Podem ser teias, redes ou relações interativas entre militantes ou ativistas ou pessoas que querem no literal mudar o mundo. No filme "O livro de Eli" a luta constante para que o protagonista chegasse a um lugar onde havia a resistência a esse processo de desconstrução da humanidade e do seu conhecimento é no minimo revelador da capacidade da humanidade em subverter contra a ordem estabelecida de um ser contra o outro.

Evidente, para quem lembra do filme independente de cada religião o sujeito principal do filme lutou para preservar a Bíblia, ao final ele tem o livro confiscado por  grupos que queriam tomar para si, mas a surpresa (desculpe quem não viu o filme), mas o sujeito principal pede lápis e papel para poder ditar o que havia concentrado e decorado em sua mente, folha por folha.

Comecei com música, termino com música: "podem me bater, podem calar, mas eu não mudo de opinião", só se inventarem um meio repressivo tão eficaz para calar nossa consciência! E isso ainda não é possível, por isso possível mesmo é transformar a humanidade.

segunda-feira, 10 de março de 2014

quarta-feira, 5 de março de 2014

Na tentativa de derrubar o governo da Venezuela, Estados Unidos buscam “a faísca para a transformação social”. do blog Viomundo

http://www.viomundo.com.br/denuncias/como-washington-busca-a-troca-de-regime-na-venezuela-e-na-ucrania.html


Na tentativa de derrubar o governo da Venezuela, Estados Unidos buscam “a faísca para a transformação social”.


publicado em 5 de março de 2014, às 10h34.

Carmona substituiu Chávez por três dias. Quem virá agora?


Agentes de desestabilização

Washington busca a troca de regime na Venezuela

por Garry Leech, no Counterpunch, em 04.03.2014


Tanto os protestos organizados quanto os problemas econômicos contra os quais os manifestantes protestam parecem ter sido orquestrados pela oposição com o objetivo de desestabilizar o país e derrubar o governo. Incapaz de ganhar o poder através do voto, a oposição venezuelana voltou-se para meios inconstitucionais para derrubar o presidente Nicolas Maduro.

Com apoio apenas limitado dos venezuelanos, a oposição se tornou dependente de ajuda externa dos Estados Unidos e da Colômbia, o aliado mais próximo dos Estados Unidos na América Latina. Os atuais protestos parecem representar a tática mais recente da campanha de desestabilização que Washington vem desenvolvendo contra a Venezuela por mais de uma década, inicialmente para derrubar o presidente Hugo Chávez e agora para derrubar seu sucessor, Maduro.

Desde o mês passado, manifestantes em várias cidades venezuelanas têm protestado contra os blecautes de energia e a falta de produtos básicos de alimentação. Mais de uma dúzia de pessoas morreram nos protestos. Enquanto eles são descritos pela mídia corporativa como manifestações espontâneas resultantes da crescente frustração com a incapacidade do governo de gerenciar a economia, um documento estratégico recentemente revelado sugere que os protestos são a tática mais recente da antiga estratégia de desestabilização orquestrada pela oposição com forças externas.

O documento, que foi obtido e publicado pela advogada Eva Gollinger, ilustra como as correntes manifestações na Venezuela foram orquestradas. Ele foi escrito pela FTI Consulting*, empresa baseada nos Estados Unidos, com duas organizações colombianas (Fundación Centro de Pensamiento Primero Colombia e a Fundación Internacionalismo Democrático) numa reunião de junho de 2013. Mark Feierstein, chefe das operações latino-americanas da Agência Internacional de Desenvolvimento dos EstadosUnidos (USAID) e líderes da oposição venezuelana, incluindo Maria Corina Machado, Julio Borges e Ramon Guillermo Avelado participaram da reunião.

O documento pede o restabelecimento da democracia na América Latina colocando como alvos os líderes políticos “pseudo-progressistas” da Venezuela. De acordo com o texto, “o plano, aprovado por consenso com representantes valorosos da oposição ao governo de Nicolas Maduro, foca nestes objetivos com o forte apoio de várias personalidades globais, com o objetivo de retornar a Venezuela à verdadeira democracia e independência, que foram sequestradas por 14 anos”.

Em seguida propõe quinze ações, incluindo uma que diz “manter e aumentar a sabotagem que afeta os serviços para a população, particularmente o sistema elétrico, o que resulta em culpa do governo por ineficiência e negligência”. Outra ação busca “aumentar os problemas com a escassez de produtos da cesta básica”.

O documento vai adiante para especificar ações violentas de desestabilização, sugerindo “quando possível, a violência deve causar mortos e feridos. Encorajar greves de fome longas, mobilizações de massa, problemas em universidades e outros setores da sociedade agora identificados com instituições do governo”.

O plano também pede o recrutamento de “jornalistas e repórteres venezuelanos e internacionais da CNN, New York Times, New York Post, Reuters, AP, EFE, Miami Herald, Time, BBC, El Pais, Clarin, ABC e outros”.

Finalmente, o plano pede a membros da oposição que “criem situações de crise nas ruas para facilitar a intervenção de forças norte-americanas e da OTAN, com apoio do governo da Colômbia”.

O documento estratégico propõe um calendário de seis meses para as ações. É interessante que os atuais protestos começaram sete meses depois do plano ter sido desenvolvido.

O presidente Maduro, como seu predecessor Chávez, tem alegado repetidamente que as elites econômicas da oposição, que controlam a produção privada de alimentos, tem deliberadamente criado falta de produtos básicos ao cortar a produção, estocar alimentos e exportar para a Colômbia, criando a impressão de que o governo está gerenciando erradamente a economia e gerando protestos civis. O plano estratégico claramente sugere que a oposição joga um papel na criação da falta de alimentos e nos blecautes elétricos, ambos atribuídos publicamente a mau gerenciamento do governo.

As três entidades que aparecem no título do documento tem relação próxima com Washington. A FTI Consulting é uma empresa global de gerenciamento de risco baseada na região de Washington, enquanto as outras duas, baseadas em Bogotá, destacam o papel do ex-presidente colombiano Alvaro Uribe, um linha-dura que foi o aliado mais próximo de Washington na América Latina durante seus oito anos no poder (2002-2010).

Embora a estratégia não se refira ao governo dos Estados Unidos diretamente, levanta questões sobre a possibilidade da empresa norte-americana de consultoria e de duas organizações colombianas estarem atuando de forma encoberta em nome do governo dos Estados Unidos. Tal estratégia estaria de acordo com a longa campanha de desestabilização de Washington contra a Venezuela com o objetivo de conseguir mudança de regime. A campanha envolveu apoio ao golpe militar de abril de 2002 que derrubou o presidente Chávez**.

O plano fracassou quando o maciço apoio popular a Chávez forçou o exército venezuelano a reinstalar o líder eleito democraticamente três dias depois.

Depois do fracasso do golpe, Washington intensificou suas tentativas para desestabilizar a Venezuela ampliando o apoio às forças de oposição sob a desculpa de “promover a democracia”.

Pouco depois do golpe fracassado, Maria Corina Machado, uma importante líder da oposição envolvida no golpe, formou a organizaçãonão-governamental Súmate para organizar e promover o referendo revogatório para tirar Chávez do poder. Os Estados Unidos financiaram a Súmate através da USAID e do National Endowment for Democracy (NED).

A Súmate se encaixava bem no NED, que foi estabelecido em 1983 para “promover a democracia” e organizações da “sociedade civil” no exterior. Na verdade, os objetivos do NED tem sido os de dar financiamento para forças políticas pró-Estados Unidos na América Latina, África e Ásia de forma a enfrentar governos que desafiam interesses dos Estados Unidos. Com este objetivo, o NED assumiu o papel de desestabilização antes jogado pela CIA em países como o Chile, nos anos 70.

Alan Weinstein, um dos fundadores do NED, disse em 1991: “Muito do que fazemos era feito 25 anos atrás de forma clandestina pela CIA”.

Depois que o referendo revogatório fracassou na remoção de Chávez do poder, em 2004, os Estados Unidos ampliaram ainda mais seu apoio à oposição e às tentativas de enfraquecer o governo venezuelano.

Um telegrama secreto mandado pela Embaixada dos Estados Unidos na Venezuela a Washington, que foi publicado pelo Wikileaks, se refere ao papel do Office of Transition Initiatives (OTI),da USAID.

De acordo com o telegrama, “o embaixador definiu a estratégia de 5 pontos da equipe no país para guiar as atividades da embaixada na Venezuela no período 2004-2006… Os focos da estratégia são: 1) Fortalecer Instituições Democráticas, 2) Penetrar a Base Política de Chávez, 3) Dividir o Chavismo, 4) Proteger Negócios Vitais dos Estados Unidos, e 5) Isolar Chávez Internacionalmente”.

O telegrama segue notando que “este objetivo estratégico representa a maior parte do trabalho da USAID/OTI na Venezuela… Os parceiros da OTI estão treinando ONGs para se tornarem ativistas… 39 organizações focadas em ações públicas foram formadas desde a chegada do OTI; muitas destas organizações como resultado direito de programas e financiamento do OTI”.

O telegrama destaca como era a estratégia dos Estados Unidos de infiltrar a então base primária de apoio de Chávez entre os pobres: “Um mecanismo eficaz de controle chavista aplica vocabulário democrático para apoiar a ideologia revolucionária do bolivarianismo. O OTI vem trabalhando para enfrentar isso através de um programa de educação cívica chamado ‘Democracy Among Us’. Este programa interativo de educação funciona através de ONGs em comunidades de baixa renda. … O OTI apoia ONGs locais que trabalham em bases chavistas e com líderes chavistas… com o efeito desejado de afastá-los vagarosamente do Chavismo”.

Entre 2006 e 2010, a USAID gastou cerca de U$ 15 milhões na Venezuela com uma porção significativa do dinheiro usada para financiar programas universitários e workshops para jovens, sem dúvida com o objetivo de “afastá-los vagarosamente do Chavismo”.

O papel proeminente dos estudantes universitários nos atuais protestos sugere que a estratégia dos Estados Unidos funcionou.

Encarando a ajuda dos Estados Unidos a membros da oposição como violação da soberania da Venezuela, a Assembleia Nacional venezuelana aprovou uma lei em dezembro de 2010 proibindo o financiamento estrangeiro de atividades políticas — atividades que, ironicamente, também são ilegais nos Estados Unidos. Depois da aprovação da nova lei venezuelana, a USAID/OTI transferiu suas operações da Venezuela para Miami.

O Escritório para Iniciativas de Transição (OTI) da USAID foi criado em 1994 e seus objetivos são claros: obter a mudança de regime.

De acordo com a USAID, “os programas do OTI servem como catalizadores de mudança política positiva… Aproveitando janelas críticas de oportunidade, o OTI trabalha em países dados a conflitos para providenciar assistência rápida, flexível e de curto prazo tendo como alvo necessidades-chave de transição e estabilização… Os programas do OTI são desenhados individualmente para atender às necessidades mais importantes da transição, focando nas questões decisivas que vão definir o futuro do país… O OTI busca parceiros para projetos que vão fornecer a faísca para a transformação social”.

O governo dos Estados Unidos não depende apenas da USAID e do NED para solapar o governo venezuelano.

Um documento de 2007da Agência de Segurança Nacional (NSA) tornado público no ano passado por Edward Snowden descreve “as prioridades daagência em 2007 para os próximos 12 ou 18 meses em termos de ‘signals intelligence’ (SIGINT) ou espionagem eletrônica”.

O documento lista seis “alvos duradouros”, seis países que a NSA acredita que precisam “ser alvos holísticos por causa de sua importância estratégica”.

A Venezuela é mencionada como um dos “alvos duradouros”, junto com a China, Coreia do Norte, Irã, Iraque e Rússia.

O objetivo da NSA na Venezuela era o de ajudar os “políticos dos Estados Unidos a evitar que a Venezuela atinja seu objetivo de liderança regional e que busque políticas que tenham impacto negativo nos interesses globais dos Estados Unidos”.

De seus escritórios em Miami, a USAID continou a apoiar as atividades daoposição venezuelana e seus aliados estrangeiros. O escritório do Solidarity Center [braço sindical do NED, ligado à central sindical norte-americana AFL-CIO] em Bogotá recebeu uma grande doação de U$ 3 milhões para dois anos em 2012, para operações não especificadas na região andina, inclusive na Venezuela. O Solidarity Center mudou suas operações venezuelanas de Caracas para Bogotá depois do golpe fracassado contra Chávez em 2002.

As atividades na Venezuela se tornaram impossíveis depois que foi revelado que o Solidarity Center financiou a Confederação Venezuelana de Trabalhadores (CTV), anti-Chávez, que jogou um papel instrumental no golpe fracassado.

De acordo com o sociólogo Kim Scipes, o escritório do Solidarity Center em Bogotá é gerenciado por Rhett Doumitt, que dirigia a organização na Venezuela durante o golpe.

Enquanto isso, o NED continua a financiar a “sociedade civil”, dando a organizações locais mais de U$ 1,5 milhão em 2012.

Não é surpreendente que o secretário de Estado John Kerry tenha criticado o governo da Venezuela por violência relacionada aos protestos e sugeriu que os Estados Unidos estão considerando impor sanções. Ele também anunciou recentemente a iniciativa de convencer outros líderes da região a se juntar aos Estados Unidos e mediar a crise. Claramente, o objetivo é forçar o governo da Venezuela a negociar com a oposição, que não consegue vencer em eleições justas e livres.

É provável que qualquer processo de mediação liderado pelos Estados Unidos vá resultar num pedido para o presidente Maduro renunciar e na instalação de um governo interino.

É uma estratégia-modelo dos Estados Unidos usada em outros lugares: dar apoio a movimentos de oposição para desestabilizar um país a ponto de justificar a mudança de regime. Dentre as campanhas bem sucedidas de desestabilização de Washington, que derrubaram governos eleitos democraticamente, estão a que tirou do poder o presidente Jean Bertrand Aristide no Haiti em 2004 e a remoção de Viktor Yanukovich na Ucrânia duas semanas atrás.

A figura de oposição que lidera os atuais protestos na Venezuela é Leopoldo López, educado em Harvard, que também foi instrumental na organização dos protestos de rua de abril de 2002, que foram parte do golpe fracassado.

Ele também é o ex-prefeito do município mais rico da Venezuela e integrante de uma das famílias mais ricas do país. López recebeu financiamento do NED apesar de um telegrama diplomática de 2009, da embaixada dos Estados Unidos na Venezuela, também publicado no Wikileaks, tê-lo definido como “uma figura divisiva da oposição” que é “geralmente descrito como arrogante, vingativo e sedento de poder”.

López abandonou a campanha presidencial de 2012 quando ficou claro que ele não teria os votos necessários para derrotar o principal candidato da coalizão. Ele recentemente se entregou às autoridades para enfrentar acusações de instigar violência, enquanto Maduro expulsou três diplomatas dos Estados Unidos que alegadamente se encontraram com manifestantes nos dois meses que precederam as manifestações.

Como mencionado nos documentos acima, a política dos Estados Unidos tem sido a de desestabilizar o governo da Venezuela com o objetivo de trocar o regime.

Washington apoiou um golpe militar, financiou as tentativas eleitorais da oposição e grupos cujo objetivo é desestabilizar o país. Os atuais protestos constituem a culminação de mais de uma década de políticas voltadas para solapar o governo.

Embora muito da estratégia dos Estados Unidos tenha sido implementada sobre a rubrica de “promoção da democracia”, na verdade o objetivo é a derrubada inconstitucional de um governo eleito e a instalação no poder de uma oposição que tem repetidamente fracassado na tentativa de vencer no voto, em eleições justas e livres.

Garry Leech is an independent journalist and author of numerous books including Capitalism: A Structural Genocide (Zed Books, 2012); Beyond Bogota: Diary of a Drug War Journalist in Colombia (Beacon Press, 2009); and Crude Interventions: The United States Oil and the New World Disorder (Zed Books, 2006). He is also a lecturer in the Department of Political Science at Cape Breton University in Canada.

PS do Viomundo1: O dirigente da FTI Consulting para a América Latina é Frank Holder, conhecido da Polícia Federal brasileira como ex-integrante da empresa de espionagem Kroll.

PS do Viomundo2: Assim que assumiu o poder, depois do golpe contra Chávez, o empresário Pedro Carmona Estanga fechou o Parlamento! Ah, esses democratas!

PS do Viomundo3: No Brasil, o lobby do momento é em busca de alguma manifestação do governo brasileiro que enfraqueça Maduro. Está lá, no ponto cinco do documento da embaixada: isolar Chávez (agora Maduro) internacionalmente. Resta saber se os proponentes são inocentes úteis ou lobistas pagos, em dinheiro ou favores.

PS do Viomundo4: A CNN em espanhol trabalha 24 horas por dia na guerra da propaganda. Destaca de forma proeminente as manifestações de artistas populares, como Rubén Blades e Rihanna, em apoio aos manifestantes da Venezuela. Está lá, no documento das ONGs, contar com a ajuda de “personalidades globais”. Se tiverem milhões de seguidores no twitter, então, melhor ainda…