segunda-feira, 30 de novembro de 2015

OIT: Juventude sofre com a crise e a austeridade no mundo




OIT: Juventude sofre com a crise e a austeridade no mundo

Relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra que após um rápido aumento do desemprego entre os jovens em todo o mundo entre 2007 e 2010, a taxa de desemprego se estabilizou em 13% no período de 2012 a 2014. Para 2015, espera-se que a taxa cresça para 13,1%, enquanto o relatório aponta que a taxa em 2007 – pré-crise mundial – foi de 11,7%. O relatório aponta que a taxa de desemprego juvenil é consistentemente 3 vezes maior que a taxa de desemprego entre adultos desde 1995 .

Segundo o relatório, 42,6% dos jovens economicamente ativos em todo o mundo hoje estão desempregados ou fazem parte da categoria de “working poor”, i.e., trabalham mas o rendimento não é o suficiente para retirá-los da pobreza: haveria 169 milhões de jovens working poor no mundo em 2013 ou cerca de 38% dos jovens empregados em todo o mundo entrariam nessa categoria.

Assim, o relatório mostra um quadro difícil para os jovens de todo o mundo (apesar de fazer importantes pontuações quanto às diferentes situações regionais), com importantes diferenças regionais, situação essa agravada tanto pelo efeito da crise econômica quanto pelas “medidas de austeridade adotadas como reação”.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Escolas Ocupadas, aula de democracia!




Mais de duas décadas o estado de São Paulo é governado por uma mesma elite no poder. O PSDB e seus aliados, apadrinhados e protegidos só tem um saldo a comemorar: privatizaram quase tudo em nome dos interesses dos "amigos" empresários e do lucro fácil que financia suas campanhas.

De energia a "quentinhas" nas penitenciárias, de estradas a hospitais, enfim, muito do patrimônio público foi privatizado e entregue para "competente iniciativa privada". Além das privatizações parciais como nas pequisas desenvolvidas nas universidades públicas paulistas (USP, UNESP e Unicamp), da Sabesp na sua área de serviços entre outras.

O que está por trás disso é o maior esquema de manutenção de grupo no poder que pode se pensar na história política do Brasil.

Escândalos no metrô e nos trens mostram que o que não foi privatizado pode muito bem ser terceirizado ou financeirizado nas formas de execução, arrecadação ou prestação dos serviços. 

E nas escolas, qual é o assunto?

A (des) organização escolar não é novidade! 1995 foi o inicio de um processo que impôs uma verdadeira destruição deliberada da educação com a conivência da burocracia escolar nas diretorias de ensino e algumas direções de escola. Escândalo ainda maior por que em vez de dialogo, foi a imposição. 

O fechamento e morte terminal do "projeto" CEFAM (Centros de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério) era um projeto ousado e que inseria a primeira ideia do que seria "estudar em tempo integral" formando bons profissionais. Com uma bolsa remunerada e permanência em tempo integral o Cefam era inovador e incomodava por estar formando professores num campo de pensamento mais critico e comprometido de fato com o ensino, pois na base da sua formação estava preparar profissionais para atuar no magistério.

Aqueles que defenderam sua extinção usam de forma canalha a LDB (Lei de Diretrizes de Base da Educação), um mostro aprovado no apagar das luzes do governo FHC e com a triste e equivocada ajuda do relator, o senador Darcy Ribeiro, onde alegavam que a nova LDB definia novas bases para os níveis de ensino, inclusive o técnico e o superior. 

Falácia, pura falácia. O governo poderia optar em alocar a estrutura e o projeto numa modalidade avançada de ensino, poderia com apoio inclusive dos educandos e educadores ter reconhecida o caráter inovador do projeto. Mas preferiu encerrar. Matou-se parte da resistência.

Os olhos na década de 1990 se voltada para crise da educação chilena, que foi privatizada durante a ditadura de Pinochet e criou um profundo abismo entre as crianças e adolescentes chilenos, pois em nome da "qualidade" as entidades gestoras das escolas (que antes eram públicas) escolhiam os "melhores" alunos já na matrícula. Mais de trinta anos se passaram, os estudantes fizeram greves históricas com milhões nas ruas e agora a presidenta Bachelet anuncia a progressiva reestatização do ensino a começar pelo fundamental, lá eles aprenderam que educação deve ser pública e universal.

De mão dada com o capital.

Alckmin não é menos medíocre que Pinochet e manda ver aqui no processo da (des) organização das escolas públicas. Pensem: se hospitais públicos foram entregues para máfia das OS (organizações 'sociais"), lucrando muito, atendendo pouco e garantindo direitos em anda, o que serão das escolas públicas de ensino médio "reorganizadas"?

Os sinais estão no ar. O mercado do ensino superior com a alta competitividade e um aumento brutal desde o governo FHC, segundo Sampaio (2011) o ensino superior privado no Brasil corresponde a 75% da oferta de vagas, mostrando que o "mercado" educacional atingiu níveis altíssimos.

Interesses internacionais agora ameaçam mais ainda a educação superior no Brasil, onde vários grupos e empresas educacionais buscam de toda forma derrubar da lista dos direitos sociais das constituições dos países membros da OMC (Organização Mundial do Comércio), com a alegação que educação deva ser ofertada na modalidade de "serviços" podendo "ampliar" oportunidades.

Mesmo com algumas barreiras nacionais, o Brasil foi invadido por essa lógica e grandes grupos empresariais tem se apropriado de instituições "testa de ferro" para adquirir e comprar outras instituições pequenas ou familiares.

Vejam o que a matéria do portal R7 nos traz,  


Escolas, mesmo desorganizadas administrativamente, ainda são um bom negócio". A frase, dita pelo professor Carlos Monteiro, presidente da CM Consultoria, especializada em planejamento em gestão em ensino superior, reflete como o mercado está vendo as instituições de ensino no País.
Desde a criação da lei que estrutura o sistema brasileiro de defesa da concorrência, em 2011, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou 23 operações de aquisições e fusões de empresas no setor da educação.

Como os processos ocorrem com os valores sob sigilo, não é possível estimar um valor certo sobre o total das transações. Porém, em resposta ao Portal R7, o órgão informou que é obrigatório que empresas notifiquem ao Cade atos de concentração onde um dos grupos envolvidos tenha faturamento anual de pelo menos R$ 750 milhões no ano anterior à operação e o outro grupo, R$ 75 milhões." (R7 em 30/092013)


E os valores não param por aí, estamos falando de um negócio de bilhões de reais.

Grupos como editora Abril estão "migrando" para os negócios voltados para consultorias e gestão, sim gestão, da educação, sendo esse um novo "nicho " de mercado. Uma vez que se confirmem o sucateamento do ensino médio, precarização das suas relações, sufocamento dos movimentos de professores, redução das ofertas de vagas e depois de tudo isso....escolas "reorganizadas", para quem o governo irá entrega-lás?

A sociedade tem o direito e a obrigação de saber, conhecer e avaliar que tipo de escolas estamos falando? Que acesso será oferecido? 

O fetiche das escolas particulares apenas ocultam o ranqueamento e a meritocracia que ainda definem os "melhores" na educação brasileira. Um aluno em uma instituição privada pode ir melhor no acumulo de informações, mas não na apreensão do conteúdo. Se a educação privada fosse melhor filho de bacana não ia precisar de cursinho particular.

Outra contradição que precisa ser urgentemente resolvida, e aí é a tarefa do Estado enquanto instituição que deve antes de tudo promover o que diz a constituição: "acesso a educação pública e de qualidade.".

Porque os filhos e filhas da classe trabalhadora ralam nas escolas públicas e o dos ricos e da classe assalariada de renda média as escolas particulares. E quando o acesso a universidade pública se abre isso se inverte, pois as crias dos bacanas vão para as públicas e os da classe trabalhadora pagam mensalidades!

Se você ainda pergunta do que se tratam as ocupações das escolas públicas. Eu digo: dignidade humana.

Essa panela de pressão vem desde a década de 1990 com reformas neoliberais e tentativas de passar o que é público e universal para o setor privado que é restrito e oportunista.

Quando alunos ocupam e inserem um anova dinâmica de sociabilidade com comissões de limpeza, segurança e atividades lúdicas eles estão mais do que defendendo o "prédio", mas sim a ideia do que é patrimônio público. A educação pertence a uma sociedade, só ela pode destruir o velho e construir o novo.

Essa estrutura administrativa e burocrática da educação paulista esta podre. Cheia de burocratas, alguns "burro" cratas e muito "ladro" cratas, e com isso nem toda lei, nem todo governo ou boa vontade podem mudar isso.

Ocupar é legitimo. Num Estado moderno e contemporâneo como o que o nosso busca ser é altamente inovador a ideia de que cidadãos e cidadãs preocupados com o seu problema individual (que é estudar) deva com suas forças fazer uma luta coletiva (a escola é de todos/as).

Fui nessa terça na escola pública Conselheiro Crispiniano, no centro de Guarulhos. Eu estudei lá, a contragosto, mas estudei lá. A contragosto porque eu e meus colegas fomos vitimas da (des) organização do governo Covas e do Brotero (na Vila Progresso) fomos para lá.

No Conselheiro já era do movimento estudantil. Lá primeiro conheci o peso da discriminação, pois a escola era considerada a melhor escola pública e dominada pelos filhos e filhas dos bacanas (na verdade pela classe assalariada média falida que não podia mais pagar escola particular), e não foram poucas as criticas a nós "favelados" recém chegados. 

Lá não havia filas enormes para saborear a merenda, diferente da minha ex escola, e uma cozinheira muito simpática uma vez me confidenciou que os alunos tinham "vergonha" de comer lá, pois o status estava na cantina.

Bem choques culturais a parte, fui do Grêmio Estudantil, conheci professoras comprometidas com a educação e com a luta pela qualidade no ensino, fiz amigos que até hoje se correspondem e agora formado em Serviço Social, mestre e doutorando sinto orgulho do que vi e senti: o levante dos alunos e ocupar a escola que antes segregava pela condição financeira, hoje esta dando uma aula de democracia!

É isso aí a luta tarda, mas não falha!

Veja também: http://www.clickguarulhos.com.br/alunos-do-conselheiro-mostram-que-estao-cuidando-da-escola/
E para não acharem eu exagero, instituições de ensino estão mais no caderno de economia do que educação: http://www.infomoney.com.br/onde-investir/acoes/noticia/3809528/acoes-setor-educacional-chegam-cair-quase-2015-hora-comprar

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

“A luta de classes nunca tirou férias neste país”, afirma o professor da UFRJ José Paulo Netto

“A luta de classes nunca tirou férias neste país”, afirma o professor da UFRJ José Paulo Netto

Em entrevista ao Brasil de Fato e aos Jornalistas Livres, o pesquisador e professor da UFRJ, José Paulo Netto, analisa as recentes manifestações de ódio contra determinados setores da sociedade a partir da formação social e da cultura política brasileira. 10/11/2015 Por Camilla Hoshino e Leandro Taques, De Veranópolis (RS) Manifestações de ódio, racismo, declarações machistas e ameaças verbais e físicas contra lideranças da esquerda têm sido constantes no último período no país. Segundo o professor José Paulo Netto, essas atitudes têm relação com a tentativa das classes dominantes de “afastar a massa do povo dos centros de decisão política”. José Paulo Netto é doutor em serviço social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC­SP). Foi vice­diretor da Escola de Serviço Social da UFRJ e do seu Programa de Pós­Graduação em Serviço Social, tendo título de professor emérito na instituição. Tradutor e organizador de textos de autores clássicos como Marx, Engels, Lênin e Lukács, em que se destaca como grande especialista, produziu obras teóricas e políticas sobre o capitalismo, serviço social e marxismo. É membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e atua em parceria com movimentos sociais, como o MST. 

Em entrevista ao Brasil de Fato e aos Jornalistas Livres, ele faz uma análise das classes dominantes a partir da formação social brasileira, fala sobre o quadro político atual no país e sobre como atuam as elites em face da crise do capitalismo contemporâneo. Para Netto, é justamente em momentos de tensões políticas e econômicas que “todo esse porão da sociedade brasileira, com um forte sentimento antipovo, antipopular, antimassa, racista e discriminador, vem à tona”. 

Brasil de Fato ­ Estamos presenciando a todo o momento ataques da direita brasileira que deixam explícitos o preconceito, o racismo e o sentimento de ódio contra determinados setores da sociedade. Como a nossa formação social pode nos ajudar a compreender essas atitudes? 

José Paulo Netto ­ Se analisarmos com cuidado a história brasileira, vamos encontrar algumas constantes que são traços constitutivos da nossa formação social e que, portanto, são elementos constitutivos da cultura política brasileira. Um traço muito visível de meados do século XIX em diante tem sido a capacidade das franjas das camadas mais ativas das classes dominantes em afastar a massa do povo dos centros de decisão política. Mesmo quando tivemos, ao longo do século XX, momentos de institucionalização mais ampla da participação política, tivemos elementos, mecanismos, meios e modos que constrangeram ou limitaram essa participação política a processos adjetivos. Costumo dizer que tivemos no Brasil um processo tardio, lento, desigual e sinuoso de socialização da política. Isso ganhou certa magnitude com a derrota da ditadura instaurada em 1964. 

A constituição de 1988 consagrou direitos políticos essenciais, abriu caminho para se repensar direitos civis e, sobretudo, ampliou o leque dos direitos sociais no país. Com todas as desigualdades e assimetrias, creio que se pode dizer que no pós­1988 tivemos formalmente a institucionalização da cidadania moderna no Brasil. Entretanto, se observarmos o processo de luta contra a ditadura, de crise da ditadura e de transição democrática no Brasil, teremos a clara percepção dessa capacidade das franjas mais ativas das classes dominantes de encontrar meios de excluir a massa do povo de processos decisórios. Tivemos um processo de socialização da política, mas nem de longe um processo de socialização do poder político. Isso tem relação com o que eu chamo de linhas de continuidade na nossa história. 

O senhor pode citar alguns exemplos disso? 

O Brasil foi um país escravocrata. Em 1888 tivemos uma abolição inteiramente formal, em que não se criou nenhuma pré­condição para que o liberto pudesse construir sua vida autonomamente. Da noite para o dia foram libertos, mas sem ter terra, sem ter nada. Esta cultura escravocrata não desapareceu. Há exemplos recentes. As camadas médias (não necessariamente camadas oligárquicas) reagiram negativamente em face da legislação acerca do trabalho doméstico.


Poderíamos citar outros exemplos como o acesso à universidade, historicamente elitista. É só observar a dimensão das nossas universidades e a população em condições etária e formal de ingressar ali. Deste modo, podemos perceber que a sociedade foi construída para que muito poucos usufruíssem dos direitos formais que ela veio (bem ou mal) escrevendo no seu ordenamento jurídico­político. Em momentos de crise ou em momentos de tensão, em que se agudiza abertamente a luta de classes (para utilizar um jargão da esquerda), todo esse porão da sociedade brasileira, com um forte sentimento antipovo, antipopular, antimassa, racista e discriminador, vem à tona. 

O processo de transição da ditadura fez com que amplos setores tivessem vergonha do seu conservadorismo. Mas isso acabou. Qual foi o impacto do PT na mudança dessa atmosfera política? 

Eu diria que o PT teve um papel duplo. Pensando no PT como força de governo, a partir de janeiro de 2003, foram tomadas providências de caráter emergencial, mas que foram apresentadas como políticas duradouras de Estado e que beneficiaram objetivamente a massa mais pobre. Isso foi muito positivo. Ao mesmo tempo, isso foi feito no marco de uma orientação macroeconômica que privilegiou os grupos financeiros do país, que não restringiu em absoluto a fome lucrativa dos monopólios nacionais e internacionais. Isso criou uma situação paradoxal que pode ser observada ao cabo do mandato do Lula. Mas as elites jamais suportaram o significado simbólico de ter um trabalhador que tomava cachaça e falava errado na Presidência da República. 

O efeito PT (quando Lula se elege) é enorme do ponto de vista simbólico. Enfim um sujeito aparentemente igual à maioria da população chega lá. “Marolinha” Lula elege sua sucessora no marco de uma crise econômica internacional gravíssima, a qual ele caracterizou como uma “marolinha”. Só que os efeitos daquela crise rebateram na periferia de formas distintas. Sob o governo dele, uma orientação macroeconômica conseguiu driblar bem esses efeitos. A articulação de economia política que funcionou nos dois governos dele não funcionou no governo Dilma. Não foi por incompetência da equipe gestora. Houve sim falhas técnicas, mas elas não são as mais importantes. Mas é que a “marolinha” virou um “tsunami”. 

Neste momento, aqueles mesmos grupos que foram altamente beneficiados no governo Lula põem para fora todo o seu preconceito de classe que vem acompanhado de manifestações de ódio de classe, de marcas racistas e, sobretudo, de uma entrada em cena, sem qualquer tipo de maquiagem, do velho elitismo brasileiro. Penso que este é o quadro em que estamos vivendo hoje. Como este elitismo se expressa? 

Penso que o processo eleitoral mostrou isso com clareza. Tivemos uma vitória eleitoral democrática que mostrou uma sociedade dividida. Não ponho em dúvida a legitimidade de vitória de Dilma. 

Mas não há duvida nenhuma que há uma legitimidade expressa eleitoralmente muito estreita em termos de maioria e que, portanto, é muito vulnerável. Exatamente sobre esta vulnerabilidade atuam as elites. Também operam através de uma mídia historicamente oficialista e porta voz de tudo aquilo que atravanca a conquista, a realização e a ampliação de direitos. 

De 1888 a 2015, quando se tem uma crise (não no sentido de possibilidade de quebra do regime, mas uma crise financeira do Estado), se não há orientações claras e políticas claras em face desta dificuldade, o momento se torna ideal para que os segmentos mais retrógrados se apresentem como são. Temos uma composição do legislativo que me parece a mais anódina e amorfa dos últimos trinta anos e, portanto, facilmente catalisada com propostas de oportunismo meramente eleitoral. Os que querem desestabilizar tem um prato feito. Não sei como vai se desdobrar esse processo governativo, mas tenho a impressão de que a presidente Dilma vai travar uma guerrilha diária. Não se satisfaz a fome de leão do PMDB com alface. 


O senhor utilizou os termos “luta de classes”, “ preconceito de classe” e “ódio de classe”. Com toda a complexidade da divisão socioeconômica e das ramificações do trabalho na nossa sociedade, ainda podemos falar em classes sociais? 

Não tenho a menor dúvida. Classe social é uma categoria teórica que expressa elementos fundamentais da realidade em uma sociedade como a nossa. A sociedade brasileira tem hoje uma estrutura de classes muito complexa e eu desconheço qualquer estudo rigoroso e sério sobre isso. Não estou falando daqueles estudos publicitários que separam a nossa sociedade em classes A, B, C, D, etc., mas de estudos que tragam relações com os meios de produção e com a consciência de um projeto político. A luta de classes nunca tirou férias neste país. Ela esteve latente ou expressa ao longo desses últimos doze anos em manifestações referentes a determinados projetos de políticas públicas e em como fazer a orientação macroeconômica. Isso foi uma luta que atravessou o governo Fernando Henrique, o governo Lula e atravessa o governo Dilma.

 O que temos agora é uma emersão clara das posições de classe. E como é possível mediar essas tensões? Eu percebo um dilaceramento do tecido social brasileiro do ponto de vista político. O que é preocupante, porque não estão em jogo projetos políticos, mas projetos de nação. Que sociedade nós queremos? Nós queremos uma sociedade onde quem tem orientação diferente é objeto de espancamento e onde o dissenso político é resolvido com ameaças físicas? Vivemos uma conjuntura internacional difícil, com ajustamento na divisão internacional do trabalho. Nós vamos nos inserir nisso de maneira subalterna ou soberana? Temos que vir a público para determinar com clareza que tipo de sociedade nós queremos e para chegar lá são possíveis vários meios. 

Estamos com problemas que não vieram do governo Dilma, do governo Lula ou do governo Fernando Henrique. Eles vêm da nossa transição interrompida. Eu espero que tenhamos firmeza de princípios e sabedoria para resolvê­los sem romper um pacto civilizatório que fizemos pelos menos em 1988 e que, na minha opinião, está ameaçado por expressões de preconceito e ódio de classe. Não podemos repetir experiências traumáticas do passado, cujos resultados foram desastrosos para a massa do povo brasileiro, ainda que tenham sido excelentes para as suas elites. Nesse sentido, penso que temos que olhar a política brasileira para além das expressões institucionais abastardadas, onde se troca ministério por voto no Congresso Nacional. Isto não é o Brasil. Isto é a expressão institucional da política brasileira. A política brasileira está nas universidades, nas fábricas, nas usinas, nos escritórios, no comércio e nas ruas. 

O senhor é um grande especialista da obra de Marx, um nome que causa arrepio nas elites e nos setores mais conservadores da sociedade. Os intelectuais que se utilizam deste referencial teórico tem sido acusados de promover “doutrinação ideológica” nas universidades. O que o senhor pensa disso? É possível resgatarmos Marx para analisar a sociedade contemporânea? 


Uma das coisas que mais tem me divertido na exposição do pensamento da direita brasileira (se é que ela pensa) é imaginar que os comunistas estão no poder. Isso é coisa do Olavo de Carvalho, não é? É uma calúnia contra o PT e contra os comunistas, mas deixemos isso de lado. Primeiro, eu diria que no universo cultural, resultado de experiências históricas e da batalha de ideias sob a hegemonia burguesa, o marxismo andou muito desprestigiado e muito desacreditado. 

No final da década de 1990 houve um acantonamento do pensamento marxista. Isso mudou nos últimos dez anos na universidade e fora dela. Houve um interesse renovado pelas ideias de Marx, não apenas no Brasil. Segundo, eu acho que Marx é um incômodo contemporâneo para nós. Essa crise sistêmica que o capitalismo está experimentando (pelo menos desde o início do século) está trazendo a discussão sobre uma série de projeções que Marx fez. 

Ele é extremamente atual. É impossível tentar compreender com seriedade as mutações econômicas dos últimos 30,40 anos sem Marx. Socialismo Não há solução para a crise do capitalismo. 

Ela é global não no sentido do globo, mas por ser uma crise ética, política, econômica e ecológica. O padrão de civilização capitalista se exauriu. Não adianta dar carros para todo mundo, pois não haverá lugar para jogá­los fora. Nós não podemos continuar nessas cidades que crescem loucamente sem nenhum planejamento. O capitalismo só tem a oferecer mais insegurança, mais instabilidade e mais violência. Nesse sentido, esgotado o capitalismo, a única alternativa para ele é o socialismo.

 Não posso ser original: “Ou o socialismo ou a barbárie”. E a barbárie já está aí pertinho. Sob esse aspecto, o socialismo é extremamente atual. Agora a questão é se essa atualidade é transformada em viabilidade. E eu não vejo essa viabilidade em curto prazo. O que me torna muito pessimista, pois quanto mais tardia a alternativa do socialismo, maior será a destruição que o capitalismo pode realizar. Por que o senhor não vê essa alternativa no horizonte? Porque o socialismo não resulta da crise e da exaustão do capitalismo, mas de um duro, longo e difícil processo em que massas organizadas de homens e mulheres mudam o curso da vida coletiva e individual. Eu não vejo isso se desenhando em curto prazo no horizonte. 

Vou dizer algo que já foi dito por Antônio Gramsci e que é adequado para pensar o agora: “Quando aquilo que é velho ainda não morreu e aquilo que é novo ainda não emergiu, nesses tempos de transição, revelam ­se fenômenos que são verdadeiras sociopatias”. Estou convencido de que a ordem do capital, que é o velho, ainda não morreu e a ordem do futuro ainda não emergiu. 

Então estes são períodos históricos que oscilam entre o trágico e o dramático. A esquerda fala em revolução, em protagonismo da classe operária e em tomada de consciência pela massa. Mas também defende que qualquer tipo de transição radical passa por uma formação séria dos trabalhadores. Como o senhor vê isso? E como essa formação de caráter teórico se transforma em prática?

 Eu não penso que as massas revolucionárias serão massas teoricamente muito ilustradas. O que leva os trabalhadores a querer mudar de vida é o momento em que suas vidas se tornam insuportáveis. É evidente que camadas de trabalhadores letradas e informadas são muito mais capazes de tomar consciência dos seus interesses do que camadas trabalhadoras rústicas, mantidas na ignorância pelas classes dominantes. Acredito que a questão central seja a formação política dos militantes. Líderes e dirigentes não fazem a revolução. É inteiramente irrealista imaginar que o conjunto das classes trabalhadoras vai se transformar em líderes da transformação social. Segmentos que vão constituir as suas vanguardas (no plural) é que podem dirigir um processo de transformação social. 

O investimento na formação desses segmentos é absolutamente essencial. É preciso formação política com base teórica. Aqui não me refiro à agitação e propaganda ou doutrinação, mas sim a conhecimentos de teoria social que permitam discernir e distinguir o essencial do acessório, o substantivo do episódico. Teoria e prática A teoria é absolutamente indispensável para a formação de vanguardas que sejam capazes de, em momentos de ruptura e de tensão social, dar orientações claras, lúcidas, sérias e responsáveis às massas. Rupturas sociais são sempre processos traumáticos. Não apenas no sentido da violência material, mas elas envolvem rupturas ideológicas, intelectuais, éticas, etc. Se lideranças não tiverem competência teórica e sabedoria política, o resultado dessas rupturas pode ser catastrófico.

Pode ser a derrota de bandeiras e demandas generosas e legitimas. Isso significa que ninguém avança no domínio do progresso social, da universalização de direitos, da criação de condições de uma consciência e de uma nova cultura política só pela militância operativa. É preciso formação teórica e 12/11/2015 “A luta de classes nunca tirou férias neste país”, afirma o professor da UFRJ José Paulo Netto | Brasil de Fato http://www.brasildefato.com.br/node/33400 4/4 

Cultura política só pela militância operativa. É preciso formação teórica e cultural. Eu me atreveria a dizer que sem isso não caminharemos. Queria ser original, mas alguém já disse há cerca de 110 anos que “sem teoria revolucionária, não há revolução” [Lênin]. É preciso estudar, estudar e estudar para poder mobilizar e organizar com competência. Uma revolução não pode ser o arrebentar de uma represa de demandas reprimidas e de esperanças humilhadas. É sobre esse chão, sobre a indignação e sobre a revolta que corre a possibilidade de outro mundo. Mas ele tem que ser construído com cientificidade, competência e com uma palavra que está desgastada que a sabedoria 

NOTA PÚBLICA CNAS, FONSEAS E CONGEMAS CONTRA A PROPOSTA DE CORTE DO ORÇAMENTO 2016 PARA O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA




Brasília, 09 de Novembro de 2015


NOTA PÚBLICA CNAS, FONSEAS E CONGEMAS CONTRA A PROPOSTA DE CORTE DO ORÇAMENTO 2016 PARA O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA 

O Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, órgão superior de deliberação, instituído pela Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS (Lei nº 8.742, de 07 de dezembro de 1993), composto com a representatividade da sociedade civil e do Poder Público, incluindo o Fórum Nacional de Secretários(as) de Estado da Assistência Social - FONSEAS e o Colegiado Nacional de Gestores (as) Municipais de Assistência Social – CONGEMAS, que tem a missão de promover o controle social da política pública de Assistência Social e contribuir para o seu permanente aprimoramento, vem a público para manifestar repúdio ao corte de 10 bilhões de reais do Orçamento da União de 2016 para o Programa Bolsa Família, proposto pelo Deputado Federal Ricardo Barros (PP-PR), relator do orçamento 2016. 

O Bolsa Família é programa federal de transferência de renda, criado em 2003, que tem como principais eixos: o complemento da renda (exclusivo a famílias de baixa renda em situação de pobreza); o acesso a direitos (saúde, educação e assistência social, entre outros); e a articulação com outras ações. É executado pelos municípios em gestão compartilhada com estados e Governo Federal e tem contribuído, sobremaneira, para o combate à pobreza e à desigualdade social no Brasil. Além de retirar 36 milhões de pessoas da extrema pobreza, o Bolsa Família tem assegurado a permanência de 17 milhões de crianças e jovens na escola e o acompanhamento de saúde e vacinação a 7,5 milhões de crianças. Houve uma redução inédita no Brasil da desigualdade de renda nos últimos 12 anos. 

Com o crescimento da economia e iniciativas como o aumento real do salário mínimo e a desoneração da cesta básica, a criação do Programa Bolsa Família foi fator decisivo para a melhoria das condições de vida e de acesso à alimentação adequada das famílias mais pobres e vulneráveis à fome. Cabe destacar que, conforme pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE, os recursos repassados pelo Bolsa Família são gastos, principalmente, com alimentação, o que faz do Programa uma iniciativa estratégica para assegurar o direito humano à alimentação. A pobreza multidimensional crônica no Brasil caiu de 8,3%, em 2004, para 1,1% em 2013, de acordo com estudo do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) baseado em indicador do Banco Mundial. 

Além da transferência de renda, a atuação conjunta das políticas sociais no Programa enfrentou a pobreza, em suas várias dimensões. A promoção do acesso à assistência social, educação, saúde e demais serviços públicos atende e acompanha o público para o qual a pobreza era mais resistente: mulheres, negros, indígenas, crianças e famílias em todas as regiões do país. 

 No âmbito da Política da Assistência Social, a atuação do Centro de Referência de Assistência Social – CRAS é de suma importância. É por meio do CRAS que se realiza a busca ativa de possíveis beneficiários, o cadastro e atualização cadastral e o desenvolvimento do trabalho social com as famílias. Também acompanha as famílias beneficiárias do Bolsa Família diante de situações que dificultam o cumprimento das condicionalidades de educação e saúde. Já nas situações de violação de direitos, as famílias encontram proteção social no Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS. As famílias beneficiárias do Bolsa Família assumem o compromisso de manter seus filhos na escola como uma das condicionalidades do Programa. As crianças de até 15 anos precisam frequentar, no mínimo, 85% das aulas, enquanto os demais alunos da rede pública, no mínimo, 75%. Já os estudantes entre 16 e 17 anos devem frequentar ao menos 75% das aulas. 

Esse é um compromisso também do Estado, que deve garantir a oferta do serviço educacional à população. Frequentando a escola, milhões de crianças e jovens começam a traçar um novo futuro. De acordo com o Censo Escolar da Educação Básica de 2013, os alunos do Bolsa Família tem apresentado menor taxa de abandono e desempenho equivalente ao dos colegas que não integram o programa. O benefício repassado às famílias ainda contribui para compra de materiais escolares e outros investimentos na educação das crianças e adolescentes. 

No Ensino Fundamental, a taxa de aprovação dos alunos beneficiários cresceu de 80,5%, em 2008, para 86,3%, em 2013. A taxa de abandono é de 2,5% entre os beneficiários e 2,7% entre os que não estão no Programa. Além disso, mais de 33 mil escolas que tem maioria dos alunos beneficiários do Bolsa Família aderiram ao Programa Mais Educação, o que significa que ofertam atividades em período integral, com reflexo direto na permanência dos alunos na escola. Destacamos ainda, como fundamental nas políticas educacionais, a inclusão dos beneficiários no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) que oferece cursos profissionalizantes, além de outras iniciativas para criar oportunidades de acesso às famílias ao mundo da educação e do trabalho. 

Ao vincular a transferência de renda à condicionalidade de saúde, as crianças são acompanhadas pelo pré-natal das beneficiárias gestantes. A exigência desse acompanhamento teve repercussão direta na queda da mortalidade infantil – 19% em crianças de até cinco anos – e na diminuição em 14% do número de nascimentos prematuros. Os números mostram que a redução da mortalidade foi ainda maior quando observadas causas específicas, como desnutrição (65%) e diarreia (53%). Afastado o risco de morte nos primeiros anos de vida, as crianças também têm superado a deficiência nutricional crônica, que caiu pela metade – de 17,5%, em 2008, para 8,5 %, em 2012. 

 O programa de transferência de renda brasileiro é reconhecido internacionalmente pelo foco que mantém nos mais pobres e também pelo seu baixo custo. O controle das informações envolve a atualização cadastral, que ocorre a cada dois anos, e o cruzamento de dados com outras bases oficiais de rendimentos do trabalho e previdência. Todos os titulares de cartões do Bolsa Família tem seus nomes publicados na internet, e no site do Portal da Transparência. 

O número de famílias que participam do Bolsa Família vem se mantendo estável desde 2012, com a saída de quem melhora de vida e não mais se encaixa no perfil do programa e com a entrada de novas famílias impactadas por dificuldades econômicas. As metas de atendimento do programa são projetadas com base nas pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, identificando as famílias em risco de pobreza. 

Os pagamentos do Bolsa Família vem sendo integralmente preservados pelo governo. A proposta de Lei Orçamentária da União para 2016, enviada pelo governo ao Congresso Nacional, prevê o repasse de R$ 28,8 bilhões às cerca de 14 milhões de famílias beneficiárias. Recentemente, o Brasil foi premiado por ter superado a fome e a miséria extrema. 

Assim, repudiamos, incondicionalmente, o corte de 35% no Orçamento do Programa Bolsa Família, fato que significaria devolver milhões de famílias à condição de extrema pobreza. 

Pela dignidade, acesso aos direitos e justiça social, não se pode retroceder! 

Pela defesa da manutenção integral do Orçamento do Programa Bolsa Família! Pela proteção social de milhões de brasileiros e brasileiras! 

Repúdio a qualquer corte do Orçamento para os programas sociais ! Brasília, 23 de outubro de 2015 Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) Fórum Nacional de Secretários(as) de Estado da Assistência Social (FONSEAS) Colegiado Nacional de Gestores (as) Municipais de Assistência Social (CONGEMAS)

*NOVEMBRO EM LUTA* Fora Cunha e Joaquim Levy

*NOVEMBRO EM LUTA*



A Frente Brasil Popular escolheu o dia 13 de novembro para tomar as ruas, na luta por mais direitos, contra a agenda conservadora, em defesa da democracia e por uma nova política econômica.

Em Brasília, nos somaremos à grande marcha convocada pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas.

E no país inteiro realizaremos atos, panfletagens e pichações, em defesa de nossas bandeiras e para dar total apoio à greve dos petroleiros: a defesa da Petrobrás e do Pré-Sal é fundamental para o futuro do Brasil.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, tem capitaneado uma agenda de retrocessos que avança sobre os direitos das mulheres, jovens, negros e indígenas, além de buscar a flexibilização dos direitos sociais e políticos de todo o povo brasileiro.

No dia 13 de novembro estaremos nas ruas de Brasília, para desmascarar o falso moralista Eduardo Cunha, dono de uma conta bancária milionária na Suíça aberta para movimentar propina. Por isso, exigimos seu afastamento da presidência da Câmara dos Deputados: acusado de corrupção por denúncias acompanhadas de provas contundentes, Cunha não pode continuar usando a Câmara para chantagear a justiça e o governo.

Estaremos nas ruas também como parte das ações que marcam o mês da Consciência Negra.

O movimento negro, mesmo valorizando os avanços e as conquistas de uma longa trajetória de lutas, reafirma que vivemos em um país muito desigual, onde o racismo, o preconceito, o machismo, a homofobia, a violência e a intolerância continuam fazendo parte de nossas vidas cotidianas.

Entre essas desigualdades, manifestações de racismo e violência, destaca-se o crescente número de jovens negros mortos: um processo de extermínio da juventude negra em todas as regiões do Brasil.

No dia 18 de novembro, em Brasília, nossa voz ecoará junto às Mulheres Negras, na Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver, ocupando a capital do país contra a opressão e a invisibilidade social, a violência e o feminicídio, clamando por mais direitos, oportunidades e liberdade.

E no dia 20 de novembro, dia nacional da Consciência Negra, estaremos e seremos no Brasil inteiro: resistência, cultura e luta.

E prosseguimos em nossa luta por outra política econômica, oposta ao ajuste fiscal recessivo que gera desemprego e cortes orçamentários em áreas estratégicas para nosso desenvolvimento econômico e social.

Que os ricos paguem pela crise! Taxação das grandes fortunas e redução de juros para enfrentar a crise sem onerar o povo brasileiro.

*Junte-se à Frente Brasil Popular, para:*

*Defender os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras;*

*Ampliar a democracia e a participação popular nas decisões sobre o presente e o futuro de nosso país;*

*Promover reformas estruturais, para construir um projeto nacional de desenvolvimento democrático e popular;*

*Defender a soberania nacional.*

4 de novembro de 2015

FRENTE BRASIL POPULAR

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Ato Público em Celebração aos 10 Anos de Vitória Popular sobre a ALCA



Ato Público em Celebração aos 10 Anos de Vitória Popular sobre a ALCA

PROGRAMAÇÃO DO ATO (05/nov)
.15h: Concentração, Praça do Patriarca, Sé
.16h  e 16h30: Aula Pública - Lutas Anti-Imperialistas de Hoje
.Outras atividades ao longo do Ato:
- Batucadas e cortejo
- Apresentações Musicais
- Varal de Fotos
- Esquete de Teatro

Neste dia 05 de Novembro completam 10 anos que diversos movimentos populares do continente estiveram em Mar del Plata, na Argentina, onde foi enterrado o projeto neoliberal da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), que prometia aprofundar o abismo entre ricos e pobres no continente.
Esta vitória popular só foi possível com a construção de uma sólida Campanha Continental contra a ALCA, na qual milhares de militantes se mobilizaram e demonstraram sua força .No Brasil realizou-se em 2002 o Plebiscito Popular Contra a ALCA, que resultou em quase 10 milhões de votos que disseram “NÃO à ALCA!” e “NÃO à Base de Alcântara no Maranhão”. Todo esse processo foi essencial para impulsionar as alternativas populares que estão no horizonte da Integração da América Latina e do Caribe, e que reafirma que, organizando-se, o povo é capaz de superar os maiores desafios.
Frente ao difícil momento que vivemos em todo o continente, de crise econômica e crises políticas, é necessário e urgente que se retomem as mobilizações de rua, com a mesma unidade na diversidade demonstrada nos anos anteriores.
A Jornada Continental prevê a organização de lutas em mais de 20 países do Continente, que pretendem elencar os atuais desafios da luta anti-imperialista no Continente.
Convidamos todos e todas a se somarem a esta luta, que envolve celebração e reflexão sobre o construção do destino dos nossos povos por suas próprias mãos.

Convocam:
Secretaria Operativa ALBA Movimientos – Brasil
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)
União Nacional dos Estudantes (UNE)
Central de Movimentos Populares (CMP)
Consulta Popular
Centro Brasileiro de Solidariedade e Luta pela Paz (CEBRAPAZ)
Juventude do PT (JPT- São Paulo)
Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN)
Marcha Mundial das Mulheres (MMM)
Levante Popular da Juventude
Rede Jubileu Sul

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

#ForaCunha - Um corrupto não pode presidir o Congresso Nacional.

Exibindo fora cunha lambe.jpg

Cunha é escrachado pela juventude em Brasília

Na tarde desta segunda-feira (02), cerca de 400 jovens realizam escracho em frente à casa do presidente da Câmara, deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), localizada na chamada ‘Península dos Ministros’ do Lago Sul, área nobre de Brasília.

O objetivo do ato é denunciar Cunha, investigado por corrupção e principal articulador da ofensiva conservadora contra a classe trabalhadora no país, e pedir sua deposição de presidente da Câmara.

Para Janderson Barros, do coletivo de juventude do MST no DF, o Cunha representa a agenda conservadora do Congresso que retira direitos fundamentais do povo brasileiro.

“Lutamos contra essa bancada conservadora que está no Congresso que não nos representa. A retirada de direitos do povo coordenada pelo Cunha é um retrocesso. Por isso, precisamos de uma reforma política para reestruturar a sociedade e a juventude tem um papel fundamental nesse processo”, salienta Barros.

As pautas do Cunha e seu próprio histórico político – do partido de Collor, passando pela legenda herdeira da ditadura até a agremiação que liderou a oposição oficial do regime militar – além da confusão ideológica que reina no sistema político brasileiro, criaram um cenário em que o deputado  utilizando-se de manobras,  algumas delas torcendo a legalidade, recolocou em votação, da noite para o dia, questões da sua agenda conservadora que havia legalmente perdido.

Cunha é proponente de projetos considerados machistas e homofóbicos, como o Projeto de Lei (PL) 1.672, de 2011, que institui o Dia do Orgulho Hétero, a PL 5069/13, que proíbe o Sistema Único de Saúde (SUS) de oferecer às mulheres vítimas de estupro a pílula do dia seguinte e de prestar-lhes orientações sobre o direito ao aborto. Todos são bandeiras do presidente da Câmara que garante a fidelidade de deputados eleitos por conta das ajudas financeiras para as suas campanhas e pelo quoficiente eleitoral.

De acordo Laura Lyrio, da coordenação do Levante, a juventude se soma à luta pelo ‘Fora Cunha’ e afirma que o retrocesso contra os direitos do povo brasileiro deve ser barrado.

“A juventude está na rua para defender que um outro projeto para o Brasil é possível e que não aceitaremos sem lutar projetos como o 5069, que é uma violência contra o corpo das mulheres, uma das muitas que o Estado comete”, afirma Laura.

Ele também é o principal articulador da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171/93, que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos, do PL 4.330, que libera a terceirização em qualquer função nas empresas, e de tornar o financiamento privado de campanhas eleitorais constitucional, mesmo após decisão de ilegalidade do Supremo Tribunal Federal (STF). E do Estatuto da Família.

Manhattan brasiliense

A Península dos Ministros é um reduto de milionários. São senadores, deputados, ministros e os principais empresários da cidade que ai reside. Embora nenhum terreno esteja à venda, estima-se que o valor de um deles fique em torno de 4,5 milhões.

O nome oficial do local é Parque Ecológico Península Sul que foi criado com o objetivo de disponibilizar essa área nobre do lago Paranoá a toda a população do DF. Uma vez que, é um espaço público não pode ser restringido apenas para uma parcela “privilegiada” da população.

Em agosto deste ano, a operação da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) para retirada e desocupação de construções irregulares na orla do Lago Paranoá passou pela mansões oficiais da Península, incluindo a da Câmara dos deputados, utilizada pelo Cunha, cujo processo ainda está em negociação, com a derrubada suspensa, por enquanto.

Diante disso o Governo do DF, que tem tratado o povo à base de cassetete, sofre um grande dilema se cumpre ou não uma decisão judicial da derrubada de imóveis ilegais que ocupam a orla do Paranoá. Além, de alimentar a segregação social já existente, uma vez que prioriza os investimentos e melhorias em áreas onde se concentra a população com maior poder aquisitivo, político e social e toma atitudes opostas ao direito garantido pela Constituição.

fonte: secr. do MST
Exibindo IMG-20151102-WA0003.jpg

domingo, 1 de novembro de 2015

Economia nacional: desemprego e o ajuste "Levy" - Ou muda os rumos ou afunda o projeto democrático popular.


O Informe econômico abaixo não é da mídia golpista, não é a opinião dos banqueiros ou análise do Ministério da Fazenda, mas da importante Fundação Perseu Abramo - fundação do meu partido, o dos Trabalhadores (as).

Deixando claro que o ajuste "Levy" (basta ler a análise abaixo), com sua proposta de aperto fiscal sobre as contas do governo e dos trabalhadores (as) isso tem afetado justamente aqueles que o período do governo Lula elevou a classe trabalhadora de renda média e portanto afrontando o processo de desenvolvimento.

Ou o governo Dilma muda, ou derrotará por dentro o projeto de país que em parte foi conquistado.
Boa leitura!


Fundação Perseu Abramo - Boletim de Conjuntura

Ano 3 - nº 328 - 29 de outubro de 2015

ECONOMIA NACIONAL


Desemprego sobre no terceiro trimestre e alcança 8,7%, segundo Pnad: O IBGE divulgou nesta manhã a taxa de desemprego do trimestre encerrado em agosto, que registrou 8,7%, alta em comparação com os 6,9% verificados no trimestre anterior, encerrado em maio. 

Este aumento do desemprego se deveu, em grande medida, à elevação da população desocupada, que cresceu 29,6% no período, e da relativa estabilidade da população ocupada, que somou 92,1 milhões de pessoas. Além da elevação no desemprego, também se verificou queda no rendimento médio real habitualmente recebido, que passou de R$ 1.904 para R$ 1.882, um recuo de 1,1%. 

Do ponto de vista da estrutura do mercado de trabalho, verificou-se a queda de 1,2% no numero de empregos com carteira assinada, representando o fechamento de aproximadamente 425 mil empregos no período. Com isso, o número de trabalhadores por conta própria aumentou 0,6% na comparação com o período anterior e 4,4% em relação ao mesmo período de 2014, uma elevação de 900 mil pessoas nesta categoria.



Comentário: O aumento da taxa de desemprego é certamente a face mais cruel do ajustamento recessivo que se impôs à economia brasileira. Ele reduz a renda e desorganiza o mercado de trabalho, aumentando a informalidade e retirando direitos. 

Alguns economistas ainda defendem que a redução do salário real, causada basicamente pelo aumento do desemprego e pelo da inflação, poderá servir como forma de reduzir os custos produtivos, aumentando a competitividade das empresas nacionais e proporcionando, no futuro, uma recuperação dos investimentos produtivos. 

Este argumento, já desacreditado por Keynes na década de 1930, simplesmente desconsidera o importante efeito do salário, do emprego e da renda na manutenção da demanda efetiva doméstica, uma vez que apenas o trabalhador com emprego é capaz de tomar crédito, consumir e garantir desta forma a manutenção e ampliação das atividades produtivas. 

A demanda doméstica é um importante fator na decisão de investimento do empresariado, que investe na expectativa de vender seus produtos e rentabilizar seu capital, não apenas por que os salários ou custo de produção estão baixos. Neste cenário, pouco adiantará adotar a proposta de liberação gradual do crédito ao consumidor, uma vez que as famílias estão endividadas, pouco confiantes e vendo sua renda real cair constantemente. 

Para uma política de crédito ao consumo ter efeitos práticos, será necessário coaduná-la com uma fonte de “demanda autônoma”, que dê reais perspectivas para o empresariado e viabilize a retomada das atividades produtivas, levando assim à queda do desemprego e à retomada da confiança e da capacidade de consumo das famílias através do aumento da renda. A retomada do consumo através do crédito, portanto, é consequência potencializadora e não causa original da recuperação da economia.



Ato em homenagem a Marighella - lutador do povo brasileiro!

Exibindo IMG-20151030-WA0006.jpg


A morte de Carlos Marighella, 40 anos depois.

Relembrar aquele 4 de novembro de 1969 é uma viagem por um túnel escuro. Um desses pesadelos em que a gente vê o escuro no fim de toda a luz.

O impacto da morte de Marighella foi muito grande. Apontava algo que já se vinha sentindo, uma mudança na maré da repressão contra todas as formas de resistência à ditadura militar. A maré até ali fora crescente, mas relativamente “mansa”, perto do que ainda viria. A partir dali virou a “maré alta e furiosa” que foram alguns dos piores momentos dos “anos de chumbo”. Não me refiro à natureza dos atos da repressão. Desde o começo o regime de 64 caracterizou-se pela violência, a tortura, o assassinato, o seqüestro da liberdade. Mas a partir de 1969 se intensifica a percepção/sensação da absoluta impunidade de seus agentes. 

Entre a repressão ao Congresso de Ibiúna, em 1968, e o começo do Governo de Ernesto Geisel, em 1974, quebrou-se a espinha de uma geração: a minha. Depois a gente remendou, como pode. Mas ficou a cicatriz do remendo, indelével.

Para começo de conversa, a gente não sabia o que tinha acontecido de fato. A versão oficial, difundida pela imprensa, dizia que Marighella e seu esquema de segurança de 13 homens, liderados pelo “Gaúcho”, uma outra figura lendária da guerrilha brasileira, tinham sido surpreendidos na altura do n° 800 da Alameda Casa Branca, em São Paulo. (V. a edição de 12 de novembro de 1969 da revista Veja, “Estratégia para matar o terror”). Marighella teria morrido na fuzilaria que se seguiu. E os “13 homens de sua guarda” teriam simplesmente evaporado na noite paulistana. 

Na verdade, ainda hoje a gente não sabe direito tudo o que aconteceu naquela noite. Mas se sabe algumas coisas. Marighella foi sozinho ao encontro dos freis dominicanos que o aguardavam e que, debaixo de tortura, tinham confirmado o “ponto”, como se dizia na época. Houve uma fuzilaria sim, mas só por parte dos cerca de 40 policiais que o aguardavam. Na ânsia, devem ter atirado uns nos outros. Marighella nem sacou da arma. Morreu na rua. Foi atingida na testa a policial Estela Borges Morato, do DOPS, que fingia namorar com o delegado Sérgio Paranhos Fleury, ou com outro policial, dentro de um carro. Ela morreria alguns dias depois, vítima do ferimento. Hoje é nome de rua e de escola em São Paulo. Morreu também Friedrich Adolf Rohman, um civil que passava pelo local, e que nada tinha a ver com a história. E o delegado, também do DOPS, Rubens Tucunduva, ficou ferido, mas sobreviveu.

Depois de morto, o corpo de Marighella foi jogado dentro do carro onde estavam os dois freis que o aguardavam, provavelmente para criar a impressão de correria e busca de proteção. A versão oficial, como em outros casos, tentava sempre criar um clima de “faroeste” em que, é claro, a cavalaria eram “as forças da lei” – na verdade o braço armado, torturador e assassino, do regime ditatorial que se abatera sobre o Brasil a partir de 1964.

Naquela noite, jogavam no Estádio do Pacaembu Santos e Corinthians (este ganhou, por 4 x 1). No intervalo, o locutor anunciou: “Foi morto pela polícia o líder terrorista Carlos Marighella”. Como diante de um resultado anunciado sobre jogo que se passasse em outro estádio, a multidão aplaudiu. Essa notícia, também divulgada na imprensa da época, era tão chocante quanto a notícia da morte do comandante guerrilheiro.

Já se sabia de tudo, na época, dos seqüestros praticados pela repressão, das torturas, dos assassinatos, coisas cuja ocorrência só aumentaria nos próximos anos, até pelo menos o chamado “Massacre da Lapa”, contra a direção do PC do B, nos fins de 1976. Já se sabia da hediondez da figura do delegado Sérgio Paranhos Fleury, comandante da operação contra Marighella (e presente à chacina da Lapa, em 76), de sua ascensão na Polícia através do Esquadrão da Morte e de seu “chamado” para o DOPS, a fim de comandar essa ala na repressão à resistência contra a ditadura em São Paulo (e em outros lugares também, como no caso do também Massacre da Chácara São Bento, em Pernambuco, em 1973). E o que mais amargurava quem sabia de tudo isso, era a descrença dos demais, uma descrença do tipo “não quero ver, não quero ouvir”. “Falar?”. Nem pensar.

Penso (hoje) que foi essa sensação de isolamento que estraçalhou almas, tanto quanto os fatos em si, a repressão, as prisões, as torturas. Na tradição da Guerra de Tróia há a figura de Cassandra, a filha do rei troiano Príamo e de Hécuba, em cujas profecias ninguém acreditava. Mas nós não fazíamos profecias: só lidávamos com relatos do passado recente e do presente que ninguém mais queria ouvir. Se ouviam, não acreditavam. Se acreditavam, disfarçavam, dissimulavam, diziam que os cegos éramos nós.

Por outro lado, reli hoje o então proibido “Manual do Guerrilheiro Urbano”, uma plaqueta que fez época no Brasil e no mundo, tendo influenciado grupos clandestinos de luta armada pelo menos na Europa, na África e no Oriente Médio. 

O livro que, de longe foi o mais importante escrito por Marighella, define o que ou quem é o guerrilheiro urbano, como ele se diferencia do criminoso comum, embora suas ações possam ser semelhantes, qual é seu treinamento especial, as qualidades que deve prezar e manter, etc. Não posso ocultar de mim mesmo nem de ninguém mais o gosto amargo que me vem à boca e à alma ao reler essas páginas e lembrar de quantos – alguns que conheci pessoalmente – morreram ou ficaram mutilados no corpo e na alma, em nome do que ali se escreve e descreve. O livro todo tem por eixo a crença numa superioridade moral do guerrilheiro urbano sobre tudo e sobre todos. É essa superioridade moral que o leva a combater em terreno adverso – a cidade, dominada pelo inimigo – ao invés de procurar o campo, onde poderia teoricamente se ocultar melhor.

Diz o livro que uma das principais características do guerrilheiro urbano é o conhecimento do terreno, que deve ser superior ao do inimigo. Talvez aí esteja uma das razões contundentes do contundente fracasso que foi a guerrilha no Brasil. Na verdade muitos poucos de nós, os resistentes à ditadura (nunca fui um guerrilheiro urbano nem de outro espaço), tinham algum conhecimento profundo desse espaço (ou terreno) chamado Brasil, América Latina. Não me refiro a conhecimento de trilhas, ruas, esquinas. Estou me referindo ao espaço social e cultural brasileiro, que estava num processo rápido de mudanças vertiginosas, com a classe média ampliando seu reino e o reinado de seus valores, com o povão tendo meios para acorrer mais e mais aos estádios, para gritar e incensar o que viesse anunciado pelos alto-falantes. Desconhecíamos o significado disso. O inimigo também desconhecia, porque anos mais tarde seria surpreendido pelo ímpeto do movimento das Diretas-Já, justo quando se achava no auge de seu alcance histórico, a ponto de permitir a chamada “distensão” e depois a “abertura”. 

O fruto desses desconhecimentos mútuos, múltiplos e multipolares é que hoje os militantes socialistas e comunistas daqueles tempos são saudados genericamente não por essa condição, mas sim por serem – e há justiça nisso – heróis ou mártires da democracia. Tanto é assim que neste 2009, 40 anos depois de sua morte, Carlos Marighella vai receber o título de cidadão da cidade em que foi assassinado. Tais paradoxos da história mostram que, afinal, no fim daquela escuridão do túnel em que se viaja no tempo para diante e para trás, havia, de fato,alguma luz, nem que fosse apenas a de um clarão, uma chama de vela, um piscar de olhos, aqueles olhos que ficaram para trás, mas cuja presença não podemos esquecer.


fonte: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/A-morte-de-Carlos-Marighella-40-anos-depois%0d%0a/4/15243