quarta-feira, 25 de maio de 2016

Os golpistas mostraram a que vieram...

Os golpistas mostraram a que vieram...
fonte:https://www.brasildefato.com.br/2016/05/23/os-golpistas-mostraram-a-que-vieram/
Imagem de perfil do Colunista
João Pedro Stedile
O Brasil e o mundo entenderam rapidamente a natureza desse governo ilegítimo
Bastaram algumas horas ou dias para o governo provisório dos golpistas assumirem seus postos para já mostrarem a que vieram, com a composição do ministério, os planos anunciados e as declarações públicas.

O senado afastou apenas temporariamente a presidenta Dilma Roussef e empossou provisoriamente o sr. Michel Temer. Segundo alguns juristas, a rigor, pela Constituição, o vice-presidente não poderia nem mudar o ministério. Apenas deveria tomar os atos administrativos até que se julgue o mérito. Mas a última coisa que os golpistas e o conivente STF (Supremo Tribunal Federal) estão fazendo é respeitar a Constituição. Agora vale tudo. Como disse Lula, é como se você fosse viajar e deixasse sua casa aos cuidados de alguém provisoriamente, e ele vendesse e alterasse tudo lá de dentro.

O ministério dos golpistas é uma piada. Um verdadeiro festival da ratazana partidária. Todos homens, brancos, hipócritas e podres. A Rede Globo fez uma campanha intensa durante os últimos meses insinuando que a presidenta Dilma deveria ser deposta pelos níveis de corrupção do governo. A pequena burguesia nas ruas clamava a volta da ditadura militar para acabar com os corruptos do PT.

Pois bem, entre os atuais ministros de Temer, nada menos que sete estão como réus na Operação Lava-Jato e em outros processos de corrupção. Como disse o experiente Ciro Gomes, “entregaram o governo ao sindicato dos ladrões”, e ninguém teve coragem de processá-lo.

As medidas anunciadas ou já tomadas pelo governo golpista são uma tragédia para a vida e o futuro do povo brasileiro. Mas são coerentes com seu plano neoliberal de reduzir custos do trabalho, entregar nossas riquezas, privatizar o que podem e destinar os recursos públicos que iam à educação, saúde e previdência para os empresários. Como advertiu o pesquisador Márcio Pochmann, "está em jogo a apropriação privada de 10% do PIB, em recursos públicos!".

Enviaram uma Medida Provisória que prevê a possibilidade de privatização de todas as empresas estatais, como a Petrobras, empresas de energia elétrica, portos e aeroportos que ainda ficaram para trás. Provavelmente começarão pela energia elétrica e pelas reservas do pré-sal. Diante disso, no próximo dia 6 de junho haverá um ato nacional no Rio de Janeiro para denunciar esse ataque contra a soberania nacional.

Na previdência, querem impor uma aposentadoria com idade mínima de 65 anos para homens e mulheres do campo e da cidade, desvinculada do salário mínimo. Será uma tragédia para a classe trabalhadora.

Na saúde, anunciam cortes no SUS e o fim do programa Mais Médicos que atende 50 milhões de brasileiros pobres de nossas periferias e grotões, locais onde nunca havia chegado nenhum jaleco branco. Falam até em cortar o SAMU.

Em relação às taxas de juros, nenhuma palavra sobre os R$ 500 bilhões destinados todos os anos aos banqueiros como pagamento de juros da dívida interna. Para isso colocaram dois banqueiros cuidando do galinheiro: o Sr. Henrique Meirelles (Ministério da Fazenda) e o Sr. Illan Goldfajn (Banco Central), cuja família vive em Isarel por considerar o Brasil um país inseguro… coitado de nós, 210 milhões de seres humanos que vivemos por aqui.

Na agricultura e reforma agrária, além das medidas sociais acima que afetam os mais pobres do campo, não tiveram nenhum constrangimento em fechar o Ministério do Desenvolvimento Agrária (MDA) e seus programas que atendiam os camponeses, como o programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e os programas de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER).

Convenhamos, o governo golpista foi didático. Deixou muito claro para o povo quais são seus interesses e sua forma de agir.

Por isso, todos os movimentos populares e entidades que fazem parte das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, assim com outras articulações, se unificaram na palavra de ordem “Não ao Golpe, Fora Temer!”

Ninguém aceitará nenhum processo de negociação ou sentará à mesa com representantes de um governo golpista, ilegítimo e apátrida.

Felizmente, a sociedade brasileira e a comunidade internacional entenderam rapidamente a natureza desse governo ilegítimo. E a voz do "Não ao Golpe, Fora Temer!” ecoou em inúmeros eventos, atos públicos e cerimônias.

No exterior, aconteceram centenas de manifestações nas embaixadas brasileiras. A mídia internacional que ainda segue o manual de ouvir os dois lados desmoralizou a mídia local, ao defender em editoriais e notícias o carácter do golpe. Personalidades de todo o mundo se manifestaram contra. O Papa Francisco chamou atenção aos golpes brancos em alguns países, embora não tenha citado o Brasil diretamente. O respeitado pensador estadunidense Noam Chomskim, assim como ganhadores do prêmio Nobel da Paz, como Adolfo Pérez Esquivel e Rigoberta Menchu, e até artistas de Cannes se solidarizaram e denunciaram o golpe.

No Brasil, multiplicam-se os atos públicos de diversos setores, como os estudantes secundaristas e os artistas e intelectuais, que ocuparam pela primeira vez na história mais de 20 prédios da Funarte em todo país, obrigando os golpistas a reinstalar o Ministério de Cultura. A juventude voltou às ruas para protestar.

E onde estão os apoiadores do golpe? Os verde-amarelos contra a corrupção? Estão envergonhados, em casa, pois ajudaram a entregar o queijo aos Jucás, Padilhas, Gedeis e outros especialistas em recursos públicos. Sumiram.

Certamente, de agora em diante as mobilizações populares aumentarão em tamanho e na quantidade de setores envolvidos.

A Frente Brasil Popular organizou um calendário de mobilizações e atividades em todo país para os próximos meses. No movimento sindical começam a roncar os tambores em preparação a uma greve geral, paralisando as atividades produtivas contra as medidas do governo golpista.

Por outro lado, cresce a solidariedade à presidenta Dilma, apesar das várias críticas que fazemos em relação aos últimos anos de seu mandato. Ela será convidada para participar de inúmeras atividades de massa Brasil afora, em que diremos em alto e bom som que 54 milhões de eleitores - a maioria do povo brasileiro - a esclheu para governar o país até dezembro de 2018.

Edição: Luiz Felipe Albuquerque

O novo mandachuva da educação no Brasil?

O novo mandachuva da educação no Brasil?

:
Dono da Ser Educacional, maior grupo de faculdades privadas do Nordeste, o empresário pernambucano Janguiê Diniz bancou a indicação de Mendonça Filho, do DEM, para o Ministério da Educação; dias depois, ele indicou um de seus diretores, Maurício Costa Romão, para ocupar a poderosa Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior, do MEC, que tem o poder de abrir novos cursos e faculdades; bilionário e extremamente agressivo, Janguiê tem a ambição de obter licenças para vários novos cursos, especialmente nas áreas médicas; o ministro Mendonça Filho, por sua vez, sugeriu o fim da gratuidade das universidades públicas, mas voltou atrás; tanto reitores das federais como donos de faculdades privadas temem uma espécie de privatização branca do MEC, com Janguiê dando as cartas no setor
19 de Maio de 2016 às 07:46
Pernambuco 247 – Reitores de universidades públicas e donos de faculdades privadas estão alarmados com os primeiros movimentos do Ministério da Educação, sob a gestão do deputado Mendonça Filho (DEM-PE). Isso porque não é segredo, no setor, que quem bancou a indicação de "Mendoncinha" foi o empresário pernambucano Janguiê Diniz.
Bilionário, Janguiê é dono da Ser Educacional, maior rede de faculdades privadas do Nordeste (saiba mais sobre ele aqui). De perfil extremamente agressivo, ele sonha em abrir, com mais facilidades, novos cursos e faculdades – especialmente na área médica. Coincidência ou não, dias depois da posse de Mendonça, um diretor do grupo de Janguiê foi indicado para a mais poderosa secretaria do MEC. O que se teme, no setor da educação, é que esteja havendo uma privatização branca do MEC.
Leia, abaixo, nota publicada por Lauro Jardim sobre a escolha de Mendonça Filho para a secretaria mais poderosa do MEC:
O economista Maurício Costa Romão (foto), novo titular da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior, do MEC, terá que ter atenção redobrada para evitar conflitos de interesse.
Romão faz parte do Instituto de Pesquisas Maurício de Nassau, uma das várias empresas do pernambucano Janguiê Diniz.
As faculdades de Diniz têm uma extensa pauta pendente na secretaria a ser ocupada por Romão, a exemplo do pedido de abertura de novos cursos e faculdades.

http://www.brasil247.com/pt/247/pernambuco247/233177/O-novo-mandachuva-da-educa%C3%A7%C3%A3o-no-Brasil.htm

domingo, 22 de maio de 2016

Resistência, desobediência civil e seja o que for mais necessário à democracia e contra o golpe!

Ainda estamos resistindo dentro da "ordem". Não aceitamos o golpe e todo tipo de opressão e onde nos resta apenas o direito de divergir e por meio da liberdade de expressão não aceitar que deputados ou quem quer que seja use o seu mandato para interesses privados e oportunismos eleitorais.

Vejam até que ponto a resistência contra o nazifacismo chega para lutar pela democracia e a liberdade.

boa leitura e reflexões.
Tire as suas conclusões. E se os golpistas nos tirarem a liberdade de expressão - única arma que temos - bom aguentem as consequencias.

Essa senhora de 90 anos seduzia e matava nazistas na juventude

20 de maio de 2016

As histórias de resistência contra o horror nazista na Segunda Guerra Mundial são diversas e sempre muito corajosas e comoventes, mas poucas são tão peculiares quanto a resistência holandesa. Principalmente a participação de meninas adolescentes nessa força. As jovens moças seduziam os nazistas e os levavam para a floresta para, no lugar de momentos calorosos, receberem outro destino. 
A mais famosa das jovens holandesas a participar dessa ação foi a lendária Hannie Schaft, conhecida como a garota dos cabelos vermelhos, que acabou executada nos estertores da guerra, já em 1945. Ao seu lado, porém, resistiam também as irmãs Freedie e Truus Oversteegen. Freedia tinha 14 anos quando foi convocada para a resistência – sua irmã tinha 16 – e hoje, com 90 anos, ela se recorda perfeitamente, e se orgulha de seus feitos.
Ver as imagens
Antes de se juntarem à resistência, sua família já escondia judeus e outros perseguidos em casa. Quando a guerra enfim chegou à Holanda, foram convocadas justamente por que ninguém jamais desconfiaria que aquelas duas doces jovens poderiam fazer parte do grupo.
Freedie pensava que faria parte de um exército secreto, mas sua participação era bastante original, específica e simples: encontrar os figurões nazistas e seduzi-los até levá-los “passeio pela floresta” . Quando se isolavam entre as árvores, vinham os tiros, de companheiros escondidos na floresta. Depois disso, as meninas não mais participavam; as roupas eram retiradas e os corpos eram enterrados, mas essa parte Freedie garante que nunca viu nem nunca quis ver. Muitas figuras importantes do nazismo foram derrotadas dessa forma. 

Foto: Arquivo Pessoal

E não era golpe?


Fizeram crêr que era pelo "Brasil", quando na verdade era pela Lava jato, quanto mais avança, mais chega perto de quem de fato se beneficia da corrupção vindoura do país.

E agora? E agora a economia em um cenário de "ajuste e austeridade de força" vai quebrar a classe assalariada no meio, que não vai perder os créditos, mas inclusive direitos.

boa leitura, de preferência crítica - porque a fonte é do capital.




Uma semana após Dilma ser afastada, Bolsa afunda e dólar dispara; o que deu errado?

InfoMoney
19 de maio de 2016

O mercado financeiro parecia desejar compulsivamente a saída da presidente Dilma Rousseff, reagindo euforicamente a cada notícia negativa para o governo dela. No entanto, passada uma semana do afastamento, o Ibovespa já caiu 6% e o dólar se valorizou 5% ante o real. Levando os investidores a se perguntarem: o que deu errado? 
O mercado não gostou do presidente interino Michel Temer? Os ministérios foram mal escolhidos? A economia estava pior do que se imaginava antes?  Para uma série de analistas, gestores e economistas entrevistados pelo InfoMoney, as razões vão além do cenário político e chegam até sinalizações pouco alentadoras no exterior, que revelam cada vez mais que o ajuste necessário para tirar a economia brasileira do atoleiro do momento será mais difícil do que se imaginava.  
“O mercado passou os últimos meses comprando que o Temer seria o novo [Maurício] Macri”, afirma Rodrigo Octávio Marques, sócio-gestor da Queluz Asset, referindo-se ao presidente argentino que implementou uma série de medidas para afastar o país da crise econômica que tomou conta das gestões kirchneristas. Para Marques, esse sentimento fez com que o Ibovespa se descolasse muito dos seus fundamentos, principalmente se considerarmos o movimento de queda das commodities que ocorreu paralelamente ao rali do impeachment.  
“Uma série de boas notícias e uma capacidade de gestão impressionante foram antecipados sem nem haver um movimento de transição, que é você montar uma equipe e depois planejar as medidas para resolver os problemas fiscais”, explica. Na avaliação do gestor, as tão esperadas ações concretas para combater a crise só serão votadas no Congresso depois das Olimpíadas e das eleições municipais, de modo que o curso da economia só vai começar a ser ajustado em novembro.  
Essa é a opinião também de Adeodato Volpi Neto, head de mercados de capitais da Eleven Financial. De acordo com ele, o afastamento da presidente Dilma estava sobreprecificado na Bovespa, sem levar em conta o tempo e o esforço necessários para efetivamente mudar os rumos da economia brasileira. “As mudanças precisam de um tempo que a economia não tem para esperar. Há uma urgência na mudança da meta fiscal e a equipe econômica, por enquanto, não sabe nem qual é a extensão do problema”, avalia. 
Já o economista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger, aponta ainda outro motivo para a correção relacionado a política. Segundo ele, apesar do time montado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ser de competência indiscutível, ainda há indefinições sobre a viabilidade de se aprovar no Legislativo pautas tão polêmicas quanto a reforma da previdência e a trabalhista. “O [presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo] Cunha conseguindo emplacar um líder do governo ligado a ele [o deputado André Moura (PSC-SE)]  traz preocupações sobre a capacidade que esse governo terá para se articular no Parlamento. Nomes como o de Moura travam um processo posterior de aprovação de medidas”, explica.  
Vale lembrar sempre que a imagem de Temer sofre um desgaste e ele perde capital político ao se mostrar ainda muito ligado a Cunha, que é réu em processo de cassação por quebra de decoro no Conselho de Ética da Câmara. 

Não vai vir ajuda de fora 

E se aqui, o Brasil não verá o mar de rosas esperado em uma gestão Temer, lá fora também não haverá ajuda. “Pela primeira vez, o Fed reconheceu uma falha na metodologia e mostrou uma possibilidade de aumento dos juros”, afirma Adeodato Volpi Neto, lembrando da ata da última reunião do Fomc (Federal Open Market Committee), que afirmou ser possível uma elevação das taxas nos Estados Unidos em junho se os indicadores econômicos continuarem a mostrar uma melhora na atividade do país. Na terça-feira (17), o dado de inflação ao consumidor referente a abril mostrou um crescimento de 0,4% contra 0,2% esperados pelos economistas. 

quarta-feira, 18 de maio de 2016

A volta da classe do privilégio *Por Leonardo Boff

Leonardo Boff sempre me representa.
Boa leitura!

A volta da classe do privilégio
                                                        *Leonardo Boff
         O principal problema brasileiro que atravessa toda nossa história é a monumental desigualdade social que reduz grande parte da população à condição de ralé.
         Os dados são estarrecedores. Segundo Marcio Pochman e Jessé Souza, que substituiu Pochman na presidência do IPEA são apenas 71 mil pessoas (ou 1% da população que representa apenas 0,05%  dos adultos), multibilionários brasileiros, que controlam praticamente nossas riquezas e nossas finanças e através delas o jogo político. Essa classe dos endinheirados, que Jessé Souza chama de classe do privilégio, além de perversa socialmente é extremamente hábil pois se articula nacional e internacionalmente de tal forma que sempre consegue  manobrar o poder de Estado em seu benefício.
Estimo que seu maior feito atual foi vergar a orientação da política dos governos Lula-Dilma na direção de seus interesses econômicos e sociais, apesar das intenções originais do governo  de praticar uma política alternativa, própria de um filho da pobreza e do caos social, como era o caso de Lula.
A pretexto de garantir a governabilidade e de evitar o caos sistêmico, como se alegava, essa classe do privilégio  conseguiu impor o que lhe interessava: a manutenção inalterável da lógica acumuladora do capital. Os projetos sociais do Governo não a obrigava a renunciar a nada, antes, eram funcionais a seus propósitos. Chegavam a dizer entre si, que em vez de nós, da elite, governarmos o país, é melhor que o PT governe, mantendo intocáveis nossos interesses históricos, com a vantagem de não termos mais nenhuma oposição. Ele assina em baixo de nossos projetos essenciais.
 Essa classe de endinheirados coagia o governo a pagar a dívida pública antes de atender as demandas históricas da população. Assim quitava-se a dívida monetária com sacrifício da dívida social, que era o preço  para poder fazer as políticas sociais. Estas, nunca havidas antes, foram robustas e  incluíram cerca de  40 milhões de pobres no consumo.
Os mais críticos perceberam  que esse caminho era demasiadamente irracional e desumano  para ser prolongado.  Foi aqui que se instalou um estremecimento entre os movimentos sociais e o governo Lula-Dilma.
Tudo indicava que, com quatro eleições ganhas, apesar dos constrangimentos sistêmicos, se consolidava um outro sujeito de poder, vindo de baixo, das grandes maiorias oriundas da senzala e dos movimentos sociais. Estas começaram a ocupar os lugares e usar os meios antes reservados à classe média e aos da classe do privilégio que, no fundo nunca aceitou o operário Lula e nunca se reconciliou com o povo, antes o desprezava e humilhava. Foi aí que os antigos donos do poder despertaram raivosamente, pois poderiam pela via do voto nunca mais chegar ao poder.
Instaurada uma crise político-econômica sob o governo Dilma, crise cujos contornos são globais, a classe do privilégio aproveitou a oportunidade para agravar a situação e, pela porta dos fundos chegar ao Planalto. Criou-se uma articulação nada nova, já ensaiada contra Vargas, Jango e Juscelino Kutischek assentada sobre o tema moralista do combate à corrupção, salvar a democracia (a deles que é de poucos). Para isso era necessário suscitar a tropa de choque que são os partidos da macroeconomia capitalista (PSDB,PMDB e outros),apoiados pela imprensa empresarial que foi o braço estendido das forças mais conservadores e reacionárias de nossa história com jornalistas que se prestam à distorção, à difamação e diretamente  à difusão de mentiras.
A narrativa é antiga, pois sataniza o Estado como o antro da corrupção e magnifica o mercado como o lugar das virtudes econômicas e da inteireza dos negócios. Nada mais falso. Nos Estados, mesmo dos países centrais, vigora corrupção. Mas onde ela é mais selvagem é no mercado, pois sua lógica não se rege pela cooperação mas pela competição, onde praticamente vale tudo, um procurando engolir o outro. Há milionárias sonegações de impostos e grandes empresários  escondem seus ganhos absurdos em contas no exterior, em paraísos ficais como se tem denunciado recentemente  pela Zelotes, Lava-Jato e Panamá-papers. Portanto, é pura falsidade atribuir as boas obras ao mercado e as más ao Estado. Mas essa narrativa, martelada continuamente pela mídia empresarial, conquistou a classe média. Diz Jessé Souza com acerto que “em literalmente todos os casos a classe média conservadora foi usada como massa de manobra para derrubar os governos de Vargas, Jango e agora Lula-Dilma e conferir o “apoio popular” e a consequente legitimidade para esses golpes sempre no interesse de meia dúzia de poderosos”(A tolice de inteligência brasileira,2015,p. 207).
Na base está  uma mesquinha visão mercantilista da sociedade, sem qualquer interesse pela cultura e  que exclui e humilha os mais pobres, roubando-lhes o tempo de vida nos transportes sem qualidade, nos baixos salários e na negação de qualquer perspectiva de melhora já que são destituídos de capital social (educação, tradição familiar etc). Para garantir sucesso nessa empreitada perversa se criou uma articulação que envolve grandes bancos, a FIESP, a MP, a PF e sectores do judiciário. No lugar das baionetas funcionam agora os juízes justiceiros que não relutam em passar por cima dos direitos humanos e da presunção de inocência dos acusados com prisões preventivas e pressão psicológica para a delação premiada com conteúdos sigilosos divulgados pela imprensa.
O atual processo de impeachment à presidenta Dilma se inscreve dentro desta quadro golpista  pois se trata de tirá-la do poder não por via eleitoral mas pela exacerbação de práticas administrativas consideradas crime de responsabilidade. Por eventuais erros (concedido mas não aceito) se pune com o supremo castigo uma pessoa honesta contra a qual não se reconhece nenhum crime. A injustiça é o que mais fere a dignidade de uma pessoa. Dilma não merece essa dor, pior do que aquela sofrida nas mãos dos torturadores.
*Leonardo Boff é  escritor.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

"A música só existe no dia em que alguém a ouve. Se estiver na gaveta de uma gravadora, ela não existe."

Entrevista com Fernando Anitelli

16/05/2016 10:15 AM / Raphael Pozzi / Atualizado em 16/05/2016 10:15 am
Criador do grupo “O Teatro Mágico”, em 2003, Fernando Anitelli conversou com a Folha Metropolitana sobre o lançamento do novo álbum da banda: “Allehop”. De acordo com o cantor, a função do artista é provocar sentimentos, “falar com variadas cores, tons mais escuros, mais leves, misturas”. Além disso, segundo Anitelli, a música não pode fugir das discussões políticas, “ainda mais com o momento sensível que vivemos hoje”. Para o cantor, as pessoas não devem se acomodar com o que as incomoda.
O grupo é referência por sua estética própria, que reúne a música com as artes performáticas. Atuando na música de forma totalmente independente, tanto na produção como na venda, a banda já lançou, agora, seis CDS de estúdio, três DVDS e um álbum ao vivo. Mesmo disponibilizando todo seu conteúdo para download gratuito, o grupo já vendeu mais de 3 milhões de CDs e mais de 450 mil DVDs.
O mais novo álbum, “Allehop”, faz referência a uma expressão usada pelos circenses que indica o tempo para o início de um número acrobático.
O lançamento foi feito no final de abril deste ano e já está nas plataformas digitais, como o Youtube e o Facebook, e lojas do Brasil.

Folha Metropolitana –­ Quando o novo álbum foi gravado?
Fernando Anitelli – A gente gravou em janeiro de 2016. Toda a produção foi realizada no ano passado. Eu, com muitos parceiros, compus as dez canções. São músicas que a gente gravou no Rio de Janeiro.

Quais são as novidades que podem ser conferidas nelas?
Esse é um álbum que visita o som mais eletrônico, mais festivo, alegre, dançante. O “Allehop” é um grito ancestral do circo. É como dizer “se joga”, “arremessa a faca”. Allehop! Essa é a ideia do álbum.

Qual é a diferença dessas músicas para as do último álbum?
O último foi o “Grão do Corpo”, mais introspectivo. Ele estava nas entranhas, atravessava o primeiro levante do País, com as manifestações de 2013. Com o “Allehop”, trazemos uma temática mais construtiva, positiva, contra a violência, homofobia, o ódio, o machismo. O “Allehop” é uma maneira de expressar a igualdade. É o momento de unificarmos as nossas lutas. O que vemos nesse momento é um povo dividido, quando na verdade temos que nos unir, trabalhar juntos para o bem comum.

Como é cantar, alegrar as pessoas, mesmo com o momento ruim que o País atravessa?
Na verdade, a gente não canta só pra alegrar as pessoas. Nós cantamos para provocar. Podemos provocar um questionamento, uma alegria, uma coragem, uma compaixão.
A questão é não achar que o que acontece é natural, as coisas que estão acontecendo hoje. E eu digo que não dá para dissociar o teatro, a dança e a arte da política. Não dá para achar normal uma pessoa oferecer o voto para um torturador num momento sensível da política. As vezes eu acho que está tudo errado. Mas se vamos conversar, temos que falar sobre valores, sobre questão das mulheres.
De certa forma, você pode falar com variadas cores, com tons mais escuros,  mais leves, com misturas. O trabalho do compositor, músico, ator, da dançarina é esse: provocar. Não se sentir apático. Temos que afetar o público de alguma jeito.
Nós cantamos para que as pessoas não se acomodem com o que as incomoda.

Falar sobre política é uma função do artista?
Isso faz parte da expressão artística. Mas temos que falar sobre política também na escola, na igreja, dentro do salão, na padaria.
Claro, o que não podemos é ficar criticando, apontando. Temos que ser construtivos. As pessoas estão mais interessadas na política e esse momento tem que ser pedagógico. A luta  contra a corrupção tem que ser pedagógica, para que possamos aprender com tudo o que estamos vivendo.

Você sente que a banda está mais madura?
Cada álbum é um álbum. A gente naturamente amadurece mediante acertos e erros. O que já aprendemos, nós aplicamos nas apresentações. Tudo isso com apoio de grandes pessoas e de grandes músicos.

O que mais te marcou nesses 13 anos de Teatro Mágico?
São muitas coisas, em vários âmbitos. O que eu me lembro agora é de o público soltando bexigas, arremessando rosas,  mostrando faixas. Isso tudo é muito bonito. A nossa relação com o público é maravilhosa.
Mais recentemente, o que vai ficar para a história é o financiamento coletivo. Foi impressionante. A gente precisava  de dinheiro para levantar o circo, palco, iluminação. Pedimos R$ 100 mil para que em 60 dias fosse alcançado. Conseguimos essa quantia em 5 dias. No final, eles quadruplicaram a meta. Foram quase R$ 400 mil. Nesse momento entendi o ditado da presidente (Dilma Rousseff): deixar a meta  aberta. Lembrando que essa quantia toda foi arrecadada agora, em depressão econômica. Foi inesquecível, veio como uma bênção para o nosso trabalho.

O download do álbum é gratuito. Como uma banda pode sobreviver hoje tendo essa exposição?
As plataformas disponíveis on-line são as nossas amigas. Se as rádios e as televisões não tocam a música livre, nós disponibilizamos nossa arte gratuitamente.
A música só existe no dia em que alguém a ouve. Se estiver na gaveta de uma gravadora, ela não existe.
O Brasil tem milhares de compositores, mas as pessoas não os ouvem porque a canção não toca. O primeiro passo da música livre é esse: se você é o autor, você pode fazer o que bem entender com sua obra.
O músico não ganha em cima da venda de CD. Quem ganha não é o artista, são as editoras e as gravadoras. O músico recebe com shows. O CD é apenas mais um desdobramento da música.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Esse é um golpe institucional e anti-democrático, que desrespeitou a vontade de 54 milhões de eleitores.

  - Créditos: Por Vitor Teixeira

Nota do MST sobre afastamento da presidenta Dilma Roussef

Esse é um golpe institucional e anti-democrático, que desrespeitou a vontade de 54 milhões de eleitores.

Da Página do MST 

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vem a público manifestar seu repúdio e inconformismo em relação à decisão do Senado Federal, dessa quinta-feira (12), de admitir o processo de Impeachment contra a Presidenta Dilma Roussef e afastá-la do cargo temporariamente. Temos certeza, como afirma o texto do processo, que a Presidenta não cometeu nenhum crime com as pedaladas fiscais. Se assim fosse, o processo deveria atingir também o vice que ora assume, Michel Temer, e o senador Anastasia, ex-governador de Minas. 
 

Esse é um golpe institucional e anti-democrático que desrespeitou a vontade de 54 milhões de eleitores e foi orquestrado pelos setores mais conservadores da sociedade, em especial o empresariado neoliberal e subserviente aos interesses das empresas Estadunidenses. Um golpe sustentado por uma campanha permanente dos grandes meios de comunicação – em especial, a Rede Globo –, e pela ação seletiva e midiática de setores do poder judiciário.

O golpe referendado pelo Senado não desrespeita apenas a opinião da população sobre quem deve ser o Chefe de Estado, mas, como anunciado pelo Vice usurpador, pretende aplicar um programa recessivo, neoliberal, de tristes lembranças para o povo brasileiro nos tempos dos governos Collor-FHC. Ele será anti-popular e um retrocesso social que diversas vezes foi rejeitado pela maioria da população nas urnas. Incapazes de conviver com a democracia e de se submeterem a vontade popular, as elites afastam a Presidenta sem qualquer comprovação de crime, apenas para que seu projeto de cortes sociais, desemprego e privatização seja levado a cabo.


A “Ponte para a recessão”, do golpista Michel Temer, só levará à acentuação da crise social e econômica e ampliará a instabilidade política do país. O novo governo que se anuncia, por seu histórico, tampouco representa ruptura com os métodos corruptos, que todos denunciamos nas ruas.


Esperamos que o Senado se redima, quando tiver que julgar o mérito. E se assim não proceder, as forças partidárias democráticas e contrárias ao Golpe devem recorrer ao STF. A sociedade brasileira sabe que estamos enfrentando uma crise econômica, política, social e ambiental. Essa crise não se supera com golpes. Ela necessita de um amplo debate na sociedade que aglutine a maior parte das forças populares e sociais, para buscarmos construir um novo projeto de país que enfrente as crises. 


Em relação à crise política instaurada, defendemos com os demais movimentos populares, que somente uma reforma política profunda, que devolva ao povo o direito de escolher seus representantes legítimos, pode ser uma saída verdadeira. O atual congresso não tem condições e nem vontade política. Daí a necessidade do senado aprovar a realização do plebiscito que dê ao povo o direito de convocar uma assembleia constituinte, que culmine numa reforma política com a realização de eleições gerais em condições democráticas.


O MST permanecerá mobilizado em defesa da democracia e dos direitos sociais, ao lado da Frente Brasil Popular e dos milhares de trabalhadores e trabalhadoras que não aceitarão o golpe. Seguiremos sempre em luta, contra o latifúndio e o agronegócio, pela reforma agrária popular e pelo direito constitucional de todos os trabalhadores rurais terem terra e vida digna no campo. 



Não ao golpe! Fora Temer!
 
Coordenação Nacional do MST
Brasília, 12 de maio 2016

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Morre aos 83 anos o metalúrgico e líder sindical Waldemar Rossi

A melhor homenagem que deixamos aos lutadores e lutadoras que nos deixam é continuar a sua luta!
Waldemar Rossi, Presente!

Do informe do MST.

Morre aos 83 anos o metalúrgico e líder sindical Waldemar Rossi





Waldemar Rossi - 1933 - 2016


Por Ronaldo Werneck


Faleceu ontem (04/05) Waldemar Rossi. Companheiro de incansáveis lutas, Rossi não está mais entre nós. Internado no Hospital do Servidor Público há quase um mês, com o coração fraco e corpo debilitado, permanecia junto aos seus familiares, que se revezavam para lhe fazer companhia no hospital. 


Waldemar Rossi nasceu em Sertãosinho, interior de São Paulo, em 17 de agosto de 1933. Católico fervoroso, veio para capital em 1960, para trabalhar na coordenação da JOC - Juventude Operária Católica. Logo no início dos anos 60 começou a trabalhar no setor industrial, de onde se tornou referência para os trabalhadores, não só católicos. 


Veio daí sua militância sindical. Tornou-se dirigente da pastoral operária e em 1967 encabeçou a "Chapa Verde", em oposição aos interventores, que estavam a serviço da ditadura militar, que assolava o país. 


Os interventores administrava o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Incansável pela luta dos trabalhadores, em 1972, Rossi, pela segunda vez, organiza outra chapa para disputar a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. 


Durante esta década de 70, atua na organização de comissões de fábricas clandestinas e, em 1980, participa ativamente da construção da CUT - Central Única dos Trabalhadores - e do Movimento de Oposição Sindical Metalúrgica. Também foi um dos fundadores do PT - Partido dos Trabalhadores -.




Sua história é um misto de luta e compromisso com a classe trabalhadora. Travou o bom combate. Metalúrgico aposentado, sempre gentil, também esteve presente na comissão da verdade, que investigava os crimes da Ditadura Militar no Brasil. Companheiro Waldemar deixa sua companheira Célia, seus cinco filhos, além de genro, noras e netos. 




Waldemar Rossi, presente! Agora e sempre.