terça-feira, 25 de julho de 2017

Quando a democracia atrapalha o capital.

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Das várias mídias e meios de comunicação que fazem o papel de "porta voz do capitalismo brasileiro", o "Valor Econômico" soma-se como mais um medíocre meio que provoca nossa perda de tempo em lê-ló em igual esforço que o faz em fazer "jornalismo".

E através de "mercenários modernos e midiáticos" busca impor um pensamento em seu discurso que mescla os mitos da "guerra fria" contra o terror da economia keynesiana, criticas tipicas da baixa capacidade intelectual dos neoliberais, que acham que dinheiro compra tudo. 

Bom, neste capitalismo neoliberal, de fato a alma de alguns economistas e jornalistas tem sido pagas de forma barata frente a desgraça que provocam contra o país e os trabalhadores assalariados nas posições políticas que publicam.

Ao afirmar nesta segunda-feira (24/07/2017) em matéria publicada por uma de suas mercenárias midiáticas do capital, afirma que "Eleições podem impor retrocesso às reformas", só faltando um subtítulo: "Pela volta da ditadura pelo bem do Brasil". O texto funcionando mais como um manifesto e menos como matéria jornalistica trás para o público um discurso conhecido e que provoca: medo, medo e medo.

Medo de que? Da DEMOCRACIA. Sim, é o que expressa a porta voz do capital meia-boca deste país. Quando propõe um levante contra o processo eleitoral que segue, esperamos, seu curso normal em 2018, justifica que a democracia é ruim às reformas que Temer apresenta, em nome do capital.

E a matéria do jornal "Valor Econômico" não afirma que o medo é pela candidatura de Lula ou do PT. O medo que cerca é do inimigo real e que de fato pode frear essas medidas anti-trabalhadores que estão sendo aprovadas a toque de caixa pelo presifake Temer.

O medo das elites é contra nada mais, nada menos: EU, VOCÊ, TODOS E TODAS NÓS trabalhadores (as)!

Sim, o medo é que a maioria que trabalha e deixa parte significativa da riqueza produzida ser concentrada nas mãos das elites, possa se vingar em 2018 elegendo parlamentares comprometidos com os interesses dos trabalhadores assalariados, formais ou informais, segurados e beneficiários da seguridade social e dos programas sociais.

Pois, para os capitalistas essa maioria deve servir apenas e unicamente para "aquecer" a gélida economia em crise do nosso capitalismo medíocre. Salvar a cadeia produtiva e distributiva de bens necessários e supérfluos, enfim, consumir para salvar os mesmos que nos exploram diariamente. Consumir pode, votar pelo seu destino, não!

O medo empregado, timidamente, mas percebível, publicado neste articulo rasteiro chamado "Valor Econômico"  ainda é subliminar, pois, ainda há uma certa reserva por parte das elites em descartar um principio que eles mesmos e as suas referencias liberais tanto "lutaram" que é o discurso da "democracia contra o comunismo". Assim, como um covarde, escondem-se atrás de jornalistas medianos, que fazem o serviço sujo de porta-voz da sua real vontade, que, não é uma ditadura militar, mas financeira.

Controlando do Estado, o capital já está fazendo deste país uma grande corporação financeira, por isso o jogo do poder tem girado mais em "ganhar" deputados e senadores amarrados no emaranhado dessa rede de interesses privados e econômicos, e menos no modus operante de Temer, Cunhas, Maluf's e outros. Ao capital não interessa necessariamente a corrupção, mas a apropriação do público pelo privado.

Os corruptos tradicionais, ops, políticos tradicionais não interessam mais nesse jogo, apesar de ter grande influência. Interessa, a uma parte dos capitalistas, jogar o jogo de capitulação de um lado e o controle por outro, ou seja, um estado provedor dos seus interesses, funcionando como uma "corporação" que torna a sonegação legal, a privatização inevitável e a dilapidação da riqueza nacional algo "moderno" aos seus interesses. Se o Brasil fosse um filme, seria "Robocop" sem um "héroi" ou um "Madmax" sem a alusão poética.

O problema é, que se para a esquerda brasileira não há um novo que expresse o futuro para construir uma nova conjuntura política progressista, democrático-participativa, socializante de direitos e etc., para essa fração das elites o seu "novo" também ainda não surgiu. 

Não emergiu de junho de 2013, não emergiu do "fora Dilma", não emergiu das eleições de 2016 e ainda não saiu das salas de aula de empreendedorismo da FGV ou dos MBA's medíocres Brasil afora. Essa nova geração engravatada ou de vestido tailleur não "vestiu-se de povo" e sua representatividade é medíocre, assim como sua atuação na política nacional.

O certo é que na avaliação dos mercenários do jornal "Valor Econômico" o lucro esta acima das pessoas, pois, o lucro pode garantir "crescimento econômico" que vai gerar as "condições do crescimento do país". Ok, o discurso é velho, a receita é velha e o resultado esperado para o país é desastroso. E mesmo assim, um novo deus opera a tempos na sociedade, e não é cristão e muito menos muçulmano, é o capital. Que deve usar seus meios de interferir nas eleições de 2018, mas se baixar uma ditadura também ficará feliz.

O que incomoda não é o fato de que o "Valor Econômico" faz uma pregação já conhecida, porém, sem coragem de dizer o que realmente pensa, apenas reforça a velha tradição da política brasileira do apaziguar e tentar conciliar o inconciliável nas relações capital-trabalho.

Retrocessos de um lado, via reformas trabalhista e da previdência, com ou sem Temer e do outro, via a manter o Brasil no atraso expresso nos comerciais de outro porta-voz do mercado, a rede Globo que quer que retornemos às elites agrárias de bota e arma em punho ao defender os agrocriminosos (o Brasil das capitanias hereditárias e latifundiárias) como se a produção de grãos fosse central e maior a produção de tecnologia e independência e o abismo do investimento lesa-pátria chamado tesouro-direto ou como eu prefiro chamar "investimento permanente da crise do Brasil".

Já tardou de termos um projeto popular para o país que combine suas riquezas existentes, a determinação popular da classe assalariada, entre tantas qualidades ocultas e não estimuladas. Se o nosso povo é solidário distribuindo entre si o pouco que tem, imagine se resolvermos socializar a riqueza para que todos e todas tenham direito a vida digna.

O desafio continua em ambos os lados, se nem mesmo os seguidores de Pondé conseguem engatar um líder político da nova direta e a fração financista das elites, concluímos que se do lado de lá ainda há dificuldades, e não encontrou seu rumo, cabe a esquerda brasileira constituir-se de capacidade militante para ousar, sem pressa para formar e organizar e com pressa para buscar ampliar sua representação em 2018. Tarefa difícil e que se não nos atentarmos a isso, quem perderá é a pouca e ainda única democracia que temos. 





Veja a matéria abaixo do jornal Valor:

Eleições podem impor retrocesso às reformas
Valor Econômico - Angela Bittencourt - 24/07/2017


A eleição presidencial de 2018 poderá minar o esforço empreendido até agora para aprovar reformas estruturais com o objetivo de promover uma recuperação econômica, capaz de minimizar os efeitos inquestionáveis da Operação Lava-Jato sobre a atividade.

Para grandes investidores, é de 90% a probabilidade de o próximo governo dar continuidade às reformas estruturais e garantir ao Brasil uma política fiscal sustentável e que dará suporte para uma taxa de crescimento econômico igualmente sustentável.

Os investidores não consideram a possibilidade de a corrida eleitoral mostrar que a probabilidade do ajuste é de 50% e não de 90%. Se for configurado o cenário de 50%, os preços dos ativos financeiros sentirão o baque em função da reestimativa do sucesso já creditado não se sabe a quem.

O mais provável é que tudo termine bem, mas isso não é certo. Nos próximos quatros meses nada acontece. Contudo, a corrida eleitoral pode levar o mercado a fazer o dobro do ajuste feito até agora em câmbio e ações. A delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, do grupo JBS, não promoveu esse ajuste. Os juros, em forte queda, seguem sua própria dinâmica. Reagem à inflação em queda e à atividade baixa.

Essa combinação permite ao Banco Central manter, por um período, o juro abaixo do patamar considerado 'neutro', que banca crescimento sem pressões inflacionárias. Um descompasso do juro corrente em relação ao juro 'neutro', estimado em torno de 8%, é necessário inclusive para a recuperação do crescimento", disse em entrevista à coluna, na condição de anonimato, um experiente profissional sempre dedicado ao setor privado e que hoje compõe a diretoria de uma importante gestora de ativos.

Questionado sobre candidatos que poderão despertar confiança nos investidores, nosso interlocutor apontou personalidades filiadas ao PSDB: João Doria, prefeito de São Paulo, e Geraldo Alckmin, governador do Estado. "O PSDB é um atestado de qualidade de política econômica. Qualquer candidato do partido seria recebido dessa forma".

Quanto às condições em que o mercado financeiro pode vir a receber uma candidatura de Ciro Gomes, do PDT, o diretor da asset garante que o ex-senador tem duas características entre aquelas que o mercado financeiro mais teme: "Vai fazer a coisa errada e de maneira errática. E isso é tudo o que o Brasil não precisa."

Nosso entrevistado lembra que os candidatos devem ser conhecidos no ano que vem, perto da eleição de outubro, e afirma que Marina Silva (Rede Sustentabilidade) é um balizador de preferências.

"De Marina à direita, todos serão vistos como bons candidatos e ela mesma pode surpreender sendo bem assessorada. O PMDB está fazendo uma política econômica exemplar, mas não parece haver condição de o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, se fazer candidato. Ele seria o ideal por sua credibilidade, experiência e acertos da atual gestão."

A atual equipe segue um "bom roteiro" de política macroeconômica. A questão fiscal não está equacionada, mas o teto de gastos do setor público foi um meio competente de endereçar os problemas fiscais. O diretor de investimentos de um conglomerado brasileiro entrevistado pela coluna afirma que o espólio do governo Dilma foi uma política macro toda errada, o que levou o país a crescer abaixo do potencial.

"A taxa de crescimento do PIB voltará ao seu potencial, mas além das reformas estruturais, o governo deve rever uma série de mecanismos que foram criados como paliativos. Um desses mecanismos é atrelar tudo à variação do PIB. O melhor exemplo é o salário mínimo. Mas o Brasil teve importantes avanços na área social", diz.

Esse profissional entende que a conquista de uma agenda social não pode e nem deve ser esquecida. "Temos hoje uma pausa na política de distribuição de renda. Ao mesmo tempo, com o desequilíbrio da Previdência, temos também uma transferência de renda do futuro para nós. O sistema de aposentadoria precisa ser totalmente reorganizado. O Brasil tem uma agenda fiscal complexa também em função dos gastos", comenta.

O entrevistado da coluna calcula que o ajuste fiscal deve ser equivalente a 5% do PIB. O problema é grave, mas não insolúvel. A carga tributária não vai subir mais e os gastos continuarão avançando. Ainda no escopo da política fiscal, entende a fonte, o governo deverá rever subsídios e optar pela transparência. "O BNDES tem subsídio para as suas operações, mas deveria demarcá-lo explicitamente e definir em que prazo esse mecanismo será usado."

As contas externas também chamam a atenção desse profissional que teme uma mudança de ventos, antes de o governo brasileiro realizar as reformas.

Os dados do setor externo divulgados pelo BC, na semana passada, mandaram um recado curto e grosso para o presidente Michel Temer: cuide da competitividade das exportadoras, faça valer cada centavo de investimento direto no país e não menospreze as políticas mais restritivas dos grandes bancos centrais.

O desempenho das contas externas também chama a atenção desse profissional que teme uma mudança de ventos no exterior antes de o governo brasileiro realizar as mudanças necessárias. "As condições internacionais ainda são bem favoráveis, mas os maiores bancos centrais do mundo estão em movimento."

No primeiro semestre, as contas externas tiveram o melhor resultado em anos. Fizeram diferença para melhor o superávit comercial e o ingresso de US$ 80 bilhões para investimento na economia real. O juro, ainda um dos mais altos do mundo, não evitou a saída de US$ 11, 3 bilhões de estrangeiros aplicados em renda fixa local.
Investimentos financeiros em ações superaram ligeiramente US$ 2,2 bilhões __ cifra ainda modesta para um país cujo governo já vê crescimento. E se o crescimento não vier, ou não tiver sustentação, haverá um retumbante retrocesso da política econômica.