sábado, 13 de janeiro de 2018

"Nova" classe trabalhadora, ou uma esquerda que pensa o Brasil?

Concordo com Marilena Chaui, mas na real esse " novo" Brasil nunca deixou de ser o velho Brasil se pensarmos no número de pessoas que durante o governo Lula já recebiam os benefícios como salário-família, BPC, aposentadorias de um salário mínimo e os próprios trabalhadores que ainda viviam com menos de um salário mínimo e meio. A estes as condições de vida sofreram mudanças durante o lulismo graças, e verdade seja dita, a melhora nos preços com forte ampliação do de acesso do mercado consumidor e a política de valorização do salário mínimo contribuíram para "inclusão" dos Excluídos.

Porém, não alterando sua estrutura social e política, as medidas do lulismo ainda eram vítimas de uma política econômica neoliberal, perversa e intrrnacionalmente controlada pelo capital financeiro, voraz e anti-social.

Não criando mecanismos de estímulo a participação política, valorização dessa participação constante nas políticas públicas com apropriação da população pelos espaços e pelos rumos. Sem uma.politica econômica alternativa, mesmo que paripasso e concorrente à esta do rentismo, que estimulasse novas formas de comércio, relações econômicas como a economia solidária, cooperativas de trabalhadores, mercados que estivessem aclopados a uma nova "governabilidade" que dialoga com a sustentabilidade da vida do ser social. Pois, devemos reconhecer que a forma de consumo no capitalismo contemporâneo é predatória e causadorade graves doenças da mente que levam o ser humano a buscar pelo ridículo, pelo crime, pela força física, entre outros o acesso aos bens materiais nesse nosso século.

A esquerda que quer dialogar com a classe trabalhadora deve assumir que seu compromisso não é pelo acesso a bens materiais (retórica do lulismo) e sim acesso a condições de vida que agreguem vontades coletivas e individuais sem sofrimento, sem desigualdade e lógico com coragem de enfrentar e combater a exploração do capital.

Parece discurso batido, mas combater a exploração é combater os valores culturoais ultra-liberais do pensamento capitalista neoliberal como aquele mantra que diz que "não há ascensão de uns sem a derrota de muitos outros" ou a ideia de "mérito" (meritocracia) e onde a idiotização funciona como resposta à ciência e a construção do pensamento pela formação intelectual do ser social. Ou seja, o mundo do capital que gira em torno de ideias para empurrar goela abaixo da massa produtos manufaturados cada vez mais e sentido e sem necessidade, a falsa ideia de escolha (basta ver que a roupa que você veste não é exclusiva, mas produzida em larga escala) e a meta pela acumulação de riqueza monetária precisam ser combatidas.

Lógico que um sistema só se altera ppr um outro e seu processo de mudança exige uma transformação que a burguesia conhece bem e é por uma revolução.

Dizer que isso é demorado pode ser um atestado de preguiça ou um reconhecimento de que precisamos dar um novo passo, diferente, ou como diria o poeta: "um caminho começa pelo primeiro passo, e mesmo o caminhar por um outro caminho, exige de nós a iniciativa de seguir caminhando".

Bora seguir um novo caminho, sem.medo de ser feliz.

INCLUSÃO NO DEBATE

Marilena Chauí defende diálogo da esquerda com o 'subproletariado'

Para professora emérita da USP, é preciso saber o que pensa essa nova e crescente classe trabalhadora, formada por precarizados, subempregados, excluídos e órfãos dos programas sociais
por Redação RBA publicado 13/01/2018 09h49, última modificação 13/01/2018 15h11
ACERVO/UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
chauí.jpg
Para Marilena Chauí, é preciso ouvir essas populações no enfrentamento à desconstrução do estado e dos direitos
São Paulo – A filósofa e professora emérita da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Marilena Chauí, defende aproximação dos movimentos de esquerda com a nova classe trabalhadora, que surge sobretudo da precarização do trabalho pela perda dos direitos trabalhistas e dos programas sociais.
“Não sabemos o que pensam as pessoas que estão voltando à condição de miséria. Em São Paulo, o grau de exclusão atingiu uma situação alucinante, com desempregados morando nas ruas com suas famílias, o que não se via nem durante a ditadura e nem no governo de Fernando Collor. Ao mesmo tempo, em um contexto neoliberal, surgem uma nova classe trabalhadora totalmente precarizada e mais miséria. Não temos a dimensão de seus valores e percepção política e eleitoral”, disse Chauí nesta sexta-feira (12), em entrevista aos blogueiros Wellington Calasans e Romulus Maya, do Duplo Expresso.
A filósofa considera essa distância da esquerda um “problema gravíssimo”. “Tenho estudado o assunto e não vejo as esquerdas pensando nisso”, disse, ressaltando considerar que a vitória de João Doria (PSDB), para prefeito de São Paulo, não é uma simples vitória da abstenção.
“Há o grande risco de envolvimento dessa nova classe trabalhadora no processo de despolitização, da crença de que a política é corrupta e que você precisa é de um gestor. A mídia vem construindo imagens para nomes com chances de vir a ser candidatos à Presidência da República. Lula é apresentado como messiânico, populista, salvador; Bolsonaro como o nome da segurança e da ordem, e Geraldo Alckmin como o grande gestor. Nenhuma dessas imagens é política”, disse.
Ela destacou que esse diálogo é importante para o debate sobre caminhos para a desconstrução de ideologias neoliberais baseadas na supervalorização do empreendedorismo como alternativa ao emprego, ao desmonte e privatização do estado com perda de direitos.