Novamente o Carrefour é centro de uma brutalidade. Novamente a brutalidade envolve um homem negro. Outras brutalidades já foram registradas e as brutalidades trabalhistas nem se fale, a lista é enorme, quem quiser conferir vai algumas matérias (clica no link):
https://www.brasildefato.com.br/2020/11/20/sete-vezes-em-que-o-carrefour-atuou-com-descaso-e-violencia
https://secrj.org.br/noticias/liminar-determina-que-carrefour-acerte-as-contas-com-trabalhador/
http://www.esquerdadiario.com.br/Crise-Carrefour-lucrou-tanto-com-a-reforma-trabalhista-que-comprou-a-rede-concorrente
Mas o que me importa nessa breve reflexão é a postura da grande mídia e sua velha condição de classe. Assim que as imagens envolvendo a agressão contra João Alberto e sua morte por asfixia por seguranças da rede de supermercados.
No calor de noticiar o fato a grande mídia teve tempo nas edições das suas matérias de "puxar" os antecedentes da vítima ao levantar que o mesmo tinha registros anteriores de violência doméstica, ameaça e porta de arma ilegal. Bom, se fosse liberal e moralista, me bastavam na minha débil análise justificar o discurso de que "o sujeito provocou a sua morte".
Mas não sejamos imbecis!
A razão humana evoluiu muito para minimizar problemas estruturais e cotidianos da sociedade.
Se João Alberto tinha pendências ou erros isso já estava sob a atenção do sistema jurídico do chamado Estado Democrático de Direito. Estado negado pelos fascistas, mas que respeita seus direitos civis e humanos.
Voltemos ao assassinato. Agora após informações recentes do caso, foi um assassinato.
Qualquer profissão, qualquer profissão mesmo. Recebe a instrução e a formação necessária para o desempenho das suas funções, a minha, a sua, a de todos e todas nós. Profissões que lidam com o público principalmente. Ou pelo menos deveria ser apesar das imagens em contrário no caso de João Alberto.
E mesmo que João tenha errado. Que ele pudesse desfrutar da "liberdade" que a sociedade constitucional e liberal que as repúblicas no capitalismo a proporcionam. Sendo encaminhado para órgãos de segurança ou advertido conforme pede a nossa legislação devidamente racional.
Mas o caso seguiu por outro caminho. Os seguranças usando o poder que não lhes cabia agiram como animais, abandonaram o suporto poder do exercício das suas funções e partiram para agressão e a violência.
O fato é que João Alberto Silveira Freitas morreu. Não foi contido dentro das "normas profissionais", não foi encaminhado a um órgão de segurança ou de justiça e nem vai poder apresentar suas alegações sobre o fato. Foi calado.
Sobre os seus antecedentes? Tenho visto e perdido tempo com as "nobres" e porcas opiniões nas redes sociais, lugar realmente tóxico para humanidade e as alegações são no mínimo incríveis.
Primeiro, os que cobram da esquerda "coerência". Pois estaríamos defendendo um "agressor de mulheres". Bom, jamais defenderíamos João Alberto se a cena fosse dele agredindo uma mulher. Outra coisa, a máxima liberal do "defendereis suas ideias mesmo que não concorde com nada que dizes", as vezes vale mais pelo gesto da esquerda do que pela coerência da direita. Defendemos sim o respeito a dignidade humana que foi privada no caso de João Alberto.
Segundo, o discurso de ódio do "aqui se faz, aqui se paga", naqueles eruditos de centro que dizem que o mesmo pelos seus antecedentes, "provocou" a situação que lhe tirou a vida.
Agora, quando as vitimas são brancas e de classe social superior, não vejo a mídia pesquisando e expondo seus antecedentes. Muito pelo contrário, a vitima branca e de renda superior vira mártir de uma injustiça brutal.
Outra ponto central: E onde está a JUSTIÇA para os inúmeros jovens, homens e mulheres negros e negras que não possuíam ANTECEDENTES CRIMINAIS e mesmo assim perderam suas VIDAS?
Estes, sem os antecedentes, perderam suas vidas e nada se fez em termos de justiça!
Ou seja, a regra continua sendo racial.
O único antecedente que importa é o histórico. E este reafirma a necessidade do 20 de novembro e de todos os dias de todos os anos até que de fato todas as vidas negras importem. O que já denotaria grande passo de humanidade.
Enquanto isso. Vamos seguir denunciando, destruindo se necessário o que simboliza e mantem a lógica perversa do racismo em nosso país e no mundo.