sábado, 21 de novembro de 2020

Vidas Negras Importam! Antecedentes importam?

 





Novamente o Carrefour é centro de uma brutalidade. Novamente a brutalidade envolve um homem negro. Outras brutalidades já foram registradas e as brutalidades trabalhistas nem se fale, a lista é enorme, quem quiser conferir vai algumas matérias (clica no link): 

https://www.brasildefato.com.br/2020/11/20/sete-vezes-em-que-o-carrefour-atuou-com-descaso-e-violencia

https://secrj.org.br/noticias/liminar-determina-que-carrefour-acerte-as-contas-com-trabalhador/

http://www.esquerdadiario.com.br/Crise-Carrefour-lucrou-tanto-com-a-reforma-trabalhista-que-comprou-a-rede-concorrente

Mas o que me importa nessa breve reflexão é a postura da grande mídia e sua velha condição de classe. Assim que as imagens envolvendo a agressão contra João Alberto e sua morte por asfixia por seguranças da rede de supermercados. 

No calor de noticiar o fato a grande mídia teve tempo nas edições das suas matérias de "puxar" os antecedentes da vítima ao levantar que o mesmo tinha registros anteriores de violência doméstica, ameaça e porta de arma ilegal. Bom, se fosse liberal e moralista, me bastavam na minha débil análise justificar o discurso de que "o sujeito provocou a sua morte".

Mas não sejamos imbecis!

A razão humana evoluiu muito para minimizar problemas estruturais e cotidianos da sociedade.

Se João Alberto tinha pendências ou erros isso já estava sob a atenção do sistema jurídico do chamado Estado Democrático de Direito. Estado negado pelos fascistas, mas que respeita seus direitos civis e humanos.

Voltemos ao assassinato. Agora após informações recentes do caso, foi um assassinato. 

Qualquer profissão, qualquer profissão mesmo. Recebe a instrução e a formação necessária para o desempenho das suas funções, a minha, a sua, a de todos e todas nós. Profissões que lidam com o público principalmente. Ou pelo menos deveria ser apesar das imagens em contrário no caso de João Alberto.

E mesmo que João tenha errado. Que ele pudesse desfrutar da "liberdade" que a sociedade constitucional e liberal que as repúblicas no capitalismo a proporcionam. Sendo encaminhado para órgãos de segurança ou advertido conforme pede a nossa legislação devidamente racional.

Mas o caso seguiu por outro caminho. Os seguranças usando o poder que não lhes cabia agiram como animais, abandonaram o suporto poder do exercício das suas funções e partiram para agressão e a violência.

O fato é que João Alberto Silveira Freitas morreu. Não foi contido dentro das "normas profissionais", não foi encaminhado a um órgão de segurança ou de justiça e nem vai poder apresentar suas alegações sobre o fato. Foi calado.

Sobre os seus antecedentes? Tenho visto e perdido tempo com as "nobres" e porcas opiniões nas redes sociais, lugar realmente tóxico para humanidade e as alegações são no mínimo incríveis. 

Primeiro, os que cobram da esquerda "coerência". Pois estaríamos defendendo um "agressor de mulheres". Bom, jamais defenderíamos João Alberto se a cena fosse dele agredindo uma mulher. Outra coisa, a máxima liberal do "defendereis suas ideias mesmo que não concorde com nada que dizes", as vezes vale mais pelo gesto da esquerda do que pela coerência da direita. Defendemos sim o respeito a dignidade humana que foi privada no caso de João Alberto. 

Segundo, o discurso de ódio do "aqui se faz, aqui se paga", naqueles eruditos de centro que dizem que o mesmo pelos seus antecedentes, "provocou" a situação que lhe tirou a vida.

Agora, quando as vitimas são brancas e de classe social superior, não vejo a mídia pesquisando e expondo seus antecedentes. Muito pelo contrário, a vitima branca e de renda superior vira mártir de uma injustiça brutal.

Outra ponto central: E onde está a JUSTIÇA para os inúmeros jovens, homens e mulheres negros e negras que não possuíam ANTECEDENTES CRIMINAIS e mesmo assim perderam suas VIDAS? 

Estes, sem os antecedentes, perderam suas vidas e nada se fez em termos de justiça!

Ou seja, a regra continua sendo racial. 

O único antecedente que importa é o histórico. E este reafirma a necessidade do 20 de novembro e de todos os dias de todos os anos até que de fato todas as vidas negras importem. O que já denotaria grande passo de humanidade.

Enquanto isso. Vamos seguir denunciando, destruindo se necessário o que simboliza e mantem a lógica perversa do racismo em nosso país e no mundo.