sábado, 20 de fevereiro de 2021

Artigo | Nestlé e Mondelez processadas por escravidão de crianças na cadeia do cacau

Artigo | Nestlé e Mondelez processadas por escravidão de crianças na cadeia do cacau: Ação contra duas das maiores indústrias de alimentos do mundo corre em Washington (DC) e envolve diversas empresas

Ação contra duas das maiores indústrias de alimentos do mundo corre em Washington (DC) e envolve diversas empresas

São Paulo (SP) |
 

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Processo inédito na cadeia produtiva do chocolate cobra empresas por trabalho infantil forçado em plantações de cacau na Costa do Marfim
Processo inédito na cadeia produtiva do chocolate cobra empresas por trabalho infantil forçado em plantações de cacau na Costa do Marfim - Divulgação/MPT

As duas maiores indústrias de alimentos do mundo, Nestlé e Mondelez, estão sendo processadas por escravidão de crianças na cadeia produtiva do cacau e do chocolate. A ação corre na capital dos Estados Unidos, Washington DC, e envolve também as empresas Cargill, Barry Callebaut, Mars, Olam e Hershey.

A ação foi movida pela International Rights Advocates (IRA), em nome de crianças que foram forçadas a trabalhar em plantações na Costa do Marfim, país que produz mais de 40% do cacau comercializado no mundo. O assunto foi tema de reportagem no jornal The Guardian.

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As multinacionais acima citadas são as principais beneficiárias da exploração. Caberia a elas, como controladoras da cadeia produtiva, não permitir crimes nos elos que ligam as fazendas de cacau ao produto final, o chocolate vendido em lojas ao redor do mundo.

O processo contra as empresas é inédito nesse mercado. Pode representar o rompimento de uma extensa rede de proteção e conivência, que evita a responsabilização criminal de multinacionais envolvidas em violações aos direitos humanos.

No Brasil ocorre problema idêntico ao da África. Pesquisa conduzida por este autor, em parceria com o Ministério Público do Trabalho, identificou seis multinacionais que exploram trabalho escravo e infantil na produção de cacau. As empresas são: Nestlé, Mondelez, Garoto, Cargill, Barry Callebaut e Olam. Parte dessas empresas está com ações ajuizadas pelo Ministério Público do Trabalho.

As empresas não falam publicamente sobre o assunto. Limitam-se a informar que seguem a legislação e que adotam princípios corporativos de responsabilidade social. Além de problemas no cacau, a Nestlé também está envolvida com trabalho infantil na cadeia produtiva do café, por intermédio da famosa marca Nespresso.

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A Nestlé, principal indústria mundial de alimentos, com uma capitalização de mercado de US$ 200 bilhões (mais de R$ 1 trilhão), deveria dar o exemplo, mas não dá. Recentemente, a empresa anunciou que irá plantar um milhão de árvores nativas da Mata Atlântica, sob o pretexto de estar “cuidando do planeta para o seu filho”. Só no Brasil, são oito mil crianças e adolescentes em condições desumanas em fazendas de cacau.  Parte delas trabalhando para a Nestlé e as outras multinacionais do setor de alimentos.

Se a empresa valorizasse a vida e cuidasse de sua própria cadeia produtiva, poderia fazer muito mais do que jogadas de marketing.

* Marques Casara é jornalista especializado em investigação de cadeias produtivas. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP

Esqueçam 2021, vacina a passos lentos é hora de organizar o campo popular contra o fascismo!


 Texto no pôster: Estamos nos preparando para repelir o inimigo, Moscou e Leningrado, 1927. Autor: Merkulov Lu


Janeiro de 2021 passou. Passou a ressaca das eleições das duas Casas Legislativas e no final o bolsonarismo venceu. Venceu? Ou nunca perdeu! Baleia Rossi era a face da mesma moeda com perfume, mas sinalizava que impeachment não estava no seu horizonte, que os planos da política econômica assassina de Guedes seguiria e que mesmo após a COVID 19, os/as trabalhadores e trabalhadoras ainda iriam amargar com essa lógica financeira e neoliberal. Reformas contra a população que iriam ou irão, ter impacto mais devastador que a própria pandemia. As mesmas mentiras de "reformar para melhorar", sem que você, leitor ou leitora se pergunte: "melhorar para quem?" E no final, a resposta oculta é sempre a mesma, para os mesmos ricos e as elites de sempre!

Geralmente sou o otimista da sala. Mas não sobre 2021. Basta ver ao redor, governos medíocres e gestores do interesse do capital, BolsoDoria e minha versão local, BolsoDoriaGuti, todos serviçais do interesse privado em detrimento do público, eleitos num sistema que segue a mesma lógica das elites, com raras exceções o governo do PT venho após mais de 500 anos de colonização e expropriação de riquezas e direitos sociais, e querendo governar dentro das regras, deles!, deu no deu.

Por melhores analises que se façam do lado de cá. Por melhores cartas, comunicados e todo tipo de manifesto. O pouco que avançamos é necessário, mas ainda é pouco. Por mais que tenhamos avançado nas eleições municipais e com as conquistas de mandatos com perfil de combate no campo popular. Nada no horizonte aponta para uma saída de curto prazo para derrotar o bolsonarismo.

É evidente que não acredito em saída de curto prazo. 

Mas a direção do PT e algumas esquerdas sim! Quanto trata a questão como algo que caminha "naturalmente" para o processo eleitoral de 2022 e quando o ungido de Lula diz que "o antibolsonarismo é maior que o antipetismo" (fonte: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2021/02/10/antibolsonarismo-e-mais-hoje-forte-do-que-o-antipetismo-diz-haddad.htm) é um jogo de retórica que esquece que Bolsonaro joga em mais de uma frente. 

Pode "ele não" ter sido um deputado atuante, mas conhece os corredores do Congresso e soube se alimentar de narrativas para compor base eleitoral. Ou seja, otário é quem acredita que "ele não" saiba jogar o jogo, e a eleição da presidência da Câmara e do Senado mostram que se de um lado o fascismo babante mantem a base eleitoral, do outro o jogo matreiro da politica convencional reúne forças, e o Centrão e o PMDB estão aí pra provar que tudo é possível.

Vamos lembrar que ele deu rasteira no Moro. E se depender de como caminham as coisas por aqui, a tendência de manutenção de 30% de seu eleitorado segue firme e aterrorizante é saber que nas redes sociais "ele não" segue no topo das redes sociais, evidenciando que algo está fora da curva na política tradicional da direita, no centro e a esquerda. (fonte: https://noticias.uol.com.br/colunas/balaio-do-kotscho/2021/02/17/bolksonaro-continua-senhor-das-redes-sociais-com-399-milhoes-de-seguidores.htm)

Não é falta de aviso e nem de criticas. Mesmo no "bate e assopra" da Glogolpe ou de outros firmes comentaristas políticos, o certo é que o abismo que se abriu entre a classe assalariada média e o conjunto geral da sociedade é um fato que precisa ser analisando, interpretado e levado para nossa prática cotidiana.

Estudos futuros irão ter que nos apontar o que é essa nova comunicação de massa que vem de personagens como "ele não". Alguns sinais no processo histórico e nas conjunturas podem nos explicar num fato que me deixou preocupado um ano antes da eleição que levou a vitória do "ele não", onde em 2017 estava em Fortaleza (CE) de férias e eu e minha companheira andando pela feirinha de artesanato vimos uma camiseta estampada com a cara do individuo "Bolsonaro", e pensei, bom a uns vinte anos atrás essa iniciativa popular era tomada em produzir o rosto de Lula como símbolo de indignação ou referência do anti sistema. 

A expressão dessa mudança se deve pelo abandono do trabalho de consciência de classe, em particular pelo PT, e a velha forma de se fazer política no Brasil. País com um contingente de trabalhadores/as na pobreza e onde a desigualdade permite que o individual se afirme no jogo neoliberal do "cada um por si" impedindo que a dimensão do fazer político seja parte integrante da solução dos nossos problemas.

O trabalhador e sua banquinha com sua iniciativa de comercializar uma camiseta com a foto do "ele não" apenas expressa sua conexão com a tendência que viria a ser nosso terror em 2018 nas eleições presidenciais, ou seja, o trabalhador e a sua banquinha analisaram a conjuntura com maior destreza do que muitos de nós "sabidos" da política. 

2021 foi inaugurada pelas carreatas "Fora Bolsonaro" e "Impeachment", inusitadamente além da esquerda, setores do golpe de 2016 como o MBL (o fascismo de sapatênis) também aderiu, mas não quer se "juntar com a gentalha". Ainda bem, nós a gentalha preferimos manter as coisas no seu lugar. 

Mas mesmo com o conjunto de desmandos, genocídio e ilegalidades que vão desde a crise do Covid com atraso no Plano Nacional de Vacinação e quase sessenta pedidos de impeachment o governo do "ele não" segue impune.

Isso nos faz ficar acuados? Não. Há resistências que vieram das eleições municipais. O que há é dispersão, e isso é o elemento que ainda nos preocupa. E a pressão de 2022 não contribui.

Desde a aprovação da Constituição de 1988 as reformas que seguiram foram promovidas pela burguesia, em termos de Estado o desmonte e a pilhagem foi acelerada pela mudança de rota do capitalismo mundial, em tese, os liberais não tem o que reclamar, esse Estado é deles e segue sendo, mesmo durante os governos do PT. E isso diz muito sobre qual devam ser nossas preocupações de agora enquanto esquerda. 

Regredimos no campo institucional e voltamos a nos aquartelar no parlamento. Sobrevivemos no campo popular com os movimentos sociais seguindo firmes mesmo diante do encerramento dos investimentos do orçamento e do fundo público em políticas sociais. Os sindicatos seguem respirando, mas alguns seguindo para os respiradores enfrentando a maior regressão de direitos trabalhistas da história (como diria Carlos Lessa, a busca da burguesia neoliberal é de enterrar a era varguista).

Depois de muito anos dedicados a militância organizada eu mesmo estou em recuo. Sem um coletivo e sem uma direção fico atuando pontualmente. É o pior dos mundos para um leninista, mas até o velho dirigente teve seus momentos de recuo e imersão. Mas esse momento me abre uma janela de reflexão e observo hoje um abismo entre os ativistas e militantes orgânicos e a coletividade em geral. 

Já apontei criticas a isso em outro artigo que publiquei sobre erros na lógica militante da esquerda brasileira sobre os militantes profissionais e que não tem relação alguma ao modelo bolchevique, nem em tática, estratégia ou dedicação à classe. E agora reconheço que a disposição que eu e outros camaradas não se expressa na realidade atual. Não éramos melhores, mas estar liberado era como um dever que exigia ignorar família, lazer e o tempo. Ainda há muitos e muitas seguindo essa máxima, mas a rigor deveria ser a regra e não a exceção, já que militância politica na esquerda é diferente da horda de cabos eleitorais na direita.

Pode ser que 2022 possa ser aglutinador? Sim ou talvez. E ainda assim é a expressão da nossa tragédia quando perguntamos "quais foram os esforços de construção de uma práxis unitária contra o fascismo reinante no Brasil de agora?", mesmo que estejamos dispersos, isso não impediria pelo menos uma Mesa de Negociação pela unidade. Porém, não é o que temos. 

Os partidos seguem com sua relevância no cenário de disputa politica e por isso deveriam ter a maior responsabilidade sobre o processo no campo popular e das esquerdas. Negar isso é desconhecer a sociedade civil no Brasil. Não há experiências que provem o descolamento ou deslocamento fora desse instrumento político. 

A luta pela memória é dever da esquerda. Confusões que se perpetuam como o mito da ditadura militar branda e o "Brasil que ia pra frente", ou a adoração ao nazifascismo são expressões do momento e sinalizam que nosso dever deve ser levado a potência máxima.

Formar, formar e formar. Estudar, estudar e estudar. Ler, ler e ler. Atuar nos pequenos espaços, reunir pessoa a pessoa, dialogar e refletir, ocupar cada micro espaço e criar trincheiras de pensamento critico. 

Atualmente sem coletivo ou direção, sigo livre para cumprir essa tarefa sem precisar ter foco em criar seguidores ou panelas, admito que é muito libertador contribuir com a formação e fortalecer novos sujeitos políticos que ao avançarem em seu processo de consciência escolham por si os seus caminhos de luta, no nosso campo, o campo popular. 

Não desprezo as organizações, mas não há tempo de ficar disputando entre nós. Há uma sociedade para disputar e isso já é uma grande tarefa. 

Derrotar o fascismo deve guiar nossa práxis.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

O dia em que eu mandei um "FODA-SE TWITTER"

 

Cada vez mais vou reestabeleendo minha humanidade. Ganhei parte do meu tempo que perdia com o face e estava no twitter para obter mais informações e menos egocentrismos.

Durou até onde deu. 

Quando os cães de Trump invadiram o Congresso, mandei a real e foi minha última vez no twitter.

Denunciado por algum fascista nacional, meu singelo "Fogo nos fascistas" foi interpretado como discurso de ódio. 



Ok, no mundo das interpretações, fico com as convicções de quem não crê em mudanças pacíficas em um mundo que brutaliza populações como a que estamos vivendo.

Não considero fascistas humanos. E na história mundial não faltam provas. Desde a ascensão de Hitler e Mussolini, do horror da Segunda Guerra e dss expressões de ódio (de fato) dos seus seguidores atuais, uma ideologia que prega eliminação de outros humanos despreza a vida em nome da sua concepção de mundo não é humana.

Eu diferente sou comunista, meu problema não é com pessoas, mas com sistemas. Não defendo que ninguém morra pela vida do outro, mas também não aceito a exploração de uma pessoa sobre a outras. Podemos viver bem e nos desenlvolver sem esse mecanismo.

Mas então por que pregar "fogo nos fascistas"? Simples, essa ideologia não teria problema nenhum em tentar eliminar a mim ou qualquer outra pessoa humana. 

Defendo assim o princípio da defesa da humanidade contra algo que foi parido mas não desenvolveu capacidade intelectual humana.

Bom, avancei mais do que deveria.

Registro apenas a mensagem enviada ao twitter:


"Vocês são bons para perseguir progressistas, mas são mansos com fascistas.


Eu já me afastei do facebook, e minha vida está uma maravilha. Retomei o twitter pela informação, mas preferem dar voz a Bolsonaristas fascistas antidemocráticos.

Eu não retiro o que disse, pois considero fascistas não humanos.

E nem pretendo retomar o twitter, fodam-se. Há vida fora das bolhas, vivi muito bem meus anos sem vocês, vou viver ainda melhor sem.

Todo império tem seu fim. Lá atrás o orkut caiu em desgraça, vida longa ao Twitter até quando for extinto. 

Vocês são um negócio do capital e não uma relação social real. Sem financiadores, são apenas uma fábrica de bolhas virtuais."