Século XXI e a máquina de guerra ideológica do capitalismo financeiro consegue de forma homeopática erradicar as conquistas político culturais que foram forjadas no tempo histórico da sociedade moderna e de forma larga estabelecer uma "idiotização" da sociedade que produz com rapidez gente ignorante, inclusive na sua própria classe e convertendo a democracia liberal em idiocracia (a sociedade e o Estado dos idiotas).
Quando o escritor e jornalista Luis Fernando Verissímo criticou nossa colonização a partir dos estrangeirismos cada vez mais presentes pela língua estadunidense, vulgarmente chamada de "inglês", ele também estabelece a conexão com o que é relevante nessa colonização idiocrática do capitalismo financeiro influenciada pelo "modo de viver" estadunidense que pós segunda guerra expressa as piores cretinices do mundo moderno e na constituição do neoliberalismo durante o governo Ronald Reagan a lógica do "viva esse momento" (e foda-se o planeta e quem mais viver nele) ganha contornos cada vez mais gritantes.
Eu assistia o filme "O lobo de Wall Street" e imaginava que era um boa critica ao sistema, mas observando melhor não. É a reprodução escarrada da velha forma neoliberal de viver, onde mesmo condenado, a engrenagem do sistema que são os operadores financeiros e suas fábricas de morte ainda são no final condenadas juntas, pois, se haviam gananciosos querendo "ganhar" dinheiro fácil em um sistema financeiro de risco, estes também são culpados. No final, a perseguição ao operador do sistema e seus cumplices era nada mais, nada menos uma resposta de auto-proteção do próprio sistema, que precisa (aí sim) regular usando o Estado contra os "maus capitalistas".
Porém, esse nível de reflexão é alto demais para o que eu queria tratar. O buraco é mais embaixo e o nível dos operadores do sistema de classes é muito raso.
Ouvir em pleno século XXI que um trabalhador se dispor a defender seu trabalho e seus colegas é um perigo e que pode trazer prejuízos a si é um discurso que atravessa o tempo desde que o capitalismo é capitalismo.
Outra coisa é a frase velhaca do "se não gosta dessa empresa peça demissão" remete a uma dimensão de imbecilidade que me faz pensar como certas pessoas tiram títulos acadêmicos, já que sua fala remetem a um clichê que nem faria parte do roteiro do um Guarnieri quando escreveu "Eles não usam black-tie". Como se a condição do local de trabalho fosse uma questão de escolha e como se os patrões estivessem dando um "favor" aos trabalhadores.
E ainda tem a narrativa mais tosca: "os donos trabalharam de baixo para chegarem onde chegaram". Acreditar nisso é no mínimo viver numa bolha digna de "estudar em casa" (ou home escolacho como está sendo discutido pela orda bolsonarista).
É queridas e queridos, vida não tá fácil. Tecnologia no capitalismo não é dado de avanço da humanidade. É apenas ativo ou "commodities" do mercado financeiro, porque em termos humanos estamos indo ladeira a baixo pela sociedade da financeirização.
Entre o "reino da ignorância" e a "ditadura da maioria", fico com a segunda como bom leninista!