Blog do Wagner Hosokawa. Para quem curte novas idéias para política, a sociedade e a vida!
quinta-feira, 26 de janeiro de 2023
Quando as pessoas não tiverem mais nada para comer, comerão os ricos | Carta semanal 3 (2023) TRICONTINENTAL
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Lojas Americanas, o velho capitalismo mostrando o que é!
O caso das lojas Americanas expõem um mundo que deveria ser de conhecimento público. Exploração e fraude são irmãs que andam passo a passo no capitalismo, quem quer pertencer ao sistema tem que botar a mão na latrina, e ela sempre cheio de merda escorrendo pelas bordas, sim a imagem é terrível, mas é a realidade. Ser ou tentar ser capitalista é pertencer a um mundo que no centro extraí sua riqueza do trabalho dos trabalhadores (as), esse capital gerado deve circular para cumprir a tarefa da lógica da acumulação de riqueza no capitalismo. Isso leva a um "jogo natural" desse sistema, que para além da ostentação e dos bens, temos o pagamento irrisório de impostos, sonegação fiscal, crimes tributários variados, abuso do poder econômico, falseamento de documentos, notas frias, etc. A regra é clara, tem que ostentar e se afiliar a lógica do sistema.
A situação das lojas Americanas ascendem um alerta para um dos pilares do capitalismo financeiro e neoliberal que é o da privatização dos serviços públicos. Alerta porque a naturalização das terceirizações, parcerias privadas, concessão e outros primeiro quebram a impessoalidade na relação do gestor público e dos serviços que presta, administra e gerência. Alerta porque o discurso do "controle externo" virou uma piada de mau gosto para os trabalhadores/as, que são iludidos com o discurso da "meritocracia" de um lado e do outro pela supervalorização da "capacidade da gestão privada".
O número de 40 bilhões não é apenas um número. É um escândalo! Escândalo porque esse "erro" não foi percebido pelos órgãos de controle financeiro, publico e privado; um rombo nesse valor não causou mal estar nos seus "capacitados" gestores, que não negaram a divida, mas não assumiram de onde ou para onde foi drenado esses recursos; e ao fim colocou em xeque um setor que não sendo produtivo, não tem função estratégica na sociedade, que é o comércio. Comércio que é um mero intermediário dos meios de produção e o consumidor, ou seja, um setor que cresceu as custas da desindustrialização, possui uma mão de obra desvalorizada, massacrada pela reforma trabalhista do golpista Temer e reafirmada pelo fascista Bolsonaro, sem perspectiva de valorização destes mesmos trabalhadores (as), facilmente substituído por outro grupo comercial, já que diferente dos modos de produção que tem função - como vimos na questão da crise de saúde da Covid onde o país estava desprovido de produção de respiradores á mascaras.
Os três porquinhos (Lemann, Sucupira e Teles) e a exposição de um crime "natural" do sistema. Os bilionários "bem sucedidos" da Ambev e outras emitiram nota dizendo "não saber do rombo", expondo o tamanho da confissão de sua participação nesse golpe financeiro. Novamente a ideia do "grande empreendedor", "o gestor privado eficiente", na realidade é apenas garantido pelas amarras que distanciam o mundo da economia de nós, nos tornando leigos e alheios dessa situação.
Se tivéssemos uma ampla massa na nossa sociedade com capacidade de reflexão critica da realidade a melhor decisão seria emparedar esses cretinos e tomar seus negócios para os interesses público e dos trabalhadores (as).
Segue três lives que são interessantes para entender o que é essa crise das lojas Americanas e porque é importante que esse assunto não morra.
terça-feira, 24 de janeiro de 2023
A mitologia liberal na propaganda 05/01/2023 - Luiz Marques (publicado na Fundação Perseu Abramo)
Recentemente uma instituição do sistema financeiro lançou uma peça publicitária, de muito apuro estético (“Fim de Ano”). Sob uma trilha musical cantada em inglês e traduzida com licença poética, espelha o desejo para que no ano corrente “as escolhas priorizem o amor em tudo que fazemos”. As esquetes cinematográficas, com conteúdos axiológicos, exprimem juízos sobre as atitudes em cena:
* Quando o jovem executivo segura a porta do elevador para a entrada do idoso, que se desloca com a ajuda de um andador. “Antes da pressa, a gentileza” (Educação);
* Quando a menina negra em idade ainda de engatinhar mergulha um laptop na água, e o pai abraça-a com paciência. “Antes da reação, a respiração” (Racionalidade);
* Quando o menino de periferia no campo de futebol, triste ao sofrer um gol, volta os olhos para o céu em oração. “Antes da tristeza, a esperança” (Mobilidade Social);
* Quando a aluna de ballet, ao calçar as sapatilhas, percebe que a colega tem uma prótese mecânica na perna. “Antes das diferenças, as semelhanças” (Diversidade);
* Quando o motorista distraído mostra-se prostrado por um acidente com danos materiais, e é consolado pela dona do carro abalroado. “Antes da raiva, o respeito” (Empatia);
* Quando a surfista, com espírito solidário, recolhe os detritos deixados na areia da praia, para depois surfar nas ondas do mar. “Antes do eu, o todo” (Bem Comum).
O comercial termina com a indagação que interpela a nação, agora emancipada da cruel distopia que minava a sociabilidade com a necropolítica liberista e fascista. Voltaremos ao assunto, adiante.
Significação
As análises semióticas de Roland Barthes sobre as revistas e as propagandas dividem a significação em denotativa, no nível da percepção superficial, e conotativa, no nível dos códigos subterrâneos transmitidos por padrões denominados pelo pensador francês de “mitologias”. A combinação de tais vetores ideológicos é o que torna viável a conversão dos meios de comunicação em instrumentos para a persuasão das massas, com vistas ao consumo de mercadorias, ideias e estilos de vida. Trata-se de compreender a criação propagandística, no contexto do capitalismo realmente existente.
Com o recurso de uma imagética das emoções, se pretende sensibilizar consumidores dos serviços bancários, sem cometer o “erro escolástico” de projetar o pensamento da instituição no público-alvo. Coisa que acontece no momento em que os profissionais de marketing avaliam os resultados das pesquisas (surveys) sob o prisma patronal, cujo propósito se resume ao pretinho básico: a maximização dos lucros e dos dividendos. Se o banqueiro quer dinheiro, o cliente quer bem-estar.
Educação, racionalidade, mobilidade social, diversidade, empatia e bem comum traduzem os valores universais das entrelinhas da propaganda. Esses construtos teóricos carregam a denotação legada pelo iluminismo, no Ocidente. O repertório dialoga com a inscrição positivista da bandeira brasileira, “ordem e progresso”. Ordem para assegurar que as mudanças nunca abalem as estruturas e as hierarquias sociais. Progresso para a “casa grande”, não para a “senzala”, conforme a metáfora freyreana. A conotação, registre-se, foi relativizada pela ampliação da consciência ecológica hoje.
A significação da publicidade, em tela, dilui as sequelas do capitalismo na cultura compartilhada pelos que desfrutam de privilégios e pelos que vendem a sua força de trabalho. A sugestão sutil de elementos que englobam a prosperidade geral, em um ambiente convivial, soa natural à medida que aponta para os efeitos colaterais do hiperindividualismo na era da “pós-modernidade”. A saber, os subprodutos suscitados pela busca frenética de rendimentos que, amanhã, beneficiarão o conjunto da coletividade humana por obra da dinâmica de acumulação e também das inovações tecnológicas.
As desigualdades que atravessam a realidade são caladas. Na verdade, interpretadas como o motor do desenvolvimento individual e social, a médio e longo prazos. O sofrimento é jogado debaixo do tapete pela compaixão atomizada no cotidiano, para legitimar a retórica universalista. A pobreza, a insegurança alimentar, a fome nas esquinas, a exclusão dos banquetes, a carência de equipamentos urbanos e a informalidade são escamoteadas da dominação capitalista. As sujeiras são escondidas.
Diferente das classes dominantes, as classes subalternas enfrentam dificuldades para formular seus interesses materiais e simbólicos com o léxico universal, a partir do paradigma do trabalho. Se a burguesia falava em nome da “nação” e da “humanidade”; em contrapartida, os trabalhadores não conseguem ocultar o conteúdo classista das demandas, ao propor políticas públicas com óbvia prioridade aos segmentos vulneráveis. Os conflitos desdobram-se, no jogo do perde e ganha.
No presente, ocorre o mesmo com as lutas multiculturalistas por reconhecimento étnico-racial e pela promoção das mulheres: esbarram no colonialismo (racismo) e no patriarcado (sexismo). Setores beneficiados pela tradição contestam os ideais igualitaristas, em prol do status quo, ao minimizar as disparidades e os preconceitos com execrações ao “politicamente correto”. O universalismo dos lemas que abstraem os fatos do solo histórico contribui para a manutenção da distribuição desigualitária de direitos, entre a população. A distância entre o discurso e a prática só encurta com a eclosão do confronto político, onde convém entregar os anéis para salvar os dedos.
Emancipação
No caso do comercial, para além dos valores explicitados nos episódios encenados, subjaz a abjeta mitologia liberal. Da educação ao bem comum, passando pela diversidade, nenhum valor - acenado propagandisticamente - traz à tona as ações dos “sujeitos em fusão”. Na inacabada formação republicana do país, os guias éticos irrompem sempre associados a condutas isoladas. Como na filmografia hollywoodiana, pródiga em produções com ênfase no papel dos indivíduos, sobram os heróis autônomos; faltam os heróis coletivos nos enredos. Quem construiu os arcos de triunfo?
O substrato das estórias é a famosa “sociedade dos indivíduos”. O processo civilizador atual supervaloriza as individualidades, descolando-as dos controles instituídos socialmente. A dialética entre o indivíduo e a sociedade chega a se dissipar, dando a entender que são categorias analíticas independentes. Ora, não existe indivíduo sem a sociedade, nem sociedade sem os indivíduos.
A “desobediência civil”, para evocar o conceito de Henry David Thoreau, circunscreve-se às atividades individuadas. Por exemplo, na recusa principista de pagar impostos. A decisão de fórum íntimo confere legitimidade ao ato. No entanto, se fulano reúne com sicrano em uma associação para articular um protesto transpessoal contra a cobrança de tributos, de imediato, a manifestação deixa de ser legítima para virar espúria. A matriz individualista vê no associativismo um conluio, por definição, para influenciar as mentes e os corações de agentes particulares da transformação. As saudáveis interações entre os indivíduos e a sociedade são postas dentro de uma camisa de força.
Com um indisfarçável tom pejorativo, a mídia corporativa se reporta a militantes das organizações da sociedade civil (movimentos sociais, sindicatos, entidades comunitárias, ONGs) e da sociedade política (partidos), como se a militância organizada não integrasse a condição cidadã. Sob esse viés, a interlocução política aprovada pelo establishment restringe-se aos representantes eleitos para o exercício de mandatos parlamentares. A eles, caberia a deliberação sobre polêmicas de interesse dos municípios, dos estados e da União. Em consequência, a proposta do novo governo de potencializar a mobilização da cidadania, no quadro de um projeto inclusivo e transparente, para viabilizar a construção do Orçamento Participativo Federal (OPF) subverte a mitologia liberal dos esquetes.
O comercial encerra com uma pergunta. “E pra você, o que vem primeiro em 2023?” O eloquente questionamento, decerto sem intenção, serve para cutucar os golpistas frustrados com o putsch que não se configurou, após dois meses de acampamento com banheiros químicos defronte os QGs do Exército. Não adiantaram as preces para pneus e ovnis, na expectativa de uma intervenção militar contrária à soberania popular expressa nas urnas. Nem o führer aguentou o chororô da impotência.
A formidável vitória foi problematizada nos sombrios meandros da dimensão paralela, inventada pelo bolsolavismo. Frações das finanças, da indústria, do comércio varejista, do agronegócio (que produz commodities para exportação) e do garimpo (ilegal, em terras indígenas da Amazônia) tentaram em vão ignorar a façanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aclamado no mundo. Os grupos que somam uma dívida de R$ 20 bilhões, em razão de multas ambientais, tinham a promessa do governante fujão de que os órgãos de fiscalização permitiriam a absurda prescrição do débito. Deles, saiu grande parcela do financiamento para os criminosos atos de terrorismo, em Brasília.
O Estado de direito democrático garantiu a Constituição, em vigor, apoiado no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Aos compatriotas restam as “quatro linhas” da Carta Magna, que zumbis citam com uma hermenêutica falsa. A pátria provou ser mais forte do que a extrema-direita. O povo começa a se livrar dos grilhões da tirania de classe, gênero e raça. A mitologia na propaganda de produtos do mercado financeiro não tem o poder de anestesiar nosso espírito de luta, com abstrações. O combate à barbárie ensinou-nos o caminho para a emancipação.
* Docente de Ciência Política na UFRGS, ex-Secretário de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul.
O assalto da horda contra a democracia e os desafios da luta antifascista 10/01/2023 - Hamilton Pereira/Pedro Tierra (Fundação Perseu Abramo)
O assalto das hordas fascistas inspirado (engendrado?) pelo energúmeno, que se refugiou nos Estados Unidos horas antes do eleito tomar posse, consumou-se no domingo, 8 de janeiro de 2023.
As instalações dos três poderes da república foram devastadas pelo impulso destrutivo acumulado ao longo de quatro anos do pesadelo neofascista, nutrido quotidianamente pelo discurso do ódio às instituições democráticas vocalizado pelo delinquente derrotado nas urnas de outubro último.
A tentativa de golpe de Estado fracassou. Como fracassaram as anteriores desde janeiro de 2019, estimuladas pelo governo dos milicianos de Rio das Pedras que emergiu do submundo do crime para assumir o governo central de um país bestificado pelo fanatismo e pelo culto à ignorância, com a conivência, quando não com o apoio explícito do capital financeiro, de setores do agro e dos empresários da fé.
A parcela majoritária do povo brasileiro que resistiu à estratégia de demolição do país, ao longo de seis anos, fez fracassar a tentativa de reeleger a figura sinistra que encarnou a barbárie, em 2 de outubro e 30 de outubro de 2022. Ali se consumou uma virada histórica quando o energúmeno foi derrotado pela frente ampla liderada por Lula.
O silêncio que se seguiu à derrota não admitida não era outra coisa senão um caldeirão de ressentimentos a alimentar a fúria e o terror contra as instituições e os eleitores que lhe negaram as pretensões de perpetuar-se, até a explosão de 8 de janeiro.
O que a sociedade brasileira assistiu neste domingo de assombros foi uma metáfora do que viveu o país enquanto durou o governo de liquidação nacional, em todas as áreas de ação do estado. Uma metáfora materializada na destruição física das dependências dos edifícios-sede dos três poderes da República. Já que não foram capazes de destruir o país – porque o povo brasileiro resistiu – restava à legião dos ressentidos o último gesto de demolir seus símbolos mais emblemáticos.
Uma ação típica de hordas fascistas que buscam destruir pela força aquilo que sequer alcançam compreender: a democracia. Ainda que seja esta democracia liberal mal desenhada que o país veio construindo desde 1988.
A tela de Emiliano Di Cavalcanti que recebeu as digitais do fascismo – sete golpes desferidos com pedras portuguesas recolhidas da Praça dos Três Poderes, utilizadas com instrumento contundente – será um testemunho duradouro da passagem da barbárie de 8 de janeiro, uma espécie de epílogo sinistro do governo derrotado.
Salta aos olhos da sociedade – 90% dos brasileiros e brasileiras repudiam a tentativa de golpe de Estado – a leniência, a incompetência ou mesmo a conivência das autoridades de segurança pública do Distrito Federal.
O ex-ministro da Justiça do governo derrotado nas urnas de 30 de outubro de 2022, Anderson Torres, inexplicavelmente nomeado Secretário de Segurança Pública do DF pelo governador Ibaneis Rocha, uma semana depois de tomar posse, foi localizado gozando férias na Flórida, onde, por obra do acaso se refugiou o inspirador da devastação perpetrada pelas hordas fascistas contra o STF, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto.
O interino que o substituiu enviou mensagem ao governador na tarde de domingo, 8 de janeiro, garantindo que as manifestações seriam pacíficas, enquanto sua polícia conduzia alegremente a horda que meia hora depois estaria vandalizando os edifícios públicos que abrigam o coração institucional do país. Fato que levou o governador do DF a exonerá-lo e o Presidente Lula a decretar prontamente a intervenção federal na área de Segurança Pública do DF, visivelmente acumpliciada com as manifestações golpistas de 12 de dezembro último e agora com os atos terroristas de oito de janeiro.
Um dado curioso e revelador: as hordas da extrema-direita que se deslocaram para perpetrar a barbárie na Praça dos Três Poderes, partiram de um acampamento mantido à sombra das guaritas do Quartel General do Exército Brasileiro, desde a derrota do energúmeno, em 30 de outubro. O Ministro da Defesa do governo, José Múcio, homem lhano, adotou a tática de “comer pelas beiradas” para desmobilizar os acampamentos – verdadeiras incubadoras de atos terroristas na opinião de seu colega, o Ministro da Justiça Flávio Dino – e colheu a catástrofe de 8 de janeiro de 2023.
O Ministro Múcio revelou, uma semana depois da posse, não ser o homem talhado para conduzir uma área cujo quotidiano é marcado pelo desafio de converter em realidade o que determina a Constituição: subordinar o estamento armado, portador histórico de uma cultura autoritária e golpista, ao poder civil conferido pela soberania popular em um governo democrático.
O estamento militar brasileiro cultiva com zelo invejável, ao longo da história, a pretensão de situar-se acima da Constituição, e como se algum ente sobrenatural o definisse como o tutor do poder civil.
O impulso econômico, social e cultural que resultou na tentativa de golpe de Estado promovida, nesse 8 de janeiro, pela extrema-direita segue latente na sociedade. Ainda que seu mito tenha se refugiado em Orlando, levando consigo a expectativa de voltar nos braços dos garimpeiros ilegais, dos matadores de indígenas, dos devastadores e comerciantes de madeira, dos grileiros, dos envenenadores do meio ambiente nessa tentativa, afinal frustrada. Aos defensores da democracia cabe lembrar, os fatores que o levaram ao poder durante quatro anos, guardam energia suficiente para sustentá-lo ou algum outro aventureiro de perfil semelhante.
O que impõe, mais do que nunca, na história do Brasil, a unidade das forças populares e democráticas para enfrentar o neofascismo em todas as suas manifestações. Seja nas estruturas do estado contaminadas pela ideologia autoritária da extrema-direita – e o lavajatismo é apenas uma delas –, seja na sociedade onde a ”guerra cultural” se converteu num elemento mobilizador do que há de mais reacionário na sociedade para reconstruir uma utopia regressiva, em busca de um passado que, a rigor, nunca existiu.
Os setores populares, os movimentos dos trabalhadores, os sindicatos, movimentos culturais têm diante de si a tarefa permanente de tensionar o governo Lula, sustentado por uma frente heterogênea como todos sabem, para avançar além das políticas públicas de combate à fome, de inclusão social, de redução das desigualdades regionais, rumo à construção e consolidação de mecanismos de participação democrática capazes de respaldar a vocação transformadora do projeto que o elegeu pela terceira vez.
O combate ao neofascismo passa inevitavelmente pela punição exemplar dos responsáveis pela tentativa de golpe de estado – e seus financiadores – e só se tornará realidade com uma expressiva participação popular organizada nos ambientes de trabalho, nas escolas, universidades e centros de pesquisa e quotidianamente nas redes sociais.
Lula no Planalto e a militância antifascista nas ruas!
Brasília, 9 de janeiro de 2023.
Hamilton Pereira/Pedro Tierra, poeta. Ex-Presidente da Fundação Perseu Abramo.