O caso das lojas Americanas expõem um mundo que deveria ser de conhecimento público. Exploração e fraude são irmãs que andam passo a passo no capitalismo, quem quer pertencer ao sistema tem que botar a mão na latrina, e ela sempre cheio de merda escorrendo pelas bordas, sim a imagem é terrível, mas é a realidade. Ser ou tentar ser capitalista é pertencer a um mundo que no centro extraí sua riqueza do trabalho dos trabalhadores (as), esse capital gerado deve circular para cumprir a tarefa da lógica da acumulação de riqueza no capitalismo. Isso leva a um "jogo natural" desse sistema, que para além da ostentação e dos bens, temos o pagamento irrisório de impostos, sonegação fiscal, crimes tributários variados, abuso do poder econômico, falseamento de documentos, notas frias, etc. A regra é clara, tem que ostentar e se afiliar a lógica do sistema.
A situação das lojas Americanas ascendem um alerta para um dos pilares do capitalismo financeiro e neoliberal que é o da privatização dos serviços públicos. Alerta porque a naturalização das terceirizações, parcerias privadas, concessão e outros primeiro quebram a impessoalidade na relação do gestor público e dos serviços que presta, administra e gerência. Alerta porque o discurso do "controle externo" virou uma piada de mau gosto para os trabalhadores/as, que são iludidos com o discurso da "meritocracia" de um lado e do outro pela supervalorização da "capacidade da gestão privada".
O número de 40 bilhões não é apenas um número. É um escândalo! Escândalo porque esse "erro" não foi percebido pelos órgãos de controle financeiro, publico e privado; um rombo nesse valor não causou mal estar nos seus "capacitados" gestores, que não negaram a divida, mas não assumiram de onde ou para onde foi drenado esses recursos; e ao fim colocou em xeque um setor que não sendo produtivo, não tem função estratégica na sociedade, que é o comércio. Comércio que é um mero intermediário dos meios de produção e o consumidor, ou seja, um setor que cresceu as custas da desindustrialização, possui uma mão de obra desvalorizada, massacrada pela reforma trabalhista do golpista Temer e reafirmada pelo fascista Bolsonaro, sem perspectiva de valorização destes mesmos trabalhadores (as), facilmente substituído por outro grupo comercial, já que diferente dos modos de produção que tem função - como vimos na questão da crise de saúde da Covid onde o país estava desprovido de produção de respiradores á mascaras.
Os três porquinhos (Lemann, Sucupira e Teles) e a exposição de um crime "natural" do sistema. Os bilionários "bem sucedidos" da Ambev e outras emitiram nota dizendo "não saber do rombo", expondo o tamanho da confissão de sua participação nesse golpe financeiro. Novamente a ideia do "grande empreendedor", "o gestor privado eficiente", na realidade é apenas garantido pelas amarras que distanciam o mundo da economia de nós, nos tornando leigos e alheios dessa situação.
Se tivéssemos uma ampla massa na nossa sociedade com capacidade de reflexão critica da realidade a melhor decisão seria emparedar esses cretinos e tomar seus negócios para os interesses público e dos trabalhadores (as).
Segue três lives que são interessantes para entender o que é essa crise das lojas Americanas e porque é importante que esse assunto não morra.