16 anos governando uma cidade que traz mais
de 450 anos de história de atraso político, social e econômico. Pouco ou muito
tempo para resolver problemas que vem ao longo da sua trajetória histórica?
O debate é quente!
Aos pessimistas, oposicionistas ao governo
atual, novos moradores, gerações que cresceram ao longo desse tempo diriam que
16 anos é tempo suficiente para transformar um município, diante da sua
arrecadação e tamanho.
Outros defensores da continuidade do governo
do momento, a população beneficiada e os sujeitos que viveram a história da
cidade dirão com força que 16 anos são insuficientes diante das dividas
financeiras e sociais herdadas da corrupção e de corruptos.
Entre meias verdades temos a certeza que
Guarulhos ainda possui desafios com inúmeras comunidades vivendo precariamente
em favelas, o baixo atendimento em creches, o numero insuficiente de
funcionários públicos para o melhor atendimento a população, crescimento urbano
e expansão sem critérios claros, a violência urbana, o transporte público
eterno vilão do dia a dia, enfim, se não houvesse desafios não haveria
compromissos e plano de governo apresentados pelo companheiro prefeito,
Sebastião Almeida.
A questão que me move agora, depois da
euforia da vitoria eleitoral é olhar para uma cidade renovada e diferente daquela
em que se vivia a 20 anos atrás com vacas sendo conduzidas por sitiantes pela
estrada de terra que leva hoje ao Parque da Transguarulhense ou no total
abandono visível a 12 anos atrás na avenida Jurema no Pimentas. Eu vivi essa
cidade que passou por grandes mudanças, promovidas sim, pelo governo do PT.
Agora a pulga que nos incomoda depois de 12
anos governando (indo para mais quatro), é qual o saldo político que tivemos
para além dos mais de 115 mil votos de legenda e 15 mil filiados (as)?
Quantos militantes foram incentivados a
estudar, se formar e contribuir para pensar políticas públicas em nossa cidade?
Quais experiências de políticas realizamos e
que são estudadas, conhecidas ou tem a contribuição da militância política do
partido?
Quantos petistas conhecem de fato a
organização administrativa da prefeitura, os trâmites principais, os caminhos
legais e as nossas ações, programas e
projetos?
Quantos quadros políticos formamos para
substituir pessoas em funções chaves (importantes para o funcionamento da
máquina), uma vez que todos (as) somos seres humanos que adoecemos e morremos
como conseqüência natural da vida.
Quais ações ousadas e necessárias serão ainda
preciso fazer para tornar a máquina mais eficiente na execução das políticas
públicas na cidade?
Todas essas e outras perguntas dependem de
uma posição que não pode ser debitada no prefeito, nem em Eloi e nem em
Almeida. Essa responsabilidade é coletiva e partidária.
As chamadas escolas de governo criadas pelas
primeiras prefeituras do PT tinham como objetivo fortalecer, aprimorar e
consolidar os avanços nas políticas locais, valorizando servidores públicos com
ética política no exercício das suas funções, militantes que poderiam apoiar ou
substituir outros para continuar o projeto político em curso.
Mesmo a Escola de Sociologia e Política de
São Paulo, que reúne intelectuais das mais variadas posições ideológicas surge
num momento histórico que se exigia a formação de quadros políticos, pessoas
voltadas para políticas públicas.
Não quero fazer critica a ninguém e nem a
nenhuma ação do nosso governo, mas quero poder lembrar que todos somos substituíveis
em nossas tarefas e que governar exige também dar respostas a população que nos
creditará ou não um novo mandato. Na democracia não há eternidade, mas há alternância.
O que é preciso fazer agora é um balanço dos
nossos 12 anos de governo. Um balanço que seja geral partindo da cidade como um
todo e seus grandes desafios e especifica partindo para políticas públicas que
precisam se consolidar e outras a serem criadas.
Redirecionar o debate sobre o futuro da
cidade para o partido e nele a responsabilidade de reunir uma avaliação fria e
necessária dos quadros da administração, de políticas de carreira e cargos que
permitam formar servidores públicos que compreendam o projeto político em jogo.
E não apenas as alianças.
De nada adianta uma Câmara de vereadores
azeitada frente uma prefeitura engessada nos seus pontos estratégicos. Se temos
oposição, nada impede que ela se enraíze na máquina.
E não proponho a mágica de fazermos ou
fundarmos uma escola de governo, mas repito: “precisamos de um bom balanço de qual
é a cidade temos? O que fizemos nela? Quais desafios vamos enfrentar? E como
podemos nos transformar e revolucionar sem perder o horizonte da continuidade
de governo a serviço das mudanças necessárias?"
Escola de governo não representa a “arca de Noé” para o governo. Seu papel é depurar
dos nossos mais de 15 mil filiados (as), e saber quais são os militantes
dispostos a socializar o que sabem e outros aprenderem o que é preciso para
fazer com que o projeto político que governa Guarulhos possa ser reconhecido
para estar à frente o tempo que for necessário.
Wagner Hosokawa – militante da Esquerda
Popular Socialista, tendência interna do PT. Foi membro do DM, da Executiva da
macroregião, Secretário da Assistencia Social e Coordenador da Juventude no
governo. É mestre em Serviço Social pela PUC/SP e servidor público municipal.