segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Passou, apenas passou!

Aecio Neves fez um discurso que segundo ele "demarcaria" sua liderança na oposição ao governo de coalisão liderado pelo PT. Mas suas palavras no final pareciam aquele espirro que ameaça, mas passa! Frustante quando não conseguimos espirrar. Imagine ao Aecio, também não espirrou.

Quando o artigo é bom eu tenho que reconhecer, e este do Janio de Freitas é bom. Porque elogia a Dilma? Não! Porque analisa as peças no tabuleiro do jogo do poder institucional.

Ele mesmo escreve: "A crítica de maior alcance produzida por Aécio Neves, como uma síntese de todas, ficou na afirmação de que "tivemos um biênio perdido" (2011-12). Perdido por quem? Não por aqueles milhões que, não tendo emprego antes e não sendo herdeiros, obtiveram trabalho, salário, carteira assinada na redução do desemprego a históricos 4,4%. Também não por aqueles que, dizem os jornais apesar de si mesmos, entraram na classe média. Muito menos pelos resgatados de carências opressoras por programas assistenciais, pelas cotas universitárias, as oportunidades de consumo, e o mais que Aécio Neves sabe."

É justamente onde quero chegar, eu e meus companheiros/as da esquerda do PT. Politizar a sociedade é uma urgência para que possamos não só avançar nos shoppings, mas levar os trabalhadores/as a avançar nas consciências.

boa leitura!



Um pobre começo
artigo de JANIO DE FREITAS
fonte:http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/95375-um-pobre-comeco.shtml

Aécio Neves enfraqueceu-se muito; Eduardo Campos alimenta o noticiário criado em torno do seu nome

A semana política teve a sua graça, com o teatrinho mambembe do senador Aécio Neves e do governador pernambucano Eduardo Campos. O primeiro pôs a cabeça para fora do armário, pressionado a fazer um discurso que deveria projetá-lo à liderança da oposição. O outro quis entrar no armário, para diminuir as atenções postas em sua alegada pretensão presidencial.

Aécio Neves apoiou sua "denúncia" dos "13 erros" do governo petista na ideia de que "quem governa o Brasil é a lógica da reeleição". Muito bem visto. Com toda a certeza, Dilma Rousseff não governa com a lógica da derrota eleitoral. No que tem o exemplo deixado por todos os políticos. E, em particular, por um certo Aécio Neves no governo de Minas, que chegou até a espalhar no Estado placas de autopromoção em obras devidas ao governo federal. A queixa federal não deu resultado, mas a propaganda do então governador deu.

Desde o ano passado Fernando Henrique Cardoso e Sérgio Guerra, presidente do PSDB, insistiam com Aécio Neves, inclusive publicamente, para assumir o encargo de falar ao país pela oposição. Insistência duplamente justificada, por ser no partido o único possível candidato a presidente e pela oportuna ausência de liderança na oposição. Mas, se os erros e deficiências dos dois governos petistas fossem só os que Aécio Neves encontrou, para afinal lançar a pretendida liderança oposicionista, não haveria mesmo por que fazer oposição.

A crítica de maior alcance produzida por Aécio Neves, como uma síntese de todas, ficou na afirmação de que "tivemos um biênio perdido" (2011-12). Perdido por quem? Não por aqueles milhões que, não tendo emprego antes e não sendo herdeiros, obtiveram trabalho, salário, carteira assinada na redução do desemprego a históricos 4,4%. Também não por aqueles que, dizem os jornais apesar de si mesmos, entraram na classe média. Muito menos pelos resgatados de carências opressoras por programas assistenciais, pelas cotas universitárias, as oportunidades de consumo, e o mais que Aécio Neves sabe.

Eduardo Campos protegeu sua coerência com a criação de um neologismo: reclamou de "se eleitorizar" tanto e tão cedo a política. E tratou de se eleitorizar ali mesmo, em discurso para cerca de 200 prefeitos e sob os brados de "presidente! presidente!"

Seu discurso se eleitorizando tinha que ser crítico ao governo, do qual Eduardo Campos e o seu PSB são "aliados": "A população está preocupada com um Brasil que não cresceu como se esperava". Só se fosse a população pernambucana, mas nem ela, ao que se saiba fora de Pernambuco e conste sobre o governo de Eduardo Campos, no mínimo mediano.

Preocupados aparentam estar uma corrente empresarial e os economistas do mercado. Mas, se confrontados os seus ganhos e as tais preocupações, pode-se desconfiar (ou mais do que isso) de uma onda bem arranjada para extrair do governo sempre mais vantagens. E o fato é que o governo as tem concedido sem cessar.

Aécio Neves e Eduardo Campos não foram suficientes para evitar a atribuição a Lula e Dilma do lançamento da disputa sucessória. Para isso, bastou que Lula brindasse os petistas, na sua festa, com um "vamos reeleger Dilma!". Quem precipitou essa historiada de sucessão foi, de fato, a imprensa, a partir do blablablá de Lula candidato. Na realidade, Aécio Neves enfraqueceu-se muito; Eduardo Campos alimenta o noticiário criado em torno do seu nome, mas ainda não criou fatos que substituam a artificialidade; e Dilma, como sua Minas, está onde sempre esteve. Ou seja: a rigor, por ora nada de novo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

manifesto comunista de Marx e Engels preserva força analítica e literária!

Nos querem derrotados/as,
falam da morte das ideologias
a pura ignorância grita contra a direita e a esquerda
e prefere ser refém de uma realidade imposta
composta, de bosta e reposta.

Assim querem desacreditar os que lutam
desencorajar os que sonham
limitar os que ousam
e calar com a "liberdade" de mercado
a liberdade humana

Quando a ordem constrói sua força na desordem
quando a ordem impõe sua vontade
aos poucos, o tempo, o arado, o caminhar cumprem sua fiel missão
de nunca, nunca mesmo, deixar morrer nem as idéias
e nem os ideais de uma outra sociedade
socialista, comunista, solidária, livre, liberta, libertária
comunal, participativa, soberana...
em resumo como dizia o poeta: nada como um novo dia da nova primavera!

wh

BOA LEITURA

(ps.. vindo da FSP é sempre duvidoso, mas tem um gosto de inveja)


Elogio do inimigo
Relíquia ideológica, manifesto comunista de Marx e Engels preserva força analítica e literária 

Hoje, o "Manifesto do Partido Comunista", de Marx e Engels, é encarado como peça de antiquário. Só encanta "otários" que, mesmo sem serem comunistas de carteirinha, mesmo desprezando o regime policial de Fidel Castro, ousam ser de esquerda.

A bem da verdade, à direita "light" (que ensina que o ser humano é perverso, por isso vamos relaxar e gozar) corresponde uma esquerda "soft", que sente comichão diante de expressões como "modo de exploração capitalista" e "luta de classes". Uns e outros deveriam ler a nova edição do manifesto, com posfácio de Marshall Berman.

Em primeiro lugar, porque existe uma boa diferença entre ser comunista e marxista. Uma conversa superficial com um empresário reaça ou com um operador do mercado financeiro revela que ambos pensam nas relações de trabalho e na mobilidade do capital pela cartilha de Marx -pois ninguém identificou como o filósofo alemão a dinâmica da produção de riqueza.

A realidade social é marxista, embora sua reforma não precise passar pela revolução comunista. Feita a distinção entre teoria e ideologia, é curioso que um dos textos mais claros de Marx sobre o capital seja essa peça de propaganda de 1848, escrita com Engels. A edição realça a retórica literária do texto, que Berman aproxima do "lirismo expressionista", com sentenças que "rebentam diante de nós como ondas que nos fazem tremer ao impacto e nos encharcam de pensamentos".

A nova tradução, por seu rigor, altera a musicalidade de outras versões. A famosa frase inicial ("Um fantasma ronda a Europa -o fantasma do comunismo") vira "Um fantasma circula pela Europa...". E a construção da qual Berman tirou o título de seu livro "Tudo que É Sólido Desmancha no Ar" se transforma em "Evapora-se toda estratificação, todo o estabelecido".

Mais importante, porém, é como Marx e Engels detectam o poder de reinvenção do modo de produção capitalista -num elogio do inimigo que diagnostica com antecedência a globalização e seu poder hipnotizante, mesmo quando tudo parece prestes a derreter.

conexões
LIVRO
MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA ****
AUTORES: Karl Marx e Friedrich Engels
TRADUÇÃO: Sergio Tellaroli
EDITORA: Penguin-Companhia (112 págs., R$ 14,50)

LIVRO
TUDO QUE É SÓLIDO DESMANCHA NO AR ****
Nesse panorama da cultura moderna, o marxista americano analisa o "Manifesto" ao lado das obras de Goethe e outros.
AUTOR: Marshall Berman
TRADUÇÃO: Carlos Felipe Moisés e Ana Maria Ioriatti
EDITORA: Companhia das Letras (2007, 472 págs., R$ 31)

FILME
NOTÍCIAS DA ANTIGUIDADE IDEOLÓGICA: MARX, EISENSTEIN, "O CAPITAL" ****
No documentário de mais de oito horas, o diretor alemão retoma o projeto de Eisenstein de filmar as metamorfoses do capital com base em Marx.
DIRETOR: Alexander Kluge
DISTRIBUIDORA: Versátil
(2008, R$ 74,90, DVD triplo)

FILME
OLDBOY ****
Chan-wook Park (2003, Spectra Nova, R$ 19,90)
Detido durante bebedeira, um homem é mantido em cativeiro durante 15 anos, sem saber a razão. Ao sair, descobre que foi acusado de assassinar a mulher e, na busca de vingança e de provas de inocência, envolve-se com uma "sushi girl". A trama absurda e underground resulta numa obra-prima do cinema sul-coreano, com desfecho digno do horror provocado pelas tragédias gregas.

DISCO
OPUS 80: EDMUNDO VILLANI-CÔRTES ***
Karin Fernandes (independente, R$ 34,90)
Ao lado da orquestra do Theatro São Pedro, a pianista Karin Fernandes interpreta obras de Villani-Côrtes. O destaque é o registro inédito do "Concerto n° 3", num álbum que inclui peça para piano, vibrafone e orquestra de cordas, além de composições para piano solo, com intensidade rítmica absorvida de cantigas e cantilenas populares.

LIVRO 
CORRESPONDÊNCIA 1928-1940 ****
Theodor W. Adorno e Walter Benjamin; tradução de José Marcos Mariani de Macedo (Editora Unesp, 487 págs., R$ 62) Fundamentais para a filosofia contemporânea, as cartas entre Benjamin e Adorno são pequenos ensaios: flagram a incorporação de eventos históricos (como a ascensão do nazismo) a pensamentos que, a partir de reflexões sobre Baudelaire ou Kierkegaard, criaram ferramentas críticas para pensar a modernidade. 

Elogio ao idiota, ou melhor ao analfabeto político!

Não tive tempo de publicar. Estava em campanha por um mandato de vereador com novas idéias para política, com posição ideologica de esquerda e ao lado das lutas populares.

Penso que se publicasse o brilhante artigo do Frei Betto isso não teria mudado o voto de ninguém. Também pouco me importa, o importante é a reflexão.

Sou militante e por isso participo, persigo, busco, debato, discuto e reflito. A sociedade que aí está não me representa, por isso busco representar outro projeto societário.

boa leitura, quem sabe nos encontramos em um mundo menos intolerante com a política e mais presente  na vida social desta sociedade.


19/09/2012 07:21:00

Eleições municipais: os candidatos são todos iguais?

Frei Betto*
Época de eleição é época de emoção. A razão entra em férias, a sensibilidade fica à flor da pele. Em família e no trabalho, todos manifestam opiniões sobre eleições e candidatos.
O tom das opiniões varia do palavrão (a desqualificar toda a árvore genealógica do candidato) à veneração acrítica de quem o julga perfeito. Marido briga com a mulher, pai com o filho, amigo com amigo, cada um convencido de que possui a melhor análise sobre os candidatos…
Um terceiro grupo insiste em se manter indiferente ao período eleitoral, embora não o consiga em relação aos candidatos, todos eles considerados corruptos, mentirosos, aproveitadores e/ou demagogos.
Não há saída: estamos todos sujeitos ao Estado. E este é governado pelo partido vitorioso nas eleições. Portanto, ficar indiferente é passar cheque em branco, assinado e de valor ilimitado, a quem governa. Governo e Estado são indiferentes à nossa indiferença e aos nossos protestos individuais.
É compreensível uma pessoa não gostar de ópera, jiló ou cor marrom. E mesmo de política. Impossível é ignorar que todos os aspectos de nossa existência, do primeiro respiro ao último suspiro, têm a ver com política.
A classe social em que cada um de nós nasceu decorre da política vigente no país. Houvesse menos injustiça e mais distribuição da riqueza, ninguém nasceria entre a miséria e a pobreza. Como nenhum de nós escolheu a família e a classe social em que veio a este mundo, somos todos filhos da loteria biológica. O que não deveria ser considerado privilégio por quem nasceu nas classes média e rica, e sim dívida social para com aqueles que não tiveram a mesma sorte.
Somos ministeriados do nascimento à morte. Ao nascer, o registro segue para o Ministério da Justiça. Vacinados, ao da Saúde; ao ingressar na escola, ao da Educação; ao arranjar emprego, ao do Trabalho; ao tirar habilitação, ao das Cidades; ao aposentar-se, ao da Previdência Social; ao morrer, retorna-se ao Ministério da Justiça. E nossas condições de vida, como renda e alimentação, dependem dos ministérios da Fazenda e do Planejamento.
Em tudo há política. Para o bem ou para o mal. A política se faz presente até no calendário. Já reparou: dezembro, último mês do ano, deriva de dez? Novembro de nove, outubro de oito, setembro de sete?
Outrora o ano tinha dez meses. O imperador Júlio César decidiu acrescentar um mês em sua homenagem. Criou julho. Seu sucessor, Augusto, não quis ficar atrás. Criou agosto. Como os meses se sucedem na alternância 31/30, Augusto não admitiu que seu mês tivesse menos dias que o do antecessor. Obrigou os astrônomos da corte a equipararem agosto e julho em 31 dias. Eles não se fizeram de rogados: arrancaram um dia de fevereiro e resolveram a questão.
O Brasil é o resultado das eleições de outubro. Para melhor ou para pior. E os que o governam são escolhidos pelo voto de cada eleitor.
Faça como o Estado: deixe de lado a emoção e pense com a razão. As instituições públicas são movidas por políticos e pessoas indicadas por eles. Todos os funcionários são nossos empregados. A nós devem prestar contas. Temos o direito de cobrar, exigir, reivindicar, e eles o dever de responder às nossas expectativas.
A autoridade é a sociedade civil. Exerça-a. Não dê seu voto a corruptos nem se deixe enganar pela propaganda eleitoral. Vote no futuro melhor de seu município. Vote na justiça social, na qualidade de vida da população, na cidadania plena.
* Frei Betto é escritor e assessor de movimentos sociais, autor de “Calendário do poder” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org - Twitter:@freibetto.
(Adital)

Pedágio e a máfia contrária aos ciclistas e a política cicloviária! E se todos e todas descessem a serra em bicicletas, de quem cobrar pedágio?

Para ler, clique na imagem...

5ª Semana Social Brasileira lança vídeo enfocado a força da juventude nos processos de mudanças do país



18.02.13 - Brasil
5ª Semana Social Brasileira lança vídeo enfocado a força da juventude nos processos de mudanças do país
fonte: Adital

A coordenação da 5ª Semana Social Brasileira divulga mais um vídeo com o objetivo de mostrar o rosto jovem do Brasil. O vídeo pode ser visto no seguinte link: Clique aqui e assista ao vídeo. Com uma população estimada em cerca de 53 milhões de habitantes, a juventude brasileira é parte essencial para a mudança das realidades que se buscam para um mundo melhor e mais justo.

"Muitos de nós estamos inseridos/as em diversas frentes de luta por questões relevantes para a juventude brasileira, mas é necessário provocar nos jovens o desejo especial por participar desta 5ª SSB, pois ela nos ajuda a aprofundar o que parece ser mais essencial, que é a discussão e a possibilidade de construção de um novo Estado. Precisamos compreender nosso papel fundamental no futuro, mas também no presente da sociedadebrasileira, construindo juntos/as este novo jeito”, convoca o folder da Semana.

Com base nos problemas enfrentados pelos jovens de todo o Brasil é que a 5ª SSB quer trazer para o debate o que vem sendo construído nos mais variados campos de organização promovidos pelas juventudes. Neste sentido, o vídeo quer mostrar a cara dos jovens, como eles se organizam e o que fazem participar de processo políticos e de transformação dos modelos que geram a morte de jovens.
De acordo com a organização da 5ª SSB os/as jovens devem ser entendidos/as também como sujeitos/as protagonistas da construção de uma sociedade de fato fraterna, justa e solidária. A parcela que mais sofre é a juventude, pois vive uma situação de desemprego, precarização do trabalho, educação precária, violência e extermínio, predominantemente a negra.

Nesse contexto, o maior responsável por essa situação que se encontra a juventude é o modelo desenvolvimentista implantado no Brasil, cujas bases encontram-se no modelo de produção e consumo capitalista-imperialista.

"Este modelo está baseado na acumulação do capital, especialmente pelos bancos e multinacionais, que aliados aos governos, promovem voraz ataque às riquezas e aoterritório, provocando injustiças socioambientais e o empobrecimento da juventude rural e urbana, em especial os jovens negros, mulheres e indígenas. Sabemos que o governo brasileiro tem avançado quando se trata de Juventude. Conseguimos, ao longo dos últimos anos, grandes conquistas, que só foram possíveis com a mobilização das organizações juvenis de todo o país”, expressa o material da Semana.
5ª Semana Social Brasileira
A 5ª SSB é um processo nacional que está em curso desde 2011 em todo o Brasil e promove a participação ampla de pessoas e entidades, a abertura ao ecumenismo e diálogo inter-religioso, o pluralismo de ideias e valores, o exercício do debate democrático em todas as instâncias e o ensaio coletivo de iniciativas transformadoras.

Agenda Juventude
• 2013: Campanha da Fraternidade "Fraternidade e Juventude”;
• Primeiro semestre de 2013: Seminários e Semanas Sociais Regionais;
• 23 a 28 de julho: Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro;
• 02 a 05 de setembro de 2013: Semana Social Brasileira, a nível nacional.
Mais informações acessar www.semanasocialbrasileira.org.br

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Que tipo de Papa? As tensões internas da Igreja atual. por Leonardo Boff



Que tipo de Papa? As tensões internas da Igreja atual
        
Não me proponho apresentar uma balanço do pontificado de Bento XVI, coisa que foi feito com competência por outros. Para os leitores talvez seja mais interessante conhecer melhor uma tensão sempre viva dentro da Igreja e que marca o perfil de cada Papa. A questão central é esta: qual a posição e a missão da Igreja no mundo?
Antecipamos dizendo que uma concepção equilibrada deve assentar-se sobre duas pilastras fundamentais: o Reino e o mundo. O Reino é a mensagem central de Jesus, sua utopia de uma revolução absoluta que reconcilia a criação consigo mesma e com Deus. O mundo é o lugar onde a Igreja realiza seu serviço ao Reino e onde ela mesma se constrói. Se pensarmos  a Igreja demasiadamente ligada ao Reino, corre-se o risco de espiritualização e de idealismo. Se demasiadamente próxima do mudo, incorre-se na tentação da mundanização e  da politização. Importa saber articular Reino-Mundo-Igreja. Ela pertence ao Reino e também ao mundo. Possui uma dimensão histórica com suas contradições e outra transcendente.
Como viver esta tensão dentro do mundo e da história? Apresentam-se dois modelos diferentes e, por vezes, conflitantes: o do testemunho e o do diálogo.
O modelo do testemunho afirma com convicção: temos o depósito da fé, dentro do qual estão todas as verdades necessárias para a salvação; temos o sacramentos que comunicam graça; temos uma moral bem definida; temos a certeza de que a Igreja Católica é a Igreja de Cristo, a única verdadeira; temos o Papa que goza de infalibilidade em questões de fé e moral; temos uma hierarquia que governa o povo fiel; e temos a promessa de assistência permanente do Espírito Santo. Isto tem que ser testemunhado face a um mundo que não sabe para onde vai e que por si mesmo jamais alcançará a salvação. Ele terá que passar pela mediação da Igreja, sem a qual não há salvação.
Os cristãos deste modelo, desde Papas até os simples fiéis, se sentem imbuídos de uma missão salvadora única. Nisso são fundamentalistas e pouco dados ao diálogo. Para que dialogar? Já temos tudo. O diálogo é para facilitar a conversão e é um gesto de civilidade.
O modelo do diálogo parte de outros pressupostos: O Reino é maior que a Igreja e conhece também uma realização secular, sempre onde há verdade, amor e justiça; o Cristo ressuscitado possui dimensões cósmicas e empurra a evolução para um fim bom; o Espírito está sempre presente na história e nas pessoas do bem; Ele chega antes do missionário, pois estava nos povos na forma de solidariedade, amor e compaixão. Deus nunca abandonou os seus e a todos oferece chance de salvação, pois os tirou de seu coração para um dia viverem felizes no Reino dos libertos. A missão da Igreja é ser sinal desta história de Deus dentro da história humana e também um instrumento de sua implementação junto com outros caminhos espirituais. Se a realidade tanto religiosa quanto secular está empapada de Deus devemos todos dialogar: trocar, aprender uns dos outros e tornar a caminhada humana rumo à promessa feliz, mais fácil e mais segura.
O primeiro modelo do testemunho é da Igreja da tradição, que promoveu as missões na África, na Ásia e na América latina, sendo até cúmplice em nome do testemunho da dizimação e dominação de muitos povos originários, africanos e asiáticos. Era o modelo do Papa João Paulo II que corria o mundo, empunhando a cruz como testemunho de que ai vinha a salvação. Era o modelo, mais radicalizado ainda, de Bento XVI que negou o título de “Igreja” às igrejas evangélicas, ofendendo-as duramente; atacou diretamente a modernidade pois a via negativamente como relativista e secularista. Logicamente não lhe negou todos os valores mas via neles como fonte a fé cristã. Reduziu a Igreja a uma ilha isolada ou a uma fortaleza, cercada de inimigos por todos os lados contra os quais importa se defender.
O modelo do diálogo é do Concílio Vaticano II, de Paulo VI e  de Medellin e de Puebla na América Latina. Viam o cristianismo não como um depósito, sistema fechado com o risco de ficar fossilizado, mas como uma fonte de águas vivas e cristalinas que podem ser canalizadas por muitos condutos culturais, um lugar de  aprendizado mútuo porque todos são portadores do Espírito Criador e  da essência do  sonho de Jesus.
O primeiro modelo, do testemunho, assustou a muitos cristãos que se sentiam infantilizados e desvalorizados em seus saberes profissionais; não sentiam mais a Igreja como um lar espiritual e, desconsolados, se afastavam da instituição mas não do Cristianismo como valor e utopia generosa de Jesus.
O segundo modelo, do diálogo, aproximou a muitos pois se sentiam em casa, ajudando a construir uma Igreja-aprendiz e aberta ao diálogo com todos. O efeito era o sentimento de liberdade e de criatividade. Assim vale a pena ser cristão.
Esse modelo do diálogo se faz urgente caso a instituição-Igreja quiser sair da crise em que se meteu e que atingiu seu ponto de honra: a moralidade (os pedófilos), a espiritualidade,  a falta de transparencia (roubo de documentos secretos e outros problemas graves  no Banco do Vaticano), e a perda de fieis, sobretudo entre a juventude.
Devemos discernir com inteligência o que atualmente melhor serve à mensagem cristã  no interior de uma crise ecológica e social  de gravíssimas consequências. O problema central do mundo não é a Igreja (cada vez mais européia e branca)mas o  futuro da Mãe Terra, da vida e da nossa civilização. Como a Igreja ajuda nessa travessia? Só dialogando e somando forças com todos.
Leonardo Boff é autor de Igreja: carisma e poder, livro ajuizado pelo então Cardeal Joseph Ratzinger.


E ARTIGO DE FREI BETO, no jornal Brasil de fato, conta a historia das renuncias papais.

Luta de classes, entre o velho e novo

Luta de classes, entre o velho e novo
Vi no blog "educação política" de Glauco Cortez sobre as inspirações do panfleto Veja e a extrema direita europeia, incrível as semelhanças com o que é mais tradicional na história da humanidade desde que o capitalismo é capitalismo: luta de classes!



REVISTA VEJA SE INSPIRA NA DIREITA NORTE-AMERICANA, VEJA O NÍVEL DA BAIXARIA QUE ACONTECE POR LÁ
6 ComentáriosPublicado por glaucocortez em 15 julho, 2010


A extrema direita norte-americana compara Obama a Adolf Hitler e a Vladimir Lenin com a frase que diz mais ou menos assim: “Líderes radicais se aproveitam dos medrosos e ingênuos”. Parece piada, mas inspira o jornalismo da revista Veja no Brasil.
Vi no Blog do Nassif


fonte: http://glaucocortez.com/2010/07/15/revista-veja-se-inspira-na-direita-norte-americana-veja-o-nivel-da-baixaria-que-acontece-por-la/

EVISTA VEJA MENTE, DETURPA, INVENTA, DESRESPEITA E SERVE DE LOBBY PARA EMPRESAS, MOSTRA NOTA DA ASSOCIAÇÃO DE ANTROPÓLOGOS

Frases contra a revista Veja nas ruas de São Paulo
Um dia a história do jornalismo brasileiro vai dedicar um capítulo especial para se entender a que ponto chegou o jornalismo brasileiro, que é conhecido hoje como “Jornalismo de Esgoto”.
Isso porque o conhecimento sobre o baixo nível do jornalismo da Veja já não é mais exclusividade do debate dos especialistas. Leia essa nota da Comissão de Assuntos Indígenas e da Associação Brasileira de Antropologia e perceba como outros setores da sociedade já conseguem fazer excelentes análises desse jornalismo.


fonte: http://glaucocortez.com/2010/05/07/revista-veja-mente-deturpa-inventa-desrespeita-e-serve-de-lobby-para-empresas-mostra-nota-da-associacao-de-antropologos/

Novo e velho partido, adeus Marina, novamente adeus!




Não perco o meu tempo em tentar dizer a alguém que não aceite ir para a aventura do "Partido da Marina", se quiser vá e depois me conte a experiência.

Mas como militante político de esquerda e socialista me permito fazer uma análise dos equívocos ou da mentira que se cria em torno dele.

A primeira é a "corajosa" decisão de não aceitar doações de empresas do tabaco, do álcool, armas e até dos agrotóxicos. Pena que a realidade não condiz com os partidários de Marina, porque os grandes doadores (veja abaixo) não são os citados, pois seus lobbys nunca precisaram ser colocados para funcionar no Congresso Nacional (a não ser a das armas durante o referendo de 2006).

Mas ela e seus futuros partidários, sonhaticos e outras alegorias podem receber de empreiteiras (que são os principais), de lobistas dos comésticos (como da natura que afronta as comunidades tradicionais indigenas), e de outros setores como os banqueiros (que nunca causaram nenhum problema ao povo brasileiro), com pasmem, o Itau gentilmente contribuindo para a fundação do novo partido.

O segundo erro ou mentira: "não ser nem de direita e nem de esquerda, mas sim a frente", a frente de quem ou do que? do próprio povo brasileiro? Ter ideologia é justamente o que DEVERIA ser o grande ponto de unidade e sedução dos partidos políticos desde a fundação das idéias republicanas, e ela se da o direito de anunciar (erroneamente) de que não tem ideologia?

Desculpe Marina, mas defender "sustentabilidade", sem uma ideologia é como idéias facistas ou nazistas que se escondiam atrás de símbolos ou discursos para poder angariar votos.

Terceiro e o mais oportunista de todos: "nem ser situação e nem oposição", ora então deveria ter ficado no PV (Partido Vendido), porque é isso que o PV já faz: governa com Alckmin em SÃO PAULO e governa com Dilma o BRASIl...perfeito!

E quarto rasgar, cuspir e esquecer a própria história. Eu assinei solidariamente a fundação do PSOl, assinei mesmo em respeito aos companheiros (as) que foram perseguidos (a) no processo interno. (eu já disse que votei no Suplicy na prévia contra Lula, já assinei manifesto a favor da candidatura própria no RJ contra o autoritarismo de J. Dirceu e já participei da ocupação do palco no Anhembi contra a alainça com o PMDB de Quercia...e não me arrependo, fiz defendo as bandeiras historicas do PT).

Agora esta senhora no PT pertencia a Democracia Radical, corrente que dirigia com José Genoino, defendia o "socialismo republicano" (vai lá saber o que é isso), e no ministério cumpria e defendia as políticas do governo Lula...poupe-me de dizer que na sua história a um vacuo entre a vida como trabalhadora rural pulando diretamente para o da ex-petista.

Bem, a crise de ideologia no Brasil XXI é assim: na despolitização fabricam-se oportunismos.

Boa leitura do texto, para fazer uma boa leitura da realidade!

 

 

Empreiteiras lideram ranking de doação privada

Construtora Andrade Gutierrez é a que mais doou: R$ 23 milhões para direções de 14 partidos; OAS foi a segunda maior financiadora

Fonte: O estado de sp/15 de setembro de 2012 | 9h 00
Amanda Rossi e Daniel Bramatti - Estadão Dados
Seis dos dez maiores doadores privados para campanhas de prefeitos e vereadores em todo o País são empreiteiras. A líder do ranking é a Construtora Andrade Gutierrez, de acordo com levantamento do Estadão Dados a partir da segunda prestação de contas parcial, referente ao período até o início de setembro. Além dos repasses diretos para os candidatos, foram consideradas as doações para comitês eleitorais e partidos, as chamadas doações ocultas.
A Andrade Gutierrez doou pouco mais de R$ 23 milhões. Todo o recurso foi para as direções de 14 partidos. Nenhum repasse foi feito diretamente para os candidatos. Dessa forma, não é possível saber exatamente quem foi beneficiado pelas doações da construtora. O governista PMDB e o oposicionista PSDB, juntos, receberam mais da metade dos recursos da Andrade Gutierrez. O PT ficou com apenas 6% do total.
A segunda colocada no ranking de financiadores foi a OAS, também do setor de construção civil, que doou R$ 21 milhões. Nesse caso, 76% dos recursos foram para doações ocultas, e 24% destinados para campanhas de candidatos específicos. Nos repasses da OAS feitos diretamente para candidatos, os petistas se destacam. Da lista de 18 beneficiados, 13 são do partido da presidente Dilma Rousseff. O que recebeu o maior quinhão foi Fernando Haddad, candidato à Prefeitura de São Paulo, com R$ 1 milhão. O tucano José Serra (PSDB), adversário de Haddad, ficou com R$ 750 mil.
Obras públicas. Levando-se em conta o total de doações da empresa - para candidatos, comitês e partidos -, o PT também ficou em primeiro lugar, com 36%. A seguir vieram o PMDB, com 23%, e o PSDB, com 11%. Nos repasses da OAS para comitês, o Comitê Financeiro Único do PRB de São Paulo, partido de Celso Russomanno, recebeu R$ 500 mil.
Andrade Gutierrez e OAS têm nos contratos com o setor público a principal fonte de suas receitas. A primeira, por exemplo, atua na construção de hidrelétricas, implantação de linhas do programa Luz Para Todos e reformas de aeroportos, entre outros. A segunda lista entre suas principais obras a intervenção urbanística nas favelas do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, um projeto do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), impulsionado principalmente pelo governo federal.
Top 10. No grupo dos dez maiores doadores privados, as empreiteiras são responsáveis por 75% do valor doado. Além da Andrade Gutierrez e da OAS, aparecem na lista Queiroz Galvão, Carioca Christiani Nielsen, UTC, WTorre. Completam o ranking dois bancos (Alvorada, controlado pelo Bradesco, e BMG), um frigorífico (JBS) e uma empresa de importação e exportação (Coimbra).
No total, as dez empresas alimentaram campanhas com R$ 92 milhões até o começo deste mês. Desse valor, apenas 14% foi encaminhado diretamente para as contas de candidatos, e o restante para comitês e partidos, que atuam como intermediários e impedem que se conheça as ligações entre financiadores e financiados.
A prevalência de doações ocultas entre os dez maiores financiadores de campanha não se repete entre o total de doadores. Até agora, 436 mil empresas e pessoas físicas fizeram doações, no valor total de R$ 1,3 bilhão. Cerca de três quartos deste valor foi repassado diretamente para os candidatos. Os comitês eleitorais receberam 12% e os partidos 14%, respectivamente.
Até as eleições, o TSE não vai divulgar dados adicionais da prestação de contas, já que a legislação prevê apenas a publicação de duas parciais. "E as doações que vão acontecer na reta final da campanha, que podem ser as maiores? Os eleitores não vão saber", comenta o juiz eleitoral Márlon Reis, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. "A doação feita por vias eletrônicas para o candidato e publicadas em tempo real na internet poderiam permitir que as pessoas soubessem para onde vai o dinheiro".
Procurada pelo Estado, a Construtora Andrade Gutierrez afirmou que "sua participação no processo eleitoral é realizada de forma oficial, de acordo com as regras da legislação brasileira e do TSE". O Estado não obteve resposta da OAS e do Banco BMG. O Bradesco disse que não comentaria o assunto.

Os maiores doadores das campanhas eleitorais deste ano, até aqui

Construtora Andrade Gutierrez R$ 23.085.000,00
Construtora Oas R$ 18.310.000,00
Banco Alvorada R$ 7.775.000,01
Construtora Queiroz Galvão R$ 7.225.000,00
Banco BMG R$ 7.072.500,00
Carioca Christiani-Nielsen Engenharia R$ 6.862.000,00
Utc Engenharia R$ 5.103.232,00
JBS R$ 5.000.000,00
Wtorre Engenharia e Construcao R$ 4.250.000,00
Coimbra Importacao e Exportacao R$ 3.286.432,23
Galvão Engenharia R$ 3.087.000,00
Contrutora Triunfo R$ 3.050.000,00
Construtora Norberto Odebretch R$ 2.900.000,00
Cavo Serviços e Saneamento R$ 2.500.000,00
Van Oord Serviços De Operações Maritimas R$ 2.500.000,00
Braskem R$ 2.387.500,00
Estre Ambiental S.A R$ 1.850.000,00
Flora Distribuidora de Produtos de Higiene e Limpeza R$ 1.650.000,00
Instituto Cultural Newton Paiva Ferreira R$ 1.650.000,00
BRF Brasil Foods R$ 1.540.000,00
Rio De Janeiro Refrescos R$ 1.504.278,00
Tempo Serviços R$ 1.450.000,00
JHSF Incorporações R$ 1.400.000,00
Pollydutos Montagem e Construção R$ 1.350.000,00
EIT Engenharia R$ 1.300.000,00
Alpargatas R$ 1.270.000,00
Arcoenge R$ 1.265.000,00
Emccamp Residencial R$ 1.258.000,00
FW Empreendimentos Imobiliarios e Construções R$ 1.200.000,00
Provence Construtora R$ 1.200.000,00
Prestaserv Prestadora de Serviços R$ 1.191.500,00
Vilasolo Engenharia Ambiental R$ 1.100.000,00
Revita Engenharia R$ 1.100.000,00
Sucocitrico Cutrale R$ 1.100.000,00
Mutiplan Empeendimento Imobiliarios R$ 1.070.000,00
M&G Polimeros Brasil R$ 1.000.000,00
 
fonte: http://rudaricci.blogspot.com.br/2012/09/os-maiores-doadores-das-campanhas.html 
 
outros link's: http://rollingstone.com.br/edicao/3/os-donos-do-poder



(Boa leitura) Leonardo Boff e o poder monárquico-absolutista dos Papas

Leonardo Boff e o poder monárquico-absolutista dos Papas

publicado em 14 de fevereiro de 2013 às 8:36

Como se formou o poder monárquico-absolutista dos Papas
16/09/2012
por Leonardo Boff, em seu blog
Escrevíamos anteriormente neste espaço que a crise da Igreja-instituicão-hierarquia se radica na absoluta concentração de poder na pessoa do Papa, poder exercido de forma absolutista e distanciado de qualquer participação dos cristãos, criando obstáculos praticamente intransponíveis para o diálogo ecumênico com as outras Igrejas.

Não foi assim no começo. A Igreja era uma comunidade fraternal. Não havia ainda a figura do Papa. Quem comandava na Igreja era o Imperador pois ele era o Sumo Pontífice (Pontifex Maximus) e não o bispo de Roma ou de Constantinopla, as duas capitais do Império. Assim o imperador Constantino convocou o primeiro concílio ecumênico de Nicéia (325) para decidir a questão da divindade de Cristo. Ainda no século VI o imperador Justiniano que refez a união das duas partes do Império, a do Ocidente e a do Oriente, reclamou para si o primado de direito e não o do bispo de Roma. No entanto, pelo fato de em Roma estarem as sepulturas de Pedro e de Paulo, a  Igreja romana gozava de especial prestígio, bem como o seu bispo que diante dos outros tinha a “presidência no amor” e o “exercia o serviço de Pedro” o de “confirmar na fé” e não a supremacia de Pedro no mando.

Tudo mudou com o Papa Leão I (440-461), grande jurista e homem de Estado. Ele copiou a forma romana de poder que é o absolutismo e o autoritarismo do Imperador. Começou a interpretar em termos estritamente jurídicos os três textos do Novo Testamento atinentes a Pedro: Pedro como  pedra sobre a qual se construiria a Igreja (Mt 16,18), Pedro, o confirmador da fé (Lc 22,32) e Pedro como Pastor que deve tomar conta das ovelhas (Jo 21,15).

O sentido bíblico e jesuânico vai numa linha totalmente contrária: do amor, do serviço e da renúncia a todo domínio. Mas prevaleceu até hoje a leitura do direito romano absolutista. Consequentemente Leão I assumiu o título de Sumo Pontífice e de Papa em sentido próprio. Logo após, os demais Papas começaram a usar as insígnias e a indumentária imperial (a púrpura), a mitra, o trono, o báculo dourado, as estolas, o pálio, a cobertura de ombros (mozeta), a formação dos palácios com sua corte e a introdução de hábitos palacianos que perduram até os dias de hoje nos cardeais e nos bispos, coisa que escandaliza não poucos cristãos que leem nos Evangelhos que Jesus era um operário pobre e sem aparato. Então começou a ficar claro que os hierarcas estão mais próximos do palácio de Herodes do que da gruta de Belém.

Mas há um fenômeno para nós de difícil compreensão: no afã de legitimar esta transformação e de garantir o poder absoluto do Papa, forjou-se uma série de documentos falsos. Primeiro, uma pretensa carta do Papa Clemente (+96), sucessor de Pedro em Roma, dirigida a Tiago, irmão do Senhor, o grande pastor de Jerusalém. Nela se dizia que Pedro, antes de morrer, determinara que ele, Clemente, seria o único e legítimo sucessor. E evidentemente os demais que viriam depois dele.

Falsificação maior foi ainda a famosa Doação de Constantino, um documento forjado na época de Leão I segundo o qual Constantino teria dado ao Papa de Roma como doação todo Império Romano. Mais tarde, nas disputas com os reis francos, se criou outra grande falsificação as Pseudodecretais de Isidoro que reuniam falsos documentos e cartas como se viessem dos primeiros séculos que reforçavam o primado jurídico do Papa de Roma. E tudo culminou com o Código de Graciano no século XIII tido como base do direito canônico, mas que se embasava em falsificações de leis e normas que reforçavam o poder central de Roma, não obstante, cânones verdadeiros que circulavam pelas igrejas.

Logicamente, tudo isso foi desmascarado mais tarde sem qualquer modificação no absolutismo dos Papas. Mas é lamentável e um cristão adulto deve conhecer os ardis usados e forjados para gestar um poder que está na contra-mão dos ideais de Jesus e que obscurece o fascínio pela mensagem cristã, portadora de um novo tipo de exercício do poder,  serviçal e participativo.

Verificou-se posteriormente um crescendo no poder dos Papas: Gregório VII (+1085) em seu Dictatus Papae (“a ditadura do Papa”)  se autoproclamou senhor absoluto da Igreja e do mundo; Inocêncio III (+1216) se anunciou como vigário-representante de Cristo e por fim, Inocêncio IV(+1254) se arvorou em  representante de Deus. Como tal, sob Pio IX em 1870, o Papa foi proclamado infalível em campo de doutrina e moral pelo Concílio Vaticano I.

Curiosamente, todos estes excessos nunca foram retratados e corrigidos pela Igreja hierárquica. Eles continuam valendo para escândalo dos que ainda creem no Nazareno pobre, humilde artesão e camponês mediterrâneo, perseguido, executado na cruz e ressuscitado para se insurgir também contra toda busca de poder e mais poder mesmo dentro da Igreja. Essa compreensão comete um esquecimento imperdoável: os verdadeiros vigários-representantes de Cristo, segundo o Evangelho (Mt 25,45) são os pobres, os sedentos e os famintos. No momento culminante da história serão eles nossos juizes.


PS do Viomundo: O artigo é do ano passado, mas nos foi sugerido pela atualidade do tema da sucessão papal.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) 2009-2010


Boa leitura e acesso o relatório completo no anexo:



O Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) faz parte do Programa de Redução da Violência Letal (PRVL), criado em 2007 pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), o 
Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef ) e o Observatório de Favelas, em parceria com o Laboratório de Análise da Violência (LAV-Uerj).

O objetivo do IHA é estimar o risco de mortalidade por homicídios na adolescência, especificamente na faixa dos 12 aos 18 anos. O IHA expressa, para cada grupo de mil pessoas com idade de 12 anos, o número de adolescentes nessa idade inicial que serão vítimas de homicídio antes de completarem 19 anos. A expectativa do trabalho é contribuir para o monitoramento do fenômeno e a avaliação de políticas públicas. 

Neste estudo serão analisados os dados de mortalidade de 2009 e 2010, apenas para os municípios com mais de cem mil habitantes, pois o cálculo para municípios pequenos é prejudicado por conta da instabilidade dos dados de prevalência em populações reduzidas. 

Os dados de 2009 revelam que, para cada mil pessoas de 12 anos, 2,61 serão assassinadas antes de completarem a adolescência. Esse valor aumentou para 2,98 em 2010, o que representa um aumento inquietante da violência letal contra adolescentes no Brasil. A partir desse índice, é possível estimar 
que, se as condições que predominavam em 2010 não mudarem, um total de 36.735 adolescentes será vítima de homicídio até 2016.


O cálculo dos riscos relativos confirmou a influência de sexo, cor, idade e meio utilizado no homicídio na probabilidade de ser vítima de assassinato. Em 2010, os adolescentes do sexo masculino apresentavam um risco 11,5 vezes superior ao das adolescentes do sexo feminino, e os 
adolescentes negros, um risco 2,78 vezes superior ao dos brancos. Por sua vez, os adolescentes tinham um risco 5,6 vezes maior de serem mortos por meio de arma de fogo do que por qualquer outro. Os três riscos relativos caem moderadamente em 2010 quando comparados com 2009.

Existe uma correlação positiva e significativa entre os riscos relativos e o IHA municipal, o que indica que o incremento da violência letal contra adolescentes se dá pelo aumento do número de vítimas entre os alvos preferenciais: jovens do sexo masculino, negros e mortos por arma de fogo. Esse resultado frisa a importância de focar as políticas públicas preventivas em adolescentes com esse perfil. 

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

IPTU e a luta de classes




“Guarulhos vive um momento pré revolucionário, antigas forças da extrema esquerda e da extrema direita, conservadores e progressistas, cristãos e ateus estão se dando as mãos contra a medida opressora do governo do PT: o IPTU. Grave entrave da moralidade este imposto foi aumentado deixando a todos aterrorizados”

Hoje uma parte da esquerda guarulhense se enche de orgulho diante da exposição nos jornais dos seus atos contra o aumento do IPTU. É diferente diriam seus líderes. Sim em nome de uma causa comum é diferente ser indiferente a caminhar num mesmo ato com o PSDB e a direita da cidade.

Inimigos de classe ontem, aliados de momento hoje. Dureza, é um momento de grande falta de unidade e profunda intolerância. Os extremos empurram cada vez mais para longe os que já mal se falavam.

Minha critica interna no PT sempre foi a ausência de uma processo que politizasse mais o povo e que buscasse uma organização cada vez maior a cada governo. Eu insisto e por isso sou militante da Esquerda Popular Socialista do PT.

Participar no governo é uma tarefa política. Promover políticas públicas é uma obrigação. Sou militante do partido então não perco o tempo debatendo isso.

Não mudemos o foco. Entre o passado e o presente a esquerda guarulhense já se mobilizou por causa mais nobres como a luta contra os desmandos do coronel Thomeu, os descasos da Câmara Municipal que de 1992-1996 levou sim a uma unidade no legislativo entre PT e PSDB (três vereadores) e o movimento que derrubou Nefi Tales, este último sim por provas de corrupção gravíssimas.

Esta é inclusive uma questão para reflexão da esquerda guarulhense: qual é a unidade possível diante de uma conjuntura tão adversa como esta?

Nós não estamos alheios aos efeitos do processo neoliberal. Retomar uma pauta anticapitalista não é mirar somente no governo e no Estado liberal, mas politizar a sociedade para as grandes pautas.

Quando levantamos a bandeira das mortes da juventude pobre, negra e trabalhadora cumprimos a tarefa de denunciar a relação mercadológica entre política de segurança e setores da elite em casos como o Pinheirinho em São José dos Campos ou nos assassinatos da juventude em nossa cidade.

Não vi o mesmo clamor e nem a mesma mobilização quando chamamos a audiência contra as mortes da juventude. Uma pena para as famílias que tiveram seus jovens assassinados, não era o IPTU.

Outra coisa é a dimensão coletiva da luta. Me expliquem (uma parte desta esquerda) desde quando uma questão individualista e nada popular tem função de organizar a luta socialista nesta sociedade do capital.

Lutar contra aumento do IPTU é uma luta capitalista. É lutar pelo direito da propriedade privada.

Acredito que iremos convergir um dia ou pelo menos que as gerações depois de nós possa assumir um campo de luta mais nobre e mais centrado no programa socialista, democrático e popular.

No momento só temos cacos nas relações, divergências insanáveis e intolerâncias desproporcionais quando nos vemos em lutas comuns. O pior é que pautas de maior envergadura na luta popular não nos falta e bons exemplos inclusive como o Levante Popular da Juventude com o escracho a ex-militares torturadores, o Comitê contra o genocídio da juventude que conseguiu fazer a secretaria de segurança recuar no silêncio dos assassinatos, enfim, pautas a esquerda não nos falta.

Em Guarulhos há lutas mais nobres e populares a assumir: temos ainda um desafio de uma reforma urbana necessária, a educação pública que precisa de maior atenção, um repensar nas formas de democracia e participação, a relação entre o público e o privado pelos grandes empreendimentos, enfim, pauta mais a esquerda não nos falta.

Acho, e apenas acho, que o que nos falta é ser mais de esquerda.