“Guarulhos vive um
momento pré revolucionário, antigas forças da extrema esquerda e
da extrema direita, conservadores e progressistas, cristãos e ateus
estão se dando as mãos contra a medida opressora do governo do PT:
o IPTU. Grave entrave da moralidade este imposto foi aumentado
deixando a todos aterrorizados”
Hoje uma parte da
esquerda guarulhense se enche de orgulho diante da exposição nos
jornais dos seus atos contra o aumento do IPTU. É diferente diriam
seus líderes. Sim em nome de uma causa comum é diferente ser
indiferente a caminhar num mesmo ato com o PSDB e a direita da
cidade.
Inimigos de classe
ontem, aliados de momento hoje. Dureza, é um momento de grande falta
de unidade e profunda intolerância. Os extremos empurram cada vez
mais para longe os que já mal se falavam.
Minha critica interna
no PT sempre foi a ausência de uma processo que politizasse mais o
povo e que buscasse uma organização cada vez maior a cada governo.
Eu insisto e por isso sou militante da Esquerda Popular Socialista do
PT.
Participar no governo é
uma tarefa política. Promover políticas públicas é uma obrigação.
Sou militante do partido então não perco o tempo debatendo isso.
Não mudemos o foco.
Entre o passado e o presente a esquerda guarulhense já se mobilizou
por causa mais nobres como a luta contra os desmandos do coronel
Thomeu, os descasos da Câmara Municipal que de 1992-1996 levou sim a
uma unidade no legislativo entre PT e PSDB (três vereadores) e o
movimento que derrubou Nefi Tales, este último sim por provas de
corrupção gravíssimas.
Esta é inclusive uma
questão para reflexão da esquerda guarulhense: qual é a unidade
possível diante de uma conjuntura tão adversa como esta?
Nós não estamos
alheios aos efeitos do processo neoliberal. Retomar uma pauta
anticapitalista não é mirar somente no governo e no Estado liberal,
mas politizar a sociedade para as grandes pautas.
Quando levantamos a
bandeira das mortes da juventude pobre, negra e trabalhadora
cumprimos a tarefa de denunciar a relação mercadológica entre
política de segurança e setores da elite em casos como o
Pinheirinho em São José dos Campos ou nos assassinatos da juventude
em nossa cidade.
Não vi o mesmo clamor
e nem a mesma mobilização quando chamamos a audiência contra as
mortes da juventude. Uma pena para as famílias que tiveram seus
jovens assassinados, não era o IPTU.
Outra coisa é a
dimensão coletiva da luta. Me expliquem (uma parte desta esquerda)
desde quando uma questão individualista e nada popular tem função
de organizar a luta socialista nesta sociedade do capital.
Lutar contra aumento do
IPTU é uma luta capitalista. É lutar pelo direito da propriedade
privada.
Acredito que iremos
convergir um dia ou pelo menos que as gerações depois de nós possa
assumir um campo de luta mais nobre e mais centrado no programa
socialista, democrático e popular.
No momento só temos
cacos nas relações, divergências insanáveis e intolerâncias
desproporcionais quando nos vemos em lutas comuns. O pior é que
pautas de maior envergadura na luta popular não nos falta e bons
exemplos inclusive como o Levante Popular da Juventude com o escracho
a ex-militares torturadores, o Comitê contra o genocídio da
juventude que conseguiu fazer a secretaria de segurança recuar no
silêncio dos assassinatos, enfim, pautas a esquerda não nos falta.
Em Guarulhos há lutas
mais nobres e populares a assumir: temos ainda um desafio de uma
reforma urbana necessária, a educação pública que precisa de
maior atenção, um repensar nas formas de democracia e participação,
a relação entre o público e o privado pelos grandes
empreendimentos, enfim, pauta mais a esquerda não nos falta.
Acho,
e apenas acho, que o que nos falta é ser mais de esquerda.