sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

IPTU e a luta de classes




“Guarulhos vive um momento pré revolucionário, antigas forças da extrema esquerda e da extrema direita, conservadores e progressistas, cristãos e ateus estão se dando as mãos contra a medida opressora do governo do PT: o IPTU. Grave entrave da moralidade este imposto foi aumentado deixando a todos aterrorizados”

Hoje uma parte da esquerda guarulhense se enche de orgulho diante da exposição nos jornais dos seus atos contra o aumento do IPTU. É diferente diriam seus líderes. Sim em nome de uma causa comum é diferente ser indiferente a caminhar num mesmo ato com o PSDB e a direita da cidade.

Inimigos de classe ontem, aliados de momento hoje. Dureza, é um momento de grande falta de unidade e profunda intolerância. Os extremos empurram cada vez mais para longe os que já mal se falavam.

Minha critica interna no PT sempre foi a ausência de uma processo que politizasse mais o povo e que buscasse uma organização cada vez maior a cada governo. Eu insisto e por isso sou militante da Esquerda Popular Socialista do PT.

Participar no governo é uma tarefa política. Promover políticas públicas é uma obrigação. Sou militante do partido então não perco o tempo debatendo isso.

Não mudemos o foco. Entre o passado e o presente a esquerda guarulhense já se mobilizou por causa mais nobres como a luta contra os desmandos do coronel Thomeu, os descasos da Câmara Municipal que de 1992-1996 levou sim a uma unidade no legislativo entre PT e PSDB (três vereadores) e o movimento que derrubou Nefi Tales, este último sim por provas de corrupção gravíssimas.

Esta é inclusive uma questão para reflexão da esquerda guarulhense: qual é a unidade possível diante de uma conjuntura tão adversa como esta?

Nós não estamos alheios aos efeitos do processo neoliberal. Retomar uma pauta anticapitalista não é mirar somente no governo e no Estado liberal, mas politizar a sociedade para as grandes pautas.

Quando levantamos a bandeira das mortes da juventude pobre, negra e trabalhadora cumprimos a tarefa de denunciar a relação mercadológica entre política de segurança e setores da elite em casos como o Pinheirinho em São José dos Campos ou nos assassinatos da juventude em nossa cidade.

Não vi o mesmo clamor e nem a mesma mobilização quando chamamos a audiência contra as mortes da juventude. Uma pena para as famílias que tiveram seus jovens assassinados, não era o IPTU.

Outra coisa é a dimensão coletiva da luta. Me expliquem (uma parte desta esquerda) desde quando uma questão individualista e nada popular tem função de organizar a luta socialista nesta sociedade do capital.

Lutar contra aumento do IPTU é uma luta capitalista. É lutar pelo direito da propriedade privada.

Acredito que iremos convergir um dia ou pelo menos que as gerações depois de nós possa assumir um campo de luta mais nobre e mais centrado no programa socialista, democrático e popular.

No momento só temos cacos nas relações, divergências insanáveis e intolerâncias desproporcionais quando nos vemos em lutas comuns. O pior é que pautas de maior envergadura na luta popular não nos falta e bons exemplos inclusive como o Levante Popular da Juventude com o escracho a ex-militares torturadores, o Comitê contra o genocídio da juventude que conseguiu fazer a secretaria de segurança recuar no silêncio dos assassinatos, enfim, pautas a esquerda não nos falta.

Em Guarulhos há lutas mais nobres e populares a assumir: temos ainda um desafio de uma reforma urbana necessária, a educação pública que precisa de maior atenção, um repensar nas formas de democracia e participação, a relação entre o público e o privado pelos grandes empreendimentos, enfim, pauta mais a esquerda não nos falta.

Acho, e apenas acho, que o que nos falta é ser mais de esquerda.