terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

manifesto comunista de Marx e Engels preserva força analítica e literária!

Nos querem derrotados/as,
falam da morte das ideologias
a pura ignorância grita contra a direita e a esquerda
e prefere ser refém de uma realidade imposta
composta, de bosta e reposta.

Assim querem desacreditar os que lutam
desencorajar os que sonham
limitar os que ousam
e calar com a "liberdade" de mercado
a liberdade humana

Quando a ordem constrói sua força na desordem
quando a ordem impõe sua vontade
aos poucos, o tempo, o arado, o caminhar cumprem sua fiel missão
de nunca, nunca mesmo, deixar morrer nem as idéias
e nem os ideais de uma outra sociedade
socialista, comunista, solidária, livre, liberta, libertária
comunal, participativa, soberana...
em resumo como dizia o poeta: nada como um novo dia da nova primavera!

wh

BOA LEITURA

(ps.. vindo da FSP é sempre duvidoso, mas tem um gosto de inveja)


Elogio do inimigo
Relíquia ideológica, manifesto comunista de Marx e Engels preserva força analítica e literária 

Hoje, o "Manifesto do Partido Comunista", de Marx e Engels, é encarado como peça de antiquário. Só encanta "otários" que, mesmo sem serem comunistas de carteirinha, mesmo desprezando o regime policial de Fidel Castro, ousam ser de esquerda.

A bem da verdade, à direita "light" (que ensina que o ser humano é perverso, por isso vamos relaxar e gozar) corresponde uma esquerda "soft", que sente comichão diante de expressões como "modo de exploração capitalista" e "luta de classes". Uns e outros deveriam ler a nova edição do manifesto, com posfácio de Marshall Berman.

Em primeiro lugar, porque existe uma boa diferença entre ser comunista e marxista. Uma conversa superficial com um empresário reaça ou com um operador do mercado financeiro revela que ambos pensam nas relações de trabalho e na mobilidade do capital pela cartilha de Marx -pois ninguém identificou como o filósofo alemão a dinâmica da produção de riqueza.

A realidade social é marxista, embora sua reforma não precise passar pela revolução comunista. Feita a distinção entre teoria e ideologia, é curioso que um dos textos mais claros de Marx sobre o capital seja essa peça de propaganda de 1848, escrita com Engels. A edição realça a retórica literária do texto, que Berman aproxima do "lirismo expressionista", com sentenças que "rebentam diante de nós como ondas que nos fazem tremer ao impacto e nos encharcam de pensamentos".

A nova tradução, por seu rigor, altera a musicalidade de outras versões. A famosa frase inicial ("Um fantasma ronda a Europa -o fantasma do comunismo") vira "Um fantasma circula pela Europa...". E a construção da qual Berman tirou o título de seu livro "Tudo que É Sólido Desmancha no Ar" se transforma em "Evapora-se toda estratificação, todo o estabelecido".

Mais importante, porém, é como Marx e Engels detectam o poder de reinvenção do modo de produção capitalista -num elogio do inimigo que diagnostica com antecedência a globalização e seu poder hipnotizante, mesmo quando tudo parece prestes a derreter.

conexões
LIVRO
MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA ****
AUTORES: Karl Marx e Friedrich Engels
TRADUÇÃO: Sergio Tellaroli
EDITORA: Penguin-Companhia (112 págs., R$ 14,50)

LIVRO
TUDO QUE É SÓLIDO DESMANCHA NO AR ****
Nesse panorama da cultura moderna, o marxista americano analisa o "Manifesto" ao lado das obras de Goethe e outros.
AUTOR: Marshall Berman
TRADUÇÃO: Carlos Felipe Moisés e Ana Maria Ioriatti
EDITORA: Companhia das Letras (2007, 472 págs., R$ 31)

FILME
NOTÍCIAS DA ANTIGUIDADE IDEOLÓGICA: MARX, EISENSTEIN, "O CAPITAL" ****
No documentário de mais de oito horas, o diretor alemão retoma o projeto de Eisenstein de filmar as metamorfoses do capital com base em Marx.
DIRETOR: Alexander Kluge
DISTRIBUIDORA: Versátil
(2008, R$ 74,90, DVD triplo)

FILME
OLDBOY ****
Chan-wook Park (2003, Spectra Nova, R$ 19,90)
Detido durante bebedeira, um homem é mantido em cativeiro durante 15 anos, sem saber a razão. Ao sair, descobre que foi acusado de assassinar a mulher e, na busca de vingança e de provas de inocência, envolve-se com uma "sushi girl". A trama absurda e underground resulta numa obra-prima do cinema sul-coreano, com desfecho digno do horror provocado pelas tragédias gregas.

DISCO
OPUS 80: EDMUNDO VILLANI-CÔRTES ***
Karin Fernandes (independente, R$ 34,90)
Ao lado da orquestra do Theatro São Pedro, a pianista Karin Fernandes interpreta obras de Villani-Côrtes. O destaque é o registro inédito do "Concerto n° 3", num álbum que inclui peça para piano, vibrafone e orquestra de cordas, além de composições para piano solo, com intensidade rítmica absorvida de cantigas e cantilenas populares.

LIVRO 
CORRESPONDÊNCIA 1928-1940 ****
Theodor W. Adorno e Walter Benjamin; tradução de José Marcos Mariani de Macedo (Editora Unesp, 487 págs., R$ 62) Fundamentais para a filosofia contemporânea, as cartas entre Benjamin e Adorno são pequenos ensaios: flagram a incorporação de eventos históricos (como a ascensão do nazismo) a pensamentos que, a partir de reflexões sobre Baudelaire ou Kierkegaard, criaram ferramentas críticas para pensar a modernidade.