quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Estatuto da Juventude: novos desafios para Guarulhos e o Brasil



Estatuto da Juventude: novos desafios para Guarulhos e o Brasil

Nove anos, este foi o tempo que levou das discussões, lobbys e a sanção da presidenta Dilma Roussef neste inicio do mês de agosto.

Finalmente a lei 12.852/2013 representa os interesses da juventude brasileira e que desde julho mostrou sua indignação das mais variadas formas nas manifestações que contestaram o modelo de transporte, o acesso aos direitos de educação e saúde, bem como mudanças na forma de se fazer política em nosso país.

O Estatuto da Juventude pode parecer mais uma lei na visão de quem não entende nada do Brasil, digo isso porque foi na adolescencia que comecei a participar da luta política por direitos e isso era suficiente para sofrer toda forma de preconceito e repressão por parte dos dirigentes sejam eles escolares, familiares ou da própria sociedade.

Ser jovem no Brasil é tarefa dificil. Muitos jovens conheceram nesta década o que é buscar carreira profissional através do ensino superior, onde os prouni's e enem's estão sendo fundamentais para esta conquista. Nos anos 90 tivemos um ministro da educação que dizia que “filho de trabalhador (a) não precisava fazer universidade”, e contra isso que lutavamos.

Cobram da juventude coisas que deveriam ser garantias dos adultos, a exemplo da educação que vive no estado de São Paulo uma crise de abandono e ao mesmo tempo de critica ao modelo de aulas, a desvalorização do conhecimento, dos professores, da aprovação automatica sem critérios, enfim, uma lista de problemas. A resposta: uns foram as ruas protestar outros foram na porta das fábricas e empresas procurar emprego. E os que nem estudam e nem trabalham vivem a ociosidade do crescimento economico como “dependentes independentes” sem prespectiva que deveria ser responsabilidade do Estado e da sociedade.

Exigem da juventude a necessidade de se preparar para vida adulta. Porém era preciso o Estatuto da Juventude recém sancionado para que fossem reconhecidos alguns direitos básicos como a saúde, direito ao transporte, ao respeito, a participação política, a livre expressão e comunicação de suas ideias e opiniões, ou seja, agora é lei. Ao jovem esta a responsabilidade de lutar pelos seus direitos para poder ser o “adulto” que a sociedade tanto espera.

Os governos vão ser obrigados a pautar os jovens. As políticas públicas para, com e da juventude devem ser compromissos, obrigações e urgências de quem governa o país. E por isso foi incluído no texto do estatuto o SINAJUVE, o sistema nacional de juventude representará um grande banco de dados, informações e pesquisa dos anseios dos (as) jovens no Brasil.

Em Guarulhos estamos a frente do próprio Estatuto da Juventude pois nosso Conselho Municipal de Juventude existe desde 2007 lado a lado a criação do CONJUVE (conselho nacional), na estrutura político administrativa da Prefeitura a Coordenadoria da Juventude tem status de secretaria com inumeras ações de dialogo, programas e ações junto a juventude.

Tudo isso não basta quando a tarefa é larga, longa e diversa. Há demandas dos segmentos no meio da juventude, há desafios entre os que estudam e os que foram expulsos do sistema educacional, há conflitos de interesses na garantia de alguns direitos.

Daqui algumas semanas teremos muitas ações na cidade pela Coordenadoria da Juventude: o programa Grafite é Cidadania está iniciando as suas oficinas, em setembro teremos a 4. Feira do Estudante com mais de 10 mil participantes, iremos promover os encontros para construir o Observatório da Juventude de Guarulhos articulada com diversas entidades e movimentos juvenis, teremos as lutas da campanha da “Juventude Negra quer Viver” e em breve pautaremos o Plano Municipal de Juventude. Tarefas não faltam para toda juventude.

É nesse contexto em que o Estatuto da Juventude vem para ficar. E que bom que seja assim, pois democracia sem opiniões diferentes não é democracia. Ou como dizia o poeta: “paz sem voz não é paz é medo”.


Wagner Hosokawa
é assistente social e Coordenador licenciado da Coordenadoria da Juventude e Mestre em Serviço Social pela PUC/SP