Já faz um tempo que desde a ascensão de Lula a presidente seguido por Dilma a esquerda brasileira tem na sua prateleira de análise várias questões que elevam o debate político sobre os rumos do Brasil, o papel das esquerdas e qual projeto nacional e de povo está sendo construído ou pensado.
Vários intelectuais orgânicos e pensadores do lado de cá (de esquerda, democráticos e progressistas) tem cumprido o papel de debater o país que temos nos últimos 12 anos com um governo onde o PT optou por alianças com setores que pudessem garantir a governabilidade e não uma colisão para promover reformas estruturais para preparar o Brasil para um novo momento.
Entre avanços, estagnação e derrotas, a elevação da renda e a promoção de uma política desenvolvimentista mesmo que atrelada ao projeto neoliberal permitiu que parte da classe trabalhadora pudesse ascender (mesmo que individualmente).
Agora as emoções vividas na eleição de 2014 e em particular neste segundo turno mostram que: 1) a despolitização promovida pela lógica neoliberal ancorada no consumo e no medo da inflação fortaleceu uma ideia construída de "classe" assalariada média que segue a orientação "cada um por si e o mercado por tod@s"; 2) as alianças consomem cargos e barram projetos coletivos e impedem o PT de avançar a esquerda tornando a direção do partido num "viciado em governabilidade" e num time de "retranca" todo o tempo se defende sem ir ao ataque; 3) o endurecimento das posturas nas relações da sociedade permitindo que numa química de gosto duvidoso pois com uma mídia centralizada e mercantilizada fez e faz ampliar o pensamento moralizante, pequeno burguês, discriminatório, preconceituoso e altamente segregador.
Por isso a minoria barulhenta das elites que passaram a buscar as ruas possuem hoje o controle de uma maioria da classe assalariada média neutra (não gosta de política mas serve aos interesses dessa minoria, e é guiada por um pensamento fácil e individualista de "limpeza social", com ódio aos pobres, migrantes, de sexo (homofóbicos), racial (negr@s) e de gênero (mulheres), valendo todo tipo de argumento que unifique essa "base" conservadora.
Sei que vários amig@s podem se ofender com isso e nem quero ser "melhor" que ninguém, não nasci esclarecido mas fiz escolhas.
O que é preciso hoje, aqui e agora fazer é perguntar se é esta sociedade que queremos? Valores e projetos coletivos semore dão trabalho e nunca serão 100% de comum acordo, porém quando construímos juntos nossa comunidade, nosso bairro, espaços comuns, país, enfim, temos mais certeza ou clareza do caminho.
Tod@s queremos uma vida segura, sem brigas, sem violências, etc., e caímos numa solução fácil que é reprimir os diferentes ou afastar os que nos "incomodam". Enquanto dissermos "política, futebol e religião não se discutem" continuaremos com medo e dependentes de "heróis" ou "líderes" de interesses duvidosos.
Compartilhamos churrascos, festas de família e outras coisas materiais. Será que não somos capazes de compartilhar nossas difentes opiniões e caminhar para um pensamento comum? Responder juntos e juntas qual melhor caminho para que tod@s possam ter direitos iguais, respeito, dignidade, e tantos outros valores que não dependem dessa lógica do capitalismo.