terça-feira, 21 de abril de 2015

Saída da tendência Esquerda Marxista e a derrota do debate interno no PT.



Ameaça a vida do dirigente João pedro Stedile do MST (Movimento dos Trabalhadores/as Sem Terra), a sede do PT de Jundiaí sofre um ataque violento, um Congresso Nacional que busca "governar" sem autoridade legal e moral impondo a pauta política conservadora como a redução da idade penal, o projeto de lei da terceirização (4330), além do recente  aumento da verba aos partidos. Michel Temer torna-se (si) "ministro" da "articulação política" e fecha o primeiro trimestre do governo de coalizão de Dilma Roussef.

O PT tenta pelas suas bases e militância política mobilizar nas lutas da CUT (Central Única dos Trabalhadores/as), e dos movimentos sociais e populares expressa nos atos do dia 13/03 e 15/04 numa tentativa de  preservar direitos trabalhistas e dar uma resposta ao governo Dilma de que do lado de cá há aliados/as na luta em defesa da democracia. 

Pena que a ausência e o silêncio, os erros na condução da política e a submissão a lógica cada vez mais leva a sensação de derrota. 

Desprezar ou ironizar a saída política da tendência Esquerda Marxista como tem ocorrido pelas redes sociais é a prova de pura infantilidade política e visão distorcida do que é o PT, o neopetistmo tornou-se a forma mais impressionante da ignorância expressiva de um partido que está deixando de ser partido.

A fundação do PT e sua declaração de que seria um partido diferente dos outros representava a combinação da nova democracia brasileira e a contribuição do pensamento de esquerda que pressupõe o partido enquanto organizador da luta política e formulador da consciência da classe. Ou seja, pressuponha que o poder deveria ser exercido por quem realmente produz as riquezas que movimentam a grande máquina chamada Brasil.

Meu respeito a Esquerda Marxista não diminuem minhas divergências, mas aumentam o meu profundo respeito e sentimento de perda do debate interno. Debate que ficará mais empobrecido, com a perda pela saída de militantes aguerridos, empenhados e desprendidos da lógica do poder no PT atual.

Gente de disposição sem patrões e uma militância política determinada para mudar o país e o mundo, é isso que o PT perde.

As opiniões despolitizadas e irônicas minha resposta é que na hora da frustração apenas os socialistas responderão com a alegria de lutar por um outro dia.

Há e haverão posições de dentro da própria esquerda sobre a posição da Esquerda Marxista, sim. Mas que podem soar como mera disputa interna entre todos nós que queremos ser herdeiros da "luta socialista". O PT já possui tendências e correntes de pensamento o suficiente para que nós no campo da esquerda fiquemos mais separados pela disputa sobre "quem será o líder" do que quem irá as trincheiras, isso só nós na esquerda socialista petista.

Velhas divergências entre forças políticas da quarta internacional também formulam suas opiniões variadas sobre a saída da Esquerda Marxista, já que a mesma pertence a uma dessas seções.

A posição que chamou a atenção foi sobre a "consciência de classe", bem há tempos debater consciência de classe no PT tem sido algo muito despolitizante diante das declarações ou justificativas das posições majoritárias que confundem "popular" com "classe", a nós militantes da esquerda socialista petista nos tem sobrado estar presente na luta e na consciência de classe nos sindicatos, movimentos e lutas que assumimos na contramão do que faz (ou não faz) as direções majoritárias do partido.

Dizem ou pedir que a Esquerda Marxista assuma uma posição quanto a "consciência de classe" é no mínimo desrespeitosa, pois, essa construção só será possível na retomada do partido da classe, ou seja, presente a atuante no cotidiano da classe. Não é o que temos visto nos intermináveis debates sobre a "nova" classe assalariada média.

Uma classe trabalhadora forte e vigorosa está dispersa neste país. Parte dela compra a ideia de se tornar em "classe em ascensão" aceita em alguns círculos, boates e desfilando em shopping's de "alto padrão", portanto consciência de classe ainda é uma dimensão a ser retomada não apenas pela Esquerda Marxista, mas por toda auto declarada esquerda socialista petista.

Não me filiei ao PT para disputar eleições somente. Não farei defesas que não tenham como beneficiário a classe trabalhadora. Não apoiarei a volta de um líder com a postura de um "dono", meu partido não tem donos, tem militantes.

O partido não chora, suas cadeiras não sentem, suas sedes frias e rebocadas não deliberam. Quem perde é vida que há no partido, a vida política que move nossos sonhos e ideais.

Quando nos atacam, atacam a todos/as. Atacam o vermelho da bandeira e ninguém diz que ela representa o sangue derramado dos lutadores/as. Usam o verde e o amarelo como se fossem donos da nação, usam no peito o simbolo "mágico" de um futebol mercantil e útil para ilusão das massas. Ofendem não os dirigentes, mas a sua militância. O silêncio dói mais que a admissão da submissão.

Meu respeito a militância da esquerda Marxista. 

Nós socialistas nos reencontramos nas lutas e na possibilidade de mudar, derrotar o capitalismo e vencer o socialismo.



Nota da direção do EM: http://www.marxismo.org.br/content/comite-central-propoe-uma-nova-orientacao-de-construcao-para-esquerda-marxista

http://www.marxismo.org.br/content/miranda-renuncia-da-direcao-do-pt-sao-paulo

Para o debate:

http://www.pco.org.br/esquerda/saida-pela-esquerda-ou-pela-direita/apei,j.html
http://otrabalho.org.br/joinville-a-renuncia-ao-pt-aonde-vai-a-esquerda-marxista/
http://valterpomar.blogspot.com.br/2015/04/a-esquerda-marxista-e-o-pt.html