Guarulhos, o que esperar do próximo prefeito (a)?
Por Wagner Hosokawa[1]
Ser guarulhense tem ganhado
outros sentidos. Mesmo que a nossa condição de “cidade dormitório” venha a ser
renovada pelo boom imobiliário da última década isso só mostra o potencial de crescimento
da cidade que sofre e se beneficia ao mesmo tempo da sua condição de “vizinha”
da capital paulista.
Nesta última década tudo cresceu
em Guarulhos do trânsito aos espaços públicos e privados, as opções de lazer ou
de consumo. Segundo analistas é uma das cidades “não” capitais que mais se
desenvolveu no último período dando ao seus administradores públicos também
maiores responsabilidades.
Só a previsão orçamentária para
2016 é de 4,3 bilhões de reais e desafios para um momento em que despesa e arrecadação
estão em uma briga intensa dada as condições econômicas em que vive o país e
neste caso tamanho é “documento” quando tratamos da segunda maior cidade do
estado de São Paulo (1,3 milhões de habitantes).
E para ter uma ideia segundo o
IBGE alguns dados: 401 mil pessoas possuem automóvel, quase 100 mil alunos na
rede municipal (entre ensino infantil e fundamental), uma diversidade no setor
econômico com destaque para indústrias do ramo metalúrgico e químico, além do
setor de serviços, 52 mil famílias beneficiadas no Programa Bolsa Família,
enfim, um município que é um grande desafio de gestão pública.
E o que esperar da próxima gestão
pública?
1)
Cuidar da cidade: o papel de “zelador” em tempos
de poucos recursos para investimento exige que se faça a lição de casa básica
como manter a limpeza pública principalmente dos espaços de uso comum (centros
comerciais, praças e principais ruas e avenidas), funcionamento dos serviços
fundamentais (educação, saúde e atendimento ao público – Rede Fácil) e
resolução rápida de problemas pequenos e médios (buracos na rua, manutenção
diversas, etc..);
2)
Escolher prioridades: em gestão pública “tudo é
urgente”, por isso escolher terminar obras ou projetos que sejam voltadas para
prevenção são importantes. Desde um CEU (Centro de Educação Unificado) em uma
região com alto índice de violência e vulnerabilidade social, até ações de
enfrentamento a enchentes;
3)
Se vai parar a obra ou algum programa: explique,
negocie e repactue! Se houver decisões difíceis como ter que paralisar algum
investimento vá preparado com estudos, argumentos e contra proposta, um bom
acordo é melhor do que uma decisão “burocrática” ou de algum técnico
“iluminado”;
4)
Aí entramos na questão da transparência. Uma
cidade que não possui meios de comunicação que cheguem a grande maioria da
população precisa criar seus canais de transparência. Não apenas sobre o uso do dinheiro público,
mas explicar porque tomou decisão X ou Y, por isso democratizar exige informar,
sempre, todo dia e por qualquer meio – uma Prefeitura desse tamanho tem
departamentos administrativos em vários lugares e de várias políticas públicas
(escolas, unidades de saúde, regionais, etc..);
5)
Deixar a sua marca de governo! Parece obvio, mas
não é um governo que quer fazer tudo não cria marca de nada, portanto buscar
“marcas” em tempos de crise financeira é buscar escolher de um a três serviços
(no máximo!) para torna-lo o mais qualificado possível e que possa ser elogiado
gratuitamente, sem propaganda oficial. (exemplo: serviços de atendimento a população,
buscar eficiência em serviços como do SAAE ou outra empresa ou área da
Prefeitura);
Uma marca que
ficou nesses 15 anos foi da educação, visto que a cidade tinha até 2000 uma
rede de ensino municipal precária e pequena.
6)
Valorizar os servidores públicos! “Nem só de pão
vive o homem”, já dizia o dito popular, e não é apenas salário que cabe na
satisfação dos trabalhadores do setor público. Encontrar formas, meios e
benefícios que não contrariem o atual quadro financeiro e ao mesmo tempo traga
satisfação atende inclusive aos interesses da população;
7)
“Fazer mais e gastar menos”, não pode ser apenas
discurso de cartaz. Em tempos de “moralização” da política gestos valem mais
que palavras e um desafio antigo são os alugueis pagos pela Prefeitura. Um bom
plano progressivo e que seja divulgado
para população gera menos gasto e muitos pontos junto aos munícipes;
8)
O que vale mais: algo que a população abrace no
seu dia a dia ou eventos que marcar apenas num momento? Memória e lembrança são
importantes, mas o gestor público vive o agora! Estudar no rol de ações,
projetos e programas que marcam o dia a dia da população como Bosque Maia e os
demais, espaços públicos de promoção do esporte como o Ginásio Thomeuzão, João
do Pulo entre outros, na cultura com o Adamastor, Padre Bento, os Postos de
Entrega Voluntária de entulho e material recicladoos Centros Ambientais ou os
CEU’s. Isso tudo potencializado vale mais do que shows, ainda mais em tempos de
crise;
9)
Fazer um estudo para entender a máquina pública.
Nenhum gestor público faz ou olha para a máquina sozinho, precisa de equipe e
feedback das situações. Entender o que é necessário e o que é supérfluo é
importante;
10)
Nunca deixar uma região ou bairro com a marca do
“terror”. É comum na disputa política e na ausência de gestão pública surgir
denominações como “cracolândia”, “esquina do pó”, etc., saber agir
preventivamente é como a experiência da praça no bairro Soberana que foi
revitalizado e no espaço surge um leque de serviços públicos importantes, ou
seja, antever não é agir depois que acontece;
11)
Não governar apenas para uma região! Olhar para
tudo e todos é uma tarefa difícil, contudo não impossível e as últimas gestões
estão para provar isso (exemplos não faltam do Hospital Pimentas ao Centro
educacional na Ponte Alta). Às vezes
reformar é melhor que construir, melhorar o que existe é melhor que prometer
mudanças que exigem muito;
12)
Olhar para as regiões com pouco desenvolvimento.
A pobreza e as condições de vida em comunidades onde há ausência ou impedimento
de atuação mais direta da Prefeitura não podem virar ”desculpas”. Há serviços e
ações que chegam até as pessoas e podem servir como meio de aproximação e
viradas na qualidade de vida da população, o importante é saber o que pode
fazer mais diferença e promover cidadania;
13)
Participação como forma de governar. A
experiência do Orçamento Participativo é marca da cidade, mas para manter vivo
o diálogo permanente e o apoio popular o futuro governo deve avançar. Para
serem os olhos, a voz e o fiscal das ações e contribuir para que a
administração seja reconhecida é preciso mais.
Esse seria um bom investimento para o futuro. Investir em canais de diálogo onde já existem conselhos de políticas públicas – mas com inúmeras dificuldades e descredito, conselhos de escola e gestores na saúde que poderiam ter seu papel ampliado e o OP que precisa reorientar-se (e o Congresso que esta sendo realizado pela atual gestão prova isso). Hora de reunir os cidadãos e cidadãs preocupados com a cidade.
Estes esforços somados poderiam fazer uma próxima gestão à frente da Prefeitura, garantir credibilidade popular, controle sobre a cidade sem ser “pego de surpresa” sobre fatos ou situações que atinjam os direitos do munícipe e o melhor índice desse governo futuro será o grau de qualidade de vida daqueles que moram e vivem a cidade.
Desafios para 2016 para vencer as eleições não bastam falar do passado e nem prometer um futuro, mas dizer a população quais compromissos nos qualificam para esta próxima tarefa.
Esse seria um bom investimento para o futuro. Investir em canais de diálogo onde já existem conselhos de políticas públicas – mas com inúmeras dificuldades e descredito, conselhos de escola e gestores na saúde que poderiam ter seu papel ampliado e o OP que precisa reorientar-se (e o Congresso que esta sendo realizado pela atual gestão prova isso). Hora de reunir os cidadãos e cidadãs preocupados com a cidade.
Estes esforços somados poderiam fazer uma próxima gestão à frente da Prefeitura, garantir credibilidade popular, controle sobre a cidade sem ser “pego de surpresa” sobre fatos ou situações que atinjam os direitos do munícipe e o melhor índice desse governo futuro será o grau de qualidade de vida daqueles que moram e vivem a cidade.
Desafios para 2016 para vencer as eleições não bastam falar do passado e nem prometer um futuro, mas dizer a população quais compromissos nos qualificam para esta próxima tarefa.
[1]
Assistente Social, funcionário público da Prefeitura de Guarulhos e militante
socialista do PT. Professo do Curso de Serviço Social da UNG, Mestre em Serviço
Social pela PUC/SP e doutorando do Programa de Pós Graduação em Ciências
Humanas e Sociais pela Universidade Federal do ABC. Foi membro do DM PT
Guarulhos e da executiva da Macroregião do PT na gestão do companheiro “Seu”
Cândido.