sexta-feira, 3 de junho de 2016

Governo golpista ameaça a educação brasileira.


Governo golpista ameaça a educação brasileira.

Há quem não leve a política a sério e outros preferem apenas dizer que os serviços púbicos não prestam, etc., etc., mas o fato é que independente dos governos, o caráter público da educação brasileira num país continental como o nosso e a precária gestão pública nos municípios e estados forçaram as elites no parlamento a ceder conquistas desde a constituição de 1988 de lá para cá a LDB (Lei de Diretrizes de Base da educação) e os Planos Nacionais.

Das reivindicações populares, a luta pelo investimento dos 10% do PIB (Produto Interno Bruto), é a pauta central seguida das propostas referenciadas pelos movimentos sociais, sindicais e populares na direção coletiva e pública desse direito. (http://www.redebrasilatual.com.br/educacao/2016/05/ministerio-mendonca-filho-sinaliza-para-privatizacao-na-educacao-6527.html)  

Contudo, o capitalismo neoliberal – um Midas ao contrário, onde tudo que toda torna-se mercado – tem buscado através das corporações educacionais privadas obter via lobby na OMC (Organização Mundial do Comércio) o pedido para que os países membros alterem suas legislações nacionais retirando da educação seu caráter de “direito público” pela condição de “serviços”, mudança que permitiria essas empresas educacionais a se instalar nos países e abrir novos mercados. O Brasil é pais membro da OMC e não aceitou as pressões e o lobby de tais grupos econômicos, isso durante os quatorze anos do governo do PT.

Mesmo assim o setor privado encontra seus meios para avançar e burlar a legislação. Instituições privadas brasileiras têm servido a estas corporações que “investem” nelas para “promover” a sua expansão e contrariando o discurso do “bom burguês empreendedor”, o empresariado do setor utiliza-se do Fundo Público para financiamentos, desonerações, aquisições de outras instituições e as concessões para abertura de novos cursos pelo CNE (Conselho Nacional de Educação).

Na grande mídia as informações sobre o ensino privado se concentram nos cadernos de finanças e economia e menos em ensino e pesquisa, tornando-se um negócio lucrativo em que menos de três anos o faturamento do setor passou de 24 bilhões de reais (2011) para 32 bilhões (2013), segundo analistas 13 grupos conglomerados concentram 36% (http://g1.globo.com/educacao/noticia/2013/08/faturamento-de-faculdades-privadas-cresce-30-em-2-anos-estima-estudo.html), nem é preciso dizer que a influência política do setor tem se expandido na mesma forma que o mercado.

O golpe contra presidenta Dilma foi apenas uma “ponte para o mercado”, onde o governo ilegítimo de Temer tem mostrando através das indicações e medidas que o que importa é garantir os lucros capitalismo, ou seja, o Estado a serviço dos interesses privados.

No ministério da educação, o deputado federal Mendonça Filho (DEM-PE) tem sido apontado pela mídia alternativa (http://www.brasil247.com/pt/247/pernambuco247/233177/O-novo-mandachuva-da-educa%C3%A7%C3%A3o-no-Brasil.htm) como representante direto de uma das corporações educacionais mais lucrativas do mercado educacional brasileiro, o grupo Ser Educacional segundo o “Relatório Anual aos acionistas de 2015” o lucro líquido foi cerca de 161 milhões de reais em 2015 e de investimentos mais de 302 milhões. A indicação do sr. Maurício Costa Romão, anunciado como o novo titular da Seres (Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior) do MEC é a expressão dos interesses do grupo Ser, pois antes de ser nomeado era consultor do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (do grupo Ser educacional, segundo a Revista do Brasil Atual, http://www.redebrasilatual.com.br/educacao/2016/05/mendonca-indica-nome-ligado-a-universidade-privada-para-regular-ensino-superior-813.html), os sinais coadunam com os interesses de expansão e aquisições de novas instituições.

Alunos tornando-se ativos da bolsa de valores, segundo o “Desempenho Operacional e Financeiro O Grupo Ser encerrou o ano de 2015 com uma base total de 140,7 mil alunos, crescimento de 9,5% em comparação aos 128,5 mil alunos ao final de 2014, sendo que 124,0 mil correspondiam a cursos de graduação presencial, um incremento de 22,5% em relação a dezembro de 2014. Estavam matriculados 56,1 mil alunos FIES, que representam 39,9% do total de alunos, ou 45,2% dos alunos de graduação presencial.” e professores cada vez mais precarizados como aponta os dados em artigo (http://portal.andes.org.br/imprensa/publicacoes/imp-pub-1716063987.pdf)  publicado pela ANDES (Sindicato Nacional dos Docentes de instituições de ensino superior), que em 2011 nas instituições de ensino privadas o vínculo empregatício de professores eram de 25% contratados em tempo integral, 31,2 em tempo parcial e a maioria, 43% eram contratados como professores horistas, sem garantias nenhumas de proteção pela legislação trabalhista.

Além de outras formas de burlar direitos trabalhistas via contratações intermediarias e ou por “cooperativas”, ou seja, não é à toa que setores privados defendem tanto a aprovação do projeto de lei 4330 que flexibiliza ainda mais as contratações e impondo uma condição quase de sobrevivência pela docência, sem estabilidade e as vezes operada em dupla função – como “bicos de trabalho” – a desvalorização docente no ensino superior privado é uma tendência.
Outro aspecto é a privatização do ensino público regular (fundamental e médio), sob o discurso da “melhoria da gestão”, os lobbys dos grupos educacionais privados não estacionam apenas no ensino superior, com a possibilidade de saturação desse mercado, o avanço sobre outras modalidades de ensino será “natural” para o mercado. A polêmica das escolas ocupadas em São Paulo foram uma prévia do que está por vir.

Nunca foi tão forte a ideia de deixar morrer a “escola pública” para justificar a sua privatização. Medidas já experimentadas por países que aplicaram o receituário neoliberal como o Chile agora tentar reverter o mal causado pela privatização do ensino público via financiamento do fundo público, mesmo o governo socialista de Bachelet enfrenta a possibilidade de novas grandes mobilizações estudantis. Em Goiais, estado governado pelo setor do agronegócio, a privatização do ensino operou de dentro do gabinete do governo estadual segundo o blog independente “Avaliação educacional – blog do Freitas” (https://avaliacaoeducacional.com/2016/06/02/goias-centro-lemann-americano-aparece-ligado-a-privatizacao/) e empresas como a Abril (dona do escrotário Veja), agora é uma das empresas que querem operar nesse novo mercado, atuando primeiro na “gestão” fica sob a sua administração toda estrutura pública, inclusive os professores concursados que são inseridos em uma lógica de “qualidade empresarial” e não pedagógica.

As reações ainda estão no campo das escolas ocupadas, em vários estados, e nas manifestações públicas das entidades que reúnem os militantes da educação pública, uma dessas manifestações venho das entidades nacionais que manifestaram-se sobre a “educação sobre o governo provisório” (https://avaliacaoeducacional.files.wordpress.com/2016/05/manifesto_entidades_governo_provisorio_17_de_maio_2016.pdf) e recentemente o MANIFESTO dos Fóruns de EJA do Brasil e da Rede MOVA-Brasil contra a extinção ou o esvaziamento da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI) do Ministério da Educação (MEC) consideram um retrocesso tal medida e não para por aí.

O que é urgente para sociedade civil organizada é reagir e denunciar o governo golpista e sua proposta para educação que ameaça o direito a um ensino público, de qualidade social e laico, que a imposição da privatização não busca a qualidade, mas a racionalidade dos lucros das grandes corporações privadas que querem se apropriar do fundo público, aprofundando ainda mais a lógica da educação como produtora de diplomas, em vários níveis, mas sem construir pessoas enquanto sujeitos de direitos.

Não passarão! A Educação Pública e seus defensores (as), lutadores (as) vamos barrar esse golpe!