terça-feira, 11 de outubro de 2016

Apelar para o estômago ou apelar para o coração: a luta revolucionária na construção de um Brasil emancipado.

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Apelar para o estômago ou apelar para o coração: a luta revolucionária na construção de um Brasil emancipado.

“Que adianta programa popular sem o Lula lá”, esse foi o grito de guerra que ouvi em um dos últimos encontros nacionais da juventude do PT (Partido dos Trabalhadores) antes da vitória eleitoral de 2002, como pode-se ver o entusiasmo das eleições foram maiores do que o programa a ser implantado.

Ouço muitos reclames, principalmente quando há críticas como as que apresento aqui. Dizem que isso “joga contra o partido”, contudo, em que espaços ou lugares o meu partido tem garantido o debate sobre os rumos que vai tomar para mudar o país.

Vacilos acontecem aos montes e no PT da minha cidade não é diferente. Saber que em plena reunião de diretório, dirigentes defendo uma nota menos branda que a que foi aprovada pela executiva municipal e que orienta o voto nulo dos militantes e filiados (as) diante da ausência de alinhamento com dois candidatos identificados com o golpismo é no mínimo um sintoma de que o tempo e o debate ainda estão por vir, agora o que existe é o oportunismo rondando ainda o partido.

O personalismo tornou-se muito forte no PT e cristalizou-se com o Processo de Eleições Diretas (PED), desvinculando a figura da chapa e do presidente, reforçou apenas o sistema liberal de representação e matou o modelo congressual, em que militantes participavam da construção do partido ativamente.

Privilegiou-se os apadrinhamentos e toda forma de composição. Ideologicamente as forças políticas de esquerda e revolucionaria diminuíram em vez de crescer em 2006, isso aliado à reeleição de Lula aumenta a estima da arrogância interna da força majoritária. Mesmo diante do “mensalão” nada abalava o “lulismo” até a reeleição de Dilma.

A direita e as elites preferiram “cortar na própria carne” através da operação “Lava-jato” ao ativar seus instrumentos da sociedade civil, que nunca foram enfraquecidos, contra o PT.

Passou pouco tempo ainda para que os petistas-militantes pudessem de fato parar e refletir. O tempo da depuração apenas está começando, entre os que querem sobreviver na velha forma, apinhados em aparelhos institucionais e mandatos, e os que desde 2014 pararam para observar os fatos e buscar fazer a política como exige-se um militante de esquerda.

E a nós que estamos na esquerda? Temos bandeiras de luta, muitas bandeiras de luta. Das que já tínhamos que nos preocupar e as novas que estão surgindo, parece um tsunami do qual apenas corremos e nos agarramos para nos salvar.

Não vamos nos iludir com os discursos de unidade. Unidade política pode acontecer sazonalmente, nos atos e lutas comuns, mas a unidade programática, aquela que expressa o elo que nos une, os diferentes num programa comum, isso faz falta.

Aos militantes, que não somos poucos, mas dispersos, nos faltam condições para poder fazer a luta clandestina, da desobediência civil, do trabalho de base, enfim, disputar a sociedade seja por dentro ou fora das instituições públicas, da sociedade civil e contra esse Estado exige combinar a práxis cotidiana e o programa político da classe. Para além de um clichê, uma necessidade.

O partido da classe trabalhadora, aquele enraizado no dia a dia, presente na articulação das lutas sociais e populares, nas eleições liberal-burguesa e nos espaços da sociedade civil, estes são imprescindíveis para que, sempre atentos, novas gerações sejam livres para escolher sua identidade, sua religião, vontades e todo tipo de escolha que seja na direção de uma humanidade solidária, coletiva e socialista.