terça-feira, 20 de agosto de 2024

Escolas militares são parte de um projeto de sociedade. Como se combatem projetos societários?







Na segunda semana de agosto de 2024 começa com uma boa noticia: "Justiça de SP suspende programa Escola Cívico-Militar de Tarcísio" (Metropolis, 07/08/2024), estão em curso muitas lutas contra esse projeto do governo Tracisio, que foi iniciado pelo governo fascista de Bolsonaro. Foram lutas na Assembleia Legislativa onde estudantes, professoras e militantes das organizações sindicais, populares e de esquerda fizeram enfrentamento contra a medida, agora sendo implantadas a luta que segue é contra a sua implantação. 

O conflito era inevitável e necessário. Lutar contra as medidas político ideologicas do fascismo é fundmental para que não se crie uma visão militarizada da sociedade como quer os fascistas. Casos de enfrentamento como a ação fascista de invasão da sede da APEOESP Guarulhos tem sido a tônica do que ainda está por vir. 

O fascismo brasileiro atual é uma mistura de oportunismo eleitoral e oportunidades de "mamar" no dinheiro público por meio da sustentação desse discurso de ódio e violência, que se não tivesse inocentes utéis mandado pix para essa cambada de vagabundo não teria o mesmo efeito que tem. 

E esse é o ponto central: tem base que sustenta essas ideias. Por isso, as velhas formas de resistência pós redemocratização não tem sido eficazes para enfrentar o problema. O fascismo brasileiro com raiz em Plinio Salgado e com apoio institucional de Vargas não tem refresco na memória do povo braisileiro, a história que é repassada nas escolas é apenas um breve paragrafo, o que é ruim, pois novamente normalizamos posturas violentas como se faz com a questão da ditadura militar. Depois não se sabe porquê esses mostros saem dos esgotos com suas ideologias escrotas. 

A culpa da nossa esquerda é certa. Passados quatro décadas pós redemocratização os partidos da esquerda, em particular o PT, tiveram várias gestões municipais, estaduais e federal, sustentaram em seu discurso que "educação é prioridade da esquerda e não da direita", isso é um mito que foi sustentado pelas inovações e investimentos que foram realizados ao longo dessas experiências de gestão. 

Talvez a mais exitosa seja mesmo a gestão da ex-prefeita Luiza Erundina que teve como secretário o educador Paulo Freire, e de fato, governos vem e vão à frente da prefeitura de São Paulo e não conseguem derrubar o Plano de Carreira, sabiamente, construido por este governo. Os anos se passaram e partidos da esquerda como PT, PSB, PDT e outros fizeram uma mudança de rota no debate educacional, abandonaram a ideia de investimento, fortalecimento dos profissionais e da comunidade escolar e projetos político-pedagogicos por um populismo educacional. Preferiram na metade da década de 1990 implantar projetos e programas populistas e apenas materiais. 

O governo Marta escolheu enfraquecer a gestão de base e recorrer a lógica da direita: imagem e assistencialismo. Com construções gigantescas como os CEU's (Centros de Educação Unificados) e a entrega farta de uniformes, material escolar e outros. E foi sendo um modelo que foi sendo abraçado de forma geral pelas administrações de esquerda. Ou seja, metas como erradicar analfabetismo forma sendo substituidas por um slogam eleitoral mais direto (e oportunista). Ambas poderiam existir? 

A implantação de um projeto educacional popular, alternativo, participativo e autonomo somado a entrega material de insumos necessários, sim ambos são perfeitamente possíveis e fariam a esquerda disparar na frente da direita. A direita poderia no máximo acusar a esquerda de "gastar muito com educação", mas quem quer ser contra a educação? 

E com a possibilidade da esquerda poder dizer que é referencia exclusiva de algo em que seria imbatível (no plano ideologico e eleitoral), pois seria um projeto em duas frentes: qualificar a cidadania por meio da inclusão e participação política e garantir recursos aos mais pobres. 

Talvez venceriamos até o debate da universalização do ensino. Agora isso não foi feito, como muita coisa que a esquerda brasileira abandonou em nome da luta eleitoral, e conforme os anos passam o que entrou no lugar foi o projeto educacionmal da direita fascista, militarizar escola remete a uma memória distorcida, confusa e não verdadeira de que escola militarizada, como quartel, forja a "moral e a cidadania" da pessoa. 

 Andamos para trás. 

Pois só restou a nossa esquerda resistir e lutar contra a implantação das escolas militares, sem o reconhecimento de nenhum projeto educacional de base que represente alternativa a esse modelo. Eu sei que houveram gestões locais exitosas, mas sobrevivem no anonimato ou foram derrotadas nas eleções seguintes pela total falta de prioridade. 

 Alguns imbecis na nossa esquerda poderão até dizer bobagens e argumentar que as expeirências foram boas, mas não cabem mais. Eu respondo a cada uma dessas posições imbecis: "Para que priorizar alfabetização? Foi bom, mas agora não tem projeção, não aparece!" Alfabetizar para libertar é diferente de Mobral da ditadura, então, a iniciativa dos Movimentos de Alfabetização (MOVA) devem ser construídos para libertação político-ideologica, devem ser mais do que "ensinar a ler e escrever", devem servir para que as pessoas compreendam o mundo e não apenas faça a sua leitura acritica. 

Onde é feito nessa direção conquistamos militantes e não apenas eleitores. O MST segue com as metodologias do "Sim eu posso!" cubano e outros movimentos também. "Os CEU's são grandes conquistas lembradas até hoje" Como complexos educacionais excelentes, como lugar de articulação social e participação popular virou pó, viraram escolões com lazer embutido, que de nada representam lugar de protagonismo, onde resiste a participação é porquê foi iniciativa dos movimentos e sem apoio dos governos, Haddad teve essa chance e podou. 

E no final, a resposta objetiva desses complexos não resolve problemas estruturais: numa cidade como São Paulo, a falta de vagas em creches segue de forma abusurda. "Os mais pobres precisam dos uniformes, material escolar e alimentação" Niguém esta questionando o papel do Estado em fornecer insumos. 

Mas a ausência de projeto societário causa uma crise em cadeia. De um lado esse oportunismo assistencial não qualifica a relação da comunidade e a escola, cria conflitos estupidos sobre tamanho de uniforme em vez que integrar a comunidade na luta em defesa da educação pública. 

Do outro, a luta dos movimentos de trabalhadores desempregados e das cooperativas como dos catadores de materiais reciclavéis seguem sem apoio, quando poderiamos potencializar essas organizações que tem militantes combativos do lado de cá da nossa esquerda, podend destinar o fornecimento por meio dessas organizações. 

A única experiência foi durante o governo do PT na cidade de Osasco (SP) que articulou a produção e fornecimento de uniformes à cooperativa de trabalhadoras ligadas ao Programa Bolsa Família, e só. "Servidores públicos tem custo e tem os limites na Lei de Responsabilidade Fiscal" Esse discurso é de direita. 

Apesar de ter sido aplicada com fidelidade pelos governos de esquerda, que transformaram servidores públicos em inimigos, quando deveriam ser incorporados como aliados. A ausência do fortalecimento das carreiras e consolidação de um funcionalismo forte de direitos e firme de posições com relação ao projeto político-pedagogico só faz a esquerda perder. Poderíamos até perder o governo, mas não a política pública. 

E bastava estruturar a carreira com o modelo educacional, pois, não quea educação seja progressista por natureza, contudo, se construida e incorporada as ações faz com que a hegemonia político-educacional-pedagogica seja forte mesmo tempos de guerra, porque isso é uma conquista em cadeia: se a escola pública educa e faz pensar, se os profissionais só tem como preocupação educar, criar e construir, à população assume o papel de defesa! Voltamos ao drama: eles tem a escola militarizada como alternativa, e nós? 

 E mesmo que "dê errado", o estrago a médio e longo prazo está feito! As gerações que pssarem por essa merda influenciará alguém, ponto. E esses alguéns vaõ seguir caminhando com essas ideias do fascismo. 

É esse o ponto de risco. Sempre há tempo de mudar!