segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Cai número de partos na adolescência em Guarulhos, mas dados seguem preocupantes!

Gravidez na adolescência
Adriana Archanjo
Da Redação
Diego Calvo

MÃE Marilu ficou grávida aos 17 anos e, aos 24, espera o 2º filho

O número de partos realizados em meninas entre 11 e 19 anos, na rede pública, em Guarulhos, no primeiro trimestre de 2009, em relação ao mesmo período de 2008 (veja quadro abaixo) caiu de 810 para 786. Entre os 12 e os 17 anos, a queda foi de dois casos.

Segundo José Maria Soares, chefe do setor de Ginecologia da Infância e do Adolescente da Unifesp, "é um nível altíssimo. Apesar de os números apontarem uma queda, são preocupantes", ressalta o médico. Ele afirma que um em cada cinco partos no Brasil é de adolescente.

O médico explica que a natalidade nacional tem caído ao longo desses anos. "Analisados todos estes dados é possível perceber que há a necessidade de ampliar a campanha de prevenção. Essas informações devem chegar na escola antes da puberdade".

O número de partos realizados na rede pública de saúde em meninas entre 10 e 19 anos caiu 30,6% nos últimos dez anos, de acordo com de acordo com os dados do Ministério da Saúde. Em 2008, foram feitos 485,64 mil partos contra 699,72 mil em 1998. No Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a redução ultrapassou 35%. A queda na quantidade de adolescentes grávidas no Brasil deve-se, segundo o ministério, principalmente, ao acesso às políticas de prevenção e orientação sobre saúde sexual.

De acordo com o órgão, os postos de saúde no país disponibilizam, gratuitamente, métodos contraceptivos. A compra de preservativos masculinos, por exemplo, chegou a 1 bilhão em 2008. Até setembro deste ano foram encaminhados aos estados e municípios 311 milhões de camisinhas masculinas. De acordo com o Ministério da Saúde, esta oferta tem grande impacto na realidade dos jovens e adolescentes. A pesquisa sobre Comportamento, Atitudes e Práticas Relacionadas às DST e aids na população brasileira de 15 a 64 anos, lançada pelo próprio ministério em junho, mostrou que 41,4% das garotas e rapazes entre 15 e 24 anos pegaram preservativos gratuitamente nos 12 meses anteriores ao estudo. Os principais locais para isso são os postos de saúde (37,7%) e as escolas (16,5%).

Em Guarulhos, somente no último trimestre deste ano, nasceram 786 bebês de mulheres com idade entre 11 a 19 anos. Deste total, uma de mãe com 11 anos; 367 são de adolescentes com idade entre 12 a 17 anos; 184 de mães com 18 anos, e 234 de jovens de 19 anos. Os dados são do Sistema de Informação de Nascidos Vivos (Sinasc) e os números são parciais, pois o sistema é nacional e ainda faltam computar os filhos de adolescentes guarulhenses que nasceram em outros estados do país.

José Maria Soares, observa que os dados divulgados pelo Ministério da Saúde depende muito dos registros do SUS (Sistema Único de Saúde). Segundo ele, os dados são incompletos. "Nem sempre consegue registro de tudo. Há partos domiciliares em regiões mais afastadas, que não têm estrutura nenhuma, por exemplo, as pessoas não conseguem nem chegar em um hospital", explica.

Jovem engravida na 1ª vez

A dona de casa Marilu Galdino, 24 anos, está grávida pela segunda vez. Ela engravidou na primeira relação sexual, aos 17 anos. "Eu não esperava ficar grávida com 17 anos. Queria tirar, mas minha mãe falou que se fizesse isso ela nunca mais falaria comigo"

Marilu conta que não manteve o relacionamento com o pai de sua filha. "Depois que minha filha nasceu eu comecei a frequentar a casa dele, mas depois de um mês parei, pois percebi que nem ele nem a mãe dele davam importância para a menina". Na época, Marilu cursava o 2º ano do ensino médio, mas continuou estudando até o oitavo mês de gestação. A jovem não trabalha. Há um ano e quatro meses ela namora outra pessoa e há oito espera o segundo filho, previsto para novembro. "Agora vai ser diferente, porque estou com o pai da criança. Vai ser um dando apoio para o outro", afirma.