Com a melhora da economia no País e o ingresso cada vez mais precoce dos jovens no mercado de trabalho, às vezes, com altos salários por conta da capacitação com ensino superior, pessoas com idades entre 20 e 35 anos passaram a ter condição de investir e poder realizar o sonho da casa própria mais cedo.
De acordo com dados da Caixa Federal, atualmente, jovens com até 35 anos já representam quase 59% de todas as solicitações de financiamentos imobiliários no Brasil, um crescimento considerável em relação aos 51% do ano 2000.
Desse total, a média é de 40% formada por casais jovens e sem filhos, mas, ao mesmo tempo, os jovens solteiros e livres representam 23% desses investimentos.
A analista de sistema Renata Beluzzo, 32 anos, era solteira, mas decidiu comprar um apartamento há cerca de cinco anos, na Vila Moreira. Agora, namorando, mas sem data para casar, a jovem já procura outro imóvel, e acredita que é preciso aproveitar as facilidades de pagamento de hoje, para que o investimento dê lucro amanhã. “Tinha comprado na época para a minha família, mãe e irmãos. Agora, estou procurando outro e quero um na planta, para, se um dia vende-lo, poder comprar outro melhor”, disse, lembrando que adquiriu um carro, mas que, ao contrário do imóvel, o veículo se desvaloriza com o tempo e poderia ter utilizado o dinheiro para outro imóvel.
O engenheiro elétrico Newton Pimenta, 28 anos, adquiriu há pouco menos de um ano um apartamento na Mooca, Capital. Após mais de um ano morando de aluguel, ele, que casou em maio de 2010, resolver investir. “A confiança na economia do País e o incentivo que o Governo dá facilitam tudo. Morei de aluguel e o dinheiro pago não volta. Com a situação do País, o financiamento não é tão caro, e é um investimento, pois o imóvel é seu e quando precisar é só vender”, explicou.
Construtoras e linhas de crédito se adaptam aos clientes jovens
Com o crescimento do número de financiamentos imobiliários aos jovens com menos de 35 anos, o mercado começa a se preparar e criar alternativas para um público diferente, constituído em parte por profissionais recém-formados de sucesso ou ainda recém-casados que procuram pelo primeiro apartamento. Tanto construtoras, incorporadoras ou, ainda, até mesmo, as financiadoras buscam produtos que tenham o perfil desse cliente jovem.
Sócio da construtora espanhola Procupisa, o ex-jogador e tetra-campeão mundial de futebol Mauro Silva lembra que é preciso que as empresas se adaptem a estilos de construções que remetam à questão do primeiro apartamento, e que traga estilos mais jovens aos empreendimentos. “O mercado imobiliário vem se adaptando às novas tendências em relação à procura pelo primeiro imóvel. A construção de apartamentos de padrão elevado com preços acessíveis ao público jovem é o perfil dos novos empreendimentos. O perfil desse consumidor exige residência próxima das linhas de Metrô e rodoviárias, o que facilita a ida ao trabalho e, até mesmo, a continuidade dos estudos”, disse Silva.
De acordo com a gerente regional de Habitação da Caixa Federal, Ana Lúcia dos Santos, além da estabilidade econômica do País, programas como o Minha Casa, Minha Vida também impulsionam os jovens a procurar a compra do primeiro imóvel.
Com o programa, ela explica que é possível um casal de noivos adquirir um imóvel ainda na planta, com propriedade dividida e pagar, alternativa que antes não existia. Além disso, mãe de uma filha de 18 anos, ela lembra que a coragem dos jovens também impulsiona os negócios, e é explorado pelas financeiras.
“O jovem, hoje, tem mais coragem de financiar e pegar um empréstimo, até porque, diferente do passado, ele não tem medo de perder o emprego e não tem a idéia de que um financiamento é impagável. Isso impulsiona o jovem e aumenta a procura deles pela casa própria”, disse, lembrando que o foco hoje da faixa são os apartamentos de dois dormitórios.