A aprovação do Estatuto da
Juventude e as manifestações
Passada a fase das emoções e
sentimentos que saíram do armário neste último mês de junho, as manifestações
nos deixam lições e que serão lembradas, implantadas ou debatidas por um bom e
longo período.
O estopim foi o transporte
público que passou longas décadas se transformando em verdadeiro vilão das
massas principalmente dos trabalhadores (as) e jovens que utilizam esse meio de
transporte. As tensões não são poucas pelo fato do número de usuários ter
dobrado nesta última década levando a supor que aumenta também a arrecadação,
mas nunca a qualidade. O fator tempo vivido no trânsito e a superlotação levam
a insatisfação, indignação e tensão social do que presenciamos no inicio de
junho.
E a juventude, o que tem a haver
com isso? Tudo.
Estamos vivendo um momento de
transição geracional. De tempos em tempos questões morais, desafios frente aos
direitos ou indignações de todo tipo emergem do silêncio, da omissão ou da
saturação. Sinais estão em toda parte se pularmos para década de 1960 onde a
luta por direitos civis, revoltas e revoluções nacionais e direitos sexuais
fizeram a conjuntura mundial virar de ponta cabeça.
No Brasil buscam dividir a partir
da década de 1980 as fases dessa insurgência jovem em democratização e luta
pelas liberdades democráticas, Fora Collor e a corrupção do primeiro presidente
pós ditadura e os enfrentamentos a privatização e o neoliberalismo do governo
FHC.
Analistas dizem que a “paz e o amor”
construído por Lula chegou ao limite e a presidenta Dilma recebeu a conta.
Independente disso a política
volta ao centro do debate e não os governos. Prova disso foi (finalmente) a
aprovação do Estatuto da Juventude pela Câmara dos Deputados em segunda votação
e levada para sanção (ou não ) da presidência.
Uma década de espera? Não, foram
pressões, manifestos, idas e vindas a Brasília, dialogo com parlamentares,
moções e emoções em Conferências da Juventude por todo Brasil que fizeram com
que essa lei pudesse chegar à sua síntese.
Perfeita? Não, foram acordos e
mais acordos para o texto final que ficou como diz o dito popular “chora mais,
quem pede menos”, e assim ocorreram alterações que hora privilegiam a juventude
integralmente e outras que criam exclusividades entre os próprios jovens.
Isso não tira a vitória do que
temos hoje, o Estatuto da Juventude é o documento norteador das políticas
públicas da juventude brasileira abordando e incluindo direitos que não eram
garantidos em nossos estados e municípios Brasil afora.
Com certeza a voz das ruas era
majoritariamente de jovens. Dentre eles e elas estavam os chamados “nem, nem”
que nem estudam e nem trabalham, que estão numa faixa de idade muito significativa
entre a adolescência jovem e a juventude adulta e que ao estarem organizados ou
não em movimentos, nos saques a lojas ou nas quebradeiras a prédios públicos
expressavam o que muitos ex jovens, hoje adultos, não querem se quer ouvir: “não
queremos ser iguais a vocês, queremos nossos direitos agora!”.
Aguardamos com expectativa a
sanção presidencial pelo Estatuto da Juventude. Ele levou uma década para ser
aprovado, vamos ver quanto tempo levará para ser implantado. E tenham a
certeza, os e as jovens não irão esperar seus direitos serem criados, a
disposição das manifestações mostrou que para esta nova geração, o futuro é
agora!
Wagner Hosokawa
É Coordenador da Juventude da
Prefeitura de Guarulhos e militante da Esquerda Popular Socialista