domingo, 14 de julho de 2013

A aprovação do Estatuto da Juventude e as manifestações


A aprovação do Estatuto da Juventude e as manifestações

Passada a fase das emoções e sentimentos que saíram do armário neste último mês de junho, as manifestações nos deixam lições e que serão lembradas, implantadas ou debatidas por um bom e longo período.

O estopim foi o transporte público que passou longas décadas se transformando em verdadeiro vilão das massas principalmente dos trabalhadores (as) e jovens que utilizam esse meio de transporte. As tensões não são poucas pelo fato do número de usuários ter dobrado nesta última década levando a supor que aumenta também a arrecadação, mas nunca a qualidade. O fator tempo vivido no trânsito e a superlotação levam a insatisfação, indignação e tensão social do que presenciamos no inicio de junho.

E a juventude, o que tem a haver com isso? Tudo.

Estamos vivendo um momento de transição geracional. De tempos em tempos questões morais, desafios frente aos direitos ou indignações de todo tipo emergem do silêncio, da omissão ou da saturação. Sinais estão em toda parte se pularmos para década de 1960 onde a luta por direitos civis, revoltas e revoluções nacionais e direitos sexuais fizeram a conjuntura mundial virar de ponta cabeça.

No Brasil buscam dividir a partir da década de 1980 as fases dessa insurgência jovem em democratização e luta pelas liberdades democráticas, Fora Collor e a corrupção do primeiro presidente pós ditadura e os enfrentamentos a privatização e o neoliberalismo do governo FHC.

Analistas dizem que a “paz e o amor” construído por Lula chegou ao limite e a presidenta Dilma recebeu a conta.

Independente disso a política volta ao centro do debate e não os governos. Prova disso foi (finalmente) a aprovação do Estatuto da Juventude pela Câmara dos Deputados em segunda votação e levada para sanção (ou não ) da presidência.

Uma década de espera? Não, foram pressões, manifestos, idas e vindas a Brasília, dialogo com parlamentares, moções e emoções em Conferências da Juventude por todo Brasil que fizeram com que essa lei pudesse chegar à sua síntese.

Perfeita? Não, foram acordos e mais acordos para o texto final que ficou como diz o dito popular “chora mais, quem pede menos”, e assim ocorreram alterações que hora privilegiam a juventude integralmente e outras que criam exclusividades entre os próprios jovens.

Isso não tira a vitória do que temos hoje, o Estatuto da Juventude é o documento norteador das políticas públicas da juventude brasileira abordando e incluindo direitos que não eram garantidos em nossos estados e municípios Brasil afora.

Com certeza a voz das ruas era majoritariamente de jovens. Dentre eles e elas estavam os chamados “nem, nem” que nem estudam e nem trabalham, que estão numa faixa de idade muito significativa entre a adolescência jovem e a juventude adulta e que ao estarem organizados ou não em movimentos, nos saques a lojas ou nas quebradeiras a prédios públicos expressavam o que muitos ex jovens, hoje adultos, não querem se quer ouvir: “não queremos ser iguais a vocês, queremos nossos direitos agora!”.

Aguardamos com expectativa a sanção presidencial pelo Estatuto da Juventude. Ele levou uma década para ser aprovado, vamos ver quanto tempo levará para ser implantado. E tenham a certeza, os e as jovens não irão esperar seus direitos serem criados, a disposição das manifestações mostrou que para esta nova geração, o futuro é agora!

Wagner Hosokawa
É Coordenador da Juventude da Prefeitura de Guarulhos e militante da Esquerda Popular Socialista