NUNCA DORMIMOS, SEMPRE LUTAMOS
#FIMDOCAPITALISMO
CARTA CONVITE
São paulo, 16 de Julho de 2013
Para: Aos Militantes de Movimentos Sociais do campo e da cidade, de todo o Brasil
Assunto: PLENARIA NACIONAL DOS MOVIMENTOS SOCIAIS – 05 de Agosto de 2013,
São Paulo.
Estimados companheiros/as
Após os intensos processos de Mobilização ocorridos em todo o país nos meses de
Junho e Julho realizamos diversas reuniões de avaliações envolvendo amplos setores
dos movimentos sociais. Sendo que a partir de agora se colocam para nós novos
desafios, principalmente na elaboração de uma análise coletiva dos movimentos sociais
em relação ao atual momento e seus desafios, além de seguirmos no esforço de
construirmos lutas unitárias de grande peso para influenciarmos a sociedade brasileira.
Assim sendo, elaboramos a seguinte CARTA-CONVITE, que contém informações
do que temos avaliado e proposta de realização de Plenárias Estaduais e uma Plenária
Nacional dos Movimentos Sociais, no dia 05 de Agosto de 2013 em São Paulo - SP.
I- A avaliação politica geral:
a) A Jornada nacional de lutas do dia 11 de julho, foi um sucesso. Houve atividades da
classe trabalhadora em praticamente todos os estados. Na maioria das capitais houve
manifestações massivas ou houve paralisação efetiva do trabalho e do transporte. Houve
um clima de paralisação geral em todo país.
b) Alguns setores mais conservadores da Mídia tentaram desqualificar em especial BAND,
FOLHA, Estadão mas outros tiveram que reconhecer a natureza nacional e sua
amplitude. Inclusive a Rede Globo deu uma cobertura razoável no jornal nacional.
c)Os temas apontados na mobilização tiveram diferentes interpretações em cada estado.
Em alguns predominou a pauta mais da classe ( redução da jornada de trabalho, fator
previdenciário, retirar o PEC da terceirização..) e em outros lugares houve uma politização
em torno na necessidade da reforma politica e de reformas estruturais.d) Os setores da juventude que haviam se mobilizado em junho, pouco participaram.
e) O governo Dilma assustado com as mobilizações dos jovens tentou tomar iniciativa
politica com a proposta de Constituinte, do plebiscito e dos 5 temas de mudanças. Mas
em nossa opinião, vem sendo sistematicamente derrotado por sua propria base
parlamentar. Ou seja, deste congresso não podemos esperar absolutamente nada ! (Se
eles não conseguem apoiar nem o governo, que lhe abastece com emendas e poder,
imaginem estar ao lado do povo!)
f) A direita também está atônita. Sua única tática é eleitoral, de desgastar o governo até
2014. Mas também não tem unidade em torno de um projeto/discurso alternativo e muito
menos de um candidato que unifique a direita. Tentaram até pesquisar a opinião sobre o
Barbosa, mas logo apareceram seus "podres". As pesquisas de opinião entre os
manifestantes da juventude, nas mobilizações de junho, apontam uma leve preferencia
(22%) pela Marina e depois até o presidente do STF.
g) Foi significativo o fato de várias capitais e cidades terem feitos mobilizações contra a
Globo e suas afilhadas e aqui sim a maioria foram os setores da juventude. Em São
paulo, interferiram na transmissão do jornal das 19 h, e o próprio locutor teve que dar
como noticia o protesto contra a Globo.
h) É muito difícil arrancar nesse momento conquistas, mesmo das pautas mais
econômicas.
i) As bandeiras dos movimentos do campo e do MST estiveram presentes em todos os
atos, e a reforma agraria, voltou a ser citada pela imprensa, de forma simpática.
(Nota: Em cada estado e local, certamente os companheiros/as estão fazendo o balanço
e avaliações das características e resultados que tiveram junto à população e a imprensa,
e suas consequências para a correlação de forças)
II- Diante dessa avaliação, projeta-se:
a) Estamos recém entrando num novo período histórico, de muita disputa politica e
ideológica com a burguesia, seus poderes e os meios de comunicação. Será um períodolongo e de muita disputa, cujos desdobramentos e possibilidades de vitorias da classe
trabalhadora ainda estão em aberto.
b) O governo Dilma havia tomado iniciativa politica nas mobilizações de junho, mas ao
ser derrotado por sua própria base parlamentar, agora, esta estudando outros passos,
que não estão claros. Por ora, há sinais nas seguintes direções: afastar-se mais do PMDB
que lhe traiu publicamente, fazer uma mini reforma ministerial para recompor um centro
de elaboração politica, e orientar os únicos três partidos que permaneceram aliados (PT,
PDT e PCdoB) a insistirem com a tese de projeto legislativo para convocar um plebiscito.
Porem, os termos colocado para o plebiscito que seria convocado por esse decreto são
pífios, e propõem apenas pequenas mudanças eleitorais, sem alteração do quadro
politico.
c) A Burguesia até agora, também deu sinais que não tem unidade, nem de que passos
pretende dar frente as mobilizações.
d) É possível que as forças direitistas, se aproveitem da visita do Papa e da semana da
pátria, de sete de setembro, para irem às ruas e levantarem bandeiras conservadoras.
e) Será um período que nos exigirá muita persistência,sabedoria, debate coletivo,
para entendermos a cada momento, e uma certa ousadia para acertar nos passos que
precisamos dar.
f) O MST e os movimentos do campo precisamos estar cada vez mais estar antenados
e articulados com os trabalhadores da cidade. Nossa luta pelas mudanças no campo, com
a reforma agraria e o projeto de agricultura familiar, camponesa, somente avançarão junto
com eles. Porem, se abre um novo período propicio para retomada das lutas no campo.
III- ALGUMAS PROPOSTAS PARA OS PROXIMOS PASSOS
1- Realizar o maior numero possível de plenárias locais, regionais e estaduais para
avaliar a situação.
2- Construir a unidade de todas as forças populares, no campo partidário, centrais
sindicais, movimentos sociais, movimentos de jovens e as pastorais.3- As centrais sindicais se reuniram a nível nacional, fizeram seu balanço, e estão
organizando o seguinte calendário, para o qual devemos somar forças:
a) Dia 6 de agosto: mobilização nacional nas sedes dos sindicatos patronais, em todas
as cidades, contra o projeto da terceirização das leis trabalhistas patrocinadas pela
burguesia no congresso;
b) Dia 30 de agosto: realização de nova paralisação nacional em todo pais.
4- A agenda principal agora é LUTAR POR REFORMAS POLITICAS, para impor
derrotas à burguesia no campo institucional e abrir espaço para uma maior participação
popular na politica, gerando condições para entrarmos num período de reascenso do
movimento de massas.
5- A partir da reforma politica, abrir a possibilidade das reformas estruturais, como:
reforma agraria, prioridade dos recursos públicos para educação, saúde e transporte
publico; reforma tributaria; reforma do judiciário.
6- Devemos concentrar fogo também no tema do projeto de democratização dos meios
de comunicação, que ataca o controle ideológico hegemônico que a burguesia tem no
controle da imprensa. E ao mesmo tempo há unidade em torno de um projeto alternativo
acordado entre todas as forças populares. E esse projeto poderia ser aprovado, sem
mudanças constitucionais. Está em curso um abaixo-assinado ao projeto de lei, de
iniciativa popular.
7- Há uma proposta – a qual convidamos todos a debaterem nas nossas Plenárias
Estaduais e Nacionais, de que, diante da inviabilidade de um plebiscito oficial,
deveríamos agora abraçar a bandeira de realização de um plebiscito popular, a ser
organizado e coordenado por todas as forças populares que estão nas mobilizações.
Nesse sentido, o plebiscito deveria ter apenas uma questão: Você aprova a
convocação de uma assembleia constituinte exclusiva, a ser eleita pelo povo, de
forma independente, para fazer as reformas politicas no país?
8- Nossa missão agora é fazer esse debate com todas as forças. Por isso, propomos
que todos realizem consultas e debates nos estados, nas plenárias de avaliação,etc . E sea proposta da realização do Plebiscito popular for interessante e aprovada pela maioria
das forças populares, poderíamos lançá-lo e começar a colher assinaturas já nas
mobilizações do sete de setembro. E seguir durante alguns meses, até colher milhões de
assinaturas e ai ir a Brasília numa grande marcha entregar aos três poderes.
IV- CALENDARIO DE LUTAS, já acertado até agora, que devemos nos somar e
potencializar nossas lutas em todos os espaços, na cidade e no interior:
1- Dia 6 de agosto, Mobilização nacional em frente as sedes de sindicatos e simbologias
da burguesia nas cidades, contra a lei de terceirização do trabalho.
2- Semana de 12 de agosto, mobilização da juventude em torno dos temas da educação.
3- Dia 30 de agosto: Paralisação nacional pelas reformas
4- Semana de 5 a 7 de setembro, temos programa a jornada nacional de luta contra os
leilões do petróleo, pela redução das tarifas de energia elétrica, e o Grito dos excluídos.
Devemos nos preparar e participar das manifestações do dia 7 de setembro, inclusive
porque a direita pode também querer disputar conosco, pela simbologia que a data tem.
5- Semana de 16 a 20 de outubro. Jornada nacional e internacional, contra os leiloes do
pré-sal, contra as empresas transnacionais do agro, contra a mineração. Em defesa da
soberania alimentar e de alimentos sadios e baratos para todo povo.
V- ARTICULAÇÃO NACIONAL
No dia 18 de Julho de 2013 realizamos uma Plenária Nacional dos Movimentos Sociais,
com cerca de 40 representantes de organizações nacionais, na qual definimos por
realizar uma nova Plenária Nacional dos Movimentos Sociais, com representantes
Nacionais e dos estados.
Neste sentido, gostaríamos de convidar militantes dos movimentos sociais de todo o
Brasil a se somarem conosco no local e data descrito abaixo.
Data: 5 de agosto de 2013, das 9 às 18h.
Local: SINTAEMA – Sind. Dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente doEstado de São Paulo, que fica na Avenida Tiradentes, 1326, bem próximo a estação de Metrô Armênia. São Paulo - SP
Pauta:
− Análise da conjuntura politica
− Próximos passos, sobre plebiscito, reforma politica, mobilizações e lutas.
Como participar:
Pedimos para que todos se articulem em seus estados, para que tenhamos uma
representação dos plenários e fóruns estaduais. E também que os delegados tragam as
opiniões e propostas do seu estado.
Assinam:
João Pedro Stédile (MST-Via Campesina)
Paola Estrada (Sec. ALBA Movimientos)