terça-feira, 1 de outubro de 2013

Tese O Partido em Guarulhos frente aos desafios de um novo tempo

Tese


O Partido em Guarulhos frente aos desafios de um novo tempo

1 - Esse texto é uma pequena contribuição ao debate para o PED (Processo de Eleições Diretas do PT) que ocorrerá em novembro desse ano.

2 - Começamos nosso diálogo com você, filiado (a) do PT reafirmando nosso compromisso de fortalecer nosso partido hoje, pois governamos a maior cidade do estado de São Paulo e não podemos apenas ficar em torno do debate eleitoral. 2016 precisa de um partido preparado para os novos tempos que construímos ao longo destes anos, lutar apenas pelos votos ou por quem será o prefeito (a) só aumenta nossa desunião.

3 - Nossa Chapa assume a responsabilidade petista com um projeto político para o partido e para cidade, por isso queremos um PT com a maior participação possível da sua militância nas direções e nas bases. O momento não é pensar os eleitores, mas sim a população.

4 - Há doze anos e meio Guarulhos experimenta o modo petista de governar.

5 - Tivemos por oito anos (2001-2008) no comando da cidade o companheiro Elói Pietá executando uma política de inversão de prioridades, com investimentos em educação de qualidade, em cultura, moradia popular, programas de inclusão social inéditos no município, abastecimento de água, sendo esse um problema crônico em vários bairros da nossa cidade. Governos que tiveram como marca a rigidez com as contas públicas, resgate de credibilidade política da prefeitura e sacrifícios diante do quadro em que se encontrava a administração municipal anterior com a mancha da corrupção que tínhamos que vencer.

6 - A partir de janeiro de 2003 foi possível contar com a parceria do governo federal para intensificar muitas políticas, principalmente as de combate às desigualdades sociais, combate a fome e erradicação da miséria.

7 - Infelizmente não podemos dizer o mesmo com relação ao governo estadual do PSDB/DEM/PPS. Não é preciso fazer um grande esforço para constatar que os únicos investimentos por parte dos tucanos nos últimos anos foi na construção de presídios, FEBEMs e praças de pedágios nas rodovias que estão no entorno da nossa cidade.

8 - Diante dos avanços conquistados, a população reconheceu no PT e em nosso governo algo até então jamais visto em nossa cidade, culminando na reeleição do companheiro Elói no primeiro turno das eleições de 2004.



9 – Porém o PT perdeu força enquanto protagonista seja na implantação do seu programa de governo, seja na luta contra seus inimigos ou na força militante que elegeu o primeiro governo petista em Guarulhos. O governo assumia cada vez mais as funções que deveriam ser do partido, enfraquecendo as relações. Vamos lembrar que parte da militância passou os oito anos do governo Elói cobrando um Conselho Político que pudesse reatar as relações governo e partido, e que nunca aconteceu.

10 - Após esse primeiro período, o PT elegeu para o terceiro mandato o companheiro Sebastião Almeida, então deputado estadual eleito em 2002 e reeleito em 2006. Aqui as prévias de 2008 foram fundamentais para reafirmar a democracia interna, onde sem o PT não há governo.

11 - Almeida utilizou como slogan: “Continuidade com inovação”. Entre 2009 e 2012 foi possível dar continuidade ao modelo de gestão que priorizava obras de infraestrutura nas periferias, iniciou-se a construção das ETEs dos CEUs, implantou-se o Bilhete Único, renovou-se a frota de ônibus. O funcionalismo foi valorizado com aumentos salariais acima da inflação e algumas categorias tiveram plano de cargos e salários implantados. Essas políticas foram o carro chefe que garantiram a reeleição do prefeito Almeida para o quarto mandato consecutivo do PT na cidade.

12 - Apesar das conquistas eleitorais, o que observamos no diretório municipal foi um esvaziamento do debate político de conteúdo mais amplo sobre a sociedade e as disputas ideológicas ainda por enfrentar, substituído por uma discussão mais pontual e demandas de uma parte dos filiad@s por serviços e obras que são reivindicadas por nossas lideranças. Também observamos que, gradativamente, foram se afastando das atividades do Partido figuras importantes do primeiro e segundo escalão do governo, caracterizando como desinteresse ou comodismo proporcionado pelo tempo de permanência no poder ao longo dos anos.

13 – Um sinal de que isso é verdade é quando consultamos as finanças do Partido onde fica nítida a falta de comprometimento e de visão estratégica pois o descaso com a contribuição partidária de membros do governo mostra que há mudança de valores éticos e políticos. Muitos companheiros que não enxergam no PT um instrumento de organização e luta da população e principalmente dos trabalhadores/as, enxergam nele apenas um “meio” para realizar seus projetos individuais em detrimento da construção de um projeto coletivo que teria como finalidade continuar realizando todas as transformações necessárias que nossa cidade e país necessitam. É inadmissível que após doze anos e meio de governo exista a divida acumulada e as vezes por filiados (as) que ocupam cargos estratégicos em nosso governo. Esse tema precisa ser encarado com firmeza e com muita responsabilidade pela próxima direção do Partido.

14 - O que constatamos nesses doze anos de governo no município e dez anos de governo federal foi um aprofundamento da política de alianças, onde, para nos mantermos no poder, nos aliamos com partidos de centro e centro-direita, tais como: PMDB, PP e PSD. Essas alianças descaracterizam nossa biografia e passam para a opinião pública que “somos mais do mesmo” ou que "ficamos iguais aos outros". É difícil para a população entender alianças com Maluf em São Paulo, com o Sarney e Renan Calheiros em Brasília, e com Alan Neto, Wagner Freitas e o PTB em Guarulhos. Para nós militantes chega ser indigesto ter que explicar a importância da governabilidade com figuras como essas, que são rechaçadas pela opinião pública e pelo jeito de como fazem da política um balcão de negócios.

15 – A justificativa para alianças tão amplas só provam de que depois de 16 anos governando a cidade, o PT não se fortaleceu e por isso ficamos reféns de grupos e interesses que muitas vezes depõem contra a própria população que nos elegeu. Alianças são necessárias, fortalecer o PT é prioridade!

16 - No DM de Guarulhos, ao longo desses anos, foi deixado de lado o debate sobre a conjuntura nacional e internacional. Os acontecimentos mundo afora demonstram um esgotamento do modelo político e econômico neoliberal, observado as crises do capitalismo nos EUA, na zona do euro e em alguns países asiáticos. Não podemos nos furtar de fazer esse debate, até para que nossos militantes e lideranças possam ter uma compreensão mais aprofundada da política macroeconômica e suas conseqüências em nossa sociedade.

17 - Somos contrários à cultura do “pensamento único” por comprovar que tal prática nos leva a erros cometidos em um passado não muito distante, onde um núcleo hegemônico no PT colocou em risco todo um legado de construção de um projeto político e social construído ao longo de mais de vinte anos de muita luta, suor e lágrimas. O termo "mensalão" é usado pela direita contra nós, mas os métodos que supostamente levaram o presidente Lula ao Planalto, nós colocou em xeque na planície, e agora enfrentar os inimigos externos exige também encarar os inimigos internos do projeto coletivo do PT. É tarefa de todos os militantes e dirigentes defender os nossos governos externamente, porém, é obrigação debater os erros internamente. Diante desses desafios cabe à nova direção do PT que assumirá os trabalhos a partir de 2014 implementar um novo modelo de gestão do público e do projeto político de sociedade.

18 - O que vivenciamos no mês de junho nas ruas de várias cidades do Brasil comprova que boa parte da juventude tem demandas que sempre defendemos, porém, essa mesma juventude não enxerga no PT o instrumento de luta para assegurar direitos e políticas públicas que foram reivindicadas, até então bandeiras de muitos anos defendidos por muitos dos nossos companheiros(as).



19 – A presidenta Dilma deu ao Brasil grandes respostas às manifestações de junho seja pelo diálogo com os movimentos sociais, sindicais e populares, seja pela proposta de Reforma Política e agora na implantação do Programa Mais Médicos, este último tem sido alvo de ataques da direita, dos partidos de oposição e de pseudo representantes da categoria médica, mostrando que há muito que lutar em nosso país, pois o racismo e o preconceito étnico racial saíram da toca com a hostilidade aos médicos cubanos, gerando um debate necessário sobre o Brasil real e o Brasil das elites. É nisso que queremos também sua atenção para o PT que precisa em Guarulhos reagir aos ataques, com debate e sem medo de dialogar com a população.

20 – Nesse quesito registramos que o PT não pode ser o último, a saber, quando o governo adota medidas que vão interferir diretamente na vida do nosso povo. O bilhete único e o reajuste do IPTU mesmo sendo medidas necessárias, foram de grande impacto e era fundamental a direção do partido ser consultada antes, não apenas para fazer a defesa, mas também o ataque, o debate e a articulação nas bases. Esse método na relação governo e partido precisa mudar, o saldo eleitoral de 2012 pode ter sido positivo, o político ainda é negativo para o PT. É necessário mudar o método antes que sejamos vitimas do protesto silencioso das urnas.

21 – O PT que queremos para Guarulhos, São Paulo e o Brasil é aquele que organiza a sociedade. Portanto ter ações, apoio financeiro e político para as secretarias e setoriais deve ser a prioridade da próxima gestão do partido, pois lá estão os/as militantes que contribuem para as propostas de políticas públicas, organização na base e mobilização para as lutas.

22 – Neste PED seremos testados diante da paridade de gênero, das cotas raciais e geracionais. Mulheres, negros (as) e juventude sempre formaram a militância que nos espaços de disputa da sociedade que queremos atuaram com luta e com garra, agora é hora de garantir a participação como meio de fazer avançar a nova sociedade que queremos. Acreditamos que sairemos vitoriosos ao final do processo com essa maior representação. Também precisamos cada vez mais proporcionar espaço para as propostas de direitos humanos e ampliação da participação da população LGBT em nosso partido, que hoje possui setorial, construindo também o respeito à diversidade sexual, de gênero, raça e etnia. O PT é de todas as cores e valores!

23 - O nosso maior desafio será encontrar os mecanismos de inovação para superar o desgaste natural de dezesseis anos de governos consecutivos na cidade. Para contribuir com o debate do PED 2013, nós, membros da Chapa “O Partido em Guarulhos frente aos desafios de um novo tempo”



Apresentamos algumas propostas para contribuir com a discussão sobre o futuro do PT de Guarulhos:
Buscar mecanismos para sanear as contas do partido, facilitando o parcelamento de dívidas de vários companheiros e companheiras que estão em cargos do governo municipal.
Desenvolver uma política de comunicação utilizando as novas ferramentas tecnológicas: site, blogs, facebook e twitter. Preparar boletim informativo semestral.
Incentivar e fortalecer a JPT, apoiando suas iniciativas para aproximar o PT dessa nova geração que foi as ruas.
Desenvolver e aplicar módulos de formação política com características e linguagem contemporânea que atraia e fixe as novas lideranças do PT.
Incentivar e fortalecer a Secretaria de Mulheres do DM, ofertando cursos e palestras com temas específicos que ampliem a participação feminina no PT e que resgate as bandeiras históricas feminismo.
Incentivar a criação de Núcleos de Base temáticos e comunitários para reaproximar o PT das suas bases.
Promover e organizar a criação de novos Setoriais na cidade.
Realizar plenárias, seminários ou encontros trimestrais para debater a conjuntura política nacional e internacional para elevar o nível de compreensão do mundo por parte das nossas lideranças.
Preparar o DM para a criação dos Diretórios Zonais por zona eleitoral da cidade.
Reativar as sub sedes do PT do Taboão e do Pimentas.
Criar a sub sede do Jardim São João.
Realizar o planejamento de trabalho das secretarias do DM e dar autonomia para a execução das tarefas elaboradas.
O próximo Presidente (a) do PT precisa dedicar 100% do seu tempo para o trabalho de construção partidária, priorizando integralmente os desafios que o Partido tem pela frente.

Companheiros e companheiras é preciso reafirmar nossos compromissos com um Partido que defenda o socialismo democrático e popular. Não podemos nos esconder ou nos envergonhar de mostrar que temos como destino a construção de uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária. Assegurar as conquistas sociais alcançadas e avançar no acesso às oportunidades e democratização do conhecimento é tarefa que estará em nossa agenda. Sejam bem vindos aos novos tempos!