PED 2013: Uma vitória
em clima de derrota.
Com mais de 800 mil
filiados (as) votando neste último domingo (10/11) o PT reafirma seu
compromisso de renovar suas direções. O problema após a euforia
dos “cabos eleitorais” e dirigentes é saber como superar o
engodo da participação política que permite que seus filiados (as)
exerçam o papel de militantes.
Militante é na opinião
do poeta como “alguém que se doa a uma causa, que tem amor pela
humanidade e tem determinação pelo que faz sem vinculo salarial”,
isso porém representa muito pouco dos 800 mil votantes de domingo.
Já havia dito aqui que
haverá no PT um profundo desafio paradigmático que será sentido
ainda nos primeiros encontros das novas direções: a composição
paritária de gênero, as cotas de jovens, negros (as) e indigenas
que irão compor os diretórios do partido.
Contudo a força das
nossas pautas, lutas e idéias só poderão ter uma medida a partir
dos desafios que o partido enfrenta quando se torna uma grande
máquina eleitoral e deixa de ser um instrumento de organização
politíca dos trabalhadores (as).
Que papo é esse? Os
enfrentamentos na afirmação das nossas políticas sociais, das
questões relativas a cultura contra hegemônica que pressupõe
derrotar o machismo, o racismo, os preconceitos de toda ordem, a
homofobia, a xenofobia a brasileira (contra médicos estrangeiros e
populações refugiadas como haitianos e bolivianos), o avanço de
pautas conservadoras como ato médico, “cura gay”, etc.
A disputa pela direção
política das manifestações mostrou o quanto nos distanciamos da
massa que vivencia problemas gerados pelas elites e herdadas por nós
nos lugares que governamos, inclusive no Planalto Central.
Nossa incapacidade ou
ausência de protagonismo em poder canalizar tais expressões de
mainifestação contra a exploração e a restrição de direitos
como a mobilidade urbana representam o quanto estamos distantes da
disputa pela hegemonia do Estado.
Hegemonia que
abandonamos pela aceitação do status quo na forma de compor bases
no parlamento e composição de governo. As alianças não são nossa
maior dificuldade, dificil é conduzir os processos sempre de forma
despolitizada e fortemente institucionalizada onde nós mesmos temos
culpa pela força do aliado (a).
Se pudessemos retomar o
conceito de disputa de hegemonia isso permitiria que pudessemos
sobrepor a barreira das “garrafas” ou das lutas
institucionalizadas (aquelas que nascem nos gabinetes e não nas
articulações com os movimentos sindical e popular), e compor
alianças de dentro pra fora e de fora pra dentro na formação dessa
massa filiada, na redistribuição de tarefas por causas e pautas, na
mobilização convocada por uma direção que compôs uma forte rede
de militantes que podem estar no lugar certo, com a pauta de luta na
mão.
O que vimos no dia
10/11 foi um show – de horrores – com “cabos eletorais” uns
agressivos na abordagem outros totalmente passivos de ideias e
dialogo, eleitores em trânsito (alta mobilidade urbana de filiados
aos locais de votação), despreparo na recepção e organização em
alguns locais de votação, abuso do poder econômico e da pressão
sobre comissionados, enfim, essa na média foram os fatos ocorridos e
as atas das localidades não me deixam mentir.
Esse processo de
eleições diretas está falido!
Essa é a conclusão de
muitos militantes Brasil afora seja pelos fatos ocorridos, seja pelo
quorum que despencou em muitos lugares.
Ou seja, aquilo que
serviu o campo majoritário no passado para retirar o processo
interno e participativo, com debates durante o dia e eleição ao
final pelo que chamamos de “processo de eleições diretas” hoje
se mostra um instrumento que de longe garante a qualidade da escolha
eleitoral e tampouco consegue permitir a participação direta do
filiado (a) em algo que tenha sentido, repito, sentido a aquele (a)
filiado (a) que venho aos espaços do partido apenas neste dia 10/11.
Nao há modelo
conclusivo ou perfeito para democracia. O próprio conceito está em
disputa se obervarmos que, por exemplo, o orçamento participativo
que nasceu embrionariamente no PT para que sociedade pudesse decidir
sobre parte do orçamento público, hoje é apresentado pelos órgãos
mundiais do capitalismo como “forma de controle fiscal dos cidadãos
sobre os governos”.
Sabemos que há
diferenças na forma e no conteúdo entre nosso projeto político de
esquerda e do FMI e Banco Mundial, e essa reflexão não consegue
sair às ruas e nas casas dos nossos filiados (as). Eis o desafio,
por isso a vitória de parte da esquerda popular e socialista do PT
deve ser comemorada, mas com gosto de derrota.
Votos aos milhares não
expressam necessáriamente um medidor dos desafios que estão
colocados para o PT, expressam apenas que determinados grupos,
tendências, correntes ou blocos majoritários reafirmam seu
favoritismo a um preço danado de caro, o da morte do processo de
criação e recriação de novos militantes para as lutas do partido.
É hora de manter firme
nossos ideais, parabéns as novas direções!