segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Vamos dar um rolêzinho no shopping?


fonte da foto:http://f.i.uol.com.br/folha/cotidiano/images/13356230.jpeg

O role que causa o espanto dos visitantes e comerciantes dos shoppings deveria ser tratado como questão de estado e preocupação coletiva pelos seguintes motivos:

O modelo de desenvolvimento do capitalismo que atuou contra a juventude nestas três últimas décadas com a mercantilização da educação, sub empregos e negação de direitos.

O paradigma das cidades urbanas que evoluíram para determinar o lugar das classes, avançando sobre os centros, cercando economicamente e socialmente espaços urbanos e constituindo nos centros comerciais como lugar do " lazer" da classe trabalhadora, e empurrando os jovens para essa lógica.

E claro colocando a juventude na centralidade dessa estratégia enquanto geração "consumidora", basta observar a postura das grandes corporações diante das classificações das gerações, numa intenção de determinar as faixas consumidoras.

Agora o problema que a "besta do imperialismo" (segundo Che Guevara) não podia imaginar na sua lógica: como conciliar numa mesma juventude retirada de direitos como educação e trabalho, e uma alta condição consumidora atribuída? Essa resposta só o capital pode responder.

Mas principalmente os movimentos, entidades o organizações de juventude também devem analisar e compreender quais respostas essa juventude quer expressar. Os rolêzinhos em shopping`s e locais públicos, bailes funk`s, pancadões, enfim, formas e meios de encontros e reconhecimento social, de agrupar e promover divertimentos coletivos.

Os jovens em resposta apostam nos "rolêzinhos no shopping" como forma de dizer "existimos"! E ainda estimulados o tempo todo para consumir todo tipo de produtos . E quem são esses jovens?

Uma parte destes fazem parte os quase 26% de jovens dos 15 aos 24 anos que nem estudam e nem trabalham segundo dados do Pnad (Pesquisa Nacional de Amostragem de Domicilios) e analisando pelo Ipea (órgão do governo federal), que analisa o que chama de geração nem, nem (nem estudam e nem trabalham), que parte sustentados pelas suas famílias e vivendo num contexto social onde a educação nacionalmente é fraca (reflexo dos acordos do MEC e órgãos internacionais como Banco Mundial), que leva em consideração apenas as matriculas e não a qualidade.

É uma geração que não é estimulada a descobertas e nem a criação, vêem o mercado do trabalho a partir da ascensão e não do processo, tem pressa e ao mesmo tempo sentem ter tempo para questões como carreira, família e outras que levem em consideração um grau de responsabilidade, são carregados pela alta evolução tecnológica, mas  não conseguem lidar com problemas cotidianos, enfim, são gerações sendo forjadas com mais pragmatismo e menos idealismo.

Esse choque de paradigmas levam ao fato que tende a manter-se como expressão deste momento histórico para esta geração que vive um dos períodos socioeconômicos mais estáveis em termos de desenvolvimento com recorde histórico de carteiras assinadas, contudo não tem evoluído a partir da escola que em pleno século XXI mantêm velhos paradigmas, inclusive morais no seu interior. A educação ainda é elemento fundamental quando falamos de inclusão e direitos da juventude porque tanto na formação de profissionais qualificados, quanto na formação de uma nova geração de novos adultos na sociedade.

Caso o Estado e a sociedade através da mídia comercial trate a questão dos "rolêzinhos"  como caso de "polícia"  ira radicalizar desnecessariamente um processo que expressão da nova reconfiguração da formação sociohistórica da sociedade brasileira que esta sendo protagonizada por parte desta juventude.

Portanto lidar com os jovens dos "rolês" exige diálogo, debates e a ampliação dos espaços participativos e interativos com a juventude.

Outra urgente resposta é a implantação dos direitos previstos no Estatuto da Juventude, sancionada pela presidenta Dilma em agosto deste ano.

Não há soluções fáceis para este que não deve ser tratado como problema, mas sim como desafio para sociedade, o Estado e as suas famílias.