quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Ódio sem fim ao PT, bom artigo de Lincoln Secco

Concordo, boa leitura!


Ódio sem fim ao PT



Por Lincoln Secco e Ciro Seiji.
Manchete da Folha de São Paulo no dia 12 de fevereiro de 2015: “Doleiro Afirma que José Dirceu Sabia de Repasses de Desvios da Petrobrás ao PT”. Nenhum acusado por um criminoso sob delação premiada mereceria uma primeira página. Exceto se ele for do PT.
José Dirceu foi condenado e já cumpriu parte de sua pena. Aguarda sua liberdade plena para pedir a revisão criminal de seu julgamento e, eventualmente, apelar a tribunais internacionais. A sua condenação não teve sustentação nos autos, como juristas de diferentes posicionamentos ideológicos declararam.
Obviamente que Dirceu cometeu erros políticos que deveriam, em outras circunstâncias, ser julgados pelo seu partido. Foi ele quem escolheu o caminho de um partido social democrata de massas com alianças amplas para chegar ao poder.
O PT entrou no governo pedindo licença – não precisava. Vinha sustentado pelas ruas, com a identidade dos militantes dos sindicatos, dos movimentos populares e da esquerda. Mas introjetou a ideia de que tinha ganho a partir de uma artimanha publicitária, a Carta ao Povo Brasileiro. Tanto que ao primeiro sinal de golpe em 2005, Lula colocou o boné do MST e quer repetir a dose hoje com o MTST. Mas agora a nova geração de lutadores sociais não levará borrachada por ele.
NEOPETISMO
Os dirigentes neopetistas1 até poderiam ter rifado Dirceu e Genoíno para salvar a própria pele, mas não deveriam ter abandonado o partido às hienas míopes para que a sua rebeldia, história e prontidão fossem transformadas em moranguinhos2 e burocratas da estrutura do Estado.
Depois, o PT conseguiu a proeza de escolher os juízes que colocaram na cadeia dois de seus ex-presidentes: Dirceu e Genoíno. Eles pagaram pela ideologia do republicanismo periférico: aquele que considera neutras instituições forjadas pela classe dominante apenas para seu uso egoísta.
Mas José Dirceu também foi condenado pelo seu “sucesso” político. Arquiteto da chegada do PT ao poder e oriundo da luta armada, os de cima não o perdoariam jamais.
A causa disso é aquilo que Florestan Fernandes denominava a resistência sociopática da burguesia periférica a qualquer mudancismo social. A insistência na fabricação de escândalos como arma política e a tentação recorrente de derrubar o PT de um governo para o qual foi eleito legitimamente demonstram que nem mesmo as mudanças ordeiras produzidas pelo neopetismo foram assimiladas.
A perseguição atinge até mesmo executivos de empresas no exercício de seu “sagrado” direito de financiar todos os partidos em troca de favores públicos. Inconformados em suas celas, perguntam-se: “O que fizemos de errado?”. A resposta é uma só: juntaram-se ao PT. O objetivo da maioria do poder judiciário é secar as fontes de financiamento do partido infligindo o pânico nos doadores de campanha.
CAOS
No entanto, há um preço a se pagar. O PT foi a última chance da burguesia legitimar sua “dominação democrática”. A derrocada “ética” do PT e seu afastamento de práticas socialistas não ensejaram novas formas permanentes de luta na esquerda. Junho ainda não decantou e as derrotas populares de 2014 o comprovaram. O neopetismo, mistura de covardia republicana e repressão aos novíssimos movimentos sociais colaborou com aquelas derrotas.
O PT seguiu o caminho da água, o mais fácil, porque os neopetistas não são leões famintos, mas lobos domesticados de estômago elástico. Mesmo assim insultou com a sua mera presença na festa das figuras medíocres da política nacional, da elite sem berço que vê o Brasil como uma criança branca que volta de Miami carregada de brinquedos de plástico.
O único que eles temiam, e temiam porque já teve um revolver na mão, era Dirceu. Era preciso, portanto, reduzir a pedaços os seus nervos e a sua vontade. Mas não conseguiram porque o ódio não tem data de validade.
O destino de José Dirceu é um símbolo do futuro de seu partido. À sua direita o seu próprio governo; à sua esquerda, os reclamos de sua militância desorganizada, sem núcleos e perdida nas ruas desde junho. Dali ecoam cada vez menos discretamente os sons da insurreição.
Na encruzilhada, o PT hesita entre a debandada e outra revolta dos bagrinhos3. Só que os bagrinhos de hoje estão nas ruas, ocupações, na educação popular, nos mesmos lugares em que apanham sob o olhar cúmplice de dirigentes que se calam para proteger seus glúteos recostados em cadeiras irresistíveis.
NOTAS
1 O neopetismo não diz respeito a pessoas que adentraram recentemente no partido. O PT mais que dobrou de tamanho nos primeiros 3 anos de governo Lula, mas muitos jovens aderiram não apenas por oportunidade de carreira, e sim porque a imagem do PT continua incomodando as elites das classes dominantes. Por outro lado, muitos dirigentes neopetistas são antigos membros do partido que aderiram ao nepotismo, ao conservantismo e apoiam a repressão policial e judiciária de manifestantes.
2 Primeira leva em massa de militantes pagos pelo PT em São Paulo.
Alusão à imagem de revolta interna da base petista nos anos 1980.
***
Lincoln Secco é professor de História Contemporânea na USP. Publicou pela Boitempo a biografia de Caio Prado Júnior (2008), pela Coleção Pauliceia. É organizador, com Luiz Bernardo Pericás, da coletânea de ensaios inéditosIntérpretes do Brasil: clássicos, rebeldes e renegados, e um dos autores do livro de intervenção da Boitempo inspirado em Junho Cidades rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. Colaborou para o Blog da Boitempo mensalmente durante o ano de 2011. A partir de 2012, tornou-se colaborador esporádico do Blog.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Blackout, boicotes e tentativas de golpe.

(Chile, greve dos caminhoneiros patrocinada pelos grupos patronais de oposição ao governo socialista de Allende.

 (2015, quem está por trás da greve?)

(o verdadeiro motivo da greve contra Allende)



Incrível, mudam os anos, os sujeitos e os lugares, mas o método não muda! Greve de caminhoneiros, desabastecimento e mídia "informando" a serviço dos seus patrões. Não, esse relato não é do Brasil hoje (esta acontecendo também), mas no Chile governada pelo socialista Salvador Allende e parece ser a forma mais "querida" dos que atacam a democracia.

Não falo de coincidências e sim de método. Desestabilizar governos é e sempre foi uma prática da burguesia, dos ricos, elites...ou qualquer nome que se de a esta alta classe dominante que a partir das riquezas apropriadas pela exploração dos trabalhadores (as) busca com "unhas e dentes" todas as formas de manter seu poder.

Uma coisa é a legitimidade da greve dos trabalhadores (as) caminhoneiros (as), mas não é o caso. O caso desse momento se expressa por uma greve de patrões. Se os grevistas estão recebendo ($) como os caminhoneiros no Chile na década de 1970 não sabemos (ainda!)

O fato é que o lado de lá tenta todo dia, semana e mês (lembrando, estamos ainda em fevereiro, a menos de quatro meses do segundo turno de 2014), eles buscam formas, tem controle sobre os braços do sistema (mídia, imprensa, opinião pública, etc.), usam suas armas formais e informais (parte da Polícia Federal), e assim segue.

Este é o problema. E o nosso lado?

E o lado de cá?

Calma? Esperar? "Não cair em provocações?"

Parece piada. E é a posição mais objetiva de minha direção partidária. O PT o maior "partido de esquerda" da América Latina está como diriam, "como o cachorro que corre atrás do rabo"

Reunir forças, se posicionar, organizar e agir.

É hora de resgatar a postura de Marx, "não temos nada a perder a não ser as cadeias que nos prendem, mas temos um mundo a ganhar"


Palavra de aliado: "Confio no PT com os dois pés atrás"



As palavras podem ser levadas ao vento como já disse um pensador. Mas na política as palavras possuem o poder de alterar rumos, dar múltiplas interpretações e expressar vontades. Na TV um deputado "aliado" perguntado se "-confia no PT?", responde: "com os dois pés atrás", vindo de qualquer partido seria normal se não fosse do PMDB.

Não vejo golpe vindo de lá. Mas vejo que na primeira janela de oportunidades o ladrão poderá querer pular pela janela.

E eu como bom militante, cumprindo tarefas e caminhando, aguardo definições ou posições.

O PT nasceu para mudar a política brasileira. Nasceu sob a necessidade de mudar a cultura política.

Se adaptar tem levado a direção majoritária empurrar o partido ao "canto da sala" da política, encurralados sobre a desculpa de não cair em "provocação" a própria direção esquece que corre sangue popular, operário e de trabalhador (a), e isso nem toda orientação ou decreto podem evitar e começou hoje no Rio de Janeiro em frente a sede da ABI (Associação Bras. de Imprensa) em Ato de Defesa da Petrobras com a presença de nosso pop star, Luis Inácio.

http://noticias.uol.com.br/album/album-do-dia/2015/02/24/imagens-do-dia---24-de-fevereiro-de-2015.htm?abrefoto=54

O clima tá tenso? Não sei, minha direção pede para ficar em casa!

PS.: Só pra animar: (não é criativo!!!!!)



sábado, 21 de fevereiro de 2015

O povo não gosta de quem vacila! Uma CNB e duas ou mais posições, para onde vamos PT?



Para os que não vivem e nem buscam conhecer o PT com certeza não tem muita moral para julgar ou falar do que não conhece. Vejo os posts nas redes sociais e charges ofensivas como se todos e todas, inclusive eu, fizessem parte de uma "quadrilha criminosa". Desculpe a estes que reproduzem como "papagaios" a posições políticas, vocês ale´m de estarem enganados e são no mínimo (meio) imbecis.

Aos que querem debater seriamente a política e os rumos do país, vamos lá!

No PT as tendências são correntes de pensamento, por isso há eleições internas no PT com defesa de teses e votação de propostas e claro cada uma tem sua identidade política. A CNB (Construindo um Novo Brasil) é uma corrente na qual estão o ex presidente Lula e José Dirceu, é a maior força política interna e é fiel portadora da indicação de Dilma que hoje é nossa presidenta da República.

O que me chama atenção é que vivemos num momento da conjuntura política que exige posição. Sim, quando setores conservadores e ligados a velhas elites pedem o "impedimento" da presidenta sem motivação real ou denuncia oficial há um clima de "armação" e golpe.

Nesse processo em curso onde o poder real exercido pela classe dominante hegemônica, as elites e seus representantes, usam o que podem e o que não deveriam: mídia, uso da força e outros para "pressionar" o golpe em curso.

Os setores mais conservadores não estão 100% unidos. E é o que salva a democracia. Os "cães" mais raivosos que se abrigam nos grupos militares, pequenos burgueses histéricos e parte ínfima de uma classe média assalariada medíocre querem sangue, força bruta e ditadura.

E o PT? Bem, como militante petista e vinculado a movimentos sociais e um governo petista esperava uma decisão, orientação e lógico resistência na defesa da democracia.

Olhe o que acontece inclusive no meio da CNB, as declarações de Cantalice (vice presidente) e Rochinha (da Comissão de Ética) expressam o desacordo de rumos, eles negam a divergência eu discordo.

Em 18/02/2015 - 10h38 (Por Agência PT), Cantalice diz em nota,

"PT não se mobilizará contra atos antigoverno (...) “Não convocamos nem vamos convocar nada neste sentido. Nosso governo segue firme no propósito de ampliar as conquistas obtidas pela população desde que o PT assumiu a Presidência”, afirma Cantalice. (...) Alguns mais afoitos pregam a quebra da legalidade em clara inspiração golpista e estimulam convocações de rua no intuito de nos emparedar. De outro lado, não podemos em hipótese alguma entrar no jogo dos adversários. Por isso, NÃO estamos convocando nenhuma manifestação para nos contrapormos aos tais atos convocados para o dia 15 de março."

Do outro lado, Rochinha em 19 de fevereiro de 2015 (LD), afirma:

"Queremos um PT e um governo de esquerda. Este será um ano de uma pauta política e social bastante agitada e complexa (...) A reeleição da presidenta Dilma se deve à participação da mobilização efetiva dos jovens ou não jovens de vários setores, mas de esquerda e progressistas que mesmo não fazendo parte do PT foram para as ruas defender um projeto de inclusão social que já estava em andamento com sucesso, reconhecidamente a nível internacional nos últimos 12 anos. Doa a quem doer, o PT precisa assegurar para esta camada da população que seus esforços não foram em vão.(...)"

E a "unidade" entre os dois está nas afirmações a seguir:

"Partido se mantém firme na defesa e na ampliação das conquistas obtidas pela população nos últimos anos" (Cantalice)

"É preciso mostrar para o povo, que não haverá desvio, e que o partido e o governo se manterão nos trilhos a qualquer custo, comprometidos com os direitos sociais e orientados pela ideologia de esquerda." (Rochinha)

Pois bem, se não há nem no núcleo dirigente majoritário do partido uma orientação coerente, me respondam o que é para mim, militante político petista, a "defesa das conquistas de nosso governo"?

Um partido político de esquerda tem o dever de produzir respostas e posições, mas tem acima de tudo a obrigação de dizer ao povo e a sua militância quais devam ser as lutas que devemos fazer para defender um governo que elevou a renda de uma parte dos brasileiros (as) esquecidas pelos governos anteriores do PSDB.

Não fico a esperar. Temos a luta pelo Plebiscito Constituinte por um sistema político participativo e soberano e a defesa de reformas necessárias para o país.

1964, a esquerda brasileira foi pega de surpresa. As poucas resistências foram impedidas. Nas palavras de Brizola (com razão), "naquele dia eles (os militares pró ditadura) entraram e foram entrando sem nenhuma resistência, se pudêssemos ter enfrentado eles a história poderia ter sido outra".

Não esperarei passivo um direção sem direção!

Ditadura e golpe na democracia brasileira nunca mais!

PS.: Eu poderia ter chamado este artigo de "Meu partido cagou de medo!", mas preferi o "vacilou" mesmo.

link dos artigos:
http://www.pt.org.br/pt-nao-se-mobilizara-contra-atos-antigoverno/
http://www.linhadireta.org.br/noticia/p/?acao=vernoticia&id=44565

Quem nos governa? - artigo de Vladimir Safatle —na revista Carta capital, São paulo, 15/02/2015

Interessante, muito interessante. Enviado pelo amigo e companheiro do MST, Mossoro.
Boa leitura!



Quem nos governa?
por Vladimir Safatle —na revista Carta capital, São paulo, 15/02/2015

Estamos em 1860. O Império Britânico acaba de vencer a famosa “Guerra do Ópio” contra a China, talvez uma das páginas mais cínicas e criminosas da história cínica e criminosa do colonialismo. Metade do comércio da Inglaterra com a China baseia-se na venda ilegal de ópio. Diante da devastação provocada pela droga em sua população, o governo chinês resolve proibir radicalmente seu comércio. A resposta chega por uma sucessão de guerras nas quais a Inglaterra vence e obriga a China a abrir seus portos para os traficantes e missionários cristãos (uma dupla infalível, como veremos mais à frente), além de ocupar Hong Kong por 155 anos.

Em 1860, guerra terminada, os ingleses tiveram a ideia de abrir um banco para financiar o comércio baseado no tráfico de drogas. Dessa forma apoteótica, nasceu o HKSC, tempos depois transformado em HSBC (Hong Kong and Shangai Bank Corporation), conhecido de todos nós atualmente. Sua história é o exemplo mais bem acabado de como o desenvolvimento do capitalismo financeiro e a cumplicidade com a alta criminalidade andam de mãos dadas.

A partir dos anos 70 do século passado, por meio da compra de corporações nos Estados Unidos e no Reino Unido, o HSBC transformou-se em um dos maiores conglomerados financeiros do mundo. No Brasil, adquiriu o falido Bamerindus. Tem atualmente 270 mil funcionários e atua em mais de 80 países. Sua expansão deu-se, em larga medida, por meio da aquisição de bancos conhecidos por envolvimento em negócios ilícitos, entre eles o Republic New York Corporation, de propriedade do banqueiro brasileiro Edmond Safra, morto em circunstâncias misteriosas em seu apartamento monegasco. Um banco cuja carteira de clientes era composta, entre outros, de traficantes de diamantes e suspeitos de negócios com a máfia russa, para citar alguns dos nobres correntistas. Segundo analistas de Wall Street, a instituição financeira de Nova York teria sido vendida por um preço 40% inferior ao seu valor real.

Assim que vários jornais do mundo exibiram documentos com detalhes de como a filial do HSBC em Genebra havia lavado dinheiro de ditadores, traficantes de armas e drogas, auxiliado todo tipo de gente a operar fraudes fiscais milionárias e a abrir empresas offshore, a matriz emitiu um seco comunicado no qual informava que tais práticas, ocorridas até 2007, não tinham mais lugar e que, desde então, os padrões de controle estavam em outro patamar. Mas não é exatamente essa a realidade.

Em julho de 2013, a senadora norte-americana Elisabeth Warren fez um discurso no qual perguntava: quanto tempo seria ainda necessário para fechar um banco como o HSBC? A instituição havia acabado de assumir a culpa por lavagem de dinheiro do tráfico de drogas mexicano e colombiano, além de organizações ligadas ao terrorismo. Tudo ocorreu entre 2003 e 2010. A punição? Multa irrisória de 1,9 milhão de dólares.

Que fantástico. Entre 2006 e 2010, o diretor mundial do banco era o pastor anglicano (sim, o pastor, lembram-se da Guerra do Ópio?) Stephen Green, que, desde 2010, tem um novo cargo, o de ministro do gabinete conservador de David Cameron, cujo governo é conhecido por não ser muito ágil na caça à evasão fiscal dos ricos que escondem seu dinheiro. Enquanto isso, os ingleses veem seu serviço social decompor-se e suas universidades serem privatizadas de fato. O que permite perguntas interessantes sobre quem realmente nos governa e quais são seus reais interesses.

Alguns fatos são bastante evidentes para qualquer interessado em juntar os pontos. Você poderia colocar seus filhos em boas escolas públicas e ter um bom sistema de saúde público, o que o levaria a economizar parte de seus rendimentos, se especuladores e rentistas não tivessem a segurança de que bancos como o HSBC irão auxiliá-los, com toda a sua expertise, na evasão de divisas e na fraude fiscal. Traficantes de armas e drogas não teriam tanto poder se não existissem bancos que, placidamente, oferecem seus serviços de lavagem de dinheiro com discrição e eficiência. Se assim for, por que chamar de “bancos” o que se parece mais com instituições criminosas institucionalizadas de longa data?


Nota do Distribuidor: A imprensa brasileira revelou que há na agencia do HSBC de Genebra contas bancárias de 11.200 brasileiros, milionarios, com depositos sem origem comprovada, no valor de 14 bilhões de dolares.
Não se tem noticia que algum procurador da Procuradoria geral da Republica, pedisse a lista dos sombrios personagens. Nenhum deputado ou senador pediu para abrir uma CPI e investigar os nomes e a origem do dinheiro que saiu do Brasil e foi parar em Genebra; Possivelmente tenham financiado a campanha de todos eles!!
Nenhum magistrado se pronunciou, nem o ex-capitão-do-mato, JB teceu comentarios. Afinal quem manda dinheiro para fora para comprar apartamento em Miami, não tem muita moral em procurar conta bancarias de outros... 
E a TV Globo, quietinha... preocupada com carnaval e impechment da Presidenta!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Conversa de bar.



Conversa de bar.

Esse calor promovido pelo maravilhoso “padrão” de vida do capitalismo neoliberal tem levado o preço da água, da cerveja e do debate as alturas. Ainda mais depois das eleições do ano passado onde houve tensão, muita tensão. 

É assim agora em tempos de seca no Cantareira e aquecimento global, enquanto houver água haverá cerveja que permitirá nossos debates a luz noturna dos bares.

Noutra noite foi desse jeito, reunidos num bar alguns parceiros entre um gol do Corinthians e outro do Once Caldas – a favor ou contra, agourando ou não (o timão é claro) viam o jogo e quando o bate bola não empolgava voltava a pauta de sempre, trabalho, família, problemas ali e aqui, onde um voltado do banheiro traz uma reflexão importantíssima: “-meu, e se a cerveja começar a vir da água do mar?”

Parados, um olhando pro outro, um dos parceiros já emendou: “-pior se for da merda!”
Risadas a parte o garçom na troca da garrafa leva a todos na mesa a um gesto automático, copos cheios e tomados como se fosse guardar no subconsciente o sabor “mágico” da “cerva”.

“-É culpa do PT!”, grita um deles, sabendo que o assunto mexe e remexe, mesmo assim provocou. Na TV a chamada do jornal global noturno mostrava como um mantra a pauta (PT-Petrobras-PT), sem levar em consideração o rol de forças políticas que rondaram e pilharam a estatal orgulho do povo brasileiro.

Discussões, defesas, justificativas e todo tipo de tese. Faltou sobrar para os aliens e os cunhados. Comparações e emoções também fizeram parte da conversa quando a “voz do deixa disso” interrompe, “-senhores, já ta quente demais, do jeito que vai vamos parar no inferno!”

Nova pausa.  Jogo, rodada de geladas, jogo – entre idas e vindas a conclusão (com  muita preocupação) era se o preço, o sabor e o acesso da “gelada” iria mudar, e com isso mudaria tudo, sim tudo.

O medo da mesa nem de longe era o Brasil, a Petrobrás, o PT, e os etceterás a mais, exclusivamente qual o sentido da vida em não ter mais a cerveja boa do dia a dia.

Fim de jogo, celulares tocando e meia volta para casa, os quatro parceiros aos poucos e depois de boas saideiras e conta paga o cotidiano chamava e desse jeito foi que terminou.

Em tempos de falta d’água, uns com necessidades, outros com precaução, mas há os que muito poucos não estão nem aí – seja porque tem e porque sua condição de classe permite. (nas regras dessa sociedade, claro!).

Enfim, o futuro da humanidade termina lá, numa conversa de bar.

PS 1.:  Este autor gosta e bebe sua “santa” cervejinha, portando nada tem contra quem bebe como hábito e para fazer a “coletividade”. 

PS 2.: Mas não debate apenas na mesa do bar, é militante e tenta fazer a sua parte na luta e na vida.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Artigo de Pedro Tierra, pela Carta Capital: Para nascer, nascemos: PT 35.




Para nascer, nascemos: PT 35.
O Partido dos Trabalhadores, depois de 35 anos de protagonismo nas lutas pela reconstrução da Democracia, se encontra numa encruzilhada.
Pedro Tierra
Ricardo Stuckert/Instituto Lula
A aventura de construir um Partido de base popular que viesse a representar de maneira independente os interesses dos trabalhadores na sociedade brasileira, ainda sob a ditadura empresarial-militar imposta ao país pelo golpe de abril de 1964, percorre a esta altura três décadas e meia. 


No 10 de fevereiro de 1980 estavam amadurecidas as condições para dar forma a um organismo partidário que representasse as aspirações de uma classe social que se encontrava incluída, como mão-de-obra, no setor de ponta de economia, mas excluída da arena política. Uma classe que se revelou capaz pelo instrumento das greves, das mobilizações de massas e da ação parlamentar de estabelecer alianças com diferentes setores sociais para por abaixo uma tirania já em declínio. 


O PT foi diagnosticado inicialmente como um incômodo a ser digerido e eliminado pela repressão pura e simples ou pela própria dinâmica do metabolismo institucional da transição pelo alto engendrada por seu principal estrategista, o Gal. Golbery. Ao forçar as portas daquele sistema político concebido para abrigar disputas sob o estrito controle do regime ditatorial, entre os grande senhores da indústria, do agronegócio nascente e dos antigos monopólios de comunicação nutridos pelo regime, o Partido dos Trabalhadores cometeu um delito: o delito original de ter nascido. 


Com voz própria, ainda que desafinada, mas vigorosa, por liberar uma polifonia, àquela altura irreprimível, de reivindicações, desejos, esperanças, agredia com seu timbre dissonante os ouvidos de uma sociedade alfabetizada pelo silêncio. A campanha das “Diretas Já” mobilizou milhões. Se não venceu de imediato, sacudiu irremediavelmente os alicerces do regime. Com os movimentos sociais, sua base primeira, em ascensão, o PT se consolidou como expressão política dos de baixo e como projeto popular de desenvolvimento para o Brasil. 


Passados vinte e dois anos de batalhas ganhas e perdidas, mas sobretudo ganhas, o Partido dos Trabalhadores liderou a ampla aliança que venceu as eleições de 2002. Levou à chefia do governo central o operário metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, tendo como Vice um empresário bem sucedido, o mineiro José Alencar. O PT cometeu aí um delito derivado. 


Alcançou algo surpreendente. Inconcebível para os de cima e por isso mesmo imperdoável para as instituições moldadas à sua semelhança: venceu as eleições dentro das regras estabelecidas por seus adversários. E pôs à frente do país um homem que encarna tudo que aquelas elites políticas tradicionais, herdeiras da cultura da Casa Grande, rejeitam: ele vem do nordeste do país, região identificada pelos de cima, como paradigma do atraso e da dependência; ele vem do mundo do trabalho num país em que as elites descendentes dos senhores de escravos rejeitam o trabalho como atividade para negros e inferiores; ele vem do chão da fábrica, das ruas e não das universidades, nem da caserna que produziram os principais dirigentes da nação. 


Desmentindo os vaticínios dos pretensos ‘formadores de opinião’, esse homem conduziu o país sob o fogo quotidiano e implacável do cartel da mídia conservadora, por dois mandatos à frente de um governo que incorporou no seu percurso, além dos seus aliados tradicionais, no campo da esquerda, parcela do centro do espectro político do país e mesmo setores de direita pulverizados em representações partidárias de menor relevância. Um governo complexo que produziu modificações profundas no perfil da distribuição de renda do Brasil, combateu a fome e as desigualdades regionais, deu os passos necessários para consolidar um mercado interno de massas, imprimiu um novo ritmo e uma nova qualidade ao nosso desenvolvimento. 


Renovou o rosto da diplomacia brasileira e afirmou a imagem do Brasil diante do mundo como nunca na história. Reorientou as relações internacionais para uma perspectiva Sul-Sul, com ênfase na América do Sul, sem deixar as parcerias anteriores, Europa e EUA e ampliou-as firmando novas em extensão e qualidade. Apresentou o país como destino seguro para investimentos, afirmou nossa soberania pagando as dívidas com o FMI libertando-nos da condição humilhante, subalterna de nação tutelada. 


Chegou ao fim do mandato apoiado pela maioria esmagadora da população independente do extrato social, credo religioso ou filiação partidária. As descobertas das jazidas do pré-sal pela Petrobrás e a adoção do Sistema de Partilha para sua exploração apontaram um novo rumo para o processo de desenvolvimento do Brasil, estabelecendo um sólido vínculo programático entre o PT e a tradição trabalhista anterior, vigente no período Vargas. Ao encerrar o segundo mandato do Presidente Lula, o PT cometeu um terceiro delito: o delito de eleger uma mulher para dirigir o Brasil. 


No país herdeiro da cultura política do patriarcalismo dos coronéis de rebenque, espora e chapelão, do machismo explícito ou dissimulado, elegeu pela primeira vez na história uma mulher para a Presidência da República: Dilma Rousseff. Militante da resistência à ditadura desde a juventude e da reconstrução da democracia depois de cumprir pena nas prisões do regime. Trouxe consigo os sonhos da geração que se lançou à vida pública para enfrentar a tirania e devolver à nação sua perspectiva de retomada do desenvolvimento inclusivo, democrático e soberano. 


A construção política que tornou possível esses avanços não tem o direito de esperar trégua dos seus adversários, herdeiros implacáveis da cultura escravocrata, colonizada, autoritária, machista, intolerante que marca historicamente o exercício da política no Brasil. Ao afirmar-se na sua certidão de batismo como um Partido que lutará “por uma sociedade sem explorados e sem exploradores”, um partido socialista e democrático, o PT selou sua trajetória e o combate implacável que receberá enquanto se fizer presente na cena política do país. 


O Partido dos Trabalhadores depois de três décadas e meia de protagonismo nas lutas contra a Ditadura empresarial-militar e pela reconstrução da Democracia se encontra numa encruzilhada. Ou aprofundamos o processo de transformação que desencadeamos na sociedade brasileira, produzindo alterações relevantes no sistema político partidário do país e que resultou nos governos Lula e Dilma, nos afirmando como um Partido socialista ou sucumbimos à moléstia que acometeu as legendas que nos precederam: um partido sem projeto nacional, um aglomerado de mandatos incapaz de se por à altura da tradição que construímos e dos desafios para conduzir o projeto de sociedade pelo qual lutamos com êxito ao longo de doze anos de mandatos consecutivos: dirigir uma das maiores economias do mundo, um país que combata as desigualdades e respeite as diferenças, que garanta a sustentabilidade socioambiental, um país que acolha todos os seus filhos. 


Entre as tarefas que o Partido dos Trabalhadores deverá cumprir nessa etapa em que iniciamos o quarto mandato, está a recuperação da autoestima dos brasileiros e de sua própria autoestima sistematicamente demolidas pelo cartel da mídia conservadora que pretende converter a política em crime. Esse cartel – verdadeiro obstáculo ao avanço da Democracia e ao direito à informação – não suporta a altivez que conquistamos com os governos Lula e Dilma diante do mundo. Coordena uma ofensiva contra a Petrobrás, não para sanear as práticas de corrupção que, de resto, prosperaram desde os governos tucanos, mas para retirar da maior empresa pública brasileira e uma das maiores petroleiras do mundo as condições de credibilidade necessárias para gerir a exploração das jazidas do pré-sal, entrega-las por meio do regime de concessões para as empresas estrangeiras. E bloquear assim o fluxo de recursos capaz de sustentar um novo ciclo de desenvolvimento inclusivo e democrático para o Brasil. 


O bloco conservador, derrotado mais uma vez nas eleições democráticas de 2014, à falta de um projeto próprio de desenvolvimento para o país, projeta sobre o PT todas as mazelas que engendrou e pratica quotidianamente, ou seja, não somos combatidos por nossos erros, mas pelo compromisso fundamental de fidelidade aos interesses dos trabalhadores. Por essa razão que justifica historicamente a presença do PT no cenário político do país, ao iniciar o quarto mandato consecutivo à frente da Presidência da República, afirmamos diante da sociedade brasileira que as elites conservadoras que há alguns anos expressaram publicamente o desejo de “acabar com essa raça” entendam: três décadas e meia depois, viemos para ficar. E lembra-los, inspirados no poeta chileno Pablo Neruda: “Para nascer, nascemos”. 


Créditos da foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Do sitio do Levante Popular: A Petrobras é do povo! Para combater a corrupção, Constituinte é a solução!




Jovens de todo Brasil, atenção! Vivemos dias importantes da história do nosso país. Fomos às ruas por mais direitos, votamos por mais direitos, mas estamos com eles ameaçados por uma grande campanha contra a Petrobras. Essa campanha é contra a ampliação de direitos sociais no Brasil! Contra o uso soberano de nosso petróleo em investimentos para o povo brasileiro.

A Petrobras é estratégica para ampliação de direitos sociais no Brasil. Após décadas de pressão popular e com as possibilidades vindas da descoberta do pré-sal, bilhões de reais do petróleo serão destinados a saúde, educação e cultura nos próximos anos. Em tempos de crise econômica internacional, a Petrobras é a única possibilidade que temos para aumentar os investimentos nessas áreas tão carentes e necessárias em nosso país.

Com a demissão da atual diretoria da estatal, vemos nosso grande patrimônio vulnerável aos interesses gananciosos dos inimigos do povo. Os últimos dias nos mostraram que a Rede Globo pretende que a nova presidência da empresa venha das mãos de Joaquim Levy. As mesmas mãos que fizeram grandes cortes em investimento social, entre eles 7 bilhões de reais que seriam destinados à educação. Se queremos fazer do Brasil uma “Pátria Educadora” de verdade, precisamos ampliar o investimento público na educação. Sem mais cortes!

O papel da Rede Globo, entre outras grandes mídias, associadas a gigantes petrolíferas transnacionais, é destruir o sentimento de pertença em relação a empresa que o povo brasileiro tanto se orgulha. Para isso, fazem uma campanha de ataque à Petrobras associando-a diariamente a um punhado de corruptos. O objetivo é privatizar. Querem o petróleo para encher ainda mais seus bolsos, acabando com a única possibilidade do uso soberano de nossa riqueza para ampliar direitos sociais.

Mas a verdade é que, pela podridão do sistema político brasileiro, grandes empresas que financiam campanhas políticas montam esquemas como o descoberto pela Operação Lava-Jato para se beneficiarem através de licitações “compradas” durante a campanha eleitoral. Apesar de não sair na grande imprensa, o nosso atual sistema político é a real origem da corrupção nas empresas públicas.

A Petrobras forte e pública é a nossa grande chance de impedir uma agenda regressiva proposta por Joaquim Levy! Defender a Petrobras 100% pública, longe de corruptos e corruptores é defender mais direitos do povo e da juventude brasileira. Queremos corrigir o problema na raiz. A solução não é privatizar, mas sim a mudança do sistema político através de uma Constituinte Exclusiva e Soberana. Por isso voltamos às ruas hoje. E voltaremos quantas vezes forem necessárias.

Não me engana mais, a Rede Globo quer vender a Petrobras!

Militantes carregam faixa com a frase: “A Petrobras é do povo! Para combater a corrupção, Constituinte é a solução!”



Manifestantes se dirigem a sede da Petrobras no RJ



Concentração do ato. Faixa com a frase “Constituinte já”



A Petrobras é do povo, pra combater a corrupção Constituinte é a solução!



Atenção: Pátria educadora não corta verbas da educação.



Faixa produzida para o ato

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Boletim FPA, artigo: Juventude: aumenta acesso à educação na América Latina, mas desafios permanecem.




Juventude: aumenta acesso à educação na América Latina, mas desafios permanecem
O capítulo “Juventud: áreas críticas de la agenda para el desarrollo con igualdad”, do último relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), chamado Panorama Social de América Latina, mostra uma evolução considerável na região da porcentagem de jovens que tem acesso à educação, conforme o gráfico abaixo: de 1990 a 2012 aumentou em 6.6 pontos percentuais (p.p.) a proporção de jovens de 25 a 29 anos que concluíram o ensino superior na região e no mesmo intervalo de tempo subiu 33,5 p.p. a proporção de jovens de 15 a 19 anos que concluíram a educação primária. Os avanços se aceleram, no entanto de 2002 a 2012, como mostra o gráfico.

América Latina (18 países): evolução da proporção de jovens de 15 a 29 anos que concluíram a educação primária, secundária e terciária, segundo grupo etário, 1990, 2002 e 2012 (em %)

No entanto, o estudo mostra ainda três grandes desafios para a região quanto aos jovens:
- os “nem nem”: aproximadamente 30 milhões de jovens entre 15 e 29 anos de 18 países da América Latina (22% do total da população dessa faixa etária) se encontravam fora do sistema educativo formal e não estavam empregados, os chamados “nem nem”. No entanto, dos jovens “nem nem” de 15 a 29 anos na América Latina, 55% se dedicam a trabalhos domésticos e cuidados não remunerados e 70% dos que se declaram nessa última categoria são mulheres, o que mostra que parte importante das mulheres jovens na América Latina está dedicada a cuidar de outros e realizar trabalhos domésticos sem remuneração. 
- a taxa de desemprego diferenciada: o estudo também mostra que a taxa de desemprego da população de 15 a 24 anos na América Latina é muito superior à da população em geral (com mais de 15 anos). Para dados de 2012, a taxa geral de desemprego no Brasil era de 6,7%, enquanto para os jovens era de 15,9%.
- a violência: sete dos 14 países mais violentos do mundo estão na região: Belize, Colômbia, El Salvador, Guatemala, Honduras, Jamaica e Venezuela; e enquanto os índices sociais melhoram, os índices de violência têm aumentado na região, sobretudo a faceta da violência que afeta a juventude. Nos últimos anos, enquanto tem caído a taxa de mortalidade por violência interpessoal entre a população de 30 a 59 anos de idade, ela tem aumentado entre a população de 15 a 29 anos, bem como o patamar das taxas que atingem esse grupo mais jovem é bem mais alto que as taxas dos grupos de mais idade.
O Brasil tem bastante peso para influenciar os resultados gerais da América Latina e o Caribe e os desafios apontados em nível regional podem ser traduzidos em nível nacional. Também é um avanço brasileiro significativo o acesso dos jovens à educação, como é um desafio brasileiro responder à questão do desemprego e dos “nem nem” e da violência que atinge especialmente jovens e, mais especificamente, jovens negros no Brasil.

Análise: Ana Luíza Matos de Oliveira, economista

As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade da sua autora,
não representando a visão da FPA ou de seus dirigentes.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Para enfrentar as "verdades" da mídia, é preciso saber as VERDADES do lado de cá. Leiam o artigo "Quanto vale a Petrobras"

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Os Civita e os irmãos Marinho afundam uma P-56 por semana!


Quanto vale a Petrobras

O adiamento do balanço da Petrobras do terceiro trimestre do ano passado foi um equívoco estratégico da direção da companhia, cada vez mais vulnerável à pressão que vem recebendo de todos os lados, que deveria, desde o início do processo, ter afirmado que só faria a baixa contábil dos eventuais prejuízos com a corrupção, depois que eles tivessem, um a um, sua apuração concluída, com o avanço das investigações.

A divulgação do balanço há poucos dias, sem números que não deveriam ter sido prometidos, levou a nova queda no preço das ações.

E, naturalmente, a novas reações iradas e estapafúrdias, com mais especulação sobre qual seria o valor — subjetivo, sujeito a flutuação, como o de toda empresa de capital aberto presente em bolsa — da Petrobras, e o aumento dos ataques por parte dos que pretendem aproveitar o que está ocorrendo para destruir a empresa — incluindo hienas de outros países, vide as últimas idiotices do Financial Times – que adorariam estraçalhar e dividir, entre baba e dentes, os eventuais despojos de uma das maiores empresas petrolíferas do mundo.

O que importa mais na Petrobras?

O valor das ações, espremido também por uma campanha que vai muito além da intenção de sanear a empresa e combater eventuais casos de corrupção e que inclui de apelos, nas redes sociais, para que consumidores deixem de abastecer seus carros nos postos BR; à aberta torcida para que “ela quebre, para acabar com o governo”; ou para que seja privatizada, de preferência, com a entrega de seu controle para estrangeiros, para que se possa — como afirmou um internauta — “pagar um real por litro de gasolina, como nos EUA”?

Para quem investe em bolsa, o valor da Petrobras se mede em dólares, ou em reais, pela cotação do momento, e muitos especuladores estão fazendo fortunas, dentro e fora do Brasil, da noite para o dia, com a flutuação dos títulos derivada, também, da campanha antinacional em curso, refletida no clima de “terrorismo” e no desejo de “jogar gasolina na fogueira”, que tomou conta dos espaços mais conservadores — para não dizer golpistas, fascistas, até mesmo por conivência — da internet.

Para os patriotas, e ainda os há, graças a Deus, o que importa mais, na Petrobras, é seu valor intrínseco, simbólico, permanente, e intangível, e o seu papel estratégico para o desenvolvimento e o fortalecimento do Brasil.

Quanto vale a luta, a coragem, a determinação, daqueles que, em nossa geração, foram para as ruas e para a prisão, e apanharam de cassetete e bombas de gás, para exigir a criação de uma empresa nacional voltada para a exploração de uma das maiores riquezas econômicas e estratégicas da época, em um momento em que todos diziam que não havia petróleo no Brasil, e que, se houvesse, não teríamos, atrasados e subdesenvolvidos que “somos”, condições técnicas de explorá-lo?

Quanto vale a formação, ao longo de décadas, de uma equipe de 86.000 funcionários, trabalhadores, técnicos e engenheiros, em um dos segmentos mais complexos da atuação humana?

Quanto vale a luta, o trabalho, a coragem, a determinação daqueles, que, não tendo achado petróleo em grande quantidade em terra, foram buscá-lo no mar, batendo sucessivos recordes de poços mais profundos do planeta; criaram soluções, “know-how”, conhecimento; transformaram a Petrobras na primeira referência no campo da exploração de petróleo a centenas, milhares de metros de profundidade; a dezenas, centenas de quilômetros da costa; e na mais premiada empresa da história da OTC – Offshore Technology Conferences, o “Oscar” tecnológico da exploração de petróleo em alto mar, que se realiza a cada dois anos, na cidade de Houston, no Texas, nos Estados Unidos?

Quanto vale a luta, a coragem, a determinação, daqueles que, ao longo da história da maior empresa brasileira — condição que ultrapassa em muito, seu eventual valor de “mercado” — enfrentaram todas as ameaças à sua desnacionalização, incluindo a ignominiosa tentativa de alterar seu nome, retirando-lhe a condição de brasileira, mudando-o para “Petrobrax”, durante a tragédia privatista e “entreguista” dos anos 1990?

Quanto vale uma companhia presente em 17 países, que provou o seu valor, na descoberta e exploração de óleo e gás, dos campos do Oriente Médio ao Mar Cáspio, da costa africana às águas norte-americanas do Golfo do México?

Quanto vale uma empresa que reuniu à sua volta, no Brasil, uma das maiores estruturas do mundo em Pesquisa e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, trazendo para cá os principais laboratórios, fora de seus países de origem, de algumas das mais avançadas empresas do planeta?

Por que enquanto virou moda — nas redes sociais e fora da internet — mostrar desprezo, ódio e descrédito pela Petrobras, as mais importantes empresas mundiais de tecnologia seguem acreditando nela, e querem desenvolver e desbravar, junto com a maior empresa brasileira, as novas fronteiras da tecnologia de exploração de óleo e gás em águas profundas?

Por que em novembro de 2014, há apenas pouco mais de três meses, portanto, a General Electric inaugurou, no Rio de Janeiro, com um investimento de 1 bilhão de reais, o seu Centro Global de Inovação, junto a outras empresas que já trouxeram seus principais laboratórios para perto da Petrobras, como a BG, a Schlumberger, a Halliburton, a FMC, aSiemens, a Baker Hughes, a Tenaris Confab, a EMC2 a V&M e a Statoil?

Quanto vale o fato de a Petrobras ser a maior empresa da América Latina, e a de maior lucro em 2013 — mais de 10 bilhões de dólares — enquanto a PEMEX mexicana, por exemplo, teve um prejuízo de mais de 12 bilhões de dólares no mesmo período?

Quanto vale o fato de a Petrobras ter ultrapassado, no terceiro trimestre de 2014, a EXXON norte-americana como a maior produtora de petróleo do mundo, entre as maiores companhias petrolíferas mundiais de capital aberto?

É preciso tomar cuidado com a desconstrução artificial, rasteira, e odiosa, da Petrobras e com a especulação com suas potenciais perdas no âmbito da corrupção, especulação esta que não é apenas econômica, mas também política.

A PETROBRAS teve um faturamento de 305 bilhões de reais em 2013, investe mais de 100 bilhões de reais por ano, opera uma frota de 326 navios, tem 35.000 quilômetros de dutos, mais de 17 bilhões de barris em reservas, 15 refinarias e 134 plataformas de produção de gás e de petróleo.

É óbvio que uma empresa de energia com essa dimensão e complexidade, que, além dessas áreas, atua também com termoeletricidade, biodiesel, fertilizantes e etanol, só poderia lançar em balanço eventuais prejuízos com o desvio de recursos por corrupção, à medida que esses desvios ou prejuízos fossem “quantificados” sem sombra de dúvida, para depois ser — como diz o “mercado” — “precificados”, um por um, e não por atacado, com números aleatórios, multiplicados até quase o infinito, como tem ocorrido até agora.

As cifras estratosféricas (de 10 a dezenas de bilhões de reais), que contrastam com o dinheiro efetivamente descoberto e desviado para o exterior até agora, e enchem a boca de “analistas”, ao falar dos prejuízos, sem citar fatos ou documentos que as justifiquem, lembram o caso do “Mensalão”.

Naquela época, adversários dos envolvidos cansaram-se de repetir, na imprensa e fora dela, ao longo de meses a fio, tratar-se a denúncia de Roberto Jefferson, depois de ter um apaniguado filmado roubando nos Correios, de o “maior escândalo da história da República”, bordão esse que voltou a ser utilizado maciçamente, agora, no caso da Petrobras.

Em dezembro de 2014, um estudo feito pelo instituto Avante Brasil, que, com certeza não defende a “situação”, levantou os 31 maiores escândalos de corrupção dos últimos 20 anos.

Nesse estudo, o “mensalão” — o nacional, não o “mineiro” — acabou ficando em décimo-oitavo lugar no ranking, tendo envolvido menos da metade dos recursos do “trensalão” tucano de São Paulo e uma parcela duzentas menor que a cifra relacionada ao escândalo do Banestado, ocorrido durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso, que, em primeiríssimo lugar, envolveu, segundo o levantamento, em valores atualizados, aproximadamente 60 bilhões de reais.

E ninguém, absolutamente ninguém, que dizia ser o mensalão o maior dos escândalos da história do Brasil, tomou a iniciativa de tocar, sequer, no tema — apesar do “doleiro” do caso Petrobras, Alberto Youssef, ser o mesmo do caso Banestado — até agora.

Os problemas derivados da queda da cotação do preço internacional do petróleo não são de responsabilidade da Petrobras e afetam igualmente suas principais concorrentes.

Eles advém da decisão tomada pela Arábia Saudita de tentar quebrar a indústria de extração de óleo de xisto nos Estados Unidos, aumentando a oferta saudita e diminuindo a cotação do produto no mercado global.

Como o petróleo extraído pela Petrobras destina-se à produção de combustíveis para o próprio mercado brasileiro, que deve aumentar com a entrada em produção de novas refinarias, como a Abreu e Lima; ou para a “troca” por petróleo de outra graduação, com outros países, a empresa deverá ser menos prejudicada por esse processo.

A produção de petróleo da companhia está aumentando, e também as descobertas, que já somam várias depois da eclosão do escândalo.

E, mesmo que houvesse prejuízo — e não há — na extração de petróleo do pré-sal, que já passa de 500.000 barris por dia, ainda assim valeria a pena para o país, pelo efeito multiplicador das atividades da empresa, que garante, com a política de conteúdo nacional mínimo, milhares de empregos qualificados na construção naval, na indústria de equipamentos, na siderurgia, na metalurgia, na tecnologia.

A Petrobras foi, é e será, com todos os seus problemas, um instrumento de fundamental importância estratégica para o desenvolvimento nacional, e especialmente para os estados onde tem maior atuação, como é o caso do Rio de Janeiro.

Em vez de acabar com ela, como muitos gostariam, o que o Brasil precisaria é ter duas, três, quatro, cinco Petrobras.

É necessário punir os ladrões que a assaltaram?

Ninguém duvida disso.

Mas é preciso lembrar, também, uma verdade cristalina.

A Petrobras não é apenas uma empresa.

Ela é uma Nação.

Um conceito.

Uma bandeira.

E por isso, seu valor é tão grande, incomensurável, insubstituível.

Esta é a crença que impulsiona os que a defendem.

E, sem dúvida alguma, também, a abjeta motivação que está por trás dos canalhas que pretendem destruí-la.