sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Quem somos, onde estamos e para onde vamos? Novo golpe de 1964 ou atraso na vida política brasileira?


Quem somos, onde estamos e para onde vamos? Novo golpe de 1964 ou atraso na vida política brasileira?

Motivos para um impeachment? Primeiro a palavra é difícil, melhor o seu significado que é “impedimento”, ou seja, um ato de impedir algo ou alguém.  Comparar a conjuntura política do governo Collor com o atual governo Dilma é no mínimo atestado de “analfabetismo funcional” e quem deveria ter cassado o diploma do ensino médio é justamente quem faz coro com imagens ou informações nas redes sociais virtuais e pela imprensa mercantil.

Primeiro, reconhecer a grande capacidade de mídia e controle da opinião que exerce os atuais meios de comunicação controlados pelas elites e seus representantes políticos – os mesmos que a décadas se alimentam do dinheiro público. Sua capacidade de envolver, mentir e entreter é incrível. Jornalistas formados apenas em comunicação se metem a besta (ou bestas) a falar de temas que mal a sua formação universitária teria tocado (a não ser que o curso fosse numa linha intelectual critica), e falam de tudo, economia, política, gestão, medicina, água, direitos humanos, etc., etc., são “poliglotas do conhecimento” “educando” os ignorantes expectadores.

Segundo, o governo Collor foi fabricado por uma serie de fatores que envolveu maquiar o estado de Alagoas, transformar um “playboy”, filho de coronéis e que nunca trabalhou na vida (como assalariado médio), num “caçador de marajás”, sua subida meteórica aliada ao apoio de agentes investigativos (os casos envolvendo a vida privada de Lula), e forte apelo das elites que enriqueceram na ditadura civil-militar,  sustentadas pela “nova” república comandada por Sarney se viam ameaçadas pelo “candidato zebra” Lula da Silva. A mesma elite que precisa dos seus representantes descarta facilmente, hoje ironizam Collor e Sarney que ontem garantiam as concessões de emissoras, financiamento público e privilégios, são tratados como “bandidos” pelos mesmos “amigos”. A direita é leal ao dinheiro, ao lucro e privilégios, pessoas são descartáveis.

Terceiro, mesmo que os governos do PT tenham sido um misto entre neoliberalismo e desenvolvimentismo, é inegável que as políticas sociais de transferência de renda somados a valorização do salário mínimo e surgimento de uma nova parcela para classe assalariada média de renda consumidora fez o país crescer economicamente.

Então porque a sensação de “corrupção, violência sem controle e alto custo de vida”? Nada mudou em termos de controle da ideologia, os efeitos do neoliberalismo nas políticas públicas, na educação, na saúde, enfim, todo processo que envolve o controle da sociedade, das relações sociais e alienação.
Desmontando brevemente um a um a corrupção está na raiz desta sociedade brasileira e intimamente ligada a uma elite que governa a parte do próprio Estado. De tempos em tempos cada força política usa a seu favor os instrumentos de controle da sociedade e a mídia é sempre a melhor forma, todo mundo fala de “manipulação de opinião” e ela tem certeza, pois reproduz todo dia essa opinião sem refletir ou pensar. Derrotar a cultura de corrupção é vencer as nossas próprias ganâncias e interesses particulares.

A violência sem controle também e grande manutenção dos picos de audiência são os mais engraçados, porque a mesma mídia que diz que estamos em uma “guerra civil” dos “cidadãos de bem contra os bandidos” é a mesma que passa programas de lugares, viagens e felicidade das festas nacionais. Você já viu alguma matéria na TV, rádio ou mídia virtual e impressa que repercutisse intensamente durante o carnaval? É o Brasil é seguro quando interessa.

E o alto custo de vida pode ser visto no aumento dos serviços no Brasil. Qual é família que se dirige ao mercado para aquelas intermináveis filas de compra para estoque como meio de sobreviver à inflação? E o acesso aos bens de consumo duráveis, quantos dias ou anos você deixou de ligar de um telefone público mesmo?

Podemos ter diferenças, inúmeras diferenças, mas uma coisa não se pode acusar o governo do PT, se você pertenceu a classe assalariada média e hoje aproveita os privilégios ou viu sua renda melhorar e ainda reclama parceiro você é muito oportunista.

Mas isso está na raiz da classe assalariada média, com o tempo não se reconhece como parte da classe trabalhadora e com o tempo abre mão de direitos e quer privilégios, o oportunismo se apega ao discurso mais fácil, “tudo é culpa do PT”.

Proponho, vá estudar historia (a formação sócia histórica do Brasil). Olhe para sua renda atual e sua trajetória de vida. Só essas comparações podem desmistificar um pouco do Brasil apresentado pela mídia e o real vivido.

Impedimento de Dilma é golpe! Golpe é um ato que causa ruptura com o legitimo. Legitimo é respeitar a democracia, mesmo limitada.

Impedimento de Dilma é golpe. Golpe porque a conjuntura de 1992 é diferente de agora 2015.

Impedimento de Dilma é golpe. Golpe é praticado por canalhas, gente pequena e uma massa de abobados que seguem o que a o porta voz das elites, a mídia, lhes diz.

Impedimento de Dilma é golpe. Golpe que não será tolerado pelos brasileiros e brasileiras que acreditam e querem uma democracia forte e não uma ditadura que vai governar da Fiesp ou de outra latrina subterrânea das elites.

Não estou dizendo que nada deve mudar. Estou dizendo que a mudança precisa ser do lado de cá. Lado que não viu uma vitória em termos de transformação da sociedade via reformas estruturais como reforma agrária, reforma urbana, reforma educacional popular, fortalecimento da Seguridade Social Pública, do sistema político, etc., apenas tivemos a abertura política lenta, gradual e restrita com uma redemocratização incompleta, uma constituição que não viu os direitos de cidadania efetivados no tempo necessário, fantasmas nos armários do Estado e fissuras como cicatrizes que não fecharam.

Para ser nação não basta ocupar as ruas.

Tem que transformar as relações sociais e políticas. E isso só interferindo no cotidiano, na vida diária e na cultura que cerca o povo.

A maioria da sociedade tem direito a cobrar o seu projeto, um projeto popular de país.


Ir as ruas é fácil, quero ver botar a mão na massa!