quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Conversa de bar.



Conversa de bar.

Esse calor promovido pelo maravilhoso “padrão” de vida do capitalismo neoliberal tem levado o preço da água, da cerveja e do debate as alturas. Ainda mais depois das eleições do ano passado onde houve tensão, muita tensão. 

É assim agora em tempos de seca no Cantareira e aquecimento global, enquanto houver água haverá cerveja que permitirá nossos debates a luz noturna dos bares.

Noutra noite foi desse jeito, reunidos num bar alguns parceiros entre um gol do Corinthians e outro do Once Caldas – a favor ou contra, agourando ou não (o timão é claro) viam o jogo e quando o bate bola não empolgava voltava a pauta de sempre, trabalho, família, problemas ali e aqui, onde um voltado do banheiro traz uma reflexão importantíssima: “-meu, e se a cerveja começar a vir da água do mar?”

Parados, um olhando pro outro, um dos parceiros já emendou: “-pior se for da merda!”
Risadas a parte o garçom na troca da garrafa leva a todos na mesa a um gesto automático, copos cheios e tomados como se fosse guardar no subconsciente o sabor “mágico” da “cerva”.

“-É culpa do PT!”, grita um deles, sabendo que o assunto mexe e remexe, mesmo assim provocou. Na TV a chamada do jornal global noturno mostrava como um mantra a pauta (PT-Petrobras-PT), sem levar em consideração o rol de forças políticas que rondaram e pilharam a estatal orgulho do povo brasileiro.

Discussões, defesas, justificativas e todo tipo de tese. Faltou sobrar para os aliens e os cunhados. Comparações e emoções também fizeram parte da conversa quando a “voz do deixa disso” interrompe, “-senhores, já ta quente demais, do jeito que vai vamos parar no inferno!”

Nova pausa.  Jogo, rodada de geladas, jogo – entre idas e vindas a conclusão (com  muita preocupação) era se o preço, o sabor e o acesso da “gelada” iria mudar, e com isso mudaria tudo, sim tudo.

O medo da mesa nem de longe era o Brasil, a Petrobrás, o PT, e os etceterás a mais, exclusivamente qual o sentido da vida em não ter mais a cerveja boa do dia a dia.

Fim de jogo, celulares tocando e meia volta para casa, os quatro parceiros aos poucos e depois de boas saideiras e conta paga o cotidiano chamava e desse jeito foi que terminou.

Em tempos de falta d’água, uns com necessidades, outros com precaução, mas há os que muito poucos não estão nem aí – seja porque tem e porque sua condição de classe permite. (nas regras dessa sociedade, claro!).

Enfim, o futuro da humanidade termina lá, numa conversa de bar.

PS 1.:  Este autor gosta e bebe sua “santa” cervejinha, portando nada tem contra quem bebe como hábito e para fazer a “coletividade”. 

PS 2.: Mas não debate apenas na mesa do bar, é militante e tenta fazer a sua parte na luta e na vida.