
Conversa de bar.
Esse calor promovido pelo maravilhoso “padrão” de vida do
capitalismo neoliberal tem levado o preço da água, da cerveja e do debate as
alturas. Ainda mais depois das eleições do ano passado onde houve tensão, muita
tensão.
É assim agora em tempos de seca no Cantareira e aquecimento
global, enquanto houver água haverá cerveja que permitirá nossos debates a luz
noturna dos bares.
Noutra noite foi desse jeito, reunidos num bar alguns parceiros
entre um gol do Corinthians e outro do Once Caldas – a favor ou contra, agourando
ou não (o timão é claro) viam o jogo e quando o bate bola não empolgava voltava
a pauta de sempre, trabalho, família, problemas ali e aqui, onde um voltado do
banheiro traz uma reflexão importantíssima: “-meu, e se a cerveja começar a vir
da água do mar?”
Parados, um olhando pro outro, um dos parceiros já emendou: “-pior
se for da merda!”
Risadas a parte o garçom na troca da garrafa leva a todos na
mesa a um gesto automático, copos cheios e tomados como se fosse guardar no subconsciente
o sabor “mágico” da “cerva”.
“-É culpa do PT!”, grita um deles, sabendo que o assunto
mexe e remexe, mesmo assim provocou. Na TV a chamada do jornal global noturno
mostrava como um mantra a pauta (PT-Petrobras-PT), sem levar em consideração o
rol de forças políticas que rondaram e pilharam a estatal orgulho do povo
brasileiro.
Discussões, defesas, justificativas e todo tipo de tese.
Faltou sobrar para os aliens e os cunhados. Comparações e emoções também
fizeram parte da conversa quando a “voz do deixa disso” interrompe, “-senhores,
já ta quente demais, do jeito que vai vamos parar no inferno!”
Nova pausa. Jogo,
rodada de geladas, jogo – entre idas e vindas a conclusão (com muita preocupação) era se o preço, o sabor e o
acesso da “gelada” iria mudar, e com isso mudaria tudo, sim tudo.
O medo da mesa nem de longe era o Brasil, a Petrobrás, o PT,
e os etceterás a mais, exclusivamente qual o sentido da vida em não ter mais a
cerveja boa do dia a dia.
Fim de jogo, celulares tocando e meia volta para casa, os
quatro parceiros aos poucos e depois de boas saideiras e conta paga o cotidiano
chamava e desse jeito foi que terminou.
Em tempos de falta d’água, uns com necessidades, outros com
precaução, mas há os que muito poucos não estão nem aí – seja porque tem e
porque sua condição de classe permite. (nas regras dessa sociedade, claro!).
Enfim, o futuro da humanidade termina lá, numa conversa de
bar.
PS 1.: Este autor
gosta e bebe sua “santa” cervejinha, portando nada tem contra quem bebe como
hábito e para fazer a “coletividade”.
PS 2.: Mas não debate apenas na mesa do bar, é militante e
tenta fazer a sua parte na luta e na vida.