quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Reforma ministerial do governo Dilma: ideais ou discursos, qual dos dois queremos ter?


O Brasil muda (um pouco e de forma atônita), neste primeiro dia de outubro. Para a maioria pouco importa, mudanças em Brasília são como assuntos distantes da realidade do "povão" que envolvida no discurso fácil da alienação a qual a elite bem prega a política está quase ao lado do câncer - devendo pelo senso comum - ser tratada mais como um problema sem cura do que a saída para mudanças.

Bom lembrar que patologicamente e contraditoriamente a ciência provou que de um vírus pode-se extrair a cura e as vacinas provam que é verdade. Porém a política não é ciência biológica ou exata, na forma que está, parece mais futebol.

Brincadeiras a parte, o que me motiva escrever sobre a reforma "sinisterial" são meus companheiros e companheiras de "armas" (defino armas a luta, a resistência, os espaços que disputamos e a condição que temos de estar lado a lado nos mesmos ideais), que antes defensores do governo e do partido entendiam (como eu) que nada seria tão pior, que o PMDB já tinha o suficiente para nos asfixiar e que a reforma ministerial seria um "troca troca de cadeiras", bem não foi assim e ainda foi pior.

Tão ruim que a noticia da mudança na saúde ter afetado menos pelo ministro e mais pelo gesto - por telefone e informando que o PMDB assumiria - colocando mais "bandidos" de colarinho para cuidar de um orçamento gigante (da saúde) e tão estratégico. 

Tão ruim que compas que fazem defesas até mais calorosas quanto a minha, estão perplexos. Notas inclusive se propondo a uma auto reflexão  sobre o momento que vivemos. 

Sei que corríamos riscos em 2014. Sei que as alianças estavam dadas. Mas sabia também que o segundo turno seria nosso e carregada com coragem não pelos "ratos de legendas", mas por militantes que compreendiam o risco de ter o país nas mãos de uma elite canalha, bandida e sedenta por retirar direitos sociais e dos trabalhadores. Carregamos esperanças, renovadas.

Nós que nos envolvemos no plebiscito popular por uma constituinte exclusiva e soberana do sistema político mais ainda ao alcançar 8 milhões de votos solidários e clamando por mudanças no atual sistema político. 

Ainda em 2014, precisamente setembro e outubro na PUC/SP, o que Dilma não sabe é que muitos apanharam e tiveram roupas e bandeiras rasgadas em seu nome e da democracia. E o que Dilma sabe? Sabe que pulamos com ela na frente do TUCA - teatro marcado pela luta pela democracia brasileira - palco novamente do clamor pela sua vitória. Ouvimos um discurso forte e que o lado de cá seria retribuído em mais mudanças.

2015 o primeiro ministério do segundo mandato do governo Dilma parecia ressaca de festa. Chiamos e quando a democracia foi ameaçada reagimos! Debaixo de chuva dissemos: "Estamos contigo!" E nem um beijo de agradecimento venho do Palácio do Planalto.

De lá pra cá a cada ação da direita golpista um ato ou manifestação. Reações reais, virtuais e carnais de ambos os lados. Golpe e Democracia se enfrentam em discursos. Do Planalto apenas comentários do lado de lá, os golpistas merecem mais atenção que os que defendem o mandato legitimo e democrático.

A cada medida de governo como ajuste fiscal, mais espaço para aliados, concessões e cessões de princípios as elites, a sua mídia e seus comparsas, medidas duras contra o assalariado e ameaças aos "ricos" (veja a diferença entre medidas e ameaças, um se realiza o outro é bravata), recuo de ideais (negociar a redução da idade é negociar a vida dos nossos adolescentes), redução de ministérios (um ajuntamento que promoverá para baixo a luta das mulheres, do povo negro e dos Direitos Humanos com o ministério da "cidadania" o tudo que gera nada se faz presente), e agora? 

Agora novas mudanças que acalmam poucos interesses, deseducam  e apontam para uma péssima simbologia: "o acharque vale a pena!"

Do partido apenas silêncio. Cautela diante da derrota. Novamente a cautela como tática. Até quando? Porque chamar de seu um governo que é dos outros? Há mais dignidade em afirmar que o PT compõe um governo de coalizão do que dizer que dirige o que está "indirigível". Na coalizão poderíamos nos rebelar de forma mais digna.

Che, o velho Guevara dizia que discurso e ideais deveriam andar juntos. Gestos falam mais por mil palavras, como o ministro que pega a fila da água, se submete ao trabalho voluntário em apoio dos demais, enfim, esse era o ministro Che Guevara. A quem o socialismo era mais do que discursos, também execício real do fazer.

O que quero dizer com isso? 

Simples, podemos até depositar novas esperanças em "lideres", "mártires" ou qualquer coisa que o valha em 2018, sabendo que estamos errados e que poderemos apenas retardar e contribuir para uma reação mais violenta desta direita esquizofrênica, contudo o peso do discurso não poderá ser maior que os ideais, que de fato carregam a nossa dignidade.

Me somo aos que estão perplexos, reflexivos e atônitos. Nos somaremos na frente Brasil Popular ou em qualquer iniciativa que apresente e diga que um projeto político está em disputa. 

Não seremos beneficiados pelas mudanças que queremos promover, somos aqueles que numa mudança promovem a demolição, porém parte da construção de uma nova sociedade será pelo exemplo daqueles que a iniciaram.

Saudações socialistas, aos que como eu estão de marreta e certeza de que essa demolição precisa de mais gente disposta a promove-la.