terça-feira, 23 de outubro de 2012

Eleições 2012, a indiferença do eleitor (a) foi o grande vencedor!


Eleições 2012, a indiferença do eleitor (a) foi o grande vencedor!

O eleitor está mudando? Os cidadãos e cidadãs estão mudando? Isso se observa nas escolhas para representantes no Brasil e em especial em nossa cidade.

Se considerarmos o fator representatividade olhamos para o Poder Legislativo e percebemos que mais de 140 mil eleitores votaram para eleger os 34 vereadores (as) numa cidade onde mais de 800 mil são eleitores num total de cerca de 1 milhão e 300 mil habitantes.

A conta não fecha? Sim não fecha porque ser vereador (a) para a população em geral não significa muita mudança local ou em geral na política.

Então porque tivemos só em Guarulhos o maior número de candidatos (as), onde só perdemos para a capital fluminense no Rio de Janeiro? Simples, o aumento do numero de partidos e a forte pulverização dos nichos da política local, ou seja, lugares onde haviam candidatos (as) tradicionais foram ocupadas por candidatos que ora foram seus apoiadores ou a própria renovação que sempre bate na casa dos 50% das vagas nas Câmaras.

É importante não mudar o foco do debate como o que foi ouvido nas ruas e que em vez de colaborar para o avanço da qualidade da democracia servem como cortina de fumaça contra o que é mais importante: valorizar a participação política.

A generalização por parte dos meios de comunicação não contribuem para o processo democrático e assim podemos pontuar:

  1. “Todo político é ladrão ou corrupto” - o incentivo a esse tipo de opinião destroí a democracia, porque é um pré julgamento de todos (as) em detrimento de uma parcela de representantes e candidatos (as) com propostas, projetos políticos e ideologia;
  2. “O horário eleitoral devia ser extinto” - a concessão dos meios de comunicação é pública e de poder do Estado Brasileiro através dos seus poderes, o uso comercial portanto é um direito econômico, a população tem o direito de ver, ouvir e comparar ideias e devendo ser exibidas de forma que atenda o chamado democrático das eleições. Por isso as redes de TV e rádio devem dicar quietinhas, porque se tem a concessão é devido a democracia, não fazem nada além da sua obrigação;
  3. “Todo mundo promete e não cumpre” - a dependencia política da sociedade sobre os seus representante sé o pior medidor que indica baixa participação política. Isso só pode ser mudado com participação e presença que vai desde as organizações da sociedade que acompanham o trabalho dos vereadores (as) e dos governos, a ausência de consultas, plebisicitos e referendos que não permite a decisão soberana do povo sobre grandes temas, vamos lembrar que o último plebiscito foi em 1993 (sobre o sistema de governo) e o único referendo foi em 2005 (sobre a comercialização de armas de fogo);

Outro grande derrotado pela apatia da sociedade são os grupos ou candidatos (as) que defendem ideias ou segmentos, onde as mulheres foram as que mais perderam pois em Guarulhos haviam na última legislatura cinco vereadoras, agora se elegeram duas ambas iniciantes no legislativo.

Culpa das mulheres? Não. Existem o enfraquecimento dos debates quanto a presença ou a defesa de ideias ligadas aos direitos destes segmentos como mulheres, negros (as), lgbt, jovens, idosos, etc., a fragilidade em candidatos (as) que defendem políticas públicas marcou as campanhas, parecendo que concorriam ao cargo os mais “honestos”, “limpos” sob a bandeira da “saúde e da educação”, destacando-se pouco outras reivindicações populares.

O voto distrital imposto de forma fragmentada também prevaleceu. Figuram entre os vitoriosos os representantes carnais de bairros ou regiões figurando o chamado reduto, seja pelas mais longas formas de retribuição do voto “em troca de” marcou fortemente essa forma de conquista do eleitor (a).

Para quem defende o voto distrital uma reflexão apenas: Guarulhos tem oficialmente 46 regiões com diversos bairros neles distribuidos, com uma Câmara de Vereadores (as) de apenas 34 representantes. Ou se reúnem regiões ou aumenta-se cadeiras de representantes, o risco esta justamente na formula para baixo: diminuir representantes. Isso sim é a ameaça a democracia.

Quanto menos representantes mais poderes nas mãos de poucos! Por isso qualquer país democrático que se preze aumenta representantes sem aumentar custos e qualifica o processo de escolha, e isso só com reforma política!

E a esquerda socialista? Esta é a maior derrotada nestas eleições municipais.

Com candidatos (as) espalhados por diversos partidos que vão desde o PT, Psol, Pstu e demais agremiações, estes candidatos (as) buscaram qualificar o debate, dislogar com a população, apresentar um programa político, mostrar a possibilidade de alternativa política contra a ordem e ter ideologia contida nas suas campanhas. Todos (as) foram derrotados.

Não recorreram as espertezas do processo eleitoral atual, como por exemplo: não compraram votos, não torcaram o voto por ajuda (de qualquer tipo), não se corromperam para meios sujos de financiamento, não coagiram o eleitor, etc., e por isso não chegaram nas vontades mais intimas de uma parte dos eleitores (as).

Quem não quis ficar de mal com ninguém ou não conheceu estas candidaturas votou na legenda. Ou seja ajudaram as candidaturas mais fortalecidas.

Essa indiferença vinda principalmente das categorias de renda média da população, a chamada “classe média”, tão assalariada quanto os que trabalham por um salário mínimo se valeram da máxima do “não é comigo” e do voto familiar e de amizade (o tio, o cunhado, o padeiro, o açougueiro, etc), e assim preferiram jogar na vala dos comuns as candidaturas da esquerda socialista.

Ea pobreza que atinge diretamente as candidaturas da esquerda socialista, porque não há como competir agora contra quem paga em $ o pão de hoje, enquanto nós pregamos pela luta o pão de amanhã.

Bem esta foi mais uma eleição que passou. É hora de analisar, avaliar, não fechar nossos olhos e opiniões sobre um fator apenas, mas ter uma certeza: precisamos tirar boas lições para que o dia a dia e o futuro sejam diferentes.

Wagner Hosokawa
Outubro de 2012.