Eleições 2012, a
indiferença do eleitor (a) foi o grande vencedor!
O eleitor está
mudando? Os cidadãos e cidadãs estão mudando? Isso se observa nas
escolhas para representantes no Brasil e em especial em nossa cidade.
Se considerarmos o
fator representatividade olhamos para o Poder Legislativo e
percebemos que mais de 140 mil eleitores votaram para eleger os 34
vereadores (as) numa cidade onde mais de 800 mil são eleitores num
total de cerca de 1 milhão e 300 mil habitantes.
A conta não fecha? Sim
não fecha porque ser vereador (a) para a população em geral não
significa muita mudança local ou em geral na política.
Então porque tivemos
só em Guarulhos o maior número de candidatos (as), onde só
perdemos para a capital fluminense no Rio de Janeiro? Simples, o
aumento do numero de partidos e a forte pulverização dos nichos da
política local, ou seja, lugares onde haviam candidatos (as)
tradicionais foram ocupadas por candidatos que ora foram seus
apoiadores ou a própria renovação que sempre bate na casa dos 50%
das vagas nas Câmaras.
É importante não
mudar o foco do debate como o que foi ouvido nas ruas e que em vez de
colaborar para o avanço da qualidade da democracia servem como
cortina de fumaça contra o que é mais importante: valorizar a
participação política.
A generalização por
parte dos meios de comunicação não contribuem para o processo
democrático e assim podemos pontuar:
- “Todo político é ladrão ou corrupto” - o incentivo a esse tipo de opinião destroí a democracia, porque é um pré julgamento de todos (as) em detrimento de uma parcela de representantes e candidatos (as) com propostas, projetos políticos e ideologia;
- “O horário eleitoral devia ser extinto” - a concessão dos meios de comunicação é pública e de poder do Estado Brasileiro através dos seus poderes, o uso comercial portanto é um direito econômico, a população tem o direito de ver, ouvir e comparar ideias e devendo ser exibidas de forma que atenda o chamado democrático das eleições. Por isso as redes de TV e rádio devem dicar quietinhas, porque se tem a concessão é devido a democracia, não fazem nada além da sua obrigação;
- “Todo mundo promete e não cumpre” - a dependencia política da sociedade sobre os seus representante sé o pior medidor que indica baixa participação política. Isso só pode ser mudado com participação e presença que vai desde as organizações da sociedade que acompanham o trabalho dos vereadores (as) e dos governos, a ausência de consultas, plebisicitos e referendos que não permite a decisão soberana do povo sobre grandes temas, vamos lembrar que o último plebiscito foi em 1993 (sobre o sistema de governo) e o único referendo foi em 2005 (sobre a comercialização de armas de fogo);
Outro grande derrotado
pela apatia da sociedade são os grupos ou candidatos (as) que
defendem ideias ou segmentos, onde as mulheres foram as que mais
perderam pois em Guarulhos haviam na última legislatura cinco
vereadoras, agora se elegeram duas ambas iniciantes no legislativo.
Culpa das mulheres?
Não. Existem o enfraquecimento dos debates quanto a presença ou a
defesa de ideias ligadas aos direitos destes segmentos como mulheres,
negros (as), lgbt, jovens, idosos, etc., a fragilidade em candidatos
(as) que defendem políticas públicas marcou as campanhas, parecendo
que concorriam ao cargo os mais “honestos”, “limpos” sob a
bandeira da “saúde e da educação”, destacando-se pouco outras
reivindicações populares.
O voto distrital
imposto de forma fragmentada também prevaleceu. Figuram entre os
vitoriosos os representantes carnais de bairros ou regiões figurando
o chamado reduto, seja pelas mais longas formas de retribuição do
voto “em troca de” marcou fortemente essa forma de conquista do
eleitor (a).
Para quem defende o
voto distrital uma reflexão apenas: Guarulhos tem oficialmente 46
regiões com diversos bairros neles distribuidos, com uma Câmara de
Vereadores (as) de apenas 34 representantes. Ou se reúnem regiões
ou aumenta-se cadeiras de representantes, o risco esta justamente na
formula para baixo: diminuir representantes. Isso sim é a ameaça a
democracia.
Quanto menos
representantes mais poderes nas mãos de poucos! Por isso qualquer
país democrático que se preze aumenta representantes sem aumentar
custos e qualifica o processo de escolha, e isso só com reforma
política!
E a esquerda
socialista? Esta é a maior derrotada nestas eleições municipais.
Com candidatos (as)
espalhados por diversos partidos que vão desde o PT, Psol, Pstu e
demais agremiações, estes candidatos (as) buscaram qualificar o
debate, dislogar com a população, apresentar um programa político,
mostrar a possibilidade de alternativa política contra a ordem e ter
ideologia contida nas suas campanhas. Todos (as) foram derrotados.
Não recorreram as
espertezas do processo eleitoral atual, como por exemplo: não
compraram votos, não torcaram o voto por ajuda (de qualquer tipo),
não se corromperam para meios sujos de financiamento, não coagiram
o eleitor, etc., e por isso não chegaram nas vontades mais intimas
de uma parte dos eleitores (as).
Quem não quis ficar de
mal com ninguém ou não conheceu estas candidaturas votou na
legenda. Ou seja ajudaram as candidaturas mais fortalecidas.
Essa indiferença vinda
principalmente das categorias de renda média da população, a
chamada “classe média”, tão assalariada quanto os que trabalham
por um salário mínimo se valeram da máxima do “não é comigo”
e do voto familiar e de amizade (o tio, o cunhado, o padeiro, o
açougueiro, etc), e assim preferiram jogar na vala dos comuns as
candidaturas da esquerda socialista.
Ea pobreza que atinge
diretamente as candidaturas da esquerda socialista, porque não há
como competir agora contra quem paga em $ o pão de hoje, enquanto
nós pregamos pela luta o pão de amanhã.
Bem esta foi mais uma
eleição que passou. É hora de analisar, avaliar, não fechar
nossos olhos e opiniões sobre um fator apenas, mas ter uma certeza:
precisamos tirar boas lições para que o dia a dia e o futuro sejam
diferentes.
Wagner Hosokawa
Outubro de 2012.