São os traficantes agora? Quem é o
culpado?
O protesto que parou um trecho da
rodovia Fernão Dias na Zona Norte contra o assassinato do jovem
Douglas (veja a matéria:
http://noticias.terra.com.br/brasil/policia/protesto-contra-morte-de-jovem-bloqueia-fernao-dias-na-zona-norte-de-sp,491f86189e002410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html)
, e que resultou na prisão do policial militar que atirou a queima
roupa vai fazer três meses. Quando houve a manifestação muito se
especulou e as criticas da direta a esquerda foram as piores
possíveis.
Com as cenas cirurgicamente escolhidas e a imagem de jovens dirigindo caminhões, ateando fogo em ônibus e a polícia descendo o sarrafo nos manifestantes ofuscaram só uma coisa: o fato dos protestos terem sido realizados após o enterro de Douglas.
Com as cenas cirurgicamente escolhidas e a imagem de jovens dirigindo caminhões, ateando fogo em ônibus e a polícia descendo o sarrafo nos manifestantes ofuscaram só uma coisa: o fato dos protestos terem sido realizados após o enterro de Douglas.
Eu, como militante de esquerda,
entendi, analisei, compreendi e avaliei diferente, ao ponto de ser
criticado de estar ao lado dos “traficantes” que “coordenavam
os atos”. Agora não podemos esconder que houve intenção da grande imprensa fazer o que ela queria: criminalizar os pobres!
Sim, criminalizar. Vamos aos fatos,
nesses três meses nem a família de Douglas viu nenhum gesto do
governo do estado, do governador Alckimin, da secretaria de segurança
pública, do ministério público ou corregedoria da PM sobre como
será o desenrolar dos fatos e da justiça a ser feita.
Já a região da Zona Norte de São
Paulo também não viu nenhuma ação efetiva da prefeitura, e eu
tenho a obrigação de dizer, do prefeito Haddad, que poderia na
contramão da ação violenta do policial do governo estadual ter
declinado parte (só uma parte) de seus esforços para aquela região.
A região da Vila Medeiros concentra os bairros Jd. Brasil e Jd. Julieta, áreas que possuem periferias conhecidas e fazem divisa com Guarulhos na grande São Paulo, pelo mapa social da prefeitura paulistana os serviços de assistência social são poucos em comparação com as demais regiões e consultando o http://pt.wikipedia.org/wiki/Vila_Medeiros, observamos que a concentração de serviços estão mais nos centros comerciais, ou seja, longe da população que poderia ter acesso.
A divisa com Guarulhos é exemplo de como a fronteira dos municípios ainda guardam desafios para as gestões públicas, muitas moradias em situação precária, ocupações irregulares, pobreza e poucos, poucos serviços públicos e interação entre seus moradores que dividem-se entre duas cidades sua cidadania.
Se contrapondo as soluções militares
do governo Alckmin que quem atuado apenas na repressão com operações
como o “saturação” que representam apenas a estética da
segurança que ficam por um tempo mas não levam absolutamente nada
de políticas sociais.
Haddad poderia ter levando parte das
ações do programa Juventude Viva, poderia ter potencializado os
espaços públicos na fronteira e nas margens da rodovia Fernão
Dias, poderia ter dado uma resposta daquelas que só o pT pode dar.
Mas ainda não deu.
E a vida caminha num trecho que
contrasta entre a beleza da mata da Serra da Cantareira e dos bairros
que ficam margeando a região, das transportadoras e do sentimento de
ausência de direitos para uma juventude que tinha (pelo menos) nos
pancadões uma forma de diversão, que por sinal poderia ter outra
direção caso houvessem ações para potencializar a vida da
juventude nos bairros.
Pior é como a vida segue: se matam um
jovem e o protesto é radical são os traficantes, se a comunidade é
passiva são os traficantes, enfim, que poder tem estes traficantes
sobre o governo do estado e a prefeitura paulistana, heim!
Devemos todos e todas pensar que estas
questões não serão resolvidas por governo X ou Y se não houver
outro ponto que é fundamental: projeto político alternativo e
autoridade para fazer.
Não digo arrumar uma praça, mas
envolver de forma participativa. Aí temos muito que elogiar a
iniciativa do governo Haddad em criar e fazer acontecer os Conselhos
Participativos da cidade de São Paulo, desde que seja pra valer!
Douglas, mais do que justiça merece
uma sociedade que responda “porque o sr. atirou em mim” e “como
podemos acabar com esse genocidio sem usar a força militar”
Três meses e a vida não parou na Zona
Norte. Mas a justiça sim!