segunda-feira, 30 de março de 2015

O ajuste chama à responsabilidade também o andar de cima.


30/03/2015



O ajuste chama à responsabilidade também o andar de cima


O senador Paulo Paim (PT-RS) é contra o pacote de ajuste fiscal do governo e afirma não ter condições de votar a favor da proposta

Edla Lulaelula@brasileconomico.com.breJosé Negreirosjose.negreiros@brasileconomico.com.br 


O sr. saiu de uma conversa com o ex-presidente Lula decidido a trabalhar contra as MPs do ajuste fiscal. Foi um conselho de Lula?

A conversa com o presidente Lula foi muito positiva, tranquila. Relatei a ele meu constrangimento com as MPs 664 e 665, chamadas de ajuste fiscal, mas que eu chamo de arrocho social. Não tenho condições de votar contra um pescador. Não posso dizer que o pescador que ganha o Bolsa Família não tem direito ao seguro defeso: ou um, ou outro. Qual é a alegação? Que no período em que ele não está pescando, está ganhando o Bolsa Família? Mas o contra-argumento que eu coloco é que, durante o período em que ele está pescando, tem o Bolsa Família e tem o resultado da pesca. No período em que ele é proibido de pescar, em defesa do meio ambiente e da reprodução dos peixes, ele para de receber o fruto da pesca dele, o seguro defeso entra para suprir a falta do resultado da pesca. Tem que continuar recebendo o Bolsa Família, que é uma renda complementar. Também não posso retirar abono salarial do cidadão que ganha até dois salários mínimos, quando todos nós sabemos que existem empresas, inclusive estatais, que têm 14º e até 15º salário. E não são dois salários mínimos, chega a R$ 30 mil ou a R$ 50 mil.

Lula foi contra o ajuste?

Não digo que seja contrário. Ele falou com todas as letras que o governo tem que negociar com as centrais e com o Congresso uma alternativa a essas MPs.

Ele foi solidário com sua decisão de votar contra as MPs?

Foi solidário a mim. Perguntou onde está escrito no estatuto do partido que eu não posso votar contra o governo. Lula disse que as MPs do ajuste vão contra tudo aquilo que nós pregamos ao longo de nossas vidas e que eu sempre defendi dentro do Senado.

Qual é a sua proposta?

Tem que dividir esse tal de ajuste com o andar de cima. Por que dividir só com o andar de baixo? O trabalhador tem direito ao 14º para ter pelo menos um natal um pouquinho melhor. O valor é de apenas um salário mínimo. Vamos tirar? Reduzir este valor? Fomos nós que criamos o 14º como uma forma de distribuir mais renda. Não é isso que vai resolver o problema da Previdência. O grande devedor da Previdência não é o peãozinho que ganha até dois salários mínimos. A dívida dos grandes devedores da Previdência ultrapassa R$ 500 bilhões. Há diversas formas de corrigir distorções e arrecadar mais sem tirar de quem mais precisa, daquele que recebe de dia para comer de noite. É isso que nós não conseguimos entender. Se é para votar contra os que mais precisam, prefiro voltar para casa.

O sr. pretende sair do PT? 

Estou refletindo tudo isso. Tenho dialogado com inúmeros senadores que estão preocupados e com o olhar além do horizonte. As MPs foram a gota d’água que precisa ser olhada, porque ela pode virar uma tempestade. Elas entram em choque com tudo aquilo que a gente pregou ao longo das nossas vidas. Temos que olhar com sabedoria para essas coisas e com uma visão estratégica e tática para o futuro daqueles que defendem e querem que a gente construa uma sociedade melhor para todos. Se conseguirmos negociar as MPs e sair deste momento de confronto em que entramos entre governo e setores mais progressistas da sociedade, acho que dá para dar a volta por cima e continuar numa linha de crescimento, maturidade e responsabilidade com o momento da história.

As recentes manifestações refletem este momento?

Sim. E isso deve ser pensado por todos nós. Não dá para desconhecer que houve o dia 15 de março. Não dá para negar que naquele 15 de março quase dois milhões de pessoas foram às ruas. Não enxergar isso é um erro tático, estratégico e histórico, de desconhecimento da história da humanidade. Dizem que a maioria pertencia à classe média. Mas a história da humanidade mostra que a classe média influencia as classes de baixo. Seremos irresponsáveis se não soubermos avaliar este momento e mudar o rumo dessa história que está sendo construída, antes que essas classes todas rebeldes, que estão ficando inquietas, venham para a rua.

Se olharmos para a história recente do Brasil, estamos na pior situação?

Este é o pior momento, sem dúvida. Depois da era Collor, é o pior momento. Nunca vimos nas ruas tantos milhões de pessoas. O dia 15 de março me fez lembrar as Diretas Já. É uma situação complicada, que nos deixa a todos com uma certa fragilidade. Mas sempre cientes de que a democracia tem que ser fortalecida.

O sr. se sentiu traído em sua causa, com a edição das MPs?

Vou repetir o que eu disse para o Lula: eu moro, em Canoas, num bairro de classe média. Mas moro do lado do Conjunto Habitacional Guajuviras. Quando Dilma ganhou as eleições, não foi o meu bairro que foi pra rua comemorar, foi Guajuviras o bairro pobre que eu ajudei a ocupar na década de 80, quando já era deputado. Foi essa gente humilde que festejou a vitória de Dilma. Agora, quando eu vou às comunidades ou à porta das fábricas, me perguntam o que aconteceu. As pessoas se sentem enganadas. Esse povo para quem eu dediquei toda a minha vida está se sentindo enganado.

O governo argumenta que está corrigindo distorções.

Mas corrigem distorções só no andar de baixo? Por que não trabalham também com o andar de cima? Poderiam debater a taxação das grandes fortunas ou das grandes heranças. Poderiam fazer a reforma tributária. Todo mundo sabe que quem paga imposto neste país é o pobre. O governo precisaria enfrentar o debate da corrupção na arrecadação da Previdência e do FGTS. Quem faz o desvio de conduta ali não é o pobre, porque este faz o desconto na folha de pagamento. Os grandes devedores da Previdência não são os mais pobres. Os poderosos deste país devem, e devem muito para a Previdência. O governo poderia cobrar deles. Por que não aumenta o número de fiscais do Trabalho, da Receita e da Previdência? Nós multiplicamos para mais de 200% o número de empresas. Nós dobramos o número de trabalhadores no mercado formal, saímos de 20 milhões e passamos para 40 milhões de trabalhadores com carteira assinada. Diminuímos pela metade o que tínhamos naquele período.

Com a popularidade tão baixa, o sr. acredita que governo tenha poder político para tentar aprovar essa proposta, que vai contra poderosas forças políticas ? 

O ajuste pede para chamar à responsabilidade os brasileiros do andar de baixo, mas devia chamar também as do andar de cima. É preciso chamar as grandes forças políticas para um diálogo sobre esses temas. Elas não vão concordar com uns pontos, mas podem concordar com outros. Enquanto o mundo estava em crise, nós aqui estávamos em pleno emprego e praticamente todo mundo estava ganhando bem, tanto empregado quanto empregador. Agora, a coisa apertou para todo mundo. Ninguém quer quebrar o país, nem o empresariado nem o trabalhador. É preciso realizar uma grande concertação, um grande pacto para o país sair desta situação. Mas ninguém quer pagar a conta sozinho. É esta situação que está levando à indignação que vemos nas ruas.

Entre as 47 emendas que o sr. fez às MPs, está o fim do fator previdenciário, usado no cálculo da aposentadoria proporcional. O sr. acha que cabe discutir o tema agora?

O fator previdenciário já fez toda maldade que poderia fazer. Hoje ele depõe contra o trabalhador e contra o governo. Por isso acho que este é, sim, o momento apropriado. Hoje, alguém que está na fábrica ganhando R$ 10 mil, se aposenta pelo fator e continua trabalhando na fábrica. Passa a ganhar R$ 13 mil. Mais na frente, entra com o instituto da desaponsentação e vai se aposentar com o salário integral da Previdência. A tal de hipótese de que o fator inibe a aposentadoria precoce é bobagem. Qualquer técnico vê isso.

Que fórmula o sr. defende?

A fórmula 85/95 que já existe para o servidor. A mulher se aposentaria com 55 anos de idade e 30 de contribuição. O homem com 60 de idade e 35 de contribuição. Estaríamos entrando na idade mínima. Hoje as pessoas se aposentam com 50 anos. O governo tem que enfrentar esse tema. Chamar os especialistas para conversar. Não se trata de novidade, porque já existe para o servidor público. Só vai estender para o Regime Geral da Previdência.

O ministro da Previdência, Carlos Gabas, já se disse favorável, mas não acha apropriado discutir o fator previdenciário agora. Há espaço?

Antes dele, Garibaldi (Alves, antecessor de Gabas) já dava sinais de que concordaria e de que já estaria no momento de discutir. Gabas deu entrevistas falando a favor. As pessoas que entendem do assunto concordam. Poderíamos pegar esse pacote que o governo mandou e fazer do limão uma limonada, ajustar o pacote. As centrais sindicais estão certas quando falam que o correto seria devolver as MPs. Mas eu até aceito discutir e fazer aquilo que é possível, melhorando a redação para os trabalhadores e colocar na discussão o fator. 

Que pontos o sr. julga fundamental serem alterados?

Além do fator previdenciário, diminuir a loucura do seguro desemprego. Numa rotatividade como a que existe no país, não há como o trabalhador esperar 18 meses para receber o seguro desemprego. Também é preciso mexer nos 50% das viúvas, subir aquilo lá. Tirar essa bobagem do pescador. Se existe fraude, fiscaliza, confere. Há pelo menos quatro ou cinco pontos que precisam ser ajustados. O abono também não precisa mexer. Há quem diga que mexer no abono é inconstitucional porque ninguém pode ganhar menos que um salário mínimo.

No primeiro mandato do presidente Lula também houve uma reforma previdenciária, da qual o sr. participou. Qual a diferença entre aquele debate e este?

Lula veio com todo fôlego, tinha muita gordura para gastar e uma credibilidade enorme. Tive um embate duro com os ministros dele na época. Conversando com Lula, chegamos à ideia da PEC paralela. A primeira vez que recebi uma vaia na vida foi quando defendi a PEC paralela. Ninguém acreditava que eu fosse conseguir aprovar. Os trabalhadores diziam que era um engodo. Mas o governo negociou e conseguimos aprová-la um ano depois da reforma previdenciária. Até hoje os trabalhadores agradecem pela PEC paralela.

Naquela época, vários políticos deixaram o PT e acabou sendo criado o Psol. Estamos vivendo algo parecido? Haverá uma debandada? 

A Marta (Suplicy) está aí. Há um descontentamento muito grande. No Senado as pessoas estão se sentindo incomodadas e desconfortáveis. Não só com as MPs, mas com o rumo que está sendo dado. Esperamos que a gente consiga avançar no diálogo. Se não avançar, haverá sequelas.

A consequência poderá ser a criação de um novo partido, ou o sr. pretende entrar em outro já existente?

Fazer uma fusão é interessante. Se já existe uma estrutura, é possível fundir com outro partido e não perder o mandato.

O que será feito do PT?

O PT segue sua história.

Mas o sr. é figura histórica no PT... 

O PT precisa voltar às suas raízes. Voltar não é retroceder. Voltar às suas raízes significa cultivar a essência dessa matriz que foi sonhada e embalada por todos nós que fazíamos campanha de bicicleta, a pé, com bandeira na mão por todo o país. Hoje as bicicletas são as redes sociais. É preciso olhar para além do horizonte sabendo que a gente pode continuar neste sonho e chegar lá. Se o PT não fizer essa reflexão de caminhada coletiva, como foi no passado, e ficar só um ou outro pensando em se eleger para isto ou para aquilo, preocupado com cargo, teremos uma situação ruim para o PT.

Como o sr. avalia a atuação dos ministros da coordenação política no diálogo com o Congresso?

A política de um presidente tem que ser a de um estadista. Se não der a linha, os comandados não sabem como agir. Eu não quero, e seria descabido, desleal, apontar um ou outro ministro. Compete à presidenta dar a linha para os seus comandados e eles é que têm que seguir esta linha e fazer irradiar o seu ponto de vista e construção da política. Não são eles que têm que dar o tom. É a presidenta.

E onde está a falha?

Está na forma como nós — não só o PT, mas toda essa composição que hoje governa — estamos dirigindo o país. O governo não está bem. E o PT tem a obrigação de, com uma certa rebeldia, contribuir para que se volte para os trilhos.

É possível voltar ter a pureza do partido e conviver com o poder? 

É possível. O PT sairá desta caminhada tão tumultuada se souber extrair o que há de melhor para o crescimento, sabendo entender o momento que todos passamos.

Isso inclui os recentes escândalos de corrupção, que começaram com o mensalão? 

Inclui. Tanto o mensalão quanto o petrolão são condutas que nós, da base petista, não aceitamos.

A que o sr. atribui esses casos de propina. Atendem a interesses individuais, ideológicos, para fortalecer o partido, ou refletem o sistema político brasileiro? 

São indivíduos que se posicionaram de forma deslumbrada com o poder e tiveram desvio de conduta. Não dá para cair no jargão de que todo político é ladrão. Um deputado me contou que a história do filho dele. Quando descobriram que o garoto era filho de deputado, as outras crianças passaram a dizer “é filho de ladrão. Se é filho de ladrão, ladrãozinho é”. Não dá para a gente condenar as instituições pelo erro de alguns. Quem fez o erro vai ter que responder pelo erro que fez. Mas não há sistema melhor no mundo do que a democracia. Temos que defender a democracia, apesar dos indivíduos que erraram.

De que maneira a reforma política, que está em discussão no Congresso, poderia contribuir?

O grande problema é o financiamento privado de campanha. Se para a população não cai bem aprovar um projeto de financiamento totalmente público, então deve se limitar. O candidato não poderá gastar mais do que “x”, que este “x” seja algo decente para todos os candidatos. Num país como o nosso, não pode o cara gastar R$ 40 milhões para se eleger senador ou R$ 20 milhões para se eleger deputado. Isto é vender a alma para o diabo. Nenhuma empresa vai financiar campanha sem cobrar o preço. Quando as forças econômicas passam a dominar o Congresso Nacional, há um vinculo automático com a corrupção no imaginário das pessoas.

O sr. acredita que, com a queda da popularidade, a presidenta perdeu a iniciativa política?

Ela tem que agir mais. Para agir mais, tem que chamar os atores. Sozinha, ela não vai fazer nada. Eu chamaria inclusive os ex-presidentes da República para a mesa. O momento da economia nacional é tão complexo que é preciso ter a humildade de que cometeu alguns equívocos e fazer os ajustes junto com os outros. O processo eleitoral será daqui a três anos, quem ganhou, ganhou.

Mas ela terá essa humildade? Terá capacidade de ceder?

Há momentos na vida que, por mais que se tenha posição firmada, não tem como não mudar de rumo ou vai ser atropelada. Isso ninguém quer. Faço críticas a Dilma, mas a conheço há mais de 30 anos, quando era sindicalista, e sei da inteligência e da capacidade dela. Dilma e Carlos Araújo (ex-marido de Dilma) fizeram minha campanha de oposição ao Sindicato dos Metalúrgicos, entregavam boletim em porta de fábrica. Ela sempre me apoiou nas minhas candidaturas a deputado e senador.

Quando foi a última vez que o sr. conversou com a presidenta?

A última vez que tive esta oportunidade foi em 2010, na negociação da política do salário mínimo. Eu tinha e tenho uma visão de que não se pode excluir os aposentados do cálculo do PIB. Ela me chamou, fez uma longa discussão para convencer de que não era possível incluir os aposentados. Mas eu pedi a ela a garantia de que esse debate, para incluir os aposentados, continuaria. Ela disse que sim.

O que Lula espera do governo?

O que Lula fala é que a presidenta tem que conversar mais, dialogar mais, chamar os poderes constituídos. É a arte de fazer política.

Ele acha que tem que trocar ministro? 

Comigo ele não fala em troca de ministro. O que ele fala é que tem de gostar de conversar. Fui constituinte com Lula. É um grande articulador. E no palanque só conheci dois com a capacidade de contaminar as pessoas: Lula e Brizola. O Brasil precisa de estadista para ajudar esta grande concertação, independente de ser situação ou oposição. No momento, tem que dialogar, inclusive com a oposição.

Ela colocou no Ministério da Fazenda Joaquim Levy, considerado um grande fiscalista, respeitado pelo mercado. O ajuste que o sr. critica é conduzido por ele. Onde Levy errou?

O grande erro desse fiscalista que o governo contratou foi que ele só atacou o andar de baixo. Só atacou a gente do porão. Essa gente que mais sofreu e que mais nos apoiou ao longo da nossa história.

O Senado discutirá esta semana o projeto da Câmara que obriga o governo a cumprir a lei, sancionada em novembro, que muda o indexador da dívida dos estados. Este é um assunto de interesse do seu estado. Como o sr. vai se posicionar? 

Votarei tranquilamente e de cabeça erguida pelo projeto que revê as dívidas dos estados. O Congresso aprovou e a presidenta sancionou, mas não regulamentou. Temos que ter clareza que o nosso papel aqui é negociar. O governo errou e vamos reconhecer que errou. O espaço do Congresso é para negociar. Se o governo errou, corrigimos o erro aqui. Faz parte da democracia.

O problema está no governo, na presidenta ou no PT?

É voz corrente que está havendo a falta de diálogo. Falta admitir o que está errado e dar os passos para colocar o Brasil nos trilhos. Por que não chamar o Conselhão da época do Lula? Tem que chamar o empresário, chamar o trabalhador. O que não dá é para atender só de um lado e não ter contrapartida nenhuma para o trabalhador. Com todo este problema que o governo está enfrentando aqui, eu estou tentando conversar, colocar a minha posição para o governo. Com quem eu consegui conversar? Só com o ex-presidente Lula, que me recebeu como recebia quando era presidente. Ligava para ele e imediatamente ele me chamava lá para perguntar qual era o problema e de que forma poderia ajudar. Lula sempre estava disposto a ouvir e buscar soluções juntos.

E Dilma, não?

Falta diálogo ao governo, falta comunicação. Isso é a voz corrente.

quinta-feira, 26 de março de 2015

NOTA SOBRE A CONJUNTURA Movimentos populares contra o golpe, em defesa da democracia e dos direitos sociais.



NOTA SOBRE A CONJUNTURA

Movimentos populares contra o golpe, em defesa da democracia e dos direitos sociais.


A Central de Movimentos Populares do Estado de São Paulo (CMP-SP), reuniu sua Direção Estadual no último dia 21/03/15, num seminário sobre a conjuntura, e após um amplo debate torna pública sua posição frente a conjuntura nacional.

A CMP-SP congrega diversas entidades de movimentos populares, dentre os quais, movimentos de sem-teto, associações de moradores, grupo de mulheres, educação, saúde, LGBT, juventude e combate ao racismo, e cumpre o papel da sua articulação nas lutas comuns e gerais, tendo como objetivo, lutar por uma nova sociedade e pelo fim de todas as formas de opressão, preconceito, discriminação e exploração capitalista. 

A ofensiva da direita no Brasil está vinculada ao cenário de disputa do capital internacional, que aposta no enfraquecimento da democracia e atua pela privatização da Petrobrás, pois o principal interesse das corporações estrangeiras é a qualquer custo, a alteração do regime de partilha do pré-sal pelo sistema de concessão, favorável aos interesses econômicos e geopolíticos.

Neste sentido, o cerco contra os governos progressistas e o estímulo às teses neoliberais e conservadoras ocorrem de forma articulada e ao mesmo tempo, na Venezuela, Argentina, Equador, Bolívia e Brasil.

No Brasil, a direita (fora e dento do governo), a grande mídia,  setores conservadores do Judiciário, do Ministério Público, da Polícia Federal e do Congresso Nacional, operam diuturnamente para sangrar o governo federal e criminalizar o Partido dos Trabalhadores,  a esquerda e os movimentos sociais.

Antes e durante a campanha eleitoral ficou evidente que o campo popular e o governo vinham perdendo a batalha da comunicação. Durante os últimos 12 anos o governo federal não enfrentou a mídia monopolista e golpista, não fez  a reforma política e abriu mão das grandes batalhas ideológicas e culturais. E ao mesmo com toda esta crise, o governo continua adiando a tão necessária e prometida regulamentação da mídia, apostando num modelo de conciliação de classes, e prioridade nas alianças com setores da burguesia e no campo institucional.

A CMP-SP, juntamente com os demais movimentos sociais, certamente contribuiu para assegurar a recente vitória da presidenta Dilma, numa das mais acirradas disputas eleitorais do último período democrático.

Ganhamos a eleição com uma pauta à esquerda e um duro embate com as teses neoliberais e conservadoras e foi neste embate que mobilizamos centenas de milhares de militantes num movimento político e social para impedir o retrocesso político, econômico e social,  em nosso país.

Porém, antes mesmo da posse da Presidenta, fomos surpreendidos com a composição conservadora dos Ministérios (com Kátia Abreu, Levy, Armando Monteiro e Kassab, entre outros), num claro “afago” à direita. Após a posse, veio o ajuste fiscal – afetando direitos trabalhistas, previdenciários e as políticas sociais.

Paradoxalmente, nesse momento que a direita (no parlamento e nas ruas), propala abertamente o golpe pedindo o “impeachment” e intervenção militar,  são os movimentos sociais que estão indo às ruas para, lutar contra o golpe da direita,  defender a democracia e se opor às medidas de ajuste fiscal que afetam os trabalhadores adotadas pelo governo.

O PT – que é o principal partido do campo democrático-popular no Brasil é o mais atacado pela direita, mas estranhamente esteve ausente nas mobilizações do último dia 13/03/15. Falta uma reação contundente por parte do partido. Correto seria o PT, juntamente com as forças populares,  liderar um processo amplo de mobilizações de massas na defesa da democracia de suas bandeiras históricas, dos compromissos de campanha que propiciaram a eleição de Dilma, especialmente no segundo turno. 

 Da nossa parte, achamos que se esgotou a política de conciliação de classes. Em um cenário de crise econômica, não há mais “cobertor” para os muito ricos e para os pobres. Os ricos que paguem a conta da crise. 

A CMP-SP esteve, junto com outras entidades como a CUT, a CTB, o MST e tantas outras do campo popular, na linha de frente das mobilizações do último dia 13/03/2015, em todo o país, e vai  continuar nas ruas, nas futuras jornadas de mobilizações, na batalha decisiva contra o golpismo, contra o fascismo, pelas reformas estruturais, em especial, a reforma política.

Além da agenda unitária, a CMP vai  promover em São Paulo no dia 31 de maio uma mobilização “por políticas sociais, por mais direitos e contra o golpe”.

Para consolidar nossa unidade, estamos articulando um fórum dos movimentos sociais de esquerda no Estado de São Paulo, capaz de construir uma agenda de lutas para enfrentar nas ruas o governo tucano e  o conservadorismo, pois é neste  Estado, que a fúria direitista se dá  com maior intensidade, disseminando ódio, a homofobia, o preconceito racial, de gênero e contra os pobres, negros/as e nordestinos. 

Não é hora de vacilo na defesa da democracia, é hora de mobilizar contra o golpe da direita e dos setores reacionários. Defendemos a Petrobrás, mas é preciso que aqueles que roubaram milhões do maior patrimônio do povo brasileiro, sejam investigados e punidos.

A bandeira contra a corrupção é nossa, da esquerda, é dos trabalhadores (as) e dos movimentos sociais e não da direita, que através da mídia, convocou as manifestações do dia 15/03/05. Corrupção se combate com a reforma política, através de uma constituinte exclusiva e soberana.

Estamos engajados na campanha do “Devolve Gilmar”, pelo fim do financiamento empresarial de campanhas eleitorais – causa maior da corrupção. A democracia que defendemos não pode permitir uma criminosa defesa do golpe militar.

Democracia é a ampliação de direitos e políticas sociais, deliberadas por instrumentos de participação popular e controle social.

Estaremos nas ruas, nas mobilizações dos movimentos sociais nos meses de abril e maio, em defesa dos direitos dos trabalhadores, da Petrobras, da democracia, contra o golpe e pela reforma política com constituinte exclusiva.


Central de Movimentos Populares do Estado de São Paulo

O PT não pode se render ao silêncio! Paulo Pain não é Marta Suplicy.






Paulo Pain tem origem de classe, a trabalhadora. Foi militante do movimento sindical e tem exercido papel importante na defesa das lutas por igualdade racial. Muito diferente da nossa "burguesia" incorporada como Marta.

Paulo Pain nunca negou a sua luta pelas pautas trabalhistas e em defesa dos direitos dos trabalhadores e portanto é uma referência por conta disso. 

É senador, eleito e reeleito. Desculpem aos "petistas" que acham que a força de um "dirigente" está em seus votos nas "bases eleitorais", isso ele tem. Mas não é um "petista cego, surdo e mudo" e portanto tem no sangue e na alma o "petismo de Sion" como nos explica André Singer no livro "Os sentidos do lulismo", onde esse petismo ligado a um Programa de mudanças da sociedade exige lado, um lado anticapitalista como está expresso nos documentos aprovados pelo partido.

Os manifestantes do dia 13 de março tinham lado: defender a Democracia, a Petrobrás e a luta contra um projeto de ajustes que prejudicam justamente aqueles que produzem o capital necessário para engordar fortunas e manter o sistema de exploração desta sociedade. 

Dizemos não as medidas provisórias 664 e 665 pela maldade que representam contra os que estão no andar de baixo da "festa" das elites que mesmo em "crise" comemoram seus lucros as custas dos trabalhadores/as. (gosto da análise da Abong sobre as MP's  https://observatoriosc.wordpress.com/2015/03/06/mps-664-e-665-violam-direitos-humanos-e-ameacam-a-coesao-social/ ou do Inesc http://www.inesc.org.br/biblioteca/publicacoes/artigos/medidas-provisorias-664-e-665-violam-direitos-humanos-e-ameacam-a-coesao-social)

Por isso, não há incoerência de Pain quanto ao Programa do Partidos dos Trabalhadores.

Pena que há SILÊNCIO da maioria da direção do PT, da bancada e do governo, principalmente do governo. Lembremos que em menos de duas ou três semanas o mesmo Cantalice - secretário de comunicação do partido - disse que "o PT não irá as ruas para não referendar dia 15/03", na semana do ato do dia 13/03 praticamente "convocou" os petistas a irem a aquela chuvosa e vitoriosa demostração de união em defesa do país. 

Quem errou? Quem sempre esteve na defesa dos princípios, programa e projetos do partido ao lado de quem nunca deveria ter se afastado que é a classe trabalhadora. Ou um dirigente que vacila, fala uma coisa e depois em nome sabe lá do que desdiz. 

Coerência não se compra em supermercado e analise de conjuntura não se faz lendo a grande mídia.


Pain é uma referência para muitos de nós petistas, não petistas, filiados, simpatizantes e acima de tudo dos que querem uma outra sociedade, sem exploração e explorados.



Segue abaixo uma entrevista que ele cedeu ao "Estadão", interessante e posicionada.

'Qual é o discurso do PT?', diz senador que ameaça deixar sigla

PEDRO VENCESLAU , ISADORA PERON /BRASÍLIA - O ESTADO DE S.PAULO

25 Março 2015 | 02h 05

Petista histórico com 4 mandatos de deputado e 2 de senador, Paim condiciona permanência a mudança no ajuste fiscal.

O senador Paulo Paim (RS), petista histórico com quatro mandatos de deputado e dois de senador, diz que deixará o partido se o Congresso votar a favor das Medidas Provisórias 665 e 664, que restringem a concessão de benefícios trabalhistas e integram o ajuste fiscal proposto pelo ministro Joaquim Levy, da Fazenda.

O senador esteve anteontem em São Paulo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ouviu que o Palácio do Planalto está disposto a flexibilizar as medidas de restrição de benefícios trabalhistas. Publicamente, porém, o discurso do governo Dilma Rousseff é de que nada será alterado nas medidas provisórias do ajuste, razão pela qual Paim mantém sua pressão. Afirma que já conversa com outros parlamentares petistas sobre a criação de uma nova sigla de centro-esquerda. Veja a seguir os principais trechos desta entrevista concedida pelo senador ao Estado:

Estado - Está preocupado com os efeitos colaterais do pacote fiscal apresentado pelo governo na base do PT e da CUT?

Há uma preocupação grande na base do PT e da CUT. É um equívoco histórico achar que só a classe média alta foi para a rua no dia 15 de março. Uma parcela dos assalariados também foi. Estão cometendo um erro ao fazer essa análise. Mas ainda que fosse, a história mostra que a classe média tem um poder muito grande de influenciar a classe média mais baixa. O efeito dessas medidas será sentido
sobretudo no chamado andar de baixo. Há um certo constrangimento no PT em relação à história de nós todos. Isso está criando espaço para que outros setores avancem. Eu disse ontem ao presidente Lula que não há uma pauta positiva que venha do Executivo.

Estado - O que o ex-presidente Lula achou da sua reclamação no encontro de segunda-feira?

Ele se mostrou totalmente sensível a esses temas e disse que não há nada escrito de que eu tenha que votar favoravelmente a essas medidas que comprovadamente trazem um prejuízo muito forte. Senti que ele está constrangido com as medidas e digo isso com tranquilidade.

Estado - O sr. está conversando com outros partidos sobre a possibilidade deixar o PT?

Me senti sem discurso. Qual é o discurso do PT e do governo hoje? Dos juros? Da inflação? É dizer que não aconteceu nada no dia 15?

Mas aconteceu...Não adianta tapar os olhos e não ver o que aconteceu. É um momento delicado e de muita inquietação. Se é para votar contra o trabalhador, eu prefiro voltar para a casa. Quando comecei a expor minhas divergências no partido, forças internas do PT vieram dizer: 'Já que tu estás descontente, então saia do partido'.

Estado - Mas afinal, o sr. ficará no PT?

Se não houver uma mudança que seja respeitável com os trabalhadores e a discussão do Fator Previdenciário eu terei muita dificuldade de ficar. Hoje (ontem) mesmo tenho uma conversa com dois senadores do PT que estão desconfortáveis. As MPs serão um parâmetro.

Elas estão na pauta. Se continuar como está, minha saída será o caminho natural, mas jamais sairei atirando.

Estado - Qual seria seu destino?

Um leque de partidos me procurou, mas o ideal seria criar um novo partido. Ninguém quer perder mandato. Teve gente me procurando para fundir partido também.

Estado - Há uma conversa sobre fusão partidária na base governista?

Sim, existem conversas concretas nesse sentido.

Estado - Como está a interlocução com a presidente Dilma?

O Lula tem uma forma de fazer política e a Dilma tem outra. É difícil o diálogo com ela. O presidente Lula é muito mais sensível aos argumentos. Dilma é dura nos processos.

Estado - Qual é a saída para o atual quadro econômico?

Estão atacando o andar do porão, que não tem condição de se defender. Gente humilde. Por que não dividem o ajuste com o andar da cobertura? Por que não tributam as grande fortunas e as heranças? Por que fazer ajuste só para quem ganha até dois salários mínimos?

Estado - Acha que o tesoureiro do PT, João Vaccari, devia se afastar do partido?

Existe um movimento dos dirigentes de mantê-lo, mas acho legítimo que ele se licencie. O povo fica indignado, e com razão. É um processo pesado. Se eu puder dar um conselho a ele seria esse: peça licença e faça sua defesa.

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http://www.senadorpaim.com.br/



quarta-feira, 25 de março de 2015

E aí vai ficar parado? CUT anuncia Jornada de Lutas.



CUT anuncia Jornada de Lutas

A CUT-nacional aprovou um “pacote” de atividades contra a ameaça de corte de direitos  dos trabalhadores e contra o avanço das forças de direita no Brasil (ver em http://cut.org.br/noticias/cut-organiza-novas-mobilizacoes-9640/). Uma agenda de lutas foi direcionada aos estados e ramos.

31 de março - Organizar, ao lado de outros movimentos populares e da juventude, Plenárias Sindicais e Populares, a exemplo do que já está programado para São Paulo. Há um manifesto disponível na internet. Cada estado, além de organizar os atos, deve buscar entidades que  subscrevam o manifesto.

2 de abril -  Nessa data vai completar um ano em que o ministro Gilmar Mendes sentou-se em cima da projeto que torna inconstitucional do financiamento empresarial das campanhas políticas. Dentre os 11 ministros, 6 já haviam votado pelo fim do financiamento empresarial das campanhas. Gilmar tem que dar o voto para que o processo avance. A proposta é fazer um ato público, às 14h,  em frente ao STF, em Brasília, pelo “Devolve Gilmar”.  Nas redes sociais circula um chamado para que se faça, também, um “panelaço” nessa data.

7 de abril - As Plenárias sindicais e populares de 31 de março devem servir de preparação para o Dia Nacional de Lutas de 7 de Abril, quando os trabalhadores e trabalhadoras estão sendo convocados para uma  concentração em Brasília, com o objetivo de barrar a votação do PL 4330, na Câmara dos Deputados, prevista para esta data (substitutivo Arthur Maia).

No mesmo dia, a CUT, MST, UNE, CMP e outros movimentos sociais realizarão atos em várias capitais e cidades para dar respaldo à concentração em Brasília, levantando também a pauta geral de defesa da Democracia, dos Direitos Trabalhistas, da Petrobras e da Reforma Política para Combater a Corrupção. Atividades descentralizadas em portas de fábrica, rodovias, bairros, escolas, também devem reforçar a mobilização.

26 de abril – É o aniversário de 50 anos da Rede Globo. Haverá atos em defesa da democratização da mídia, em frente aos prédios das organizações Globo, não só no Rio, Brasília e São Paulo mas em todas as cidades onde existam repetidoras.

1º de Maio – A orientação é organizar atos de massa, com as reivindicações dos trabalhadores. O 1º de Maio é o grande Ato de mobilização da CUT e dos Movimentos Sociais e Populares, a exemplo do que foi o dia 13 de março.  

Fonte: Agência Petroleira de Notícias

segunda-feira, 23 de março de 2015

Declaração Política da Consulta Popular SOBRE A CONJUNTURA BRASILEIRA.



Declaração Política SOBRE A CONJUNTURA BRASILEIRA

 
            Inspirada pela rebeldia dos Malês, pelo gesto dos campos de Pirajá e pelo sangue e exemplo do Comandante Carlos Marighella, a Consulta Popular reuniu-se em Salvador, Bahia, de 19 a 22 de Março de 2015, com mais de 200 delegados de 18 estados brasileiros para nos debruçarmos coletivamente sobre a conjuntura vivida e examinar a ação dos inimigos da pátria e os interesses do povo trabalhador. Declaramos:
1.    A crise econômica do capitalismo persiste e dá sinais de prolongamento, por isso a caracterizamos como uma crise rastejante, estrutural e profunda.
2.    Reafirmamos que o Imperialismo é o principal inimigo da humanidade, e que neste momento, ele se coloca em ofensiva na tentativa de recompor a sua hegemonia econômica, política, militar e ideológica, que foi abalada em vários aspectos no último período. Especificamente na América Latina, nosso inimigo retoma uma forte ofensiva na tentativa de desestabilizar os governos progressistas eleitos nos últimos períodos, centralmente a Venezuela, somada a ações na Argentina e no Brasil. A solidariedade com o governo de Nicolas Maduro e outros governos populares da América Latina alvo das agressões imperialistas e o enfrentamento desta batalha ideológica é tarefa central para as forças populares de todo o mundo.
3.    No Brasil, os grandes meios de comunicação da burguesia - capitaneados pelo Sistema Globo, que atua como um verdadeiro partido que organiza ações de sua classe, aliados e a serviço do capital financeiro nacional e internacional - mobilizam setores anti-democráticos e estimulam a alta classe média a exigir, nas ruas, a derrubada da Presidente da República com o objetivo de pautar o retorno de governos representantes do neoliberalismo, inimigos de todas as alternativas de desenvolvimento, quer aquelas centradas nos interesses dos trabalhadores, quer aquelas formuladas pela Frente Neodesenvolvimentista que, no governo, agrupa setores industriais internos e setores da classe trabalhadora.
4.    Sob pressão de um Congresso Nacional que busca encobrir seu próprio envolvimento na clamorosa corrupção que apoderou-se de bilhões de reais da Petrobrás e do Povo Brasileiro, o Executivo aceita incorporar parte das exigencias dos lobos, encaminhando medidas de ajuste fiscal, com cortes de gastos sociais e redução de direitos de trabalhadores, que foram rejeitadas pelas urnas em 2014.
5.    Identificamos a ação dos corruptos e golpistas na pressão pela adoção da cartilha neoliberal pelo governo, no entanto não podemos consentir com a rendição aos inimigos do povo e da Pátria.
6.    A agressividade dos agentes do neoliberalismo na mídia e no Congresso e a subordinação dos parlamentares aos interesses das empresas privadas, que roubam o patrimônio do povo e o partilham através do financiamento empresarial de suas campanhas, denuncia mais uma vez a apodrecimento do atual sistema político e a necessidade urgente da realização de uma profunda mudança que somente o povo terá condições de produzir através de uma Constituinte Exclusiva e Soberana.
 
 
7.    A militancia da Consulta Popular une-se e convoca às mobilizações do dia 07 de Abril e todas  àquelas que venham a se colocar em defesa da seguinte pauta unitária: 
-    a hora é de unidade das forças populares contra as ações golpistas em marcha e na defesa da democracia;
-    unidade em defesa do patrimônio público e em defesa da Petrobrás, que os mesmos agentes neoliberais que a enfraqueceram e assaltaram pretendem agora privatizar;
-    unidade contra todos os corruptos e contra o Ministério Público e o Poder Judiciário que acobertam os crimes e os criminosos da Alstom, do Metrô e CPTM de São Paulo;
-    unidade contra o Ajuste Fiscal Neoliberal e as agressões aos direitos dos trabalhadores via MPs 664 e 665 e PL 4330;
-    unidade na luta pela democratização dos meios de comunicação;
-    unidade em torno da bandeira da Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político, face a ilegitimidade do Congresso comprado pelas empresas.
-    unidade contra as medidas e ações que buscam perpetuar o mecanismo gerador de corrupção do sistema político, exigindo a retomada do julgamento da ação contra o financiamento empresarial de campanhas eleitorais, exigindo do Ministro Gilmar Mendes, do STF, a devolução dos autos do processo para julgamento;
-    unidade em torno do Projeto de Lei de Iniciativa Popular proposto pela Coalizão pela Reforma Política Democrática
-     e unidade para barrar a PEC 352 da contra-reforma promovida pelas forças neoliberais e corruptas no Congresso Nacional.
 
            Invocando o exemplo dos heróis da liberdade, manifestamos nossa decisão de firmeza na luta em defesa de nosso povo e do Brasil.
 
            Na união das forças populares e na construção de uma
            Pátria Livre! Venceremos!
 
Salvador, 22 de Março de 2015

Uma constituinte para a reforma política.



Uma constituinte para a reforma política


Por Luiza Erundina e Renato Simões :

Corrigir as distorções do sistema político transcende uma mera reforma da legislação e exige mudar as estruturas do Estado

As primeiras falas da presidente Dilma Rousseff, logo após o resultado das eleições, demonstraram sua firme determinação de priorizar a reforma política com participação popular.

Ela expressou, com a consciência propiciada pela disputa nas ruas, a necessidade de superação do fosso existente entre a democracia representativa e a sociedade.

A insatisfação que se manifestou nas ruas em junho de 2013 se aprofunda, exigindo decisões efetivas e urgentes.

A reforma política se arrasta há anos no Congresso Nacional e, a cada eleição, o financiamento das campanhas dos candidatos pelo poder econômico impede a formação de maioria que viabilize a aprovação das mudanças reclamadas pela sociedade. Nem mesmo o debate no âmbito restrito da reforma eleitoral avança.

Propostas meritórias, como as constantes do relatório do deputado Henrique Fontana (PT-RS), de 2012, e as apresentadas pela Coalizão Democrática --encabeçada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, pela Ordem dos Advogados do Brasil e pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral--, são confrontadas com a "contrarreforma" de iniciativa do grupo de trabalho que apresentou a PEC 357/2014, que aprofunda os traços autoritários e elitistas do sistema político atual.

Na semana da pátria de 2014, um plebiscito popular organizado por mais de 480 movimentos sociais coletou mais de 7 milhões de votos sobre o tema da reforma política, dos quais 97% foram favoráveis a convocar uma constituinte exclusiva e soberana do sistema político.

A correção das distorções do atual sistema político transcende uma mera reforma da legislação ordinária referente à matéria. Exige, sim, uma mudança estrutural do Estado brasileiro, ou seja, do sistema político como um todo, que compreende os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Somente assim será possível atender às atuais demandas da sociedade por transparência, ética, participação e igualdade de direitos para todos, consolidando e aperfeiçoando a democracia representativa e a participativa.

Com o apoio de 183 deputados, apresentamos o projeto de decreto legislativo n° 1508/2014, que convoca um plebiscito nos termos do artigo 49, inciso XV, da Constituição Federal, com a pergunta: "Você é a favor de uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político?".

Só um plebiscito poderá conferir legitimidade a uma decisão tão fundamental como essa. E somente uma constituinte exclusiva e soberana, com mandato exclusivo para fazer a reforma política, terá as condições políticas necessárias para promover uma reforma política ampla, democrática e participativa.

O projeto de lei só será viável com mobilizações e amplo debate com a sociedade. Sua aprovação só ocorrerá se o recado das ruas for entendido pelos agentes políticos responsáveis por encontrar os caminhos para o fortalecimento da democracia numa perspectiva de nação soberana, justa e solidária.

LUIZA ERUNDINA, 80, é deputada federal (PSB-SP) RENATO SIMÕES, 53, é ex-deputado federal (PT-SP)

domingo, 22 de março de 2015

NOTA PÚBLICA: REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL NÃO É SOLUÇÃO.

  



Brasília, 20 de Março de 2015

NOTA PÚBLICA


REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL NÃO É SOLUÇÃO.

O Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, órgão superior de deliberação, instituído pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (Lei no. 8742, de 07 de dezembro de 1993), com representatividade da sociedade civil e do poder público, vem a público manifestar repúdio à proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 171/1993, em trâmite na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania do Senado Federal. 


Inicialmente, cabe destacar que a violência é um fenômeno de causas multifatoriais, como a desigualdade social, o preconceito, a iniquidade da distribuição de renda e a insuficiência de políticas públicas.

A justificativa da PEC nº 171/1993 não se baseia em estudos técnicos ou científicos que comprovem o seu argumento, mostrando-se frágil para sustentar uma alteração constitucional, principalmente no que se refere a um artigo considerado como cláusula pétrea, pois se trata de direitos e garantias individuais, consagrados na Constituição Federal de 1988.

Atualmente, não há estudos que comprovem a correlação entre o recrudescimento de sanções aplicadas a adolescentes autores de atos infracionais e a diminuição dos índices de violência no Brasil, assim como não se pode afirmar que a inserção de adolescentes no regime de privação de liberdade diminuirá o sentimento de insegurança da população.

Os setores favoráveis que buscam desacreditar a legislação vigente, disseminando a ideia de que o Estado deve penalizar os adolescentes, desconsideram as iniciativas mal sucedidas de redução da idade penal em outros lugares do mundo. Países como Alemanha e Espanha voltaram atrás da decisão da redução da maioridade em razão de sua ineficácia tanto para a diminuição dos índices de violência quanto para redução de atos infracionais cometidos pelos adolescentes. Estes setores favoráveis, ainda, ignoram o fato de que a inserção do adolescente no sistema prisional, devido à sua precariedade e ineficiência, produzirá o efeito contrário ao pretendido, conforme aponta o estudo “Redução da idade penal: socioeducação não se faz com prisão” do Conselho Federal de Psicologia (2013). 


Não compreendem que as medidas socioeducativas previstas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, legislação de referência internacional, têm caráter sancionatório, ou seja, não há impunidade para aqueles adolescentes que cometem ato infracional. Um adolescente pode ficar até três anos em uma unidade de internação. Isso corresponde à metade de sua adolescência.


Nas audiências públicas realizadas para debater a PEC nº171, magistrados e autoridades presentes foram unânimes em afirmar que a redução da maioridade penal não diminuirá a criminalidade no País.


Ressalta-se que o Sistema Único de Assistência Social, por meio dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social - CREAS, oferta atendimento a adolescentes que praticaram atos infracionais no Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC). De acordo com o Censo SUAS/CREAS 2013, de um total de 2.249 CREAS, 1.649 (73%) informaram ofertar o Serviço de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto, atendendo um total de 89.718 adolescentes.

A maioria dos atos infracionais que levam à determinação judicial de medidas de privação de liberdade não envolve crimes contra a pessoa. Pesquisa do Conselho Nacional de Justiça, de 2012, revela que os delitos cometidos por adolescentes são predominantemente roubo, furto e tráfico, perfazendo aproximadamente 80% do total.

É preciso explicitar o outro lado do problema da violência envolvendo adolescentes, que tem sido reiteradamente esquecidos pelos propositores da redução da idade penal: os adolescentes são mais vítimas do que autores de violência. O último Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), realizado em 2012 nas cidades com mais de 100 mil habitantes, estimou que mais de 42 mil adolescentes poderão ser vítimas de homicídios até 2019. De acordo com os dados, para cada grupo de mil pessoas com 12 anos completos em 2012, 3,32 correm o risco de serem assassinadas antes de atingirem os 19 anos de idade, a taxa representa um aumento de 17% em relação a 2011. A IHA mostrou ainda que adolescentes negros ou pardos possuem aproximadamente três vezes mais probabilidade de serem assassinados do que adolescentes brancos. De acordo com os dados das pesquisas: “Mapa da Violência 2012 e de 2013” em 2011, a vitimização dos jovens negros também aumentou substancialmente, de 71,7%, em 2002, para 154%, em 2010.


É preciso destacar o papel das medidas socioeducativas de meio aberto, que, de acordo com o ECA, devem ter prevalência em relação às medidas socioeducativas de meio fechado. As condições de muitas unidades de internação não são adequadas para o cumprimento da medida socioeducativa de privação de liberdade. O Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP considera em seu recente Relatório da Infância e da Juventude, que o “excesso de lotação nas unidades compromete severamente a qualidade do sistema socioeducativo, (...) superando o contexto das celas superlotadas que costumeiramente se vê no sistema prisional” (CNMP, 2013: 18).


Assim, o Estado tem o dever de implementar o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE - Lei 12.594/2012 como resposta aos atos infracionais cometidos por adolescentes.


Destaca-se a importância da estruturação do SUAS, com 7.511 CRAS, 2.440 CREAS e 17 mil entidades que compõe a rede socioassistencial e a necessidade de avançar nas ações intersetoriais de prevenção, principalmente, com as políticas de educação, saúde, cultura e esporte.


A aprovação pelo Congresso Nacional da redução da maioridade penal além de contrariar a cláusula pétrea constitucional, favorece a desproteção da infância e da adolescência no Brasil. É preciso mobilizar a sociedade, o poder público e as instâncias de defesa dos direitos humanos, em especial os da criança e do adolescente, para que todos cumpram o que dispõe a Constituição Brasileira: 

Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.


O Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, como integrante do Sistema de Garantia de Direitos, se manifesta contrário à PEC nº 171/1993 e ratifica a importância da Doutrina da Proteção Integral, que fundamenta a garantia de absoluta prioridade para crianças e adolescentes no acesso a direitos, respeitada a condição de pessoa em desenvolvimento, dispostos no ECA.


Tendo em vista a falta de embasamento da PEC, a modificação proposta poderá causar impactos irreversíveis para os adolescentes principalmente pobres, negros e a suas famílias. Dessa forma, é importante que atos infracionais e suas respectivas sanções sejam debatidos amplamente para que a ação do Estado não se restrinja à segregação e ao encarceramento de parte da juventude brasileira. 

Garantir direitos e dignidade é a solução!


CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Brasília, Março de 2015. 

quarta-feira, 18 de março de 2015

Dia 20 de março vamos ocupar a Avenida Paulista num grande Ato de Luta pela Água



Dia 20 de março vamos ocupar a Avenida Paulista num grande Ato de Luta pela
Água organizado pelo Coletivo de Luta pela Água
CONCENTRAÇÃO A PARTIR DAS 14h30 NO MASP

O povo paulista tem direito de ter água de boa qualidade e em quantidade suficiente garantida durante todo o tempo, sem racionamento e sem rodízio. Sendo absolutamente necessário o racionamento este deve ser igual para todos, pobres e ricos.
A crise já atinge as escolas, creches e hospitais. A dengue está de volta em razão do armazenamento inadequado da água, e outras doenças, devido ao uso de água de fontes e poços rasos sem controle de qualidade também afeta as pessoas. Empresas começam a reduzir a produção podendo gerar desemprego. E agora querem aumentar a tarifa de água acima da inflação.
Não podemos aceitar que o Governador Geraldo Alckmin aja como se nada estivesse acontecendo e continue a jogar a responsabilidade pela crise da falta de água potável nas costas da população que, desde o ano passado, convive com o racionamento promovido pela Sabesp.
Para enfrentar a crise o Coletivo de Luta pela Água propõe:
1. Decretar imediatamente estado de calamidade pública;
2. Não ao aumento de tarifas de água e cancelamento dos descontos concedidos aos grandes consumidores (shoppings, jornais, emissoras de TV,condomínios de luxo, etc.);
3. Requisitar poços artesianos para uso comum;
4. Implantar programa de cisternas e reservatórios coletivos
5. Elaborar plano de emergência com ampla participação popular


Não vamos aceitar que o povo pague essa conta
Vamos criar os coletivos locais de luta pela água
Por uma Sabesp 100% pública com controle social
Todos ao Ato do Dia 20

COLETIVO DE LUTA PELA ÁGUA